Bto João Soreth, Presbítero de nossa Ordem Fundador da Ordem Terceira do Carmo |
1ª Leitura (Jer
3,14-17): Assim fala o Senhor: «Voltai para
Mim, filhos rebeldes, porque Eu sou o vosso Senhor. Eu vos tomarei, um de uma
cidade e dois de uma família, para vos conduzir a Sião. Dar-vos-ei pastores
segundo o meu coração, que vos apascentarão com inteligência e sabedoria.
Nesses dias – diz o Senhor – quando crescerdes e vos multiplicardes na terra,
não mais se falará da arca da aliança do Senhor. Não tornará a ser recordada,
ninguém mais pensará nela; nunca se dará pela sua falta, nem será construída
outra nova. Nesse tempo, chamarão a Jerusalém ‘Trono do Senhor’; em Jerusalém
se reunirão todos os povos em nome do Senhor e não seguirão mais a dureza do
seu coração perverso».
Salmo Responsorial:
Jer 31
R. Como o pastor guarda o seu
rebanho, assim nos guarda o Senhor.
Escutai, ó
povos, a palavra do Senhor e anunciai-a às ilhas distantes: Aquele que
dispersou Israel vai reuni-lo e guardá-lo como um pastor ao seu rebanho.
O Senhor
resgatou Jacob e libertou-o das mãos do seu dominador. Regressarão com brados
de alegria ao monte Sião, acorrendo às bênçãos do Senhor.
A virgem
dançará alegremente, exultarão os jovens e os velhos. Converterei o seu luto em
alegria e a sua dor será mudada em consolação e júbilo.
Aleluia. Felizes os
que recebem a palavra de Deus de coração sincero e generoso e produzem fruto
pela perseverança. Aleluia.
Evangelho (Mt
13,18-23): Naquele tempo, disse Jesus a seus
discípulos: «Vós, portanto, ouvi o significado da parábola do semeador. A todo
aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o
que foi semeado em seu coração; esse é o grão que foi semeado à beira do
caminho. O que foi semeado nas pedras é quem ouve a palavra e logo a recebe com
alegria; mas não tem raiz em si mesmo, é de momento: quando chega tribulação ou
perseguição por causa da palavra, ele desiste logo. O que foi semeado no meio
dos espinhos é quem ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da
riqueza sufocam a palavra, e ele fica sem fruto. O que foi semeado em terra boa
é quem ouve a palavra e a entende; este produz fruto: um cem, outro sessenta e
outro trinta».
«Vós, portanto, ouvi o
significado da parábola do semeador»
P. Josep LAPLANA OSB Monge de Montserrat (Montserrat,
Barcelona, Espanha)
Mártires Carmelitas de Guadalajara Virgens de nossa Ordem |
Hoje, contemplamos
a Deus como um lavrador bom e magnânimo, que semeia com as mãos cheias. Não
poupou nada para a redenção do homem, mas gastou tudo em seu próprio Filho,
Jesus Cristo, que como grão enterrado (morte e sepultamento) converteu-se em
nossa vida e ressurreição graças à sua santa Ressurreição.
Deus é um
agricultor paciente. Os tempos pertencem o Pai, porque só Ele sabe o dia e a
hora (cf. Mc 13,32) de ceifar e de separar os grãos da palha. Deus espera.
Também nós temos de esperar, sincronizando o relógio da nossa esperança com o
desígnio salvador de Deus. Diz São Tiago «Olhai o agricultor: ele espera com
paciência o precioso fruto da terra, até cair a chuva do outono ou da
primavera» (Tg 5,7). Deus espera a colheita fazendo-a crescer com a sua graça. Nós
tampouco não podemos dormir, mas devemos colaborar com a graça de Deus
prestando a nossa cooperação, sem pôr obstáculos a esta ação transformadora de
Deus.
O cultivo
de Deus que nasce e cresce assim na terra é um fato visível em seus efeitos;
podemos vê-los nos milagres autênticos e nos exemplos clamorosos de santidade
de vida. Há muita gente que depois de haver escutado todas as palavras e o
ruído deste mundo, tem fome e sede de ouvir a autêntica Palavra de Deus, ali
onde ela se encontra viva e encarnada. Há milhões de pessoas que vivem a sua
pertença a Jesus Cristo e à Igreja com o mesmo entusiasmo inicial do Evangelho,
pois a palavra divina «encontra a terra onde germinar e dar fruto» (São
Agostinho); o que temos que fazer é levantar a nossa moral e olhar o futuro com
olhos de fé.
O êxito da
colheita não se encontra nas nossas estratégias humanas nem no marketing, mas
na iniciativa salvadora de Deus “rico em misericórdia” e na eficácia do
Espírito Santo, que pode transformar as nossas vidas para que demos frutos
saborosos de caridade e de contagiosa alegria.
Reflexão
Bta Maria de las Mercedes Prat Virgem e Mártir de nossa Ordem |
• Contexto. A partir do capítulo 12,
aparece uma oposição entre os líderes religiosos de Israel, os escribas e
fariseus, de um lado, enquanto por outro lado, entre as multidões que ouvem
Jesus maravilhadas com suas ações prodigiosas, vai-se formando pouco a pouco um
grupo de discípulos de características ainda não definidas, mas que segue a
Jesus com perseverança. A doze destes discípulos Jesus dá o dom da sua
autoridade e de seus poderes; envia-os como mensageiros do reino e lhes dá
instruções exigentes e radicais (10,5-39). No momento da controvérsia com seus
adversários, Jesus reconhece a sua verdadeira parentela não vinha da carne
(mãe, irmãos), mas sim nos que o seguem, ouvem e fazem a vontade do Pai (12,46
-50). Este último relato nos permite imaginar que o público a quem Jesus dirige
a palavra é duplo: de um lado, os discípulos aos quais lhes concede conhecer os
mistérios do reino (13,11) e que são capazes de compreendê-los (13,50) e, por
outro lado, a multidão que parece estar privada desta compreensão profunda (13,
11.34-36). Às grandes multidões que se reúnem para ouvir Jesus é apresentada em
primeiro lugar a parábola do semeador. Jesus fala de uma semente que cai na
terra ou não. O seu crescimento depende do lugar onde ela cai, é possível que
seja impedida até o ponto de não dar frutos, como acontece nas três primeiras
categorias de terra: "o caminho" (lugar duro por causa da passagem de
homens e animais), "o terreno rochoso" (formada por rochas),
"cardos" (terra coberta de espinhos). No entanto, aquela que cai na
"boa terra" dá um fruto excelente ainda que em quantidades
diferentes. O leitor é orientado a prestar mais atenção ao fruto do grão que à
ação do semeador. Além disso, Mateus focaliza a atenção do público sobre a boa
terra e sobre fruto que ela é capaz de produzir excepcionalmente. A primeira
parte da parábola termina com uma advertência: “Aquele que tem ouvidos, ouça."
(v. 9), é uma chamada para a liberdade de ouvir. A palavra de Jesus pode
permanecer uma simples "parábola" para uma multidão incapaz de
entender, mas para aquele que se deixa conduzir por sua força pode revelar
"os mistérios do reino dos céus." O acolher a palavra de Jesus é o
que distingue os discípulos e a multidão anônima, a fé dos primeiros revela a
cegueira dos segundos e os empurra a buscar para além da parábola.
• Ouvir e compreender. É sempre Jesus
quem conduz os discípulos no caminho certo para a compreensão da parábola. No
futuro, será a Igreja a ser guiada através dos discípulos para a compreensão da
Palavra de Jesus. Na explicação da parábola, os dois verbos "ouvir" e
"entender" aparecem em 13,23: “A terra boa semeada é aquele que ouve
a palavra e a compreende." É na compreensão onde o discípulo que ouve cada
dia a Palavra de Jesus se distingue das multidões que só a escutam
ocasionalmente.
• Impedimentos à compreensão. Jesus
refere-se, principalmente, à resposta negativa que seus contemporâneos dão à
sua pregação do reino dos céus. Esta resposta negativa está ligada a
impedimentos de vários tipos. O terreno da beira do caminho é aquele que os
pedestres tornaram endurecido e aparece totalmente negativo: "Todo mundo
sabe que não serve para nada lançar a semente no caminho: não há as condições
necessárias para o crescimento. Depois as pessoas passam, pisoteiam e destroem
a semente. A semente não se lança em qualquer parte” (Carlos Mesters). Antes de
tudo está a responsabilidade pessoal do indivíduo: acolher a Palavra de Deus no
próprio coração; se ao contrário cai em um coração "endurecido",
teimoso em suas convicções e na indiferença, se oferece campo ao maligno que
acaba completar por completar esta atitude persistente de fechamento à Palavra
de Deus.
O solo
pedregoso. Se o primeiro obstáculo é um coração insensível e indiferente, a
imagem da semente que cai sobre pedras, sobre rochas e entre os espinhos,
indica o coração imerso em uma vida superficial e mundana. Estes estilos de
vida são a energia que impedem que a Palavra dê frutos. Ele dá um vislumbre de
ouvir, mas logo se torna bloqueado, não só pelas provações e tribulações
inevitáveis, mas também para o envolvimento do coração nas preocupações e
riqueza. A vida não profunda e superficial provoca a instabilidade.
A boa terra
é o coração que ouve e compreende a palavra; esta dá frutos. Esse desempenho é
o trabalho da Palavra em um coração acolhedor. Trata-se de uma compreensão
dinâmica, que se deixa envolver pela ação de Deus presente na Palavra de Jesus.
A compreensão da sua Palavra permanecerá inacessível se negligenciarmos o
encontro com ele e não o deixamos que dialogue conosco.
Para um confronto pessoal
1. A escuta da Palavra de Deus, te leva à compreensão
profunda ou permanece apenas como um exercício intelectual?
2. És coração acolhedor e disponível, dócil para chegar a
uma compreensão plena da Palavra?
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