Bto Jacobino de Canepacis Religioso de nossa Ordem |
Salmo Responsorial: 33
R. Deus salva os justos de todos os sofrimentos.
Enaltecei comigo o Senhor e
exaltemos juntos o seu nome. Procurei o Senhor e Ele atendeu-me, libertou-me de
toda a ansiedade.
Voltai-vos para Ele e ficareis
radiantes, o vosso rosto não se cobrirá de vergonha. Este pobre clamou e o
Senhor o ouviu, salvou-o de todas as angústias.
Os olhos do Senhor estão voltados
para os justos e os ouvidos atentos aos seus rogos. A face do Senhor volta-se
contra os que fazem o mal, para apagar da terra a sua memória.
Os justos clamaram e o Senhor os
ouviu, livrou-os de todas as suas angústias. O Senhor está perto dos que têm o
coração atribulado e salva os de ânimo abatido.
Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de
Deus.
Evangelho (Mt 6,7-15): «E, orando,
não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem
serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que
vos é necessário, antes de vós lho pedirdes. Portanto, vós orareis assim: Pai
nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja
feita a tua vontade, assim na terra como no céu; O pão nosso de cada dia nos dá
hoje; E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos
devedores; E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o
reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém. Porque, se perdoardes aos
homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se,
porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não
perdoará as vossas ofensas».
«E, orando, não useis de vãs repetições, porque vosso Pai sabe o que
vos é necessário»
Rev. D. Joaquim FAINÉ i
Miralpech (Tarragona, Espanha)
Hoje, Jesus –que é o Filho de
Deus- me ensina a me comportar como um filho de Deus. O primeiro ponto é a
confiança quando falo com Ele. Mas o Senhor adverte: «Quando orardes, não useis
de muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por
força das muitas palavras» (Mt 6,7). Porque os filhos, quando falam com os
pais, não usam raciocínios complicados, nem muitas palavras, mas com
simplicidade pedem tudo aquilo que precisam. Sempre tenho a confiança de ser
ouvido porque Deus –que é Pai- me ama e escuta. De fato, orar não é informar a
Deus, mas pedir-lhe tudo o que preciso, já que «vosso Pai sabe o que vos é
necessário, antes de vós lho pedirdes» (Mt 6,8). Não seria um bom cristão se
não oro, como não pode ser bom filho quem não fala habitualmente com seus pais.
O Pai Nosso é a oração que Jesus
mesmo nos ensinou, e é um resumo da vida cristã. Cada vez que rezo ao Pai,
nosso, deixo-me levar de sua mão e lhe peço aquilo que preciso cada dia para
ser melhor filho de Deus. Preciso, não somente o pão material, mas —sobretudo—
o Pão do Céu. «Peçamos que nunca nos falte o Pão da Eucaristia» Também aprender
a perdoar e a ser perdoados: «Para poder receber o perdão que Deus nos oferece,
dirijamo-nos ao Pai que nos ama», dizem as fórmulas introdutórias ao Pai Nosso
da Missa.
Durante a Quaresma, a Igreja me
pede para aprofundar na oração. «A oração é conversar com Deus, é o bem maior,
porque constitui (...) uma união como Ele» (São João Crisóstomo). Senhor,
preciso aprender a rezar e obter consequências concretas na minha vida.
Sobretudo, para viver a virtude da caridade: a oração me dá força para viver
cada dia melhor. Por isso, peço diariamente que me ajude a desculpar tanto as
pequenas chatices dos outros, como perdoar as palavras e atitudes ofensivas e,
sobretudo, a não ter rancores, e assim poder dizer-lhe sinceramente que perdoo
de todo coração a quem me tem ofendido. Conseguirei, porque em todo momento me
ajudará a Mãe de Deus.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
Em Lucas, o Pai Nosso é mais
curto. Lucas escreve para comunidades que vieram do paganismo. Ele busca ajudar
pessoas que estão se iniciando no caminho da oração. Em Mateus, o Pai Nosso
está situado no Sermão da Montanha, naquela parte onde Jesus orienta os
discípulos na prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15)
e jejum (Mt 6,16-18). O Pai Nosso faz parte de uma catequese para judeus
convertidos. Eles já estavam habituados a rezar, mas tinham certos vícios que
Mateus tenta corrigir.
* Mateus 6,7-8: Os vícios a
serem corrigidos.
Jesus critica as pessoas para as
quais a oração era uma repetição de fórmulas mágicas, de palavras fortes,
dirigidas a Deus para obrigá-lo a atender às nossas necessidades. A acolhida da
oração por parte de Deus não depende da repetição de palavras, mas sim da
bondade de Deus que é Amor e Misericórdia. Ele quer o nosso bem e conhece as
nossas necessidades antes mesmo das nossas preces.
* Mateus 6,9a: As primeiras
palavras: “Pai Nosso”
Abbá, Pai, é o nome que Jesus usa
para dirigir-se a Deus. Revela a nova relação com Deus que deve caracterizar a
vida das comunidades (Gl 4,6; Rm 8,15). Dizemos “Pai nosso” e não “Pai meu”. O
adjetivo “nosso” acentua a consciência de pertencermos todos à grande família
humana de todas as raças e credos. Rezar ao Pai e entrar na intimidade com ele,
é também colocar-se em sintonia com os gritos de todos os irmãos e irmãs pelo
pão de cada dia. É buscar o Reino de Deus em primeiro lugar. A experiência de
Deus como nosso Pai é o fundamento da fraternidade universal.
* Mateus 6,9b-10: Três pedidos
pela causa de Deus: o Nome, o Reino, a Vontade.
Na primeira parte do Pai-nosso,
pedimos para que seja restaurado o nosso relacionamento com Deus. Santificar o
Nome: O nome JAVÉ significa estou com você! Deus conosco. Neste NOME Deus se
deu a conhecer (Ex 3,11-15). O Nome de Deus é santificado quando é usado com fé
e não com magia; quando é usado conforme o seu verdadeiro objetivo, i.é, não
para a opressão, mas sim para a libertação do povo e para a construção do
Reino. A Vinda do Reino: O único Dono e Rei da vida humana é Deus (Is 45,21;
46,9). A vinda do Reino é a realização de todas as esperanças e promessas. É a
vida plena, a superação das frustrações sofridas com os reis e os governos
humanos. Este Reino acontecerá, quando a vontade de Deus for plenamente realizada.
Fazer a Vontade: A vontade de Deus se expressa na sua Lei. Que a sua vontade se
faça assim na terra como no céu. No céu, o sol e as estrelas obedecem às leis
de suas órbitas e criam a ordem do universo (Is 48,12-13). A observância da lei
Deus será fonte de ordem e de bem-estar para a vida humana.
* Mateus 6,11-13: Quatro pedidos
pela causa dos irmãos: Pão, Perdão, Vitória, Liberdade.
Na segunda parte do Pai-nosso
pedimos para que seja restaurado o relacionamento entre as pessoas. Os quatro
pedidos mostram como devem ser transformadas as estruturas da comunidade e da
sociedade para que todos os filhos e filhas de Deus vivam com igual dignidade.
Pão de cada dia: No êxodo, cada dia, o povo recebia o maná no deserto (Ex
16,35). A Providência Divina passava pela organização fraterna, pela partilha.
Jesus nos convida para realizar um novo êxodo, uma nova maneira de convivência
fraterna que garante o pão para todos (Mt 6,34-44; Jo 6,48-51). Perdão das
dívidas: Cada 50 anos, o Ano Jubilar obrigava todos a perdoar as dívidas. Era
um novo começo (Lv 25,8-55). Jesus anuncia um novo Ano Jubilar, "um ano da
graça da parte do Senhor" (Lc 4,19). O Evangelho quer recomeçar tudo de
novo! Não cair na Tentação: No êxodo, o povo foi tentado e caiu (Dt 9,6-12).
Murmurou e quis voltar atrás (Ex 16,3; 17,3). No novo êxodo, a tentação será
superada pela força que o povo recebe de Deus (1Cor 10,12-13). Libertação do
Maligno: O Maligno é o Satanás, que
afasta de Deus e é motivo de escândalo. Ele chegou a entrar em Pedro (Mt 16,23)
e tentou Jesus no deserto. Jesus o venceu (Mt 4,1-11). Ele nos diz:
"Coragem! Eu venci o mundo!" (Jo 16,33).
* Mateus 6,14-15: Quem não
perdoa não será perdoado.
Rezando o Pai-nosso, pronunciamos
a sentença que nos condena ou absolve. Rezamos: “Perdoa as nossas dívidas,
assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6,12). Oferecemos a Deus a
medida do perdão que queremos. Se perdoamos muito, Ele perdoará muito. Se
perdoamos pouco, ele perdoará pouco. Se não perdoamos, ele também não poderá
perdoar.
Para um confronto pessoal
1. Jesus falou "perdoai as nossas dívidas". Em alguns
países se traduz "perdoai as nossas ofensas". O que é mais fácil:
perdoar ofensas ou perdoar dívidas?
2. As nações cristãs do hemisfério norte (Europa e USA) rezam todos
os dias: “Perdoai as nossas dívidas assim como também nós perdoamos aos nossos
devedores”. Mas elas não perdoam a dívida externa dos países pobres do Terceiro
Mundo. Como explicar esta terrível contradição, fonte de empobrecimento de
milhões de pessoas?
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