S. João de Brito Presbítero e Mártir |
1ª
Leitura (2Sam 8,9-10.14b.24-25a.30—19,3): Naqueles dias,
Absalão, depois da derrota do seu exército, encontrou-se por acaso com os
homens de David. Ora o macho em que ia montado meteu-se por debaixo da ramaria
de um grande carvalho. A cabeleira prendeu-se nos ramos e ele ficou suspenso
entre o céu e a terra, enquanto o macho que ele montava seguiu para diante.
Alguém o viu e avisou Joab: «Vi agora Absalão suspenso de um carvalho». Joab
tomou três dardos e cravou-os no peito de Absalão. Entretanto, David estava
sentado entre as duas portas da cidade. A sentinela, que subira ao terraço da
porta, sobre a muralha, ergueu os olhos e avistou um homem a correr sozinho. A
sentinela gritou e avisou o rei. O rei observou: «Se vem só, traz boas
notícias». Depois disse ao homem que chegara: «Retira-te para o lado e espera
aí». Ele afastou-se e esperou. Entretanto chegou um mensageiro etíope, que
disse: «Trago boas notícias, ó rei, meu senhor. Hoje, Deus fez-te justiça, ao
livrar-te de todos os que se levantaram contra ti». O rei perguntou ao etíope:
«Está bem o jovem Absalão?». O etíope respondeu: «Tenham a sorte desse jovem os
inimigos do rei, meu senhor, e todos os que se levantaram contra ti para te
fazerem mal». O rei ficou perturbado. Subiu ao aposento que ficava por cima da
porta e começou a chorar, dizendo: «Meu filho Absalão! Meu filho! Meu filho
Absalão! Quem me dera ter morrido em teu lugar! Meu filho Absalão! Meu filho!».
Foram então dizer a Joab: «O rei está a chorar e a lamentar-se por causa de
Absalão». Assim a vitória desse dia transformou-se em luto para todo o
exército, ao saber que o rei estava consternado por causa de seu filho. Naquele
dia, o exército entrou furtivamente na cidade, como fazem as tropas
envergonhadas, quando fogem da batalha.
Salmo
Responsorial: 85
R. Inclinai os vossos
ouvidos e atendei-me, Senhor.
Inclinai,
Senhor, o vosso ouvido e atendei-me, porque sou pobre e desvalido. Defendei a
minha vida, pois Vos sou fiel, salvai o vosso servo que em Vós confia, meu
Deus.
Tende
piedade de mim, Senhor, que a Vós clamo todo o dia. Alegrai a alma do vosso
servo, porque a Vós, Senhor, elevo a minha alma.
Vós,
Senhor, sois bom e indulgente, cheio de misericórdia para com todos os que Vos
invocam. Ouvi, Senhor, a minha oração, atendei a voz da minha súplica.
Aleluia. Cristo
suportou as nossas enfermidades e tomou sobre Si as nossas dores. Aleluia.
Evangelho
(Mc 5,21-43): Jesus passou novamente para a outra
margem, e uma grande multidão se ajuntou ao seu redor. Ele estava à beira-mar.
Veio então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Vendo Jesus, caiu-lhe aos
pés e suplicava-lhe insistentemente: «Minha filhinha está nas últimas. Vem,
impõe as mãos sobre ela para que fique curada e viva!» Jesus foi com ele. Uma
grande multidão o acompanhava e o apertava de todos os lados. Estava aí uma
mulher que havia doze anos sofria de hemorragias e tinha padecido muito nas
mãos de muitos médicos; tinha gastado tudo o que possuía e, em vez de melhorar,
piorava cada vez mais. Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se, na multidão,
por detrás e tocou-lhe no manto. Ela dizia: «Se eu conseguir tocar na roupa
dele ficarei curada». Imediatamente a hemorragia estancou, e a mulher sentiu
dentro de si que estava curada da doença. Jesus logo percebeu que uma força
tinha saído dele e, voltando-se para a multidão, perguntou: «Quem tocou na
minha roupa»? Os discípulos disseram: «Tu vês a multidão que te aperta, e ainda
perguntas: ‘Quem me tocou?’». Ele olhava ao redor para ver quem o havia tocado.
A mulher, tremendo de medo ao saber o que lhe havia acontecido, veio, caiu-lhe
aos pés e contou toda a verdade. Jesus então disse à mulher: «Filha, a tua fé
te salvou. Vai em paz e fica livre da tua doença». Enquanto ainda estava
falando, chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga dizendo: «Tua filha
morreu. Por que ainda incomodas o mestre?». Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da
sinagoga: «Não tenhas medo, somente crê». Ele não permitiu que ninguém o acompanhasse,
a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. Quando chegaram à casa do chefe da
sinagoga, Jesus viu a agitação, pois choravam e lamuriavam muito. Entrando na
casa, ele perguntou: «Por que essa agitação, por que chorais? A menina não
morreu, ela dorme». E começaram a zombar dele. Afastando a multidão, levou
consigo o pai e a mãe da menina e os discípulos que o acompanhavam. Entrou no
lugar onde estava a menina. Pegou a menina pela mão e disse-lhe: «Talitá cum! (que
quer dizer: «Menina, eu te digo, levanta-te»). A menina logo se levantou e
começou a andar — já tinha doze anos de idade. Ficaram extasiados de tanta
admiração. Jesus recomendou com insistência que ninguém soubesse do caso e
falou para que dessem de comer à menina.
«Filha, a tua fé te
salvou. Vai em paz e fica livre da tua doença»
Rev. D. Francesc PERARNAU i Cañellas (Girona, Espanha)
Bto Mª Eugênio do Menino Jesus Presbítero de nossa Ordem |
Hoje
o Evangelho apresenta-nos dois milagres de Jesus que nos falam da fé de duas
pessoas bem diferentes. Tanto Jairo —um dos chefes da sinagoga— quanto aquela
mulher doente mostram uma grande fé: Jairo tem a certeza de que Jesus pode
curar a sua filha, enquanto aquela boa mulher confia em que um mínimo de
contato com a roupa de Jesus será suficiente para ficar liberada de uma doença
grave. E Jesus, porque são pessoas de fé, concede-lhes o favor que buscavam.
A
primeira foi a mulher, aquela que pensava não era digna de que Jesus lhe
dedicara tempo, aquela que não se atrevia a incomodar o Mestre nem a aqueles
judeus tão influentes. Sem fazer barulho, aproxima-se e, tocando a borla do
manto de Jesus, "arranca" sua cura e ela em seguida o nota em seu
corpo. Mas Jesus, que sabe o que aconteceu, quer lhe dizer umas palavras:
«Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e fica livre da tua doença» (Mc 5,34).
A
Jairo, Jesus pede-lhe uma fé ainda maior. Como já Deus tinha feito com Abraham
no Antigo Testamento, pedirá uma fé contra toda esperança, a fé das coisas
impossíveis. Comunicaram-lhe a Jairo a terrível notícia que sua filha acabara
de morrer. Podemo-nos imaginar a grande dor que sentia nesse momento, e talvez
a tentação da desesperação. E Jesus, que o ouviu, lhe diz: «Não tenhas medo,
somente crê» (Mc 5,36). E como aqueles patriarcas antigos, crendo contra toda
esperança, viu como Jesus devolvia-lhe a vida a sua amada filha.
Duas
grandes lições de fé para nós. Desde as páginas do Evangelho, Jairo e a mulher
que sofria hemorragias, juntamente com tantos outros, falam-nos da necessidade
de ter uma fé imóvel. Podemos fazer nossa aquela bonita exclamação evangélica:
«Eu creio, Senhor, ajuda-me na minha falta de fé» (Mc 9,24).
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* No evangelho de
hoje, vamos meditar sobre dois milagres de Jesus em favor de duas mulheres. O primeiro, em favor de uma
senhora, considerada impura por causa de uma hemorragia que já durava doze
anos. O outro, em favor de uma menina de doze anos, que acabava de falecer.
Conforme a mentalidade da época, qualquer pessoa que tocasse em sangue ou em
cadáver era considerada impura. Sangue e morte eram fatores de exclusão! Por
isso, aquelas duas mulheres eram pessoas marginalizadas, excluídas da
participação na comunidade.
* O ponto de partida. Jesus chega de barco. O povo se
junta. Jairo, o chefe da sinagoga, pede pela filha que está morrendo. Jesus vai
com ele e o povo todo o acompanha, apertando-o de todos os lados. Este é o
ponto de partida para as duas curas, que seguem: a cura da mulher e a
ressurreição da menina de doze anos.
* A situação da
mulher. Doze anos
de hemorragia! Por isso, ela vivia excluída, pois, naquele tempo, o sangue
tornava a pessoa impura, e quem tocasse nela também ficava impura. Marcos
informa que a mulher tinha gastado toda a sua economia com os médicos. Em vez
de ficar melhor, ficou pior. Situação sem solução!
* A atitude da mulher. Ela ouviu falar de Jesus. Nasceu
uma nova esperança. Ela disse consigo: “Se ao menos tocar na roupa dele, eu
ficarei curada”. O catecismo da época mandava dizer: “Se eu tocar na roupa
dele, ele ficará impuro”. A mulher pensa exatamente o contrário! Sinal de que
as mulheres não concordavam com tudo o que as autoridades religiosas ensinavam.
A mulher meteu-se no meio da multidão e, de maneira desapercebida, tocou em
Jesus, pois todo mundo o apertava e tocava nele. No mesmo instante ela sentiu
no corpo que estava curada.
* A reação de Jesus e
dos discípulos.
Jesus também sentiu que uma força tinha saído dele e perguntou: “Quem foi que me
tocou?” Os discípulos reagem: “O senhor está vendo essa multidão que o aperta
de todos os lados e ainda pergunta ‘Quem foi que me tocou?’” Aqui aparece o
desencontro entre Jesus e os discípulos. Jesus tinha uma sensibilidade que não
era percebida pelos discípulos. Estes reagiram como todo mundo e não entenderam
a reação diferente de Jesus. Mas Jesus nem liga, e continua indagando.
* A cura pela fé. A mulher percebeu que tinha sido
descoberta. Foi um momento difícil e perigoso. Pois, conforme a crença da época,
uma pessoa impura que, como aquela senhora, se metia no meio de uma multidão,
contaminava todo mundo através do toque. Fazia todos ficar impuro diante de
Deus (Lv 15,19-30). Por isso, como castigo, ela poderia ser apedrejada. Mas a
mulher teve a coragem de assumir o que fez. “Cheia de medo e tremendo” caiu aos
pés de Jesus e contou toda a verdade. Jesus dá a palavra final: “Minha filha,
sua fé curou você. Vai em paz e fique curada dessa doença!”
(1) “Minha filha”, isto é, Jesus acolhe
a mulher na nova família, na comunidade, que se formava ao seu redor.
(2) Aquilo que ela acreditava aconteceu
de fato.
(3) Jesus reconhece que sem a fé
daquela mulher ele não poderia ter feito o milagre.
* A notícia da morte
da menina. Neste
momento o pessoal da casa de Jairo informa que a filha tinha morrido. Já não
adiantava molestar Jesus. Para eles, a morte era a grande barreira. Jesus não
conseguiria ir além da morte! Jesus escuta, olha para Jairo e aplica o que
acabava de presenciar, a saber, que a fé é capaz de realizar o que a pessoa
acredita. E ele diz: “Não tenha medo! Crê somente!”
* Na casa de Jairo. Jesus só permite três discípulos
com ele. Vendo o alvoroço dos que fazem luto pela morte da menina, ele diz: “A
criança não morreu. Está dormindo!”. O pessoal deu risada. O povo sabe
distinguir quando uma pessoa está dormindo ou quando está morta. É a risada de
Abraão e de Sara, isto é, dos que não conseguem crer que para Deus nada é
impossível (Gn 17,17; 18,12-14; Lc 1,37). Também para eles, a morte era uma barreira
que ninguém poderia ultrapassar! As palavras de Jesus têm ainda um significado
mais profundo. A situação das comunidades perseguidas do tempo de Marcos
parecia uma situação de morte. Elas tinham que ouvir: “Não é morte! Vocês é que
estão dormindo! Acordem!” Jesus não dá importância à risada e entra no quarto
onde está a menina, só ele, os três discípulos e os pais da menina.
* A ressurreição da
menina. Jesus toma
a criança pela mão e diz: “Talita kúmi!” Ela levantou-se. Grande alvoroço!
Jesus conserva a calma e pede que lhe deem de comer. Duas mulheres são curadas!
Uma tem doze anos de vida, a outra tem doze anos de hemorragia, doze anos de
exclusão! Aos doze anos começa a exclusão da menina, pois começa a menstruação,
começa a morrer! Jesus tem poder maior e ressuscita: “Levante-se!”
Para um confronto
pessoal
1) Qual o ponto deste texto de que
você mais gostou ou que mais chamou a sua atenção? Por que?
2) Uma mulher foi curada e reintegrada
na convivência da comunidade. Uma menina foi levantada do seu leito de morte. O
que esta ação de Jesus nos ensina para nossa vida em família e na comunidade,
hoje?
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