terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Domingo II do Tempo Comum


Evangelho (Jo 1,29-34): No dia seguinte, João viu que Jesus vinha a seu encontro e disse: «Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo. É dele que eu falei: ‘Depois de mim vem um homem que passou à minha frente, porque antes de mim ele já existia’! Eu também não o conhecia, mas vim batizar com água para que ele fosse manifestado a Israel». João ainda testemunhou: «Eu vi o Espírito descer do céu, como pomba, e permanecer sobre ele. Pois eu não o conhecia, mas aquele que me enviou disse-me: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, é ele quem batiza com o Espírito Santo’. Eu vi, e por isso dou testemunho: ele é o Filho de Deus!».

«Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo»

Rev. D. Joaquim FORTUNY i Vizcarro (Cunit, Tarragona, Espanha)

Hoje ouvimos João que, ao ver Jesus, disse: «Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29). Que pensariam aquelas gentes? E, que entendemos nós? Na celebração da Eucaristia todos rezamos: «Cordeiro de Deus que tiras o pecado do mundo, tem piedade de nós / dá-nos a paz». E o sacerdote convida os fiéis à comunhão dizendo: «Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo…».

Não tenhamos duvidas que quando João disse «Eis aqui o Cordeiro de Deus», todos perceberam o que queria dizer, pois o “cordeiro” é uma metáfora de caráter mecânico que tinha sido usada pelos profetas, principalmente por Isaías, e que era bem conhecida por todos os bons israelitas.

Por outro lado, o cordeiro é o animalzinho que os israelitas sacrificam para rememorar a páscoa, a libertação da escravidão do Egito. A ceia pascoal consiste em comer um cordeiro.

E ainda os Apóstolos e os padres da Igreja dizem que o cordeiro é signo de pureza, simplicidade, bondade, mansidão, inocência… e Cristo é a Pureza, a Simplicidade, a Bondade, a Mansidão, a Inocência. São Pedro dirá: «fostes resgatados (...) pelo precioso sangue de Cristo, cordeiro sem defeito e sem mancha» (1Pe 1,18.19). E São João, no Apocalipses, emprega cerca de trinta vezes o termo “cordeiro” para designar Jesus Cristo.

Cristo é o cordeiro que tira o pecado do mundo, que foi imolado para nos dar a graça. Lutemos para viver sempre em graça, lutemos contra o pecado, aborreçamo-lo. A beleza da alma em graça é tão grande que nenhum tesouro o pode comparar. Torna-nos agradáveis a Deus e dignos de ser amados. Por isso, no “Gloria” da Missa fala-se da paz própria dos homens que o Senhor ama, dos que estão em graça.

João Paulo II, convidando-nos urgentemente a viver na graça que o Cordeiro nos alcançou, diz-nos: «Comprometamo-nos a viver em graça. Jesus nasceu em Belém precisamente para isto (…) viver em graça é a dignidade suprema, é a alegria inefável, é garantia de paz, é um ideal maravilhoso».

« … eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus »

Na oração o Senhor espera por nós para nos comunicar a sua mensagem de salvação e crescer conosco na amizade. Preparemo-nos, criando condições, com o silêncio exterior (evitar os espaços ruidosos e os papéis a mais… e o silêncio interior, deixando para segundo plano preocupações, programas cumpridos ou a cumprir, tarefas urgentes ou pendentes… O Senhor está primeiro. É o Espírito Santo que nos ilumina e anima. Invoquemo-lo: Vinde Espírito Santo…

Pe. Artur Pereira, sdb

O lecionário do tempo comum foi composto de modo a que a Palavra de Deus ajude a percorrer um caminho com Jesus para fazer discípulos e participantes do Reino de Deus. Nos três primeiros domingos é feita a apresentação de Jesus. Jesus recebe o batismo onde se manifesta a sua identidade e é investido da sua missão a partir do Alto. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Em Jesus torna-se presente, para os homens, o Reino de Deus.

Naquele tempo, João Batista viu Jesus, que se dirigia para ele, e exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!»
A solene abertura do evangelho apresenta a Palavra eterna do Pai que entra na História dos homens, Jesus de Nazaré. Era, portanto, necessário encontrar uma ligação para que Jesus pudesse concretamente ligar-se à História. Todos os profetas tinham falado dele. O último, dotado de um carisma particular, que o torna “precursor”, tem o nome de João. Ele é o grande porta-voz do texto evangélico deste domingo.
Há uma pluralidade de funções ou de vocações, mas o fim deve ser comum: a realização de si mesmo e a glória de Deus. Uma vez que a vocação vem de Deus, Ele, que é unidade e amor, orienta tudo para uma realização plena. Jesus, o Servo, é escolhido e convidado para levar a luz a todos os povos. Já não existem barreiras, divisões, mas um único grande projeto que quer construir a família humana, ligada pela mesma lei que a une a Deus, doador de todos os bens.

É aquele de quem eu disse: 'Depois de mim vem um homem que me passou à frente, porque existia antes de mim.'
Do Batista prefere-se oferecer um estupendo primeiro plano, fotografando-o como a testemunha leal. Ele emprega toda a própria existência em falar de Jesus, indicando-o como Messias e apresentando as suas credenciais.
João Baptista, Paulo, tu, eu, e, idealmente, cada irmão na fé, recebeu uma missão a cumprir, recordando que todos têm uma tarefa de serviço apostólico. Na diversidade dos papéis, comum é o empenho de fazer conhecer e amar Jesus Cristo. Por meio deles a comunidade tem a “graça” de encontrar Jesus Cristo e nele encontrar aquela novidade de vida que toma o nome teológico de “salvação” ou “redenção”. Cada cristão é o instrumento escolhido pela Providência para fazer chegar a muitos povos a mensagem do Evangelho.

Eu não o conhecia bem; mas foi para Ele se manifestar a Israel que eu vim batizar com água.
O testemunho do Batista é modelado por três frases de robusta teologia: Jesus é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”; o Espírito desceu sobre ele e permanece de forma estável; Jesus é o eleito de Deus, isto é, o “Filho de Deus”.
O texto evangélico mostra a peculiar vocação de João, de ser o precursor e de indicar a presença de Jesus. Ele não se limita a uma atestação física (“está aqui, é aquele ali…”), antes, oferece um quadro teológico de notável qualidade. Isto significa que cada verdadeira vocação, inclusive a de cada um de nós, antes de ser testemunho para o exterior, é descoberta interior da realidade de Cristo, para mim.

E João deu mais este testemunho: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e permanecer sobre Ele.»
As afirmações de João sobre Jesus, estão ligadas entre si e apresentam a ideia de João sobre o Messias. As três ideias têm uma semelhança parcial no canto do “Servo de Javé”.
Jesus é “o Cordeiro que tira o pecado do mundo”. Ele carrega as nossas misérias e transforma a iniquidade em santidade. Nele cada um de nós pode esperar um novo nascimento, o da água e o do Espírito, para construir uma sociedade em que a fraternidade seja o estatuto, e o amor a única regra de convivência.

E eu não o conhecia, mas quem me enviou a batizar com água é que me disse: 'Aquele sobre quem vires descer o Espírito e permanecer sobre Ele, é o que batiza com o Espírito Santo'.
A obra principal de Jesus consiste em “tirar o pecado do mundo”. Para o evangelista João só existe um pecado, o da recusa da Luz, que veio ao mundo para iluminar todos os homens (Jo 1, 9).
Em Cristo, com Cristo e por Cristo, tem lugar e sentido a vocação de cada um de nós. Cada um conserva a própria originalidade que deve desenvolver de modo autônomo e completo; cada um tem um tempo e um modo próprio para relacionar-se com Deus

Pois bem: eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus.
Recusar Cristo, Filho de Deus, é o grande e único pecado de que as singulares transgressões (os pecados) são uma parcial manifestação. Jesus pode cumprir a colossal obra de reconciliação entre Deus e o Homem porque Ele mesmo é Deus. O texto diz isso mesmo com mensagens claras. A cena do batismo serve para mostrar a presença do Espírito que desce sobre Jesus e nele permanece.
Inserido em Cristo, cada batizado realiza-se a si mesmo na singularidade do próprio ser e na comunhão com a Humanidade que, com Cristo, caminha ao encontro do Pai para louvá-lo eternamente.

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