quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

3 de janeiro: O Santíssimo Nome de Jesus


1ª Leitura (Filip 2, 1-11) -  Irmãos: Se há em Cristo alguma consolação, algum conforto na caridade, se existe alguma comunhão no Espírito, alguns sentimentos de ternura e misericórdia, então completai a minha alegria, tendo entre vós os mesmos sentimentos e a mesma caridade, numa só alma e num só coração. Não façais nada por rivalidade nem por vanglória; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós mesmos, sem olhar cada um aos seus próprios interesses, mas aos interesses dos outros. Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. Ele, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

Salmo Responsorial (Salmo 8, 4-5.6-7.8-9)
R. Como é admirável o vosso nome em toda a terra, Senhor, nosso Deus!

Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que lá colocastes,
que é o homem para que Vos lembreis dele, o filho do homem para dele Vos ocupardes?

Fizestes dele quase um ser divino, de honra e glória o coroastes;
destes-lhe poder sobre a obra das vossas mãos, tudo submetestes a seus pés:

Ovelhas e bois, todos os rebanhos, e até os animais selvagens,
as aves do céu e os peixes do mar, tudo o que se move nos oceanos.

Aleluia! O que nela se gerou é fruto do Espírito Santo; Ela dará à luz um filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus. Aleluia!

Evangelho (Lc 2,21-24): Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno. Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, conforme o que está escrito na lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”. E para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos.

«Foi-lhe posto o nome de Jesus»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

S. Ciríaco Elias Chavara
Presbítero de nossa Ordem
Hoje, dentro do ciclo do Natal, celebramos o próprio Nome de Jesus. A veneração deste Santíssimo Nome surgiu no séc. XIV. São Bernardino de Siena e os seus discípulos difundiram esta devoção: «Este é aquele santíssimo nome desejado pelos patriarcas, esperado com ansiedade, suplicado com gemidos, invocado com suspiros, requerido com lágrimas, dado ao chegar a plenitude da graça» (S. Bernardino).

Depois de diversas vicissitudes litúrgicas, S. João Paulo II restabeleceu esta celebração no missal romano. Neste dia – precisamente - os jesuítas celebram o título da sua “Companhia de Jesus”.

É próprio das pessoas – anjos e homens, quer dizer, seres espirituais – distinguir-se na sua singularidade única com um nome próprio. Porém o caso de Deus é especial: propriamente, não lhe convém nenhum nome. Ele, pela sua infinita perfeição está acima de tudo e de todos, está acima de todos os nomes (cf. Fil 2,9), é o Inefável, é o Inominável…

Contudo, pela sua infinita Misericórdia, debruçou-se sobre o homem e até aceitou ter um “nome próprio”. A primeira revelação do seu nome foi feita por Ele próprio no deserto quando Moisés lhe pediu: «’Quando me perguntarem qual é o teu nome, que lhes responderei?’ Deus respondeu a Moisés: ‘Eu sou aquele que sou’» (Ex 3, 13-14).

Enquanto nós temos de dizer que “sou homem”, “sou mulher”, “sou arquiteto”… (temos de especificar de muitas maneiras o que somos), Deus - pelo contrário - simplesmente “É”. Portanto, podíamos dizer que “Eu sou aquele que sou” é o nome filosófico que de algum modo se adapta a Deus.

Porém, na sua generosa condescendência, Deus Filho encarnou para nos salvar: Ele é perfeito Deus e perfeito homem. E, como tal, os seus pais «puseram-lhe o nome de Jesus» (Lc 2,21). “Jeshua” significa “Deus salva”. Aqui está um Nome - o Santíssimo Nome de Jesus - que merece toda a veneração e total respeito. Assim o indica o segundo mandamento da Lei de Deus… E assim nos ensinou o próprio Jesus: «Pai-Nosso que estais no céu, santificado seja o vosso Nome…».

Santíssimo Nome de Jesus

Felipe Aquino

Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o Nome que está acima de todos os nomes, para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor (Fil 2, 9-11).

A Igreja celebra oito dias após o Natal, em 3 janeiro, de acordo com o “Diretório da Liturgia” da CNBB, a festa do Santíssimo Nome de Jesus; porque oito dias depois de seu Nascimento, São José O circuncidou e lhe colocou o nome de Jesus, conforme o Anjo tinha dito à Virgem Maria:

O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus” (Lc 1, 30-31).

E assim foi cumprido conforme a Lei de Moisés: Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o Nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno (Lc 2, 21).

O Santíssimo Nome de Jesus foi dado pelo céu; tanto assim que o Arcanjo Gabriel o confirma em sonho a São José: Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados (Mt 1, 20-21). Cabia ao pai dar o nome para o filho no costume judaico.

E o Anjo deixou bem claro a José a razão deste nome: “porque ele salvará o seu povo de seus pecados”. A palavra “Jesus”, em hebraico, quer dizer: “Deus Salva” ou “Salvador”.

No momento da Anunciação, o anjo Gabriel dá-lhe como nome próprio o nome de Jesus, que exprime ao mesmo tempo Sua identidade e missão. Uma vez que “só Deus pode perdoar os pecados” (Mc 2,7), é Ele que, em Jesus, seu Filho eterno feito homem, “salvará seu povo dos pecados” (Mt 1,21). Em Jesus, portanto, Deus recapitula toda a sua história de salvação em favor dos homens. O Filho do Homem tem poder de perdoar pecados na terra (Mc 2, 10). Ele pode dizer ao pecador: Teus pecados estão perdoados (Mc 2,5). E o Senhor transmite esse poder aos homens, os Apóstolos (Jo 20,21-23) para que o exerçam em seu Nome.

A Ressurreição de Jesus glorifica o nome do Deus Salvador, pois a partir de agora é o nome de Jesus que manifesta em plenitude o poder supremo do “nome acima de todo nome”. Os espíritos maus temem Seu nome, e é em nome d’Ele que os discípulos de Jesus operam milagres, pois tudo o que pedem ao Pai em Seu nome o Pai lhes concede. É no nome de Jesus que os enfermos são curados, é em Seu nome que os mortos ressuscitam, os coxos andam, os surdos ouvem, os leprosos ficam curados… Esse nome bendito tem poder!

Depois que o pecado atingiu a humanidade, somente o Nome do Deus Redentor pode salvar o homem. E este nome é Jesus. É pelo Nome de Jesus que os Apóstolos operaram maravilhas, pois Ele lhes tinha dito: Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu Nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados (Mc 16,17-18). Portanto, o Nome Santo de Jesus tem poder e deve ser invocado com respeito, veneração e fé.

Após o milagre do aleijado na porta do Templo, os fariseus e doutores da lei quiseram impedir os Apóstolos de pregar em Nome de Jesus: Todavia, para que esta notícia não se divulgue mais entre o povo, proibamos com ameaças, que no futuro falem a alguém nesse Nome. Chamaram-nos e ordenaram-lhes que absolutamente não falassem nem ensinassem em nome de Jesus (At 4, 17-18).

Mas eles se negam a deixar de pronunciar este santo Nome, porque sabem que não há salvação em nenhum outro: Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular. Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos (At 4, 11-12).

O nome de Jesus significa também que o próprio nome de Deus está presente na Pessoa de seu Filho feito homem para a redenção universal e definitiva dos pecados. É o único Nome divino que traz a salvação e a partir de agora pode ser invocado por todos, pois se uniu a todos os homens pela Encarnação.

O nome do Deus Salvador era invocado uma só vez por ano pelo sumo sacerdote para a expiação dos pecados de Israel, depois dele aspergir o propiciatório do Santo dos Santos com o sangue do sacrifício. O propiciatório era o lugar da presença de Deus. Quando São Paulo diz de Jesus que “Deus o destinou como instrumento de propiciação, por seu próprio Sangue” (Rm 3,25), quer afirmar que na humanidade deste último “era Deus que em Cristo reconciliava consigo o mundo” (2Cor 5,19).

O Nome de Jesus está no cerne da oração cristã. Todas as orações litúrgicas são concluídas pela fórmula “por Nosso Senhor Jesus Cristo…”. A “Ave-Maria” culmina no: “e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”. O nome de Jesus está no centro da Ave-Maria; o Rosário é centrado no Nome de Jesus, por isso tem poder.

A oração oriental denominada “oração a Jesus” diz: “Jesus Cristo, Filho de Deus Vivo, Senhor, tem piedade de mim, pecador”. Numerosos cristãos, como Santa Joana d’Arc, morreram tendo nos lábios apenas o nome de Jesus.

Que nós possamos também hoje e sempre pronunciar com fé e devoção este nome doce e santo, que tem poder, como aquele cego de Jericó, que clamou com fé e ficou curado: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!”

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