S. Pedro de Alcântara, Presbítero Padroeiro do Brasil |
1ª
Leitura (Rm 4,13.16-18): Irmãos: Não foi por meio da Lei, mas
pela justiça da fé, que se fez a Abraão ou à sua descendência a promessa de que
receberia o mundo como herança. Portanto a herança vem pela fé, para que seja
dom gratuito de Deus e a promessa seja válida para toda a descendência, não só
para a descendência segundo a Lei, mas também para a descendência segundo a fé
de Abraão. Ele é o pai de todos nós, como está escrito: «Fiz de ti o pai de
muitos povos». Ele é o nosso pai diante d’Aquele em quem acreditou, o Deus que
dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe. Esperando contra toda
a esperança, Abraão acreditou, tornando-se pai de muitos povos, como lhe tinha
sido dito: «Assim será a tua descendência».
Salmo
Responsorial: 104
R. O Senhor recorda a
sua aliança para sempre.
Descendentes
de Abraão, seu servo, filhos de Jacob, seu eleito, O Senhor é o nosso Deus e as
suas sentenças são lei em toda a terra.
Ele
recorda sempre a sua aliança, a palavra que empenhou para mil gerações, o pacto
que estabeleceu com Abraão, o juramento que fez a Isaac.
Não
Se esqueceu da palavra sagrada que dera a Abraão, seu servo, e fez sair o povo
com alegria, os seus eleitos com gritos de júbilo.
Aleluia. O Espírito da
verdade dará testemunho de Mim, diz o Senhor, e vós também dareis testemunho.
Aleluia.
Evangelho
(Lc 12,8-12): Naquele tempo, o Senhor disse aos
seus discípulos: Eu vos digo: todo aquele que se declarar por mim diante do
povo, o Filho do Homem também se declarará a favor dele diante dos anjos de
Deus. Aquele, porém, que me renegar diante do povo será renegado diante dos
anjos de Deus. Todo aquele que falar uma palavra contra o Filho do Homem será
perdoado. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado. Quando
vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não vos
preocupeis com os argumentos para vos defender, nem com o que dizer. Pois nessa
hora o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer.
«Aquele que se
declarar por mim diante do povo, o Filho do Homem também se declarará a favor»
P. Alexis MANIRAGABA (Ruhengeri, Ruanda)
Hoje,
o Senhor desperta nossa fé e esperança Nele. Jesus nos antecipa que teremos que
comparecer ante o exército celestial para sermos examinados. E aquele tenha se
declarado a favor de Jesus aderindo a sua missão «também o Filho do homem se
declarará por Ele» (Lc 12,8). Tal confissão pública se realizará em palavras,
em atos e durante toda a vida.
Esta
interpelação à confissão é ainda mais necessária e urgente em nossos tempos,
nos que há pessoas que não querem escutar a voz de Deus nem seguir seu caminho
de vida. No entanto, a confissão de nossa fé terá a um forte seguimento.
Portanto, não sejamos confessores nem por medo de um castigo, que será mais
severo para os apóstatas, nem pela abundante recompensa reservada aos fiéis.
Nosso testemunho é necessário e urgente para a vida do mundo, Deus mesmo nos
pede, tal como disse São Juan Crisóstomo: «Deus não se contenta com a fé
interior; Ele pede a confissão exterior e pública, e nos move assim a uma
confiança e a um amor maior».
Nossa
confissão é sustentada pela força e pela garantia de seu Espírito que está
ativo dentro de nós e que nos defende. O reconhecimento de Jesus Cristo ante
seus anjos é de vital importância já que este feito nos permitirá vê-lo cara a
cara, viver com Ele e ser inundados de sua luz. Ao mesmo tempo, o contrário não
será outra coisa que sofrer e perder a vida, ficar privado da luz e despojado
de todos os bens. Peçamos, pois, a graça de evitar toda negação nem que seja
por medo ao suplício ou por ignorância; pelas heresias, pela fé estéril e pela
falta de responsabilidade, ou porque queremos evitar o martírio. Sejamos
fortes, o Espírito Santo está conosco! E «com o Espírito Santo está sempre
Maria (…) e Ela tem feito possível a explosão missionária produzida em Pentecostes»
(Papa Francisco).
«O Espírito Santo vos
ensinará o que deveis dizer»
+ Rev. D. Albert TAULÉ i Viñas (Barcelona, Espanha)
"Ó feliz penitência, que me alcançou tão grande glória" |
Hoje
ressoam outra vez as palavras de Jesus convidando-nos a reconhece-lo diante dos
homens. Todo aquele que se declarar por mim diante do povo, o Filho do Homem
também se declarará a favor dele diante dos anjos de Deus (Lc 12,8). Estamos
num tempo, em que na vida pública reivindica-se a laicidade, obrigando os
crentes a manifestar sua fé somente no âmbito privado. Quando um cristã, um
presbítero, um bispo, o Papa..., diz alguma coisa publicamente, porém seja
cheia de sentido comum, incomoda, somente porque vem de quem vem, como se nós,
não tivéssemos direito - como todo o mundo! - a dizer o que pensamos. Por mais
que lhes incomode, não podemos deixar de anunciar o Evangelho. Igualmente, o
Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer (Lc 12,12). São Cirilo de
Jerusalém, afirmava que o Espirito Santo, que habita em aqueles que estão bem
dispostos, inspira-lhes como doutor aquilo que vão dizer.
As
agressões que fazem aos cristãs, têm uma gravidade diferente, já que não é o
mesmo falar mal de um membro da Igreja (às vezes com razão, por causa de nossas
deficiências), que agredir a Jesus Cristo (se o veem somente em sua dimensão
humana), ou injuriar ao Espirito Santo, já seja blasfemando, já seja negando a
existência e os atributos de Deus.
Também
refere-se ao perdão da ofensa, até mesmo quando o pecado é leve, é preciso uma
atitude prévia que é o arrependimento. Se não houver arrependimento, o perdão é
inviável, já que a ponte está quebrada por um lado. Por isso, Jesus diz que
existem pecados que nem Deus perdoará, se não existe por parte do pecador a
atitude humilde de reconhecer seu pecado (cf. Lc 12,10).
Reflexão
• O contexto.
No
capítulo 11, que precede a nossa história, Lucas, no caminho de Jesus para
Jerusalém, mostra a sua intenção de revelar as profundezas do agir
misericordioso de Deus e, ao mesmo tempo, a profunda miséria que se encontra no
coração do homem, e particularmente nos que têm a missão de ser testemunhas da
Palavra e da ação do Espírito Santo no mundo. Jesus apresenta esses fatos com
uma série de reflexões que surtem efeito no leitor: ser atraído pela força da
sua Palavra até o ponto de sentir-se julgado e despojado dentro das pretensões
de grandeza que perturbam o homem (9,46). Além disso o leitor se identifica com
várias atitudes que o ensinamento de Jesus suscita: antes de tudo se reconhece
no discípulo no seguimento a Jesus e no envio diante dele como mensageiro do
reino; no que tem dúvidas para segui-lo; no fariseu ou o doutor da lei,
escravos de suas próprias interpretações e estilo de vida. Em síntese, o
percurso do leitor pelo capítulo 11 é caracterizado deste encontro com o
ensinamento de Jesus que revela a intimidade de Deus, o coração misericordioso
de Deus, mas também a verdade do seu ser como homem. No entanto, no capítulo 12
Jesus contrapõe ao juízo pervertido do homem a benevolência de Deus, que dá
sempre de modo superabundante. Está em jogo a vida do homem. Deve-se prestar
atenção à perversão do julgamento humano, ou melhor, à hipocrisia que distorce
os valores para promover apenas o seu próprio interesse e vantagens, em vez de
ter um interesse na vida, aquela que é recebida de graça. A palavra de Jesus
lança ao leitor um apelo sobre como lidar com a questão da vida: o homem será
julgado por seu comportamento diante das ameaças. É necessário preocupar-se não
tanto com os homens que podem "matar o corpo", mas ter no coração o
temor de Deus que julga e corrige. Jesus não promete a seus discípulos que serão
protegidos das ameaças e perseguições, mas lhes assegura a ajuda de Deus nos
momentos de dificuldade.
• Saber reconhecer
Jesus.
O
compromisso corajoso em reconhecer publicamente a amizade com Jesus comporta
como consequência a comunhão pessoal com ele quando ele vier para julgar o
mundo. Ao mesmo tempo, "aquele que me nega", o que tem medo de
confessar e reconhecer publicamente a Jesus, se condena sozinho. O leitor é
convidado a refletir sobre a importância crucial de Jesus na história da
salvação: é preciso se decidir estar com Jesus ou contra ele e sua palavra de
graça; desta decisão, reconhecer ou negar a Jesus depende a nossa salvação.
Lucas evidencia que a comunhão oferecida por Jesus no tempo presente aos seus
discípulos será confirmada e alcançará a perfeição no momento de sua vinda na
glória (“quando vier na sua glória, na do Pai e dos santos anjos”: 9,26). O
apelo às comunidades cristãs é muito evidente: mas se se é exposto às
hostilidades do mundo, é indispensável dar um testemunho corajoso de Jesus, de
comunhão com Ele e não se envergonhar de ser e se mostrar cristão.
• A blasfêmia contra o
Espírito Santo.
Blasfemar
é aqui entendido por Lucas como o falar ofensivo ou falar contra. Este verbo
foi aplicado a Jesus quando em 5,21 ele tinha perdoado os pecados. A questão
levantada nesta passagem pode apresentar alguma dificuldade para o leitor: é
menos grave blasfêmia contra o Filho do homem do que a contra o Espírito Santo?
A linguagem de Jesus pode parecer um pouco forte para o leitor do Evangelho de
Lucas: ao longo do evangelho vê-se Jesus mostrando a atitude de Deus que vai em
busca do pecador, que é exigente, mas que sabe esperar o momento do retorno a
Ele ou o amadurecimento do pecador. Em Marcos e Mateus, a blasfêmia contra o
Espírito Santo é a falta de reconhecimento do poder de Deus nos exorcismos de
Jesus. Mas em Lucas mais precisamente significa a rejeição consciente e livre
de Espírito profético que atua nas obras e ensinamento de Jesus, ou seja, a
rejeição ao encontro com o agir misericordioso e salvífico do Pai. A falta de
reconhecimento da origem divina da missão de Jesus, a ofensa direta à pessoa de
Jesus, podem ser perdoadas, mas aquele que nega o Espírito Santo trabalhando na
missão de Jesus não será perdoado. Não se trata da oposição entre a pessoa de
Jesus e do Espírito Santo, ou dum contraste ou símbolo de dois períodos
distintos da história, o de Jesus e da comunidade pós-pascal, mas em última
análise, o evangelista trata de demonstrar que negar a pessoa de Cristo
equivale a blasfemar contra o Espírito Santo.
Para um confronto
pessoal
1) Você está ciente de que de ser
cristão comporta dificuldades, perigos e riscos, a ponto de arriscar a própria
vida para testemunhar a amizade pessoal com Jesus?
2) Você se vergonha de ser cristão?
Você prefere o julgamento dos homens, sua aprovação, ou o fato de não perder
sua amizade com Cristo?
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