sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Sábado XXIX do Tempo Comum


1ª Leitura (Rom 8,1-11): Irmãos: Nenhuma condenação existe agora para aqueles que estão em Cristo Jesus, porque a lei do Espírito, que dá a vida em Cristo Jesus, me libertou da lei do pecado e da morte. Na verdade, o que era impossível para a Lei, por causa da fragilidade humana, foi possível para Deus: Enviando o seu próprio Filho, numa carne semelhante à carne pecadora, como sacrifício de expiação pelo pecado, condenou o pecado na carne, para que a justiça exigida pela Lei fosse plenamente cumprida em nós, que não vivemos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Os que vivem segundo a carne desejam o que é carnal; os que vivem segundo o Espírito desejam o que é espiritual. Os desejos da carne conduzem à morte, mas os desejos do Espírito conduzem à vida e à paz. Na verdade, os desejos da carne são revolta contra Deus, pois eles não se submetem nem podem submeter-se à lei de Deus. Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. Vós não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não Lhe pertence. Se Cristo está em vós, embora o vosso corpo seja mortal por causa do pecado, o espírito permanece vivo por causa da justiça. E, se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós.

Salmo Responsorial: 23
R. Esta é a geração dos que procuram o Senhor.

Do Senhor é a terra e o que nela existe, o mundo e quantos nele habitam. Ele a fundou sobre os mares e a consolidou sobre as águas.

Quem poderá subir à montanha do Senhor? Quem habitará no seu santuário? O que tem as mãos inocentes e o coração puro, que não invocou o seu nome em vão nem jurou falso.

Este será abençoado pelo Senhor e recompensado por Deus, seu Salvador. Esta é a geração dos que O procuram, que procuram a face do Deus de Jacob.

Aleluia. Eu não quero a morte do pecador, diz o Senhor, mas que se converta e viva. Aleluia.

Evangelho (Lc 13,1-9): Nesse momento, chegaram algumas pessoas trazendo a Jesus notícias a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando o sangue deles com o dos sacrifícios que ofereciam. Ele lhes respondeu: «Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que qualquer outro galileu, por terem sofrido tal coisa? Digo-vos que não. Mas se vós não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo». E Jesus contou esta parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi lá procurar figos e não encontrou. Então disse ao agricultor: Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Para que está ocupando inutilmente a terra? Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa-a ainda este ano. Vou cavar em volta e pôr adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então a cortarás’».

«Foi lá procurar figos (...) e não encontrou»

+ Rev. D. Antoni ORIOL i Tataret (Vic, Barcelona, Espanha)

Hoje, as palavras de Jesus convidam-nos a meditar sobre o inconveniente da hipocrisia: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi lá procurar figos e não encontro» (Lc 13,6). O hipócrita aparenta ser o que não é. Essa mentira, no seu extremo, chega a parecer virtude (aspecto moral) sendo um vício, ou devoção (aspecto religioso), uma vez que procura o próprio eu e os seus interesses e não a Deus. A hipocrisia moral pulula no mundo, a religiosa prejudica a Igreja.

As inventivas de Jesus contra os escribas e os fariseus mais claras e diretas em outras passagens do Evangelho são terríveis. Não podemos ler ou ouvir o que acabamos de escutar e ler sem que estas palavras nos cheguem ao fundo do coração, se realmente as escutamos e entendemos.

O direi no plural, uma vez que todos experimentamos a distância entre o que parecemos ser e o que realmente somos. É o que se passa com os políticos quando nos aproveitamos do país, proclamando que estamos ao seu serviço; com os agentes de segurança quando protegemos grupos corruptos em nome da ordem pública; com os profissionais de saúde quando eliminamos vidas incipientes ou terminais em nome da medicina; com os meios de comunicação social quando falseamos as notícias e pervertemos as pessoas afirmando que as estamos divertindo; com os administradores dos fundos públicos quando desviamos parte deles para os nossos bolsos (individuais ou do partido) e alardeamos honestidade pública; com os leigos quando impedimos a dimensão pública da religião em nome da liberdade de consciência; com os religiosos quando vivemos das nossas instituições sem fidelidade ao espírito e às exigências dos fundadores; com os sacerdotes quando vivemos do altar mas não servimos abnegadamente os nossos fiéis, com espírito evangélico; etc.

Ah! E tu e eu também, na medida em que a nossa consciência nos diz o que devemos fazer e deixamos de o fazer para nos dedicarmos unicamente a ver o argueiro no olho dos outros, sem sequer querer dar-nos conta da trave que cega o nosso. Ou não?

- Jesus, Salvador do mundo, salva-nos das nossas pequenas, médias e grandes hipocrisias!

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz informações que só existem no evangelho de Lucas e não tem passagens paralelas nos outros evangelhos. Estamos meditando a longa caminhada de Jesus desde a Galileia até Jerusalém e que ocupa quase a metade do evangelho de Lucas desde o capítulo 9 até o capítulo 19 (Lc 9,51 a 19,28). É nesta parte que Lucas colocou a maior parte das informações que ele obteve sobre a vida e o ensinamento de Jesus (Lc 1,1-4).

* Lucas 13,1: O acontecimento que pede uma explicação
“Nesse tempo, chegaram algumas pessoas levando notícias a Jesus sobre os galileus que Pilatos tinha matado, enquanto ofereciam sacrifícios”. Quando lemos os jornais ou quando assistimos ao noticiário na TV, recebemos muitas informações, mas nem sempre avaliamos todo o seu significado. Escutamos tudo, mas não sabemos bem o que fazer com tantas informações e notícias. Notícias terríveis como tsunami, terrorismo, guerras, fome, violência, crime, atentados, etc. Assim foram levar a Jesus a notícia do terrível massacre que Pilatos, governador romano, fez com alguns peregrinos samaritanos. Notícias assim nos incomodam. Elas nos derrubam: “O que posso fazer?” Para acalmar a consciência, muitos se defendem e dizem: “Culpa deles! Não trabalharam! Povo preguiçoso!” No tempo de Jesus, o povo se defendia dizendo: “Castigo de Deus pelos pecados deles!” (Jo 9,2-3). Desde séculos se ensinava: “Os samaritanos não prestam. Eles tem uma religião errada!” (2Rs 17,24-41)!

* Lucas 13,2-3: A resposta de Jesus
Jesus tem outra opinião. "Pensam vocês que esses galileus, por terem sofrido tal sorte, eram mais pecadores do que todos os outros galileus? De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo”. Jesus ajuda as pessoas a ler os fatos com outros olhos e a tirar uma conclusão para a sua vida. Ele diz que não foi castigo de Deus. Pelo contrário. “E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo” Ele procura alertar para o apelo à conversão e mudança.

* Lucas 13,4-5: Jesus comenta um outro fato
“E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu em cima deles? Pensam vocês que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? Deve ter sido um desastre muito comentado na cidade. Um temporal derrubou a torre de Siloé e matou dezoito pessoas que estavam se abrigando debaixo dela. O comentário normal era: “Castigo de Deus!” Jesus repete: “De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo". Eles não fizeram a conversão, a mudança, e quarenta anos depois Jerusalém foi destruída e muita gente morreu assassinado no Templo como os samaritanos e muito mais gente morreu debaixo dos escombros das muralhas da cidade. Jesus tentou prevenir, mas não atenderam ao pedido de paz: “Jerusalém! Jerusalém!” (Lc 13,34). Jesus ensina a descobrir os apelos que vem dos acontecimentos da vida do dia-a-dia.

* Lucas 13,6-9: Uma parábola para fazer o povo pensar e descobrir o projeto de Deus
"Certo homem tinha uma figueira plantada no meio da vinha. Foi até ela procurar figos, e não encontrou. Então disse ao agricultor: Olhe! Hoje faz três anos que venho buscar figos nesta figueira, e não encontro nada! Corte-a. Ela só fica aí esgotando a terra. Mas o agricultor respondeu: Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e pôr adubo. Quem sabe, no futuro ela dará fruto! Se não der, então a cortarás”. Muitas vezes, a vinha é usada tanto para indicar o carinho que Deus para com seu povo, como a falta de correspondência da parte do povo ao amor de Deus (Is 5,1-7; 27,2-5; Jr 2,21; 8,13; Ez 19,10-14; Os 10,1-8; Mq 7,1; João 15,1-6). Na parábola, o proprietário da vinha é Deus Pai. O agricultor que intercede pela vinha é Jesus. Ele insiste com o Pai para alargar o espaço da conversão.

Para um confronto pessoal
1) O povo de Deus a vinha de Deus. Eu sou um pedaço desta vinha. Aplico a mim a parábola da vinha. Que conclusões tiro?
2) O que faço com as notícias que recebo? Procuro ter uma opinião crítica, ou sigo a opinião da maioria e dos meios de comunicação?

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