Bto Ângelo Mazzinghi Presbítero de nossa Ordem |
1ª
Leitura (Js 24,14-29): Naqueles dias, Josué falou ao povo,
dizendo: «Temei o Senhor, servi-O com retidão e fidelidade. Afastai os deuses
que os vossos pais serviram para lá do rio Eufrates e no Egito e servi o
Senhor. Se não vos agrada servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir:
se os deuses que os vossos pais serviram para lá do rio Eufrates, se os deuses
dos amorreus em cuja terra agora habitais. Eu e a minha família serviremos o
Senhor». Mas o povo respondeu: «Longe de nós abandonar o Senhor para servir
outros deuses. Porque o Senhor é o nosso Deus, que nos fez sair, a nós e aos
nossos pais, da terra do Egito, da casa da escravidão. Foi Ele que, diante dos
nossos olhos, realizou tão grandes prodígios e nos protegeu durante o caminho
que percorremos entre os povos por onde passamos. Foi o Senhor que expulsou da
nossa frente todas as nações e os amorreus que habitavam nesta terra. Também
nós queremos servir o Senhor, porque Ele é o nosso Deus». Então Josué disse ao
povo: «Vós não podereis servir o Senhor, porque Ele é um Deus santo, um Deus
zeloso, que não suportará as vossas transgressões e os vossos pecados. Se
abandonardes o Senhor para servir deuses estranhos, Ele voltar-Se-á contra vós
e, depois de ter sido o vosso benfeitor, vos fará mal e vos exterminará». O
povo respondeu a Josué: «Não. Nós queremos servir o Senhor». E Josué disse ao
povo: «Sois testemunhas contra vós mesmos de que escolhestes servir o Senhor».
Eles responderam: «Somos testemunhas». Josué acrescentou: «Então afastai do
meio de vós os deuses estranhos e voltai os vossos corações para o Senhor, Deus
de Israel». O povo respondeu a Josué: «Serviremos o Senhor, nosso Deus, e
obedeceremos à sua voz». Naquele dia, Josué fez uma aliança com o povo e
deu-lhe em Siquém leis e preceitos. Depois escreveu essas palavras no livro da
lei de Deus. Tomou uma grande pedra e levantou-a ali como monumento debaixo do
carvalho que estava no santuário do Senhor. Josué disse a todo o povo: «Esta pedra
nos servirá de testemunha, porque ouviu todas as palavras que o Senhor nos
disse. Será uma testemunha contra vós, se renegardes o vosso Deus». Por fim
Josué despediu o povo e cada um voltou para a sua herança. Algum tempo depois,
Josué, filho de Nun e servo do Senhor, morreu com cento e dez anos de idade.
Salmo
Responsorial: 15
R. O Senhor é a minha
herança.
Defendei-me,
Senhor: Vós sois o meu refúgio. Digo ao Senhor: «Vós sois o meu Deus». Senhor,
porção da minha herança e do meu cálice, está nas vossas mãos o meu destino.
Bendigo
o Senhor por me ter aconselhado, até de noite me inspira interiormente. O
Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei.
Por
isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta e até o meu corpo descansa
tranquilo. Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, nem
deixareis o vosso fiel sofrer a corrupção.
Dar-me-eis
a conhecer os caminhos da vida, alegria plena na vossa presença, delícias
eternas à vossa direita.
Aleluia. Bendito
sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os
mistérios do reino. Aleluia.
Evangelho
(Mt 19,13-15): Naquele momento, levaram crianças a
Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os
discípulos, porém, as repreenderam. Jesus disse: «Deixai as crianças, e não as
impeçais de virem a mim; porque a pessoas assim é que pertence o Reino dos
Céus». E depois de impor as mãos sobre elas, ele partiu dali.
«Levaram crianças a
Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os
discípulos, porém, as repreenderam»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
Sta Beatriz da Silva e Menezes, Virgem |
Hoje
podemos contemplar uma cena que, infelizmente, é demasiado atual: «Levaram
crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração.
Os discípulos, porém, as repreenderam» (Mt 19,13). Jesus ama especialmente as
crianças; nós, com os pobres raciocínios típicos de “gente crescida”,
impedimo-los de se aproximarem de Jesus e do Pai: —Quando forem crescidos, se o
desejarem, logo escolherão…! Isto é um grande erro.
Os
pobres, quer dizer, os mais carentes, os mais necessitados, são objeto de
particular predileção por parte do Senhor. E as crianças, os pequenos são muito
“pobres”. São pobres em idade, são pobres em formação… São indefesos. Por isso
a Igreja — Nossa “Mãe” — dispõe que os pais levem cedo os seus filhos a
batizar, para que o Espírito Santo ponha moradia nas suas almas e entrem no
calor da comunidade dos crentes. Assim o indica tanto o Catecismo da Igreja bem
como o Código do Direito Canônico, ordenamentos da mais alta esfera da Igreja
(que, com toda a comunidade, deve ter ordenamentos).
Mas
não! Quando forem crescidos! É absurda esta maneira de proceder. E, se não,
perguntemo-nos: —Que comerá esta criança? O que a sua mãe lhe der, sem esperar
que a criança especifique o que prefere. —Que língua falará esta criança? A que
lhe falarem os seus pais (ou seja, a criança nunca poderá escolher nenhuma
língua). —Para que escola irá esta criança? Para a que os seus pais o levarem,
sem esperarem que o menino defina os estudos que prefere.
—O
que comeu Jesus? Aquilo que lhe deu sua Mãe, Maria. —Que língua falou Jesus? A
dos seus pais. —Que religião aprendeu e praticou o Menino Jesus? A dos seus
pais, a religião judia. Depois, quando já era mais crescido, mas graças à
instrução que recebera de seus pais, fundou uma nova religião… Mas, primeiro, a
dos seus pais, como é natural.
Reflexões
de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Semana da Família |
* O evangelho é bem curto. Apenas
três versículos. Descreve como Jesus acolhia as crianças.
* Mateus 19,13: A
atitude dos discípulos frente às crianças
Levaram
as crianças até Jesus, para que impusesse as mãos nelas e rezasse por elas. Os
discípulos repreendiam as mães. Por que? Provavelmente, de acordo com as normas
severas das leis da impureza, crianças pequenas nas condições em que viviam
eram consideradas impuras. Se elas tocassem em Jesus, Jesus ficaria impuro. Por
isso, era importante evitar que elas chegassem perto e tocassem nele. Pois já
havia acontecido uma vez, quando um leproso tocou em Jesus. Jesus ficou impuro
e já não podia entrar na cidade. Tinha de ficar em lugares desertos (Mc 1,4-45)
* Mateus 19,14-15: A
atitude da Jesus: acolhe e defende a vida das crianças
Jesus
repreende os discípulos e diz: Deixem as crianças, e não lhes proíbam de vir a
mim, porque o Reino do Céu pertence a elas." Jesus não se importa de
transgredir as normas que impediam a fraternidade e o acolhimento a ser dado
aos pequenos. A nova experiência de Deus como Pai marcou a vida de Jesus e lhe
deu olhos novos para perceber e avaliar o relacionamento entre as pessoas.
Jesus se coloca do lado dos pequenos, dos excluídos, e assume a sua defesa.
Impressiona quando se junta tudo que a Bíblia informa sobre as atitudes de
Jesus em defesa da vida das crianças, dos pequenos:
1. Agradecer pelo
Reino presente nos pequenos.
A alegria de Jesus é grande, quando percebe que as crianças, os pequenos,
entendem as coisas do Reino que ele anunciava ao povo. “Pai, eu te agradeço!”
(Mt 11,25-26) Jesus reconhece que os pequenos entendem mais do Reino que os
doutores!
2. Defender o direito
de gritar. Quando
Jesus, entrando no Templo, derrubou as mesas dos cambistas, eram as crianças as
que mais gritavam. “Hosana ao filho de Davi!” (Mt 21,15). Criticadas pelos
chefes dos sacerdotes e pelos escribas, Jesus as defende e em sua defesa invoca
as Escrituras (Mt 21,16).
3. Identificar-se com
os pequenos. Jesus
abraça as crianças e identifica-se com elas. Quem recebe uma criança, é a Jesus
que recebe (Mc 9, 37). “E tudo que vocês fizerem a um destes mais pequenos foi
a mim que o fizeram” (Mt 25,40).
4. Acolher e não
escandalizar. Uma
das palavras mais duras de Jesus é contra os que causam escândalo nos pequenos,
isto é, são o motivo pelo qual os pequenos deixam de acreditar em Deus. Para
estes, melhor seria ter uma pedra de moinho amarrada no pescoço e ser jogado no
fundo do mar (Lc 17,1-2; Mt 18,5-7). Jesus condena o sistema, tanto político
como religioso, que é motivo de criança, gente humilde, perder sua fé em Deus.
5. Tornar-se como
criança. Jesus pede
que os discípulos se tornem como criança e aceitem o Reino como criança. Sem
isso não é possível entrar no Reino (Lc 9,46-48). Ele coloca a criança como
professor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o contrário.
6. Acolher e tocar. (O evangelho de hoje) Mães com
crianças chegam perto de Jesus para pedir a bênção. Os apóstolos reagem e as
afastam. Jesus corrige os adultos e acolhe as mães com as crianças. Toca nelas
e lhes dá um abraço. “Deixem vir as crianças, não as impeçam!” (Mc 10,13-16; Mt
19,13-15). Dentro das normas da época, tanto as mães como as crianças pequenas,
todas elas viviam, praticamente, num estado permanente de impureza legal. Tocar
nelas significava contrair impureza! Jesus não se incomoda.
7. Acolher e curar. São muitas as crianças e jovens que
ele acolhe, cura ou ressuscita: a filha
do Jairo de 12 anos (Mc 5,41-42), a filha da mulher Cananéia (Mc 7,29-30), o
filho da viúva de Naim (Lc 7,14-15), o menino epilético (Mc 9,25-26), o filho
do Centurião (Lc 7,9-10), o filho do funcionário público (Jo 4,50), o menino
dos cinco pães e dois peixes (Jo 6,9).
Para um confronto
pessoal
1) Crianças: o que você já aprendeu
das crianças ao longo dos anos da sua vida? E o que as crianças aprenderam de
você sobre Deus, sobre Jesus e sobre a vida?
2) Qual a imagem de Deus que irradio
para as crianças? Deus severo, bondoso, distante ou ausente?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO