segunda-feira, 22 de julho de 2019

Terça-feira da 16ª semana do Tempo Comum

Maria, Mãe da Divina Graça
Oitava a Solenidade de NSra do Carmo

1ª Leitura (Ex 14,21—15,1): Naqueles dias, Moisés estendeu a mão sobre o mar e o Senhor fustigou o mar, durante a noite, com um forte vento de leste. O mar secou e as águas dividiram-se. Os filhos de Israel penetraram no mar a pé enxuto, enquanto as águas formavam muralha à direita e à esquerda. Os egípcios foram atrás deles: todos os cavalos do Faraó, os seus carros e cavaleiros seguiram-nos pelo mar dentro. Na vigília da manhã, o Senhor olhou da coluna de fogo e da nuvem para o acampamento dos egípcios e lançou nele a confusão. Bloqueou as rodas dos carros, que dificilmente se podiam mover. Então os egípcios disseram: «Fujamos dos israelitas, que o Senhor combate por eles contra os egípcios». O Senhor disse a Moisés: «Estende a mão sobre o mar e as águas precipitar-se-ão sobre os egípcios, sobre os seus carros e os seus cavaleiros». Moisés estendeu a mão sobre o mar e, ao romper da manhã, o mar retomou o seu nível normal, quando os egípcios fugiam na sua direção. E o Senhor precipitou-os no meio do mar. As águas refluíram e submergiram os carros, os cavaleiros e todo o exército do Faraó, que tinham entrado no mar, atrás dos filhos de Israel. Nem um só escapou. Mas os filhos de Israel tinham andado pelo mar a pé enxuto, enquanto as águas formavam muralha à direita e à esquerda. Nesse dia, o Senhor salvou Israel das mãos dos egípcios e Israel viu os egípcios mortos nas praias do mar. Viu também o grande poder que o Senhor exercera contra os egípcios, e o povo temeu o Senhor, acreditou n’Ele e em seu servo Moisés. Então Moisés e os filhos de Israel cantaram este hino em honra do Senhor: «Cantemos ao Senhor, que fez brilhar a sua glória, precipitou no mar o cavalo e o cavaleiro».

Salmo Responsorial: 15
R. Cantemos ao Senhor, que fez brilhar a sua glória.

Ao sopro da vossa ira amontoaram-se as águas e as ondas formaram uma barreira, rasgaram-se os abismos no meio do mar.

O inimigo dissera: «Hei de persegui-los, hei de alcançá-los e repartir os seus despojos, saciarei a minha alma destruindo-os à espada».

Mandastes o vento e o mar engoliu-os, mergulharam como chumbo nas águas tumultuosas; estendestes a vossa mão e logo os devorou a terra.

Mas conduzistes com amor o povo que libertastes e com o vosso poder o levastes à vossa morada santa, à morada segura que fizestes, Senhor.

Aleluia. Se alguém Me ama, guardará a minha palavra, diz o Senhor; meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada Aleluia.

Evangelho (Mt 12,46-50): Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com Ele. Alguém lhe disse: «Olha! Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo». Ele respondeu àquele que lhe falou: «Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?». E, estendendo a mão para os discípulos, acrescentou: «Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe».

«O que cumpre a vontade de meu Pai celestial, esse é (...) minha mãe»

P. Pere SUÑER i Puig SJ (Barcelona, Espanha)

Sta Brígida da Suécia
Viúva e Religiosa
Hoje, o Evangelho apresenta-se-nos, de início, algo surpreendente: «Quem é minha mãe» (Mt 12,48), pergunta-se Jesus. Parece que o Senhor tem uma atitude depreciativa para com Maria. Não é isso. O que Jesus quer deixar claro aqui é que aos seus olhos - os olhos de Deus! - o valor decisivo da pessoa não reside no aspecto da carne ou do sangue, mas na disposição espiritual de aceitação da vontade de Deus: «E, estendendo a mão para os discípulos», acrescentou: «Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe» (Mt 12,49-50). Naquele momento, a vontade de Deus era que Ele evangelizasse aqueles que O ouviam e que eles O escutassem. Isso estava acima de qualquer outro valor, por mais entranhável que fosse. Para fazer a vontade do Pai, Jesus Cristo tinha deixado Maria e agora estava a pregar longe de casa.

Mas, quem se empenhou mais em cumprir a vontade de Deus do que Maria? «Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38). Por isso Santo Agostinho diz que Maria primeiro acolheu a palavra de Deus no seu espírito pela obediência e somente depois a concebeu em seu seio pela Encarnação.

Por outras palavras: Deus ama-nos na medida da nossa santidade, Maria é santíssima, e por isso, amadíssima. Assim, ser santos não é a razão pela qual Deus nos ama. Pelo contrário, porque Ele nos ama, Ele faz-nos santos. O primeiro a amar é sempre o Senhor (cf. 1Jo 4,10). Maria ensina-nos isto ao dizer: «Pôs os olhos na humildade da sua serva» (Lc 1,48). Aos olhos de Deus somos pequenos; mas Ele quer-nos engrandecer e santificar.

Reflexão

• A família de Jesus. Os parentes chegam à casa onde Jesus está. Provavelmente chegavam de Nazaré. De lá para Cafarnaum são uns 40 km. Sua mãe estava com eles. Não entram, mas enviam um recado: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te”. A reação Jesus é firme: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” Para entender bem o significado desta resposta deve-se olhar para a situação da família no tempo de Jesus.

• No antigo Israel, o clã, ou seja, a grande família (a comunidade) era a base da convivência social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da posse da terra, o fluxo principal da tradição, a defesa da identidade. Era a maneira concreta de que as pessoas da época tinham a encarnar o amor de Deus no amor ao próximo. Defender o clã era o mesmo que defender a Aliança.

• Na Galileia no tempo de Jesus, por causa do sistema implantado durante o longo governo de Herodes, o Grande (37 aC a 4 aC) e seu filho Herodes Antipas (4 aC a 39 dC), o clã (a comunidade) estava se enfraquecendo. Devia-se pagar impostos tanto para o governo como para o Templo, a dívida pública crescia, dominava a mentalidade individualista da ideologia helenista, havia frequentes ameaças de repressão violenta da parte dos romanos, a obrigação de acolher os soldados e dar-lhes hospitalidade, os problemas cada vez maiores da sobrevivência, tudo isto levava as famílias fecharem-se em suas próprias necessidades. Este fechamento era reforçado pela religião da época. Por exemplo, quem dava a sua herança para o Templo, eles poderiam deixar seus pais sem ajuda. Isso enfraqueceu o quarto mandamento, que era a dobradiça do clã (Mc 7,8-13). Além disso, a observância das normas de pureza era fator de marginalização de muitas pessoas: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, endemoniados, publicanos, doentes, aleijados, paralíticos.

• E assim, a preocupação com os problemas da própria família impedia que as pessoas se unissem em comunidade. Então, para que o Reino de Deus pudesse manifestar-se na vida comunitária do povo, as pessoas tinham de ir além dos limites estreitos da pequena família e abrir-se novamente para a grande família, para a Comunidade. Jesus nos dá o exemplo. Quando sua família tentou agarrá-lo, reagiu e alargou o sentido da família: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E, estendendo a mão para os seus discípulos, disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe ". Criou comunidade.

• Jesus pedia o mesmo para todos os que queiram segui-lo. As famílias não poderiam fechar-se em si mesmas. Os excluídos e marginalizados deviam ser recebidos dentro da convivência e, assim, se sentir acolhidos por Deus (cf. Lc 14,12-14). Este era o caminho para alcançar o objetivo da Lei que dizia: "Não deve haver pobres entre vós" (Dt 15,4). Como os grandes profetas do passado, Jesus procurava fortalecer a vida comunitária nas aldeias da Galileia. Ele retoma o sentido mais profundo do clã, família, da comunidade, como expressão da encarnação do amor de Deus no amor ao próximo.

Para um confronto pessoal
• Viver a fé em comunidade. Qual é o lugar e a influência das comunidades em minha maneira de viver a fé?
• Hoje, em grandes cidades, a massificação promove o individualismo que é contrário da vida em comunidade. O que estou fazendo para combater este mal?

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