quinta-feira, 13 de junho de 2019

Sexta-feira da 10ª Semana do Tempo Comum

Sto Eliseu, Profeta e nosso Pai

Primeira Leitura (2Cor 4,7-15): Irmãos, trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós. Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados; por toda a parte e sempre levamos em nós mesmos os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos. De fato, nós, os vivos, somos continuamente entregues à morte, por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossa natureza mortal. Assim, a morte age em nós, enquanto a vida age em vós. Mas, sustentados pelo mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: “Eu creio e, por isso, falei”, nós também cremos e, por isso, falamos, certos de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também com Jesus e nos porá a seu lado, juntamente convosco. E tudo isso é por causa de vós, para que a abundância da graça em um número maior de pessoas faça crescer a ação de graças para a glória de Deus.

Salmo Responsorial (Sl 115,10-18)
R. Oferto ao Senhor um sacrifício de louvor.

— Guardei a minha fé, mesmo dizendo: “É demais o sofrimento em minha vida!” Confiei, quando dizia na aflição: “Todo homem é mentiroso! Todo homem!”

— É sentida por demais pelo Senhor a morte de seus santos, seus amigos. Eis que sou o vosso servo, ó Senhor, vosso servo que nasceu de vossa serva; mas me quebrastes os grilhões da escravidão!

— Por isso oferto um sacrifício de louvor, invocando o nome santo do Senhor. Vou cumprir minhas promessas ao Senhor na presença de seu povo reunido.

Aleluia.  Como astros no mundo brilheis, pregando a Palavra da vida.  Aleluia

Evangelho (Mt 5,27-32): Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Ora, eu vos digo: todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu coração. Se teu olho direito te leva à queda, arranca-o e joga para longe de ti! De fato, é melhor perderes um de teus membros do que todo o corpo ser lançado ao inferno.         Se a tua mão direita te leva à queda, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perderes um de teus membros do que todo o corpo ir para o inferno. Foi dito também: ‘Quem despedir sua mulher dê-lhe um atestado de divórcio’. Ora, eu vos digo: todo aquele que despedir sua mulher — fora o caso de união ilícita — faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher que foi despedida comete adultério».

«Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério»

+ Pare Josep LIÑÁN i Pla SchP (Sabadell, Barcelona, Espanha)

Bta Maria Cândida da Eucaristia
Virgem de nossa Ordem
Hoje Jesus continua aprofundando na exigência do Sermão da Montanha. Não muda a Lei, senão que lhe dá plenitude; por isso a sua observância é mais que um simples cumprimento de umas condições mínimas para ter em regra os papeis. Deus dá-nos a Lei do amor para chegar ao cume, mas nós procuramos sempre o modo de convertê-la na lei do mínimo esforço. Deus pede-nos muito…! Sim, mas também nos deu o máximo que pode dar, já que se deu a si mesmo.

Hoje, Jesus Cristo aponta alto ao manifestar a sua autoridade sobre o sexto e o nono mandamento, os preceitos que fazem referência à sexualidade e à pureza de pensamento. A sexualidade é uma linguagem humana para significar o amor e a aliança, pelo tanto, não pode ser banalizada, como tampouco podemos converter os outros em objetos de prazer. E nem tão só com o pensamento! Daqui esta afirmação tão severa de Jesus: « Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu coração» (Mt 5,28). É preciso, pois, cortar o mal de raiz e evitar pensamentos e ocasiões que nos levariam a obrar o que Deus aborrece; isto é o que querem indicar tais palavras, que podem parecer-nos radicais e exageradas, mas que os ouvintes de Jesus entendiam na sua expressividade: tira, corta, expulsa...

Finamente, a dignidade do matrimonio deve ser sempre protegida, pois faz parte do projeto de Deus para o homem e a mulher, para que no amor e na mutua doação se convertam numa só carne e ao mesmo tempo é signo e participação na Aliança de Cristo com a Igreja. O cristão não pode viver a relação homem-mulher nem a vida conjugal segundo o espírito mundano: «Não deveis crer que por haver escolhido o estado matrimonial vos é permitido continuar com uma vida mundana e abandonar-vos à ociosidade e à preguiça; ao contrário, por isso mesmo obriga-vos a trabalhar com maior esforço e a velar com mais cuidado pela vossa salvação» (São Basílio).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Bta Nhá Chica
* No evangelho de ontem, Jesus fez uma releitura do mandamento “Não Matarás” (Mt 5,20-26). No evangelho de hoje, ele faz uma releitura do mandamento “Não cometer adultério”. Jesus relê a lei a partir da intenção que Deus tinha ao proclamá-la, séculos atrás, no Monte Sinai. Ele procura o Espírito da Lei e não se fecha dentro da letra. Ele retoma e defende os grandes valores da vida humana que estão por de trás de cada um dos Dez Mandamentos. Ele insiste no amor, na fidelidade, na misericórdia, na justiça, na veracidade, na humanidade (Mt 9,13; 12,7; 23,23; Mt 5,10; 5,20; Lc 11,42; 18,9). O resultado da observância plena da Lei de Deus é a humanização perfeita da vida. A observância da Lei humaniza a pessoa. Em Jesus aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus tomar conta da sua vida. O objetivo último é unir os dois amores, a construção da fraternidade em defesa da vida. Quanto maior a fraternidade, tanto maior será a plenitude da vida e maior a adoração das criaturas todas ao Deus Criador e Salvador.

* No evangelho de hoje, Jesus olha de perto o relacionamento mulher e homem no casamento, a base fundamental da convivência em família. Havia um mandamento que dizia: “Não cometer adultério”, e um outro que dizia: “Quem se divorciar da sua mulher lhe dê uma certidão de divórcio”. Jesus retoma os dois e lhes dá um novo sentido. 

* Mateus 5,27-28: Não cometer adultério
O que pede de nós este mandamento? A resposta antiga era esta: o homem não pode dormir com a mulher do outro. É o que exigia a letra do mandamento. Mas Jesus vai além da letra e diz: “Eu, porém, lhes digo: todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, já cometeu adultério com ela no coração”. O objetivo do mandamento é a fidelidade mútua entre o homem e a mulher que assumiram viver juntos como casados. E esta fidelidade só será completa, se os dois souberam manter a fidelidade mútua até no pensamento e no desejo e se souberem chegar a uma total transparência entre si.

* Mateus 5,29-30: Arrancar o olho e cortar a mão
Para ilustrar o que acaba de dizer Jesus traz uma palavra forte que ele usou também em outra ocasião quando tratava do escândalo aos pequenos (Mt 18,9 e Mc 9,47). Ele diz: “Se o olho direito leva você a pecar, arranque-o e jogue-o fora! É melhor perder um membro, do que o seu corpo todo ser jogado no inferno”. E ele afirma o mesmo a respeito da mão. Estas afirmações não podem ser tomadas ao pé da letra. Elas indicam a radicalidade e a seriedade com que Jesus insiste na observância deste mandamento.

* Mateus 5,31-32: A questão do divórcio
Ao homem era permitido dar uma certidão de divórcio para a mulher. Jesus dirá no Sermão da Comunidade que Moisés o permitiu por causa da dureza do coração do povo (Mt 19,8). “Eu, porém, lhes digo: todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada, comete adultério". Muita discussão já foi feita em torno deste assunto. Baseando-se nesta afirmação de Jesus, a igreja oriental permite o divórcio no caso de “fornicação”, isto é, de infidelidade. Outros dizem que, aqui, a palavra fornicação traduz um termo aramaico ou hebraico zenuth que indicava um casamento dentro de um grau parentesco proibido. Não seria um casamento válido.

* Qualquer que seja a interpretação correta desta palavra, o que importa é ver o objetivo e o sentido geral das afirmações de Jesus na nova leitura que ele faz dos Dez Mandamentos. Jesus aponta um ideal que deve estar sempre diante dos meus olhos. O ideal último é este: “ser perfeito como o pai de céu é perfeito” (Mt 5,48). Este ideal vale para todos os mandamentos revistos por Jesus. Na releitura do mandamento “Não cometer adultério“, este ideal se traduz na total e radical transparência e honestidade entre marido e mulher. Ninguém nunca vai poder dizer: “Sou perfeito como o Pai do céu é perfeito”. Estaremos sempre abaixo da medida. Nunca vamos poder merecer o prêmio pela nossa observância que sempre será abaixo da medida. O que importa é manter-se na caminhada, manter o ideal diante dos olhos, sempre! Mas ao mesmo tempo, como Jesus, devemos saber aceitar as pessoas com a mesma misericórdia com que ele aceitava as pessoas e as orientava para o ideal. Por isso, certas exigências jurídicas da igreja hoje, como por exemplo, não permitir a comunhão a pessoas que vivem em segundas núpcias, parecem mais com os fariseus do que com a atitude de Jesus. Ninguém aplica ao pé da letra a explicação do mandamento “Não Matar”, onde Jesus diz que todo aquele que chama seu irmão de idiota merece o inferno (Mt 5,22). Pois neste caso, todos já teríamos viagem garantida até lá e ninguém se salvaria. Por que a doutrina nossa usa medidas diferentes no caso do quinto e do nono mandamento?

Para um confronto pessoal
1) Você consegue viver a total honestidade e transparência com as pessoas do outro sexo?
2) Como entender a exigência “ser perfeito como o Pai celeste é perfeito”?

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