1. A VONTADE DE DEUS.
«Eis-Me aqui; no livro
sagrado está escrito a Meu respeito: 'Eu vim, ó Deus, para fazer a Vossa
Vontade'» (Hebr.10, 7).
São
palavras do Salmo 39 (40) que foi escolhido para Salmo Responsorial da festa de
hoje; elas aplicam-se perfeitamente a Jesus Cristo, Filho de Deus, ao incarnar
no seio da Santíssima Virgem.
Toda a arte
do cristão está nesta identificação com Cristo, ao procurar sempre e em tudo
fazer a Vontade de Deus, que é sempre a vontade de um Pai que nos ama
infinitamente; mesmo quando me exige sacrifício, quando permite sofrimento e
dor, essa vontade é sempre boa, santíssima e justíssima.
A Virgem
Santíssima tem toda a autoridade para nos recomendar o mesmo que aos serventes
de Caná: «Fazei o que o meu Filho vos disser». Ela mesma não teve outro modo de
comportar-se: «Eis a escrava do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra»
(Evangelho).
Ao rezarmos
o Pai Nosso, sempre renovamos o nosso desejo de que «se faça a Vontade de Deus,
assim na terra como no Céu». A nossa amizade com Deus só será autêntica e
verdadeira se fizermos a sua Vontade: «Vós sereis meus amigos, se fizerdes o
que Eu vos mando».
«Não é o
que diz 'Senhor, Senhor', que entrará no Reino de Deus, mas aquele que fizer a
vontade de meu Pai que está nos Céus» (Mt 7, 21).
2. O VALOR DA
HUMILDADE.
«Humilhou-se a Si
mesmo, feito obediente até à morte e morte de cruz».
A virtude
da humildade leva-nos e ajuda-nos a situar-nos no nosso verdadeiro lugar, com
relação a Deus e aos outros. A humildade é a verdade: quando procuramos ser
humildes, sentimos que a energia poderosa do Senhor actua, apoiada em nossa
fraqueza; nunca somos mais fortes que quando somente podemos contar com Deus;
então apercebemo-nos de que não bastam os anos nem a experiência para acertar
nas nossas decisões, porque nesse caso os velhos seriam génios. «É o Senhor
quem nos faz mais prudentes que os mestres e mais sábios que os anciãos» (Salmo
118).
«Deus
escolheu os nécios segundo o mundo para confundir os sábios; escolheu os
fracos...as coisas vis e desprezíveis e aqueles que não eram nada...» (1 Cor.
1, 27-28).
«Levados
pela humildade, julgai-vos uns aos outros como superiores» (Filip. 11, 3).
O mistério
da Encarnação é o mistério da humildade do Filho de Deus que se fez Homem, em
tudo igual a nós, excepto no pecado. Ele mesmo nos pede para O seguirmos pelos
caminhos da humidade e da mansidão: «Aprendei de Mim que sou manso e humilde de
coração e encontrareis paz e descanso para as vossas almas».
A resposta
da Santíssima Virgem no momento da Anunciação foi ditada pela perfeita
humildade de quem só quer servir e dar a vida toda para a glória de Deus.
3. O VALOR DA
OBEDIÊNCIA.
«Faça-se em Mim
segundo a tua Palavra» (Evangelho).
O mistério
da Encarnação do Filho de Deus é um mistério de humildade e de obediência à
Vontade do Pai. Obedecer é entregar em plena liberdade a nossa vontade à
Vontade de Outro, para agir em conformidade com Ele. Esse Outro não pode ser,
definitivamente, senão Deus. Só Ele tem o direito de obrigar uma vontade livre
criada por Ele. Com Cristo, Verbo encarnado, uma nova ordem foi instaurada. No
centro deste mundo novo está o sofrimento voluntário e redentor da Cruz e a
misteriosa obediência que conduziu Cristo até lá. Ele é o modelo. Para o
futuro, nenhuma participação nesta obra redentora poderá ser possível a alguém
fora da perspectiva da obediência.
«Pois como
pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também
pela obediência de um só, muitos virão a ser justos» (Rom 5, 29).
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