Sta Agueda, virgem e mártir |
Salmo Responsorial: 21
R.
Todos os que Vos procuram Vos louvarão, Senhor.
Cumprirei a minha
promessa na presença dos vossos fiéis. Os pobres hão de comer e serão saciados,
louvarão o Senhor os que O procuram: vivam para sempre os seus corações.
Hão de lembrar-se do
Senhor e converter-se a Ele todos os confins da terra; e diante d’Ele virão
prostrar-se todas as famílias das nações.
Só a Ele hão de adorar
todos os grandes do mundo, diante d’Ele se hão de prostrar todos os que descem
ao pó da terra.
Para Ele viverá a
minha alma, arde servi-l’O a minha descendência. Falar-se-á do Senhor às
gerações vindouras e a sua justiça será revelada ao povo que arde vir: «Eis o
que fez o Senhor».
Aleluia. Cristo suportou as nossas
enfermidades e tomou sobre Si as nossas dores. Aleluia.
Evangelho (Mc 5,21-43):
Jesus passou novamente para a outra
margem, e uma grande multidão se ajuntou ao seu redor. Ele estava à beira-mar.
Veio então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Vendo Jesus, caiu-lhe aos
pés e suplicava-lhe insistentemente: «Minha filhinha está nas últimas. Vem,
impõe as mãos sobre ela para que fique curada e viva!». Jesus foi com ele. Uma
grande multidão o acompanhava e o apertava de todos os lados. Estava aí uma mulher que havia doze anos
sofria de hemorragias e tinha padecido muito nas mãos de muitos médicos; tinha
gastado tudo o que possuía e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais. Tendo
ouvido falar de Jesus, aproximou-se, na multidão, por detrás e tocou-lhe no
manto. Ela dizia: «Se eu conseguir tocar na roupa dele ficarei curada».
Imediatamente a hemorragia estancou, e a mulher sentiu dentro de si que estava
curada da doença. Jesus logo percebeu que uma força tinha saído dele e,
voltando-se para a multidão, perguntou: «Quem tocou na minha roupa»? Os
discípulos disseram: «Tu vês a multidão que te aperta, e ainda perguntas: ‘Quem
me tocou?’» Ele olhava ao redor para ver quem o havia tocado. A mulher,
tremendo de medo ao saber o que lhe havia acontecido, veio, caiu-lhe aos pés e
contou toda a verdade. Jesus então disse à mulher: «Filha, a tua fé te salvou.
Vai em paz e fica livre da tua doença». Enquanto
ainda estava falando, chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga dizendo:
«Tua filha morreu. Por que ainda incomodas o mestre?». Jesus ouviu a notícia e
disse ao chefe da sinagoga: «Não tenhas medo, somente crê». Ele não permitiu
que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. Quando
chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a agitação, pois choravam e
lamuriavam muito. Entrando na casa, ele perguntou: «Por que essa agitação, por
que chorais? A menina não morreu, ela dorme». E começaram a zombar dele.
Afastando a multidão, levou consigo o pai e a mãe da menina e os discípulos que
o acompanhavam. Entrou no lugar onde estava a menina. Pegou a menina pela mão e
disse-lhe: «Talitá cum!(que quer dizer: «Menina, eu te digo, levanta-te»). A
menina logo se levantou e começou a andar — já tinha doze anos de idade.
Ficaram extasiados de tanta admiração. Jesus recomendou com insistência que
ninguém soubesse do caso e falou para que dessem de comer à menina.
«Filha, a tua fé te salvou. Vai em
paz e fica livre da tua doença»
Rev.
D. Francesc PERARNAU i Cañellas (Girona, Espanha)
Hoje o Evangelho
apresenta-nos dois milagres de Jesus que nos falam da fé de duas pessoas bem
diferentes. Tanto Jairo — um dos chefes da sinagoga — quanto aquela mulher
doente mostram uma grande fé: Jairo tem a certeza de que Jesus pode curar a sua
filha, enquanto aquela boa mulher confia em que um mínimo de contato com a
roupa de Jesus será suficiente para ficar liberada de uma doença grave. E
Jesus, porque são pessoas de fé, concede-lhes o favor que buscavam.
A primeira foi a
mulher, aquela que pensava não era digna de que Jesus lhe dedicara tempo,
aquela que não se atrevia a incomodar o Mestre nem a aqueles judeus tão
influentes. Sem fazer barulho, aproxima-se e, tocando a borla do manto de
Jesus, "arranca" sua cura e ela em seguida o nota em seu corpo. Mas
Jesus, que sabe o que aconteceu, quer lhe dizer umas palavras: «Filha, a tua fé
te salvou. Vai em paz e fica livre da tua doença» (Mc 5,34).
A Jairo, Jesus
pede-lhe uma fé ainda maior. Como já Deus tinha feito com Abraham no Antigo
Testamento, pedirá uma fé contra toda esperança, a fé das coisas impossíveis.
Comunicaram-lhe a Jairo a terrível notícia que sua filha acabara de morrer.
Podemo-nos imaginar a grande dor que sentia nesse momento, e talvez a tentação
da desesperação. E Jesus, que o ouviu, lhe diz: «Não tenhas medo, somente crê»
(Mc 5,36). E como aqueles patriarcas antigos, crendo contra toda esperança, viu
como Jesus devolvia-lhe a vida a sua amada filha.
Duas grandes lições de
fé para nós. Desde as paginas do Evangelho, Jairo e a mulher que sofria
hemorragias, juntamente com tantos outros, falam-nos da necessidade de ter uma
fé imóvel. Podemos fazer nossa aquela bonita exclamação evangélica: «Eu creio,
Senhor, ajuda-me na minha falta de fé» (Mc 9,24).
Reflexões de Frei Carlos Mesters,
O.Carm
* No evangelho de hoje, vamos meditar
sobre dois milagres de Jesus em favor de duas mulheres. O primeiro, em favor de
uma senhora, considerada impura por causa de uma hemorragia que já durava doze
anos. O outro, em favor de uma menina de doze anos, que acabava de falecer.
Conforme a mentalidade da época, qualquer pessoa que tocasse em sangue ou em
cadáver era considerada impura. Sangue e morte eram fatores de exclusão! Por
isso, aquelas duas mulheres eram pessoas marginalizadas, excluídas da
participação na comunidade.
*
O ponto de partida.
Jesus chega de barco. O povo se junta. Jairo, o chefe da sinagoga, pede pela
filha que está morrendo. Jesus vai com ele e o povo todo o acompanha,
apertando-o de todos os lados. Este é o ponto de partida para as duas curas,
que seguem: a cura da mulher e a ressurreição da menina de doze anos.
*
A situação da mulher.
Doze anos de hemorragia! Por isso, ela vivia excluída, pois, naquele tempo, o
sangue tornava a pessoa impura, e quem tocasse nela também ficava impura.
Marcos informa que a mulher tinha gastado toda a sua economia com os médicos.
Em vez de ficar melhor, ficou pior. Situação sem solução!
*
A atitude da mulher.
Ela ouviu falar de Jesus. Nasceu uma nova esperança. Ela disse consigo: “Se ao
menos tocar na roupa dele, eu ficarei curada”. O catecismo da época mandava
dizer: “Se eu tocar na roupa dele, ele ficará impuro”. A mulher pensa
exatamente o contrário! Sinal de que as mulheres não concordavam com tudo o que
as autoridades religiosas ensinavam. A mulher meteu-se no meio da multidão e,
de maneira despercebida, tocou em Jesus, pois todo mundo o apertava e tocava
nele. No mesmo instante ela sentiu no corpo que estava curada.
*
A reação de Jesus e dos discípulos.
Jesus também sentiu que uma força tinha saído dele e perguntou: “Quem foi que
me tocou?” Os discípulos reagem: “O senhor está vendo essa multidão que o
aperta de todos os lados e ainda pergunta ‘Quem foi que me tocou?’” Aqui
aparece o desencontro entre Jesus e os discípulos. Jesus tinha uma
sensibilidade que não era percebida pelos discípulos. Estes reagiram como todo
mundo e não entenderam a reação diferente de Jesus. Mas Jesus nem liga, e
continua indagando.
*
A cura pela fé. A
mulher percebeu que tinha sido descoberta. Foi um momento difícil e perigoso.
Pois, conforme a crença da época, uma pessoa impura que, como aquela senhora,
se metia no meio de uma multidão, contaminava todo mundo através do toque.
Fazia todos ficar impuro diante de Deus (Lv 15,19-30). Por isso, como castigo,
ela poderia ser apedrejada. Mas a mulher teve a coragem de assumir o que fez.
“Cheia de medo e tremendo” caiu aos pés de Jesus e contou toda a verdade. Jesus
dá a palavra final: “Minha filha, sua fé curou você. Vai em paz e fique curada
dessa doença!”
(1) “Minha filha”,
isto é, Jesus acolhe a mulher na nova família, na comunidade, que se formava ao
seu redor.
(2) Aquilo que ela
acreditava aconteceu de fato.
(3) Jesus reconhece
que sem a fé daquela mulher ele não poderia ter feito o milagre.
*
A notícia da morte da menina.
Neste momento o pessoal da casa de Jairo informa que a filha tinha morrido. Já
não adiantava molestar Jesus. Para eles, a morte era a grande barreira. Jesus
não conseguiria ir além da morte! Jesus escuta, olha para Jairo e aplica o que
acabava de presenciar, a saber, que a fé é capaz de realizar o que a pessoa
acredita. E ele diz: “Não tenha medo! Crê somente!”
*
Na casa de Jairo.
Jesus só permite três discípulos com ele. Vendo o alvoroço dos que fazem luto
pela morte da menina, ele diz: “A criança não morreu. Está dormindo!”. O
pessoal deu risada. O povo sabe distinguir quando uma pessoa está dormindo ou
quando está morta. É a risada de Abraão e de Sara, isto é, dos que não
conseguem crer que para Deus nada é impossível (Gn 17,17; 18,12-14; Lc 1,37).
Também para eles, a morte era uma barreira que ninguém poderia ultrapassar! As palavras
de Jesus têm ainda um significado mais profundo. A situação das comunidades
perseguidas do tempo de Marcos parecia uma situação de morte. Elas tinham que
ouvir: “Não é morte! Vocês é que estão dormindo! Acordem!” Jesus não dá
importância à risada e entra no quarto onde está a menina, só ele, os três
discípulos e os pais da menina.
*
A ressurreição da menina.
Jesus toma a criança pela mão e diz: “Talita kúmi!” Ela levantou-se. Grande
alvoroço! Jesus conserva a calma e pede que lhe deem de comer. Duas mulheres
são curadas! Uma tem doze anos de vida, a outra tem doze anos de hemorragia,
doze anos de exclusão! Aos doze anos começa a exclusão da menina, pois começa a
menstruação, começa a morrer! Jesus tem poder maior e ressuscita: “Levante-se!”
Para
um confronto pessoal
1) Qual o ponto deste texto de que
você mais gostou ou que mais chamou a sua atenção? Por que?
2) Uma mulher foi curada e reintegrada
na convivência da comunidade. Uma menina foi levantada do seu leito de morte. O
que esta ação de Jesus nos ensina para nossa vida em família e na comunidade,
hoje?
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