quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Sexta-feira da 7ª semana do Tempo Comum


1ª Leitura (Si 6,5-7): A palavra amável multiplica os amigos e uma língua afável atrai saudações agradáveis. Sejam muitos os que te saúdam, mas por conselheiro escolhe um entre mil. Se quiseres um amigo, tens de o pôr à prova e não tenhas pressa em lhe dar a tua confiança. Porque há amigos de ocasião, que não serão fiéis no dia da adversidade. Há amigos que se tornam inimigos, revelando as vossas contendas para tua humilhação. Há amigos para a mesa, que não serão fiéis no dia da desgraça. Na tua prosperidade estará contigo, falando livremente aos teus familiares; mas se fores humilhado, será contra ti e esconder-se-á da tua presença. Afasta-te dos teus inimigos e acautela-te dos teus amigos. O amigo fiel é abrigo seguro: quem o encontrou descobriu um tesouro. O amigo fiel não tem preço: não se pode medir o seu valor. O amigo fiel é remédio da vida: os que temem o Senhor hão de encontrá-lo. Quem teme o Senhor orienta bem a sua amizade, porque tal como ele é, assim é o seu amigo.

Salmo Responsorial: 118
R. Conduzi-me, Senhor, pelo caminho dos vossos mandamentos.

Bendito sejais, Senhor, ensinai-me os vossos decretos. Em vossos preceitos ponho as minhas delícias, não hei de esquecer as vossas palavras.

Abri os meus olhos para ver as maravilhas da vossa lei. Fazei-me compreender o caminho dos vossos preceitos, para meditar nas vossas maravilhas.

Dai-me entendimento para guardar a vossa lei e para a cumprir de todo o coração. Conduzi-me pela senda dos vossos mandamentos, porque nela estão as minhas delícias.

Aleluia. A vossa palavra, Senhor, é a verdade: consagrai-nos na verdade. Aleluia.

Evangelho (Mc 10,1-12): Jesus se pôs a caminho e foi dali para a região da Judeia, pelo outro lado do rio Jordão. As multidões mais uma vez se ajuntaram ao seu redor, e ele, como de costume, as ensinava. Aproximaram-se então alguns fariseus e, para experimentá-lo, perguntaram se era permitido ao homem despedir sua mulher Jesus perguntou: «Qual é o preceito de Moisés a respeito?». Os fariseus responderam: «Moisés permitiu escrever um atestado de divórcio e despedi-la». Jesus então disse: «Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés escreveu este preceito. No entanto, desde o princípio da criação Deus os fez homem e mulher e os dois formarão uma só carne; assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe!» Em casa, os discípulos fizeram mais perguntas sobre o assunto. Jesus respondeu: «Quem despede sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E se uma mulher despede seu marido e se casar com outro, comete adultério também».

«Como de costume, as ensinava»

Rev. D. Miquel VENQUE i To (Barcelona, Espanha)

Hoje, Senhor, gostaria de fazer um momento de oração para te agradecer os teus ensinamentos. Tu ensinavas com autoridade e fazia-lo sempre que te deixávamos, aproveitavas todas as ocasiões: claro! Compreendo-te, a tua missão básica era transmitir a Palavra do Pai. E assim o fizeste.

Hoje, “pendurado” na Internet digo-te: Fala-me, quero fazer um momento de oração como fiel discípulo. Em primeiro lugar, queria pedir-te capacidade para aprender o que nos ensinas e em segundo, para saber ensiná-lo. Reconheço que é muito fácil cometer o erro de fazer-te dizer coisas que Tu não disseste e, com ousadia malévola, tentar que Tu digas aquilo que eu gosto. Reconheço que provavelmente sou mais duro de coração que esses ouvintes.

Eu conheço o teu Evangelho, o Magistério da Igreja, o Catecismo, e recordo aquelas palavras do Papa João Paulo II, na Carta às Famílias: «O projeto do utilitarismo assente numa liberdade orientada segundo o sentido individualista, quer dizer, uma liberdade vazia de responsabilidade, é o constitutivo da antítese do amor». Senhor, rompe o meu coração desejoso de felicidade utilitarista e faz-me entrar dentro da tua verdade divina, que tanto necessito.

Neste local de observação, como desde o cimo da montanha, compreendo que Tu digas que o amor matrimonial é definitivo, que o adultério —apesar de ser pecado como toda a ofensa grave cometida contra ti, que és o Senhor da Vida e do Amor— é um caminho errado para a felicidade: «Quem despede sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira» (Mc 10,11).

Recordo um jovem que dizia: «Mossèn o pecado promete muito, não dá nada e rouba tudo». Que eu te compreenda bom Jesus, e que o saiba explicar: Aquilo que Tu uniste, o homem não o pode separar (cf. Mc 10,9). Fora daqui, fora dos teus caminhos, não encontrarei a autêntica felicidade. Jesus ensina-me de novo!

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de ontem trazia conselhos de Jesus sobre o relacionamento entre adultos e crianças, entre os grandes e os pequenos da sociedade. O evangelho de hoje traz conselhos sobre como deve ser o relacionamento entre homem e mulher, entre marido e mulher.

* Marcos 10,1-2: A pergunta dos fariseus: “o marido pode mandar a mulher embora?”
A pergunta é maliciosa. Ela pretende colocar Jesus à prova: “É lícito a um marido repudiar sua mulher?” Sinal de que Jesus tinha uma opinião diferente, pois do contrário os fariseus não iriam interrogá-lo sobre este assunto. Não perguntam se é lícito a esposa repudiar o marido. Isto nem passava pela cabeça deles. Sinal claro da forte dominação machista e da marginalização da mulher na sociedade daquele tempo.

* Marcos 10,3-9: A resposta de Jesus: o homem não pode repudiar a mulher.
Em vez de responder, Jesus pergunta: “O que diz a lei de Moisés?” A lei permitia o homem escrever uma carta de divórcio e repudiar sua mulher. Esta permissão revela o machismo. O homem podia repudiar a mulher, mas a mulher não tinha este mesmo direito. Jesus explica que Moisés agiu assim por causa da dureza de coração do povo, mas a intenção de Deus era outra quando criou o ser humano. Jesus volta ao projeto do Criador e nega ao homem o direito de repudiar sua mulher. Ele tira o privilégio do homem frente à mulher e pede o máximo de igualdade entre os dois.

* Marcos 10,10-12: Igualdade homem e mulher.
Em casa, os discípulos fazem perguntas sobre este assunto. Jesus tira as conclusões e reafirma a igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher. Ele propõe um novo tipo de relacionamento entre os dois. Não permite o casamento em que o homem pode mandar a mulher embora, nem vice-versa. O evangelho de Mateus acrescenta um comentário dos discípulos sobre este assunto. Eles dizem: “Se a situação do homem com a mulher é assim, então é melhor não se casar” (Mt 19,10). Preferem não casar, do que casar sem o privilégio de poder continuar mandando na mulher e sem o direito de poder pedir divórcio caso ela não lhe agradar mais. Jesus vai até o fundo da questão e diz que há somente três casos em que se permite uma pessoa não casar: "Nem todos entendem isso, a não ser aqueles a quem é concedido. De fato, há homens castrados, porque nasceram assim; outros, porque os homens os fizeram assim; outros, ainda, se castraram por causa do Reino do Céu. Quem puder entender, entenda" (Mt 19,11-12). Os três casos são: “(1) impotência, (2) castração e (3) por causa do Reino. Não casar só porque o homem se recusa a perder o domínio sobre a mulher, isto, a Nova Lei do Amor já não o permite! Tanto o casamento como o celibato, ambos devem estar a serviço do Reino e não a serviço de interesses egoístas. Nenhum dos dois pode ser motivo para manter o domínio machista do homem sobre a mulher. Jesus modificou o relacionamento homem-mulher, marido-esposa.

Para um confronto pessoal
1) Na minha vida pessoal, como vivo o relacionamento homem-mulher?
2) Na vida da minha família e da minha comunidade, como está sendo o relacionamento homem-mulher?

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