S. Francisco Xavier, presbítero |
1ª Leitura (Is 2,1-5): Visão
de Isaías, filho de Amós, acerca de Judá e de Jerusalém: Sucederá, nos dias que
hão de vir, que o monte do templo do Senhor se há de erguer no cimo das
montanhas e se elevará no alto das colinas. Ali afluirão todas as nações e muitos
povos acorrerão, dizendo: «Vinde, subamos ao monte do Senhor, ao templo do Deus
de Jacob. Ele nos ensinará os seus caminhos e nós andaremos pelas suas veredas.
De Sião há de vir a lei e de Jerusalém a palavra do Senhor». Ele será juiz no
meio das nações e árbitro de povos sem número. Converterão as espadas em relhas
de arado e as lanças em foices. Não levantará a espada nação contra nação, nem
mais se hão de preparar para a guerra. Vinde, ó casa de Jacob, caminhemos à luz
do Senhor.
Salmo Responsorial:
121
R. Vamos com alegria para a casa do
Senhor.
Alegrei-me
quando me disseram: «Vamos para a casa do Senhor». Detiveram-se os nossos
passos às tuas portas, Jerusalém.
Jerusalém,
cidade bem edificada, que forma tão belo conjunto! Para lá sobem as tribos, as
tribos do Senhor.
Segundo o
costume de Israel, para celebrar o nome do Senhor; ali estão os tribunais da
justiça, os tribunais da casa de David.
Pedi a paz
para Jerusalém: vivam seguros quantos te amam. Haja paz dentro dos teus muros,
tranquilidade em teus palácios.
Por amor
dos meus irmãos e amigos, pedirei a paz para ti. Por amor da casa do Senhor
nosso Deus, pedirei para ti todos os bens.
Aleluia. Vinde
libertar-nos, Senhor, nosso Deus; mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos.
Aleluia.
Evangelho (Mt 8,5-11): Quando
Jesus entrou em Cafarnaum, um centurião aproximou-se dele, suplicando: «Senhor,
o meu criado está de cama, lá em casa, paralisado e sofrendo demais». Ele
respondeu: «Vou curá-lo». O centurião disse: «Senhor, eu não sou digno de que
entres em minha casa. Diz uma só palavra e o meu criado ficará curado. Pois eu,
mesmo sendo subalterno, tenho soldados sob as minhas ordens; e se ordeno a um:
‘Vai’ e, ele vai, e a outro: ‘Vem’ e, ele vem; e se digo ao meu escravo: ‘Faz
isto’, ele faz». Ao ouvir isso, Jesus
ficou admirado e disse aos que o estavam seguindo: «Em verdade, vos digo: em
ninguém em Israel encontrei tanta fé. Ora, eu vos digo: muitos virão do oriente
e do ocidente e tomarão lugar à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac
e Jacó
«Em verdade, vos digo:
em ninguém em Israel encontrei tanta fé»
Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Sant Quirze del
Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje,
Cafarnaum é a nossa cidade e a nossa aldeia, onde há pessoas doentes, umas
conhecidas, outras anônimas, frequentemente esquecidas por causa do ritmo
frenético que caracteriza a vida atual: carregados de trabalho, vamos correndo
sem parar e sem pensar naqueles que, por causa da sua doença ou de outra
circunstância, ficam à margem e não podem seguir esse ritmo. Porém, Jesus nos
dirá um dia: «todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que
são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!» (Mt 25,40). O grande pensador
Blaise Pascal recolhe esta ideia quando afirma que «Jesus Cristo, nos seus fiéis,
encontra-se na agonia de Getsemani até ao final dos tempos».
O centurião
de Cafarnaum não se esquece do seu criado prostrado no leito, porque o ama.
Apesar de ser mais poderoso e de ter mais autoridade que o seu servo, o
centurião agradece todos os seus anos de serviço e tem por ele grande
admiração. Por isso, movido pelo amor, dirige-se a Jesus e na presença do
Salvador faz uma extraordinária confissão de fé, recolhida pela liturgia
Eucarística: «Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Diz uma só
palavra e o meu criado ficará curado» (Mt 8,8). Esta confissão fundamenta-se na
esperança; brota da confiança posta em Jesus Cristo, e ao mesmo tempo, também
do seu sentimento de indignidade pessoal que o ajuda a reconhecer a sua própria
pobreza.
Só nos
podemos [a] aproximar de Jesus Cristo com uma atitude humilde, como a do
centurião. Assim poderemos viver a esperança do Advento: esperança de salvação
e de vida, de reconciliação e de paz. Apenas pode esperar aquele que reconhece
a sua pobreza e é capaz de perceber que o sentido da sua vida não está nele
próprio mas em Deus, pondo-se nas mãos do Senhor. Aproximemo-nos com confiança
de Cristo e, ao mesmo tempo, façamos nossa a oração do centurião.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
O Evangelho
de hoje é um espelho. Ele evoca em nós as palavras que dizemos durante a Missa
na hora da comunhão: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada,
mas dizei uma só palavra e serei salvo”. Olhando no espelho deste texto, ele
sugere o seguinte:
* A pessoa
que procura Jesus é um pagão soldado do exército romano que dominava e
explorava o povo. Não é a religião nem o desejo de Deus, mas sim a necessidade
e o sofrimento que o levam a procurar Jesus. Jesus não tem preconceito. Não faz
exigência prévia, mas acolhe e atende ao pedido do oficial romano.
* A
resposta de Jesus surpreende o centurião, pois ela ultrapassa a expectativa. O
centurião não esperava que Jesus fosse até à casa dele. Ele se sente indigno:
“Não sou digno!” Sinal de que considerava Jesus como uma pessoa muito superior.
* O
centurião expressa sua fé em Jesus dizendo: “Diga só uma palavra e o meu
empregado estará curado”. Ele crê que a palavra de Jesus possa fazer a cura. De
onde ele tirou esta fé tão grande? Da sua experiência profissional como
centurião! Pois quando um centurião dá suas ordens, o soldado obedece. Deve
obedecer! Assim ele imagina Jesus: basta Jesus dizer uma palavra, e as coisas
acontecem conforme a palavra. Ele crê que a palavra de Jesus tem força
criadora.
* Jesus
ficou admirado e elogiou a fé do centurião. A fé não consiste em aceitar,
repetir e decorar uma doutrina, mas sim em crer e confiar na pessoa de Jesus.
Para um confronto pessoal
1. Colocando-me na posição de Jesus: como atendo e acolho
as pessoas de outra religião?
2. Colocando-me na posição do centurião: qual a
experiência pessoal que me leva a crer em Jesus?
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