N. Sra Consoladora dos Aflitos |
Salmo Responsorial: 144
R.
O Senhor é justo em todos os seus caminhos.
O Senhor é clemente e
compassivo, paciente e cheio de bondade. O Senhor é bom para com todos e a sua
misericórdia se estende a todas as criaturas.
Graças Vos deem,
Senhor, todas as criaturas e bendigam-Vos os vossos fiéis. Proclamem a glória
do vosso reino e anunciem os vossos feitos gloriosos;
Para darem a conhecer
aos homens o vosso poder, a glória e o esplendor do vosso reino. O vosso reino
é um reino eterno, o vosso domínio estende-se por todas as gerações.
O Senhor é fiel à sua
palavra e perfeito em todas as suas obras. O Senhor ampara os que vacilam e
levanta todos os oprimidos.
Aleluia. Apareceu no meio de nós um
grande profeta: Deus visitou o seu povo. Aleluia.
Evangelho (Lc 4,31-37):
Naquele tempo, Jesus desceu para
Cafarnaum, cidade da Galileia, e lá os ensinava, aos sábados. Eles ficavam
maravilhados com os seus ensinamentos, pois sua palavra tinha autoridade. Na
sinagoga estava um homem que tinha um espírito impuro, e ele gritou em alta
voz: «Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Eu sei quem
tu és: o Santo de Deus!». Jesus o repreendeu: «Cala-te, sai dele!». O demônio
então lançou o homem no chão e saiu dele, sem lhe fazer mal algum. Todos
ficaram espantados e comentavam: «Que palavra é essa? Ele dá ordens aos
espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem». E sua fama se
espalhava por todos os lugares da redondeza.
«Eles ficavam maravilhados com os
seus ensinamentos, pois sua palavra tinha autoridade»
Rev.
D. Joan BLADÉ i Piñol (Barcelona,
Espanha)
Hoje vemos como a
atividade de ensinar foi, para Jesus, a missão central de sua vida pública.
Porém a pregação de Jesus era muito diferente da dos outros mestres e isso
fazia com que as pessoas se espantassem e se admirassem. Certamente, ainda que
o Senhor não tivesse estudado (cf. Jo 7,15), desconcertava a todos com sua
doutrina, porque «falava com autoridade» (Lc 4,32). Seu estilo possuía a
autoridade de quem se sabia o “Santo de Deus”.
Precisamente aquela
autoridade no seu falar era o que dava força a sua linguagem. Utilizava imagens
vivas e concretas, sem silogismos nem definições; palavras e imagens que
extraía da própria natureza quando não das Sagradas Escrituras. Não há dúvida de
que Jesus era um bom observador, homem próximo das situações humanas: ao mesmo
tempo em que o vemos ensinando, também o contemplamos perto das pessoas
fazendo-lhes o bem (curando as doenças e expulsando demônios, etc.). Lia no
livro da vida diária as experiências que depois lhe serviriam para ensinar.
Ainda que fosse um material tão simples e “rudimentar”, a palavra do Senhor era
sempre profunda, inquietante, radicalmente nova, definitiva.
O mais admirável da
fala de Jesus Cristo, era esse saber harmonizar a autoridade divina com a mais
incrível simplicidade humana. Autoridade e simplicidade eram possíveis em Jesus
graças ao conhecimento que possuía do Pai e de sua relação de amorosa
obediência a Ele (cf. Mt 11,25-27). Esta relação com o Pai é o que explica a
harmonia única entre a grandeza e a humildade. A autoridade de seu falar não se
ajustava aos parâmetros humanos; não havia disputa, nem interesses pessoais ou
desejo de sobressair. Era uma autoridade que se manifestava tanto na
sublimidade da palavra ou da ação como na humildade e simplicidade. Não houve
nos seus lábios nem louvor pessoal, nem soberba, nem gritos. Mansidão, doçura,
compreensão, paz, serenidade, misericórdia, verdade, luz, justiça... Foi o
aroma que rodeava a autoridade de seus ensinos.
Reflexões de Frei Carlos Mesters,
O.Carm.
*
No evangelho de
hoje, vamos ver de perto dois assuntos: a admiração do povo pela maneira de
Jesus ensinar e a cura de um homem possuído por um demônio impuro. Nem todos os
evangelistas contam os fatos do mesmo jeito. Para Lucas, o primeiro milagre é a
calma com que Jesus se livrou da ameaça de morte da parte do povo de Nazaré (Lc
4,29-30) e a cura do homem possesso (Lc 4,33-35). Para Mateus, o primeiro
milagre é a cura de uma porção de doentes e endemoninhados (Mt 4,23) ou, mais
especificamente, a cura de um leproso (Mt 8,1-4). Para Marcos, foi a expulsão
de um demônio (Mc 1,23-26). Para João, o primeiro milagre foi em Caná, onde
Jesus transformou água em vinho (Jo 2,1-11). Assim, na maneira de contar as
coisas, cada evangelista mostra qual foi, segundo ele, a maior preocupação de
Jesus.
*
Lucas 4,31: A mudança de Jesus para Cafarnaum
“Jesus foi a
Cafarnaum, cidade da Galileia, e aí ensinava aos sábados”. Mateus diz que Jesus
foi morar em Cafarnaum (Mt 4,13). Mudou de residência. Cafarnaum era uma
pequena cidade junto ao entroncamento de duas estradas importantes: uma que
vinha da Ásia Menor e ia para Petra no sul da Transjordânia, e a outra que
vinha da região dos rios Eufrates e Tigre e descia para o Egito. A mudança para
Cafarnaum facilitava o contato com o povo e a divulgação da Boa Nova.
*
Lucas 4,32: Admiração do povo pelo ensino de Jesus
A primeira coisa que o
povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas
sim o jeito de ensinar, que impressiona. “Jesus falava com autoridade”. Marcos
acrescenta que, por este seu jeito diferente de ensinar, Jesus criava consciência
crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebia
e comparava: Ele ensina com autoridade, diferente dos escribas” (Mc 1,22.27).
Os escribas da época ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade
nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida.
*
Lucas 4,33-35: Jesus combate o poder do mal
O primeiro milagre é a
expulsão de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e as alienava.
Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade. E
ele o faz pelo poder da sua palavra: "Cale-se, e saia dele!" Ele
dizia em outra ocasião: “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios,
então o Reino de Deus chegou para vocês” (Lc 11,20). Hoje também, muita gente
vive alienada de si mesma pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do
governo e do comércio. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações e
ameaçada pelos cobradores. Acha que não vive direito enquanto não comprar
aquilo que a propaganda anuncia. Não é fácil expulsar este poder que hoje
aliena tanta gente, e devolver as pessoas a si mesmas!
*
Lucas 1,36-37: A reação do povo: ele manda nos espíritos impuros primeiro
impacto
Além do jeito
diferente de Jesus ensinar as coisas de Deus, o outro aspecto que causava
admiração no povo era o seu poder sobre os espíritos impuros: "Que palavra
é essa? Ele manda nos espíritos impuros com autoridade e poder, e eles
saem". Jesus abre um novo caminho para o povo poder conseguir a pureza
através do contato com ele. Naquele tempo, uma pessoa impura não podia
comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida a Abraão.
Teria que purificar-se, primeiro. Havia muitas leis e normas que dificultavam a
vida do povo e marginalizavam muita gente como impura. Mas agora, purificadas
pela fé em Jesus, as pessoas podiam comparecer novamente na presença de Deus e
rezar a Ele, sem necessidade de recorrer àquelas complicadas e, muitas vezes,
dispendiosas normas de pureza.
Para
um confronto pessoal
1)
Jesus provocava a
admiração do povo. A atuação da nossa comunidade aqui no bairro provoca alguma
admiração no povo? Qual?
2) Jesus expulsava o poder do mal e
devolvia as pessoas a si mesmas. Hoje, muita gente vive alienada de si mesma e
de tudo. Como devolvê-las a si mesmas?
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