sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Sábado XXIV do Tempo Comum


1ª Leitura (1Cor 15,35-37.42-49): Irmãos: Alguém poderia perguntar: «Como ressuscitam os mortos? Com que espécie de corpo voltam eles?». Insensato! O que tu semeias não volta à vida sem morrer. E o que semeias não é a planta que há de nascer, mas um simples grão, de trigo, por exemplo, ou de qualquer outra espécie. Assim é também a ressurreição dos mortos: semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível; semeado desprezível, ressuscita glorioso; semeado na fraqueza, ressuscita cheio de força; semeado como corpo natural, ressuscita como corpo espiritual. Se há um corpo natural, também há um corpo espiritual. Assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi criado como um ser vivo; o último Adão tornou-se um espírito que dá vida. O primeiro não foi o espiritual, mas o natural; depois é que veio o espiritual. O primeiro homem, tirado da terra, é terreno; o segundo homem veio do Céu. O homem que veio da terra é o modelo dos homens terrenos; o homem que veio do Céu é o modelo dos homens celestes. E assim como trouxemos em nós a imagem do homem terreno, traremos também em nós a imagem do homem celeste.

Salmo Responsorial: 55
R. Caminharei na presença do Senhor.

Vós contastes os passos da minha vida errante e recolhestes as minhas lágrimas. Hão de recuar os meus inimigos, quando eu Vos invocar. Eu sei que Deus está por mim.

Enalteço a palavra do Senhor, enalteço a promessa do Senhor. Em Deus confio e nada temo: que poderão fazer-me os homens?

Oferecer-Vos-ei sacrifícios de ação de graças, porque salvastes a minha vida da morte; preservastes os meus pés da queda, para andar na vossa presença, à luz da vida.

Aleluia. Felizes os que recebem a palavra de Deus de coração sincero e generoso e produzem fruto pela perseverança. Aleluia.

Evangelho (Lc 8,4-15): Naquele tempo, ajuntou-se uma grande multidão, e de todas as cidades iam até Jesus. Ele, então, contou uma parábola: «O semeador saiu a semear. Ao semear, uma parte da semente caiu à beira do caminho e foi pisada; e os pássaros do céu a comeram. Outra parte caiu sobre as pedras; brotou, mas secou, por falta de umidade. Outra parte caiu entre os espinhos e, crescendo ao mesmo tempo, os espinhos a sufocaram. Ainda outra parte caiu em terra boa; brotou e deu frutos, até cem por um». Depois de dizer isso, ele exclamou: «Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!». Seus discípulos faziam perguntas sobre o sentido da parábola. Jesus, então, lhes disse: «A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Aos outros, porém, só por meio de parábolas, de modo que, olhando, não enxergam e ouvindo, não entendem. A parábola quer dizer o seguinte: a semente é a Palavra de Deus. Os que caem à beira do caminho são os que escutam, mas logo vem o Diabo e arranca a palavra do seu coração, para que não acreditem e não se salvem. Os que ficam sobre as pedras são os que ouvem e acolhem a palavra com alegria, mas não têm raízes. Por um momento, acreditam, mas quando chega a tentação, desistem. Aquilo que caiu entre os espinhos são os que escutam, mas vivendo em meio às preocupações, as riquezas e os prazeres da vida, são sufocados e não chegam a amadurecer. O que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra e dão fruto pela perseverança».

«O que caiu em terra boa são aqueles que, (...) dão fruto pela perseverança»

Rev. D. Lluís RAVENTÓS i Artés (Tarragona, Espanha)

Hoje, Jesus nos fala de um semeador que «saiu a semear» (Lc 8,5) e aquela semente era precisamente «a Palavra de Deus». Mas «crescendo ao mesmo tempo, os espinhos a sufocaram» (Lc 8,7).

Há uma grande variedade de espinhos. «Aquilo que caiu entre os espinhos são os que escutam, mas vivendo em meio às preocupações, as riquezas e os prazeres da vida, são sufocados e não chegam a amadurecer» (Lc 8,14).

-Senhor, por acaso sou culpável de ter preocupações? Já quisera não tê-las, mas vêm por todas as partes! Não entendo por que hão de privar-me da sua Palavra, se não são pecado, nem vicio, nem defeito.

-Por que esquece que Eu sou o seu Pai e deixa-se escravizar por uma manhã que não sabe se chegará!

«Se vivêssemos com mais confiança na Providência divina, seguros -com uma fé firmíssima- dessa proteção diária que nunca nos falta, quantas preocupações ou aflições nos pouparíamos! Desapareceria uma quantidade de quimeras que, na boca de Jesus, são próprias dos pagãos, dos homens mundanos (cf. Lc 12,30), das pessoas que são carentes de sentido sobrenatural (...). Eu quisera gravar a fogo na vossa mente -nos diz São Josemaria- que temos todos os motivos para andar com otimismo nesta terra, com a alma desasida de tudo de tantas coisas que parecem imprescindíveis, já que vosso Pai sabe muito bem o que necessitais! (cf. Lc 12,30), e Ele vos provê de tudo». Disse Davi: «Depõe no Senhor os teus cuidados e, ele te susterá» (Sal 54,23). Assim fez São José quando o Senhor o provou: reflexionou, consultou, orou, tomou uma resolução e deixou tudo nas mãos de Deus. Quando veio o Anjo - comenta Mn. Ballarín-, não quis despertá-lo e falou em sonhos. Em fim, «Eu não devo ter mais preocupações que a tua Glória..., numa palavra, teu Amor» (São Josemaria).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz o segundo anúncio da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Os discípulos não entendem a palavra sobre a cruz, porque não são capazes de entender nem de aceitar um Messias que se faz empregado e servidor dos irmãos. Eles continuam sonhando com um messias glorioso.

* Lucas 9,43b-44: O contraste.
“O povo estava admirado com tudo o que Jesus fazia. Então Jesus disse aos discípulos: "Prestem atenção ao que eu vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens”. O contraste é muito grande. De um lado, a vibração e a admiração do povo por tudo que Jesus dizia e fazia. Jesus parece corresponder a tudo aquilo que o povo sonho, crê e espera. Por outro lado, a afirmação de Jesus de que será preso e entregue na mão dos homens. Ou seja, a opinião das autoridades sobre Jesus é totalmente contrária à opinião do povo.

* Lucas 9,45: O anúncio da Cruz.
“Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. Isso estava escondido a eles, para que não entendessem. E tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto”. Os discípulos o escutam, mas não entendem a palavra sobre a cruz. Mesmo assim, não pedem esclarecimento. Eles têm medo de deixar transparecer sua ignorância!

* O título Filho do Homem
Este nome aparece com grande frequência nos evangelhos: 12 vezes em João, 13 vezes em Marcos, 28 vezes em Lucas, 30 vezes em Mateus. Ao todo, 83 vezes nos quatro evangelhos.  É o nome que Jesus mais gostava de usar. Este título vem do AT. No livro de Ezequiel, ele indica a condição bem humana do profeta (Ez 3,1.4.10.17; 4,1 etc.). No livro de Daniel, o mesmo título aparece numa visão apocalíptica (Dn 7,1-28), na qual Daniel descreve os impérios dos Babilônios, dos Medos, dos Persas e dos Gregos. Na visão do profeta, estes quatro impérios têm a aparência de “animais monstruosos” (cf. Dn 7,3-8). São impérios animalescos, brutais, desumanos, que perseguem, desumanizam e matam (Dn 7,21.25). Na visão do profeta, depois dos reinos anti-humanos, aparece o Reino de Deus que tem a aparência, não de um animal, mas sim de uma figura humana, Filho de homem. Ou seja, é um reino com aparência de gente, reino humano, que promove a vida. Humaniza. (Dn 7,13-14). Na profecia de Daniel a figura do Filho do Homem representa, não um indivíduo, mas sim, como ele mesmo diz, o “povo dos Santos do Altíssimo” (Dn 7,27; cf Dn 7,18). É o povo de Deus que não se deixa desumanizar nem enganar ou manipular pela ideologia dominante dos impérios animalescos. A missão do Filho do Homem, isto é, do povo de Deus, consiste em realizar o Reino de Deus como um reino humano. Reino que não persegue a vida, mas sim a promove! Humaniza as pessoas.

Apresentando-se aos discípulos como Filho do Homem, Jesus assume como sua esta missão que é a missão de todo o Povo de Deus. É como se dissesse a eles e a todos nós: “Venham comigo! Esta missão não é só minha, mas é de todos nós! Vamos juntos realizar a missão que Deus nos entregou, e realizar o Reino humano e humanizador que ele sonhou!” E foi o que ele fez e viveu durante toda a sua vida, sobretudo, nos últimos três anos. Dizia o Papa Leão Magno: “Jesus foi tão humano, mas tão humano, como só Deus pode ser humano”. Quanto mais humano, tanto mais divino. Quanto mais “filho do homem” e tanto “filho de Deus!” Tudo que desumaniza as pessoas afasta de Deus. Foi o que Jesus condenou, colocando o bem da pessoa humana como prioridade acima das leis, acima do sábado (Mc 2,27). Na hora de ser condenado pelo tribunal religioso do sinédrio, Jesus assumiu este título. Perguntado se era o “filho do Deus” (Mc 14,61), ele responde que é o “filho do Homem: “Eu sou. E vocês verão o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso” (Mc 14,62). Por causa desta afirmação foi declarado réu de morte pelas autoridades. Ele mesmo sabia disso pois tinha dito: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate para muitos” (Mc 10,45).

Para um confronto pessoal
1) Como você na sua vida combina sofrimento e fé em Deus?
2) No tempo de Jesus havia o contraste: povo pensava e esperava de um jeito, enquanto as autoridades religiosas pensavam e esperavam de outro jeito. Existe hoje o mesmo contraste.

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