sábado, 25 de agosto de 2018

XXI Domingo do Tempo Comum


1ª Leitura (Jos 24,1-2.15-17.18): Naqueles dias, Josué reuniu todas as tribos de Israel em Siquém. Convocou os anciãos de Israel, os chefes, os juízes e os magistrados, que se apresentaram diante de Deus. Josué disse então a todo o povo: «Se não vos agrada servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se os deuses que os vossos pais serviram no outro lado do rio, se os deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha família serviremos o Senhor». Mas o povo respondeu: «Longe de nós abandonar o Senhor para servir outros deuses; porque o Senhor é o nosso Deus, que nos fez sair, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da escravidão. Foi Ele que, diante dos nossos olhos, realizou tão grandes prodígios e nos protegeu durante o caminho que percorremos entre os povos por onde passámos. Também nós queremos servir o Senhor, porque Ele é o nosso Deus».

Salmo Responsorial: 33
R. Saboreai e vede como o Senhor é bom.

A toda a hora bendirei o Senhor, o seu louvor estará sempre na minha boca. A minha alma gloria-se no Senhor: escutem e alegrem-se os humildes.

Os olhos do Senhor estão voltados para os justos e os ouvidos atentos aos seus rogos. A face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal, para apagar da terra a sua memória.

Os justos clamaram e o Senhor os ouviu, livrou-os de todas as suas angústias. O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado e salva os de ânimo abatido.

Muitas são as tribulações do justo, mas de todas elas o livra o Senhor. Guarda todos os seus ossos, nem um só será quebrado.

A maldade leva o ímpio à morte, os inimigos do justo serão castigados. O Senhor defende a vida dos seus servos, não serão castigados os que n’Ele se refugiam.

2ª Leitura (Ef 5,21-32): Irmãos: Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres submetam-se aos maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da Igreja, seu Corpo, do qual é o Salvador. Ora, como a Igreja se submete a Cristo, assim também as mulheres se devem submeter em tudo aos maridos. Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela. Ele quis santificá-la, purificando-a no baptismo da água pela palavra da vida, para a apresentar a Si mesmo como Igreja cheia de glória, sem mancha nem ruga, nem coisa alguma semelhante, mas santa e imaculada. Assim devem os maridos amar as suas mulheres, como os seus corpos. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. Ninguém, de facto, odiou jamais o seu corpo, antes o alimenta e lhe presta cuidados, como Cristo à Igreja; porque nós somos membros do seu Corpo. Por isso, o homem deixará pai e mãe, para se unir à sua mulher, e serão dois numa só carne. É grande este mistério, digo-o em relação a Cristo e à Igreja.

Aleluia. As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida: Vós tendes palavras de vida eterna. Aleluia.

Evangelho (Jo 6,60-69): Muitos discípulos que o ouviram disseram então: «Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?» Percebendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso, Jesus perguntou: «Isso vos escandaliza? Que será, então, quando virdes o Filho do Homem subir para onde estava antes? O Espírito é que dá a vida. A carne para nada serve. As palavras que vos falei são Espírito e são vida. Mas há alguns entre vós que não creem». Jesus sabia desde o início quem eram os que acreditavam e quem havia de entregá-lo. E acrescentou: «É por isso que eu vos disse: Ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai?»  A partir daquele momento, muitos discípulos o abandonaram e não mais andavam com Ele. Jesus disse aos Doze: «Vós também quereis ir embora?» Simão Pedro respondeu: «A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus».

«A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna»

Rev. D. Miquel VENQUE i To (Barcelona, Espanha)

Bto Tiago Retouret
Presbítero e Mártir de nossa Ordem
Hoje, o Evangelho nos coloca em Cafarnaum, onde Jesus é seguido por muitos que haviam visto seus milagres, em especial o da multiplicação espetacular dos pães. Em termos humanos, Jesus ali corria o risco de sucumbir às glórias humanas; inclusive, queriam coroá-lo rei. Este é um momento chave na catequese de Jesus. É o momento em que Ele começa a expor claramente a dimensão sobrenatural de sua mensagem. E como Jesus é tão bom catequista, sacerdote perfeito, o melhor bispo e papa, deixa a multidão seguir, sente pena, mas Ele é fiel à sua mensagem, a popularidade não o cega.

Um grande sacerdote dizia que, ao longo da história da Igreja, muitas pessoas que pareciam colunas imprescindíveis acabaram caindo: «Abandonaram e não mais andavam com Ele» (Jo 6,66). Você e eu podemos cair, passar, ir criticar, seguir nossos desejos? Com humildade e confiança, digamos a Jesus que queremos ser fiéis a Ele hoje, amanhã e todos os dias; que nos permita ver o pouco sentido evangélico que há em discutir os ensinamentos de Deus ou da Igreja pelo fato de não os entendo? «A quem iremos, Senhor?» (Jo 6,68). Peçamos mais sentido sobrenatural. Somente em Jesus e na sua Igreja encontramos a Palavra de vida eterna: «Tu tens palavras de vida eterna» (Jo 6,68).

Como Pedro, sabemos que Jesus nos fala uma linguagem que ultrapassa o sentido humano, linguagem que há que sintonizar corretamente para alcançar seu pleno sentido; caso contrário só ouvimos sons incoerentes e desagradáveis; precisamos afinar a sintonia. Como Pedro, também em nossa vida cristã temos momentos nos quais há que renovar e manifestar que estamos em Jesus e que queremos seguir com Ele. Pedro amava a Jesus Cristo, por isso permaneceu com Ele; os outros o queriam pelo pão, pelas guloseimas? por razões políticas e o deixam. O segredo da fidelidade é amar, confiar. Peçamos à Virgo fidelis que nos ajude hoje e agora a ser fiéis à nossa Igreja.

A Eucaristia nos coloca diante de um dilema: “Também vós quereis ir embora?”: crer ou abandoná-lo.
                                 
Pe. Antonio Rivero, L.C.

Hoje terminamos a leitura do capítulo seis de São João, sobreo discurso eucarístico. E terminamos com as reações dos presentes diante das palavras de Jesus: “Quem pode aguentar este discurso tão duro?”  É o mesmo dilema que pôs Josué aos seus ao entrar na terra prometida: “Preferem servir Javé ou os deuses falsos?” (1 leitura).

Transverberação do coração
de Sta Teresa de Jesus
Em primeiro lugar, na primeira leitura está claro o dilema: eleger quem: Javé ou os deuses estrangeiros? Os deuses “além do rio” exigem menos, são mais cômodos, não proíbem isto ou aquilo; não impõem não roubar, não fornicar, não matar. O que exige a Aliança de Javé é muito mais duro que a frouxa moral dos deuses dos povos vizinhos. Josué, sucessor de Moisés, convoca todos em assembleia solene, para renovar a Aliança do Sinai, um tanto esquecida já, e lhes coloca um claro dilema: quem vocês querem servir, a Deus que os libertou do Egito ou aos deuses que vão encontrando nos povos vizinhos e que são mais permissivos? Porque continuam tendo a tentação terrível da idolatria. Nesse dia a resposta do povo a Josué foi: elegemos a Deus! E assim o povo de Siquèm, reunido em assembleia com Josué, pôde entrar para possuir a terra prometida. Sabemos também que logo na sua história, o povo de Israel faltou muitas vezes ao que tinha prometido.      

Em segundo lugar, agora é Cristo quem pergunta aos que o seguiam: quereis ficar comigo ou ir embora? De novo o dilema. O que Jesus pedia aos seus não era fácil, porque supunha uma mudança de mentalidade e de vida. São livres. Jesus vê que alguns vão indo embora, assustados com as suas palavras e faz essa pergunta direta aos seus apóstolos. Em efeito, alguns vão embora e outros permanecem. Pedro, que não entende muito do que Jesus disse- como tampouco devia entender os demais- mas que tem uma fé e um amor enormes para com Cristo, responde dizendo: “A quem iremos?” Optaram por Ele e ficam os doze que formarão a Igreja, mas já não ficam como antes, sem compromisso; agora sabem que o elegeram para toda a vida e para morte. Em Cafarnaum, foi a primeira comunidade apostólica ainda fiel a que disse, por boca de Pedro: “Senhor, a quem iremos?”

Finalmente, compete a nós responder hoje a Cristo: quem vamos seguir: Ele e a sua doutrina ou o mundo com as suas propostas fáceis, tentadoras e embriagadoras? De novo o dilema. Também nós como o povo de Israel (1 leitura) e como os primeiros discípulos de Jesus (evangelho) fomos eleitos. Eleitos como objetos do seu amor, admitidos na família de Deus no batismo, admitidos a sua mesma mesa na Eucaristia, admitidos à “feliz esperança” da vinda do seu Reino. Por parte nossa também nós elegemos a Deus. A prova disto: o nosso batismo, reafirmado na confirmação. A prova disto: recebemos a primeira comunhão. Prova disto: casamo-nos em Cristo pela Igreja. Porém, o que acontece com a gente? Somos instáveis. A nossa vida parece àquele pano de Penélope: é um contínuo fazer e desfazer propósitos, um oscilar continuo entre os dois polos de atração que são Deus e o mundo com os seus ídolos. Servimos a dois senhores. Mas Deus detesta isto. Ou Ele ou o mundo. Deus é ciumento. E por isso, não estamos de acordo com a doutrina do matrimônio indissolúvel. E por isso não aceitamos a doutrina sobre a moral sexual e regulação da natalidade que a Igreja ensina e defende. E por isso fugimos da cruz, quando a vemos aparecer na esquina. E por isso, assentimos com o rabo do olho diante das ideologias que estão sendo servidas em bandeja para nós, por exemplo, a ideologia do gênero. E não aceitamos aquilo de oferecer o outro lado da face. E assim estamos: ajoelhando-nos diante de Deus e diante de Baal. Quantos passam de uma oração a uma blasfêmia! Saem da Igreja e vão aos lugares de perdição. Não, é preciso fazer uma opção: ou Cristo ou o mundo. Ou o Evangelho de Cristo ou as máximas do mundo.      

Para refletir: Quem estou alimentando e seguindo na minha vida: o homem velho e passional, ou o homem novo, que vive conforme o Espírito? Já optei por Cristo e pelo seu Evangelho ou prefiro escutar e seguir as sereias deste mundo? Cada quanto renovo as minhas promessas batismais?

Para rezar: com Santo Tomás de Aquino quero rezar:
“Todo-poderoso e eterno Deus, aproximo-me do sacramento do vosso Unigênito Filho, o meu Senhor Jesus Cristo, como enfermo ao médico da vida, como manchado à fonte da misericórdia, como cego à luz da eterna claridade, como pobre e mendigo ao Senhor do céu e da terra. Rogo, pois, Senhor, a vossa infinita generosidade que digneis curar a minha enfermidade, lavar as minhas manchas, iluminar a minha cegueira, enriquecer a minha pobreza, vestir a minha desnudez, para que me aproximar para receber o pão dos anjos, o Rei dos reis e Senhor dos que dominam, com tanta reverência e humildade, com tanta contrição e devoção, com tanta pureza e fé, com tal propósito e intenção como convêm à saúde da minha alma. Concedei-me, peço-vos, receber não só o sacramento do corpo e do sangue do Senhor, mas também a graça e virtude do sacramento. Benigníssimo Deus, concedei-me receber o corpo que o vosso Filho Unigênito, o nosso Senhor Jesus Cristo, tomou da Virgem Maria, de tal maneira que mereça ser incorporado ao seu Corpo Místico e ser contado entre os seus membros”:  

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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