S. Bernardo de Clairvaux, abade e doutor |
Salmo Responsorial: Dt
32
R. Abandonaste a Deus que te criou.
Desprezaste o
Rochedo que te gerou, esqueceste a Deus que te deu a vida. O Senhor viu e ficou
indignado e rejeitou teus filhos e tuas filhas.
O Senhor
disse: «Vou ocultar-lhes o meu rosto e ver qual será o seu futuro, porque são
uma geração perversa de filhos que não conhecem a fidelidade.
Provocaram-Me
com um deus falso, irritaram-Me com inúteis ídolos; e Eu vou provocá-los com um
povo falso, vou irritá-los com uma nação insensata».
Aleluia. Bem-aventurados
os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Aleluia.
Evangelho (Mt 19,16-22): Naquele
tempo, alguém se aproximou de Jesus e disse: «Mestre, que devo fazer de bom
para ter a vida eterna?» Ele respondeu: «Por que me perguntas sobre o que é
bom? Um só é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos». «Quais?»,
perguntou ele. Jesus respondeu: «Não matarás, não cometerás adultério, não
roubarás, não levantarás falso testemunho, honra pai e mãe, ama teu próximo
como a ti mesmo». O jovem disse-lhe: «Já observo tudo isso. Que me falta
ainda?» Jesus respondeu: «Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá o
dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me». Quando
ouviu esta palavra, o jovem foi embora cheio de tristeza, pois possuía muitos
bens.
«Que tenho que fazer de
bom para ter a vida eterna?»
Rev. D. Óscar MAIXÉ i Altés (Roma, Itália)
Hoje a
Liturgia da Palavra coloca para nossa consideração a famosa passagem do jovem
rico, aquele jovem que não soube responder diante do olhar de amor com o qual
Cristo olhou para ele (cf. Mc 10,21). João Paulo II lembra-nos que naquele
jovem podemos reconhecer a todo homem que se aproxima de Cristo e lhe pergunta
sobre o sentido de sua própria vida: «Mestre, que devo fazer de bom para ter a
vida eterna?» (Mt 19,16). O Papa comenta que «o interlocutor de Jesus intui que
há uma conexão entre o bem moral e o pleno cumprimento do próprio destino».
Hoje, há
muitas pessoas que também fazem, no seu íntimo, esta pergunta! Se olharmos à
nossa volta, talvez pensemos que são poucas as pessoas que veem algo a mais, ou
que o homem do século XXI não precisa se fazer este tipo de pergunta, pois não
encontrará respostas que lhe sirvam.
Jesus
respondeu ao jovem: «Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom. Se
queres entrar na vida, observa os mandamentos» (Mt 19,17). É legítimo
perguntar-se sobre o sentido da vida, pois, hoje é necessário fazê-lo! O jovem
lhe perguntou o que tem que fazer de bom para chegar à vida eterna, e Cristo
respondeu-lhe que tem que ser bom.
Nos dias de
hoje, para alguns ou para muitos? Tanto faz! Parece ser impossível? Ser bom?...
Ou melhor, pode parecer até algo sem sentido: uma bobagem! Hoje, como há vinte
séculos, Jesus Cristo segue nos lembrando que para entrar na vida eterna é
necessário cumprir os mandamentos da Lei de Deus: não se trata do “ótimo”, mas
de seguir o caminho necessário para que o homem se assemelhe a Deus e assim
possa entrar na vida eterna de mãos dadas com seu Pai-Deus. Efetivamente,
«Jesus mostra que os mandamentos não devem ser entendidos como um limite mínimo
que não se deve ultrapassar, mas como uma vereda aberta para um caminho moral e
espiritual de perfeição, cujo impulso interior é o amor» (João Paulo II).
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
Presbítero e Mártir Terceiro Carmelita |
* Mateus 19,16-19: Os mandamentos e a
vida eterna.
Alguém chega
perto de Jesus e pergunta: "Mestre, que devo fazer de bom para possuir a
vida eterna?" Alguns manuscritos informam que se tratava de um jovem.
Jesus responde bruscamente: "Por que você me pergunta sobre o que é bom?
Um só é o bom!” Em seguida, ele responde à pergunta e diz: “Se você quer entrar
para a vida, guarde os mandamentos". O jovem reage e pergunta: “Quais
mandamentos?” Jesus tem a bondade de
enumerar os mandamentos que o rapaz já devia conhecer: "Não mate; não
cometa adultério; não roube; não levante falso testemunho; honre seu pai e sua
mãe; e ame seu próximo como a si mesmo".
É muito significativa a resposta de Jesus. O jovem tinha perguntado pela
vida eterna. Queria a vida junto de Deus! Mas Jesus só lembrou os mandamentos
que dizem respeito à vida junto do próximo! Não mencionou os três primeiros
mandamentos que definem nosso relacionamento com Deus! Para Jesus, só
conseguiremos estar bem com Deus, se soubermos estar bem com o próximo. Não
adianta se enganar. A porta para chegar até Deus é o próximo.
Em Marcos a
pergunta do jovem é diferente: "Bom Mestre, que devo fazer para herdar a
vida eterna?" Jesus respondeu:
"Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e ninguém mais!” (Mc
10,17-18). Jesus desvia a atenção de si mesmo para Deus, pois o que importa é
fazer a vontade do Deus, revelar o Projeto do Pai.
* Mateus 19,20: Observar os
mandamentos, para que serve?
O jovem
respondeu: "Tenho observado todas essas coisas. O que é que ainda me falta
fazer?" O curioso é o seguinte. O jovem queria conhecer o caminho que o
levasse à vida eterna. Ora, o caminho da vida eterna era e continua sendo:
fazer a vontade de Deus, expressa nos mandamentos. Com outras palavras, o jovem
observava os mandamentos sem saber para que serviam! Se o soubesse, não teria
feito a pergunta. É como muitos católicos que não sabem por que motivo são
católicos. ”Nasci católico, por isso sou católico!” Coisa de costume!
* Mateus 19,21-22: A proposta de Jesus
e a resposta do jovem
Jesus
respondeu: "Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, dê o
dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois venha, e
siga-me". Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque
era muito rico. A observância dos mandamentos é apenas o primeiro degrau de uma
escada que vai mais longe e mais alto. Jesus pede mais! A observância dos
mandamentos prepara a pessoa para ela poder chegar à doação total de si em
favor do próximo. Marcos diz que Jesus olhou para o jovem com amor (Mc 10,21).
Jesus pede muito, mas ele o pede com muito amor. O moço não aceitou a proposta
de Jesus e foi embora, “pois era muito rico”.
* Jesus e a opção pelos pobres.
Um duplo
cativeiro marcava a situação do povo na época de Jesus: o cativeiro da política
de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem
organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial,
mantida pelas autoridades religiosas da época. Por causa disso, o clã, a
família, a comunidade, estava sendo desintegrada e uma grande parte do povo
vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na religião, nem na sociedade.
Por isso, havia vários movimentos que, como Jesus, procuravam refazer a vida em
comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade
de Jesus, porém, havia algo novo que a diferenciava dos outros grupos. Era a
atitude frente aos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam
separadas. A palavra “fariseu” quer dizer “separado”. Viviam separadas do povo
impuro. Alguns fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49),
cheio de pecado (Jo 9,34). Não aprendiam nada do povo (Jo 9,34). Jesus e a sua
comunidade, ao contrário, viviam misturados com as pessoas excluídas,
consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos (Mc 2,16;
1,41; Lc 7,37). Jesus reconhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mt
11,25-26; Lc 21,1-4). Proclama-os felizes, porque o Reino é deles, dos pobres
(Lc 6,20; Mt 5,3). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos
pobres” (Lc 4, 18). Ele mesmo vive como pobre. Não possui nada para si, nem
mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Lc 9,58). E a quem quer segui-lo para
conviver com ele, manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). Manda
fazer opção pelos pobres como propôs ao jovem rico! (Mc 10,21) Esta maneira
diferente de acolher os pobres e de conviver com eles era uma amostra do Reino
de Deus.
Para um confronto pessoal
1. Uma pessoa que vive preocupada com a sua riqueza ou com
a aquisição dos bens que a propaganda do consumismo lhe oferece, será que ela
pode libertar-se de tudo isto para seguir Jesus e viver em paz numa comunidade
cristã? É possível? O que você acha?
2. O que significa para nós hoje: “Vai vende tudo, dá aos
pobres”? É possível tomar isto ao pé da
letra? Conhece alguém que conseguiu largar tudo por causa do Reino?
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