terça-feira, 12 de junho de 2018

13 de junho: Santo Antônio, presbítero e doutor da Igreja.


1ª Leitura (1Re 18,20-39): Naqueles dias, o rei Acab convocou todos os filhos de Israel e reuniu os profetas no monte Carmelo. Então Elias dirigiu-se a todo o povo e disse: «Até quando oscilareis para os dois lados? Se o Senhor é o Deus verdadeiro, segui o Senhor; se é Baal, segui Baal». O povo nada lhe respondeu. Elias continuou: «Eu sou o único que fiquei dos profetas do Senhor e os profetas de Baal são quatrocentos e cinquenta. Deem-nos dois bezerros. Eles escolham um, partam-no em pedaços e coloquem-no sobre a lenha, sem acenderem o fogo. Eu prepararei o outro bezerro e colocá-lo-ei sobre a lenha, sem acender o fogo. Depois invocareis o nome do vosso deus e eu invocarei o nome do Senhor. Aquele que responder com o fogo, esse é o verdadeiro Deus». Todo o povo respondeu: «Está bem». Disse então Elias aos profetas de Baal: «Escolhei um dos bezerros e preparai-o primeiro, porque sois mais numerosos. Invocai o nome do vosso deus, mas não acendais fogo». Eles tomaram o bezerro e prepararam-no; depois invocaram o nome de Baal, desde a manhã até ao meio-dia, dizendo: «Baal, responde-nos». Mas nenhuma voz, nenhuma resposta se ouvia. Entretanto, eles dançavam dobrando o joelho diante do altar que tinham feito. Ao meio-dia, Elias começou a troçar deles, dizendo: «Gritai mais alto, porque, sendo um deus, pode estar ocupado, em negócios ou em viagem; talvez esteja a dormir, mas acordará». Eles gritavam com mais força e feriam-se com espadas e lanças, segundo o seu costume, até escorrer sangue. Passado o meio-dia, continuaram a profetizar furiosamente até à hora do sacrifício da tarde. Mas nenhuma voz se ouvia, nenhuma resposta, nenhum sinal. Disse então Elias a todo o povo: «Aproximai-vos de mim». E todo o povo se aproximou dele. Elias reparou o altar do Senhor, que tinham demolido. Tomou doze pedras, segundo o número das tribos dos filhos de Jacob, a quem o Senhor dissera: «O teu nome será Israel». Construiu com essas pedras outro altar ao nome do Senhor e fez em volta do altar uma vala que podia levar duas medidas de semente. Depois preparou a lenha, partiu o bezerro em pedaços, colocou-o em cima da lenha e disse: «Enchei quatro bilhas de água e deitai-a sobre a vítima e sobre a lenha». Feito isto, ordenou: «Uma vez mais». E eles assim fizeram pela segunda vez. Depois disse: «Outra vez ainda». E eles assim fizeram pela terceira vez. A água correu em volta do altar e até a vala ficou cheia de água. À hora do sacrifício da tarde, o profeta Elias aproximou-se e disse: «Senhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, mostrai hoje que Vós sois o Deus de Israel, que eu sou o vosso servo e que por vossa ordem realizei tudo isto. Respondei-me, Senhor, respondei-me, para que este povo reconheça que Vós, Senhor, sois o verdadeiro Deus e que converteis os seus corações». Desceu então o fogo do Senhor e devorou a vítima, a lenha, as pedras, a terra, e secou até a água que estava na vala. Ao ver isto, todo o povo se prostrou com a face em terra e, cheia de temor, exclamou: «O Senhor é o verdadeiro Deus! O Senhor é o verdadeiro Deus!».

Salmo Responsorial: 15
R. Defendei-me, Senhor: Vós sois o meu refúgio.
Defendei-me, Senhor; Vós sois o meu refúgio. Digo ao Senhor: Vós sois o meu Deus.

Os que seguem deuses estranhos redobram as suas penas. Não serei eu a fazer-lhes libações de sangue, nem a invocar seus nomes com os meus lábios.

Senhor, porção da minha herança, está nas vossas mãos o meu destino. O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei.

Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida, alegria plena em vossa presença, delícias eternas à vossa direita.

Aleluia. Ensinai-me, Senhor, os vossos caminhos, guiai-me na vossa verdade. Aleluia.

Evangelho (Mt 5,17-19): «Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para cumprir. Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar os outros, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus».

«Não vim para abolir, mas para cumprir».

Rev. D. Miquel MASATS i Roca (Girona, Espanha)

Hoje escutamos do Senhor: «Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas; (...), não vim para abolir, mas para cumprir» (Mt 5,17). No Evangelho de hoje, Jesus ensina que o Antigo Testamento é parte da Revelação divina: Deus no início deu-se a conhecer aos homens através dos profetas. O Povo escolhido reunia-se nos sábados na sinagoga para escutar a Palavra de Deus. Assim como um bom israelita conhecia as Escritura e as punha em prática, aos cristãos convém a meditação frequente - diária, se fosse possível— das Escrituras.

Em Jesus temos a plenitude da Revelação. Ele é o Verbo, a Palavra de Deus, que se fez homem (cf. Jo 1,14), que vem a nós para dar-nos a conhecer quem é Deus e quanto nos ama. Deus espera do homem uma resposta de amor, manifestada no cumprimento dos seus ensinos: «Se me amais, observareis os meus mandamentos» (Jo 14,15).

No texto do Evangelho de hoje encontramos uma boa explicação na Primeira Carta de São João: «Pois amar a Deus consiste nisto: que observemos os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados» (1Jo 5,3). Observar os mandamentos de Deus garante que lhe amamos com obras e de verdade. O amor não é só um sentimento, senão que —também— pede obras, obras de amor, viver o duplo preceito da caridade.

Jesus nos ensina a malicia do escândalo: «Quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar os outros, será considerado o menor no Reino dos Céus» (Mt 5,19). ‘Eu conheço a Deus’, mas não observa os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele» (1Jo2,4).

Também ensina a importância do bom exemplo: «Quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus» (Mt 5,19). O bom exemplo é o primeiro elemento do apostolado cristão.

Reflexão de Frei Carlos Mesters, Ocarm.

* O Evangelho de hoje (Mt 5,17-19) ensina como observar a lei de Deus de tal maneira que a sua prática mostre em que consiste o pleno cumprimento da lei (Mt 5,17-19). Mateus escreve para ajudar as comunidades de judeus convertidos a superar as críticas dos irmãos de raça que as acusavam dizendo: “Vocês são infiéis à Lei de Moisés”. O próprio Jesus tinha sido acusado de infidelidade à lei de Deus. Mateus traz a resposta esclarecedora de Jesus aos que o acusavam. Assim ele traz uma luz para ajudar as comunidades a resolver seu problema.

* Usando imagens do quotidiano, com palavras simples e diretas, Jesus tinha dito que a missão da comunidade, a sua razão de ser, é ser sal e ser luz! A respeito de cada uma das duas imagens ele tinha dado alguns conselhos. Em seguida, vêm os três breves versículos do Evangelho de hoje:

* Mateus 5,17-18: Nenhuma vírgula da lei vai cair. Havia várias tendências nas comunidades dos primeiros cristãos. Uns achavam que já não era necessário observar as leis do Antigo Testamento, pois é pela fé em Jesus que somos salvos e não pela observância da Lei (Rm 3,21-26).

Outros aceitavam Jesus como Messias, mas não aceitavam a liberdade de Espírito com que algumas comunidades viviam a presença de Jesus ressuscitado. Achavam que eles, sendo judeus, deviam continuar observando as leis do AT (At 15,1.5). Havia ainda cristãos que viviam tão plenamente na liberdade do Espírito, que já não olhavam mais nem para a vida de Jesus de Nazaré nem para o AT e chegavam a dizer: “Anátema Jesus!” (1Cor 12,3).
Diante destas tensões, Mateus procura um equilíbrio para além dos extremos. A comunidade deve ser o espaço, onde este equilíbrio possa ser alcançado e vivido. A resposta dada por Jesus aos que o criticavam continuava bem atual para as comunidades: “Não vim abolir a lei, mas dar-lhe pleno cumprimento!”. As comunidades não podiam ser contra a Lei, nem podiam fechar-se dentro da observância da lei. Como Jesus, deviam dar um passo e mostrar, na prática, qual o objetivo que a lei quer alcançar na vida das pessoas, a saber, a prática perfeita do amor.

* Mateus 5,17-18: Nenhuma vírgula da lei vai cair. E aos que queriam desfazer-se de toda a lei, Mateus lembra a outra palavra de Jesus: “Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será considerado grande no Reino do Céu”. A grande preocupação do Evangelho de Mateus é mostrar que o AT, Jesus de Nazaré e a vida no Espírito não podem ser separados. Os três fazem parte do mesmo e único projeto de Deus e nos comunicam a certeza central da fé: o Deus de Abraão e Sara está presente no meio das comunidades pela fé em Jesus de Nazaré que nos manda o seu Espírito.

Para um confronto pessoal
1. Como vejo e vivo a lei de Deus: como horizonte de liberdade crescente ou como imposição que delimita minha liberdade?
2. E o que podemos fazer hoje para os irmãos e irmãs que consideram toda esta discussão como ultrapassada e sem atualidade? O que podemos aprender deles?

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