S. Felipe Neri, presbítero |
1ª
Leitura (Tg 5,13-20):
Caríssimos: Sofre alguém no meio de vós?
Reze. Sente-se alguém alegre? Cante. Está doente alguém entre vós? Mande chamar
os presbíteros da Igreja para que orem por ele, ungindo-o com óleo em nome do
Senhor. A oração feita com fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá; e
se tiver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai uns aos outros os
vossos pecados e orai uns pelos outros, para que sejais curados. A oração
persistente do justo tem muito poder. Elias era um homem semelhante a nós: orou
com insistência para que não chovesse e não choveu sobre a terra durante três
anos e três meses. Orou novamente e o céu fez cair a chuva e a terra deu o seu
fruto. Meus irmãos, se algum de vós se afastar da verdade e outro o converter,
sabei que aquele que reconduz um pecador do erro à verdade salvará a sua alma da
morte e obterá o perdão de muitos pecados.
Salmo
Responsorial: 140
R. Suba até Vós,
Senhor, a minha oração, como fumo de incenso.
Senhor,
a Vós clamo, socorrei-me sem demora, escutai a minha voz quando Vos invoco.
Suba até Vós a minha oração como incenso, elevem-se as minhas mãos como oblação
da tarde.
Guardai,
Senhor, a minha boca, defendei a porta dos meus lábios. Para Vós, Senhor, se
voltam os meus olhos: em Vós me refugio, não me desampareis. me refugio, não me
desampareis.
Aleluia. Bendito
sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os
mistérios do reino. Aleluia.
Evangelho
(Mc 10,13-16): Algumas pessoas traziam crianças para que
Jesus as tocasse. Os discípulos, porém, as repreenderam. Vendo isso, Jesus se
aborreceu e disse: «Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, porque a
pessoas assim é que pertence o Reino de Deus. Em verdade vos digo: quem não
receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele!». E abraçava as
crianças e, impondo as mãos sobre elas, as abençoava.
«Deixai as crianças
virem a mim»
Rev. D. Josep Lluís SOCÍAS i Bruguera (Badalona,
Barcelona, Espanha)
Hoje,
as crianças são notícia. Mais que nunca, as crianças têm muito que dizer, porém
que a palavra "criança" significa "aquele que não fala". O
vemos nos meios tecnológicos: eles são capazes de fazê-los funcionar, de
usá-los e, até, ensinar aos adultos sua correta utilização. Já dizia um
articulista que, «apesar de que as crianças não falam, elas pensam».
No
fragmento do Evangelho de Marcos encontramos varias considerações. «Algumas
pessoas traziam crianças para que Jesus as tocasse. Os discípulos, porém, as
repreenderam» (Mc 10,13). Mas o Senhor, a quem no Evangelho lido nos últimos
dias o vimos fazer de tudo para todos, com maior certeza se faz com as
crianças. Assim, «Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: ‘Deixai as crianças
virem a mim. Não as impeçais, porque a pessoas assim é que pertence o Reino de Deus»
(Mc 10,14).
A
caridade é ordenada: começa pelo mais necessitado. Quem está, pois, mais
necessitado, mais "pobre" do que uma criança? Todo mundo tem direito
a aproximar-se a Jesus; e a criança é a primeira que gozara deste direito:
«Deixai as crianças virem a mim» (Mc 10,14).
Mas
vejamos que, ao acolher aos mais necessitados, nós somos os primeiros
beneficiados. Por isto, o Mestre adverte: «Em verdade vos digo: quem não
receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele!» (Mc 10,15). E,
correspondendo ao talante simples e aberto das crianças, Ele as «abraçava (...)
e, impondo as mãos sobre elas, as abençoava» (Mc 10,16).
Temos
de aprender a arte de acolher o Reino de Deus. Quem for como uma criança — como
os antigos "pobres de Yaveh"— percebe com facilidade que tudo é um
dom, tudo é uma graça. E, para "receber" o favor de Deus, ouvir e
contemplar com "silêncio receptivo". Segundo São Inácio de Antioquia,
«vale mais calar e ser, do que falar e não ser (...). Aquele que possui a
palavra de Jesus pode também, em verdade, escutar o silêncio de Jesus».
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* O evangelho de
anteontem trazia conselhos de Jesus sobre o relacionamento dos adultos com os
pequenos e excluídos (Mc 9,41-50).
O evangelho de ontem trazia conselhos sobre o relacionamento entre homem e
mulher, marido e esposa (Mc 10,1-12). O evangelho de hoje traz conselhos sobre
o relacionamento com as mães e as crianças. Com os pequenos e excluídos Jesus
pedia o máximo de acolhimento. No relacionamento homem-mulher, pedia o máximo
de igualdade. Agora, com as crianças e suas mães, ele pede o máximo de ternura.
* Marcos 10,13-16: Receber
o Reino como uma criança.
Trouxeram
crianças para que Jesus as tocasse. Os discípulos tentam impedir. Por que
impedem? O texto não diz. Talvez seja pelo fato de, conforme as normas rituais
da época, crianças pequenas com suas mães, viverem quase constantemente na
impureza legal. Tocar nelas significaria contrair impureza! Elas tocando em
Jesus, ele também ficaria impuro! Mas Jesus não se incomoda com estas normas
rituais da pureza legal. Ele corrige os discípulos e acolhe as mães com as
crianças. Toca nelas, lhes dá um abraço dizendo: "Deixem as crianças vir a
mim. Não lhes proíbam, porque o Reino de Deus pertence a elas”. E ele comenta:
“Eu garanto a vocês: quem não receber como criança o Reino de Deus, nunca
entrará nele." Então Jesus abraçou as crianças e abençoou-as, pondo a mão
sobre elas. O que significa esta frase? 1)
A criança recebe tudo dos pais. Ela não consegue merecer o que recebe, mas vive
do amor gratuito. 2) Os pais recebem
a criança como um dom de Deus e cuidam dela com todo carinho. A preocupação dos
pais não é dominar a criança, mas sim amá-la e educá-la, para que cresça e se
realize!
* Um sinal do Reino:
Acolher os pequenos e os excluídos
Há
muitos sinais da presença atuante do Reino na vida e na atividade de Jesus. Um
deles é a sua maneira de acolher as crianças e os pequenos. Além do episódio do
evangelho de hoje, eis uma lista de alguns outros momentos de acolhida aos
pequenos e crianças:
1. Acolher e não
escandalizar. Uma
das palavras mais duras de Jesus é contra aqueles que causam escândalo nos
pequenos, isto é, que são o motivo pelo qual os pequenos deixam de crer em
Deus. Para estes, melhor seria ter uma pedra de moinho amarrada no pescoço e
ser jogado nas profundezas do mar (Mc 9,42; Lc 17,2; Mt 18,6).
2. Identificar-se com
os pequenos. Jesus
abraça as crianças e identifica-se com elas. Quem recebe uma criança, é a
"mim que recebe" (Mc 9,37). “E tudo que vocês fizerem a um destes
mais pequenos foi a mim que o fizeram” (Mt 25,40).
3. Tornar-se como
criança. Jesus pede
que os discípulos se tornem como criança e aceitem o Reino como criança. Sem
isso não é possível entrar no Reino (Mc 10,15; Mt 18,3; Lc 9,46-48). Ele coloca
a criança como professor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o
contrário.
4. Defender o direito
da criança de gritar.
Quando Jesus, entrando no Templo, derruba as mesas dos cambistas, são as
crianças as que mais gritam. “Hosana ao filho de Davi!” (Mt 21,15). Criticadas
pelos chefes dos sacerdotes e escribas, Jesus as defende e, em sua defesa, invoca
até as Escrituras (Mt 21,16).
5. Agradecer pelo
Reino presente nos pequenos.
A alegria de Jesus é grande, quando percebe que as crianças, os pequenos,
entendem as coisas do Reino que ele anunciava ao povo. “Pai, eu te agradeço!”
(Mt 11,25-26) Jesus reconhece que os pequenos entendem melhor as coisas do
Reino do que os doutores!
6. Acolher e curar. São muitas as crianças e jovens
que ele acolhe, cura ou ressuscita: a filha do Jairo de 12 anos (Mc 5,41-42), a
filha da mulher cananeia (Mc 7,29-30), o filho da viúva de Naim (Lc 7, 14-15),
o menino epilético (Mc 9,25-26), o filho do Centurião (Lc 7,9-10), o filho do
funcionário público (Jo 4,50), o menino dos cinco pães e dois peixes (Jo 6,9).
Para um confronto
pessoal
1) Na nossa sociedade e na nossa comunidade,
quem são os pequenos e os excluídos? Como está sendo o acolhimento que nós
damos a eles?
2) Na minha vida, o que já aprendi das
crianças sobre o Reino de Deus?
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