S. Gabriel da Virgem Dolorosa, religioso |
Salmo Responsorial: 49
R. A quem segue o caminho resto
darei a salvação de Deus.
Não é pelos
sacrifícios que Eu te repreendo: os teus holocaustos estão sempre na minha
presença. Não aceito os novilhos da tua casa nem os cabritos do teu rebanho.
Como falas
tanto na minha lei e trazes na boca a minha aliança, tu que detestas os meus
ensinamentos e desprezas as minhas palavras.
Considerai
isto, vós que esqueceis a Deus, não aconteça que vos extermine, sem haver quem
vos salve. Honra-Me quem Me oferece um sacrifício de louvor, a quem segue o
caminho resto darei a salvação de Deus.
Deixai todos os vossos
pecados, diz o Senhor; criai um coração novo e um espírito novo.
Evangelho
(Mt 23,1-12): Depois, Jesus falou às
multidões e aos discípulos: «Os escribas e os fariseus sentaram-se no lugar de
Moisés para ensinar. Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai,
mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. Amarram fardos
pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não
querem movê-los, nem sequer com um dedo. Fazem todas as suas ações só para
serem vistos pelos outros, usam faixas bem largas com trechos da Lei e põem no
manto franjas bem longas. Gostam do lugar de honra nos banquetes e dos
primeiros assentos nas sinagogas, de serem cumprimentados nas praças públicas e
de serem chamados de ‘Rabi’. Quanto a
vós, não vos façais chamar de ‘Rabi’, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois
irmãos. Não chameis a ninguém na terra de ‘pai’, pois um só é vosso Pai, aquele
que está nos céus. Não deixeis que vos chamem de ‘guia’, pois um só é o vosso
Guia, o Cristo. Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos
serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado».
«Um só é vosso Mestre;
um só é vosso Pai; um só é o vosso Guia»
Pe. Gerardo GÓMEZ (Merlo, Buenos Aires, Argentina)
Hoje, mais
do que nunca, devemos trabalhar pela nossa salvação pessoal e comunitária, como
diz São Paulo, com respeito e seriedade, já que «É agora o momento favorável, é
agora o dia da salvação» (2Cor 6,2). O tempo quaresmal é uma oportunidade
sagrada dada pelo nosso Pai para que, numa atitude de profunda conversão, revitalizemos
nossos valores pessoais, reconheçamos nossos erros e nos arrependamos de nossos
pecados, de maneira que nossa vida se transforme - pela ação do Espírito Santo—
numa vida mais plena e madura.
Para
adequar nossa conduta à do Senhor Jesus é fundamental um gesto de humildade,
como diz o Papa Bento XVI: «Reconheço-me por aquilo que sou, uma criatura
frágil, feita de terra e destinada à terra, mas também feita à imagem de Deus e
destinada a Ele».
Na época de
Jesus, havia muitos “modelos" que oravam e agiam para serem vistos, para
serem reverenciados: pura fantasia, personagens de papelão, que não podiam
estimular o crescimento e a madurez dos seus vizinhos. Suas atitudes e condutas
não mostravam o caminho que conduz a Deus; «Portanto, tudo o que eles vos disserem,
fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam»
(Mt 23,3).
A sociedade
atual também nos apresenta uma infinidade de modelos de conduta que abocam a
uma existência vertiginosa, aloucada, debilitando o sentido de transcendência.
Não deixemos que esses falsos referentes nos façam perder de vista o verdadeiro
Mestre: «Um só é vosso Mestre; (...) um só é vosso Pai; (...) um só é o vosso
Guia: Cristo» (Mt 23,8.9.10).
Aproveitemos
a quaresma para fortalecer nossas convicções como discípulo de Jesus Cristo.
Procuremos ter momentos sagrados de “deserto”, onde nos reencontremos com nós
mesmos e, com o verdadeiro modelo e mestre. E diante às situações concretas nas
que muitas vezes não sabemos como reagir poderíamos nos perguntar: Que diria
Jesus? Como agiria Jesus?
«Mas não imiteis suas
ações! Pois eles falam e não praticam»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
Hoje Jesus
chama-nos a dar testemunho de vida cristã com o exemplo, da coerência de vida e
da retitude da intenção. O Senhor, referindo-se aos mestres da Lei e aos
fariseus, diz-nos: «Não imiteis suas ações. Pois eles falam e não praticam» (Mt
23,3). É uma acusação terrível!
Todos temos
experiência do mal e do escândalo —desorientação das almas— que causa o
“anti-testemunho” quer dizer, o mau exemplo. À vez também todos lembramos o bem
que nos fizeram os bons exemplos que vimos ao largo de nossas vidas. Não
esqueçamos o que afirma a dita popular «vale mais uma imagem que mil palavras».
Em definitiva, «hoje mais do que nunca, a Igreja tem consciência de que a sua
mensagem social será aceite pelo testemunho das obras, mais do que pela sua
coerência e lógica interna» (João Paulo II).
Uma
modalidade do mau exemplo especialmente perniciosa para a evangelização é a
falta de coerência de vida. Um apóstolo do terceiro milênio, que está chamado à
santidade no meio da gestão dos assuntos temporais, deve de ter presente que
«só a relação entre uma verdade consequente consigo mesma e seu cumprimento na
vida pode fazer brilhar aquela evidência da fé esperada pelo coração humano; só
através desta porta (da coerência) entrará o Espírito no mundo» (Bento XVI).
Por fim,
Jesus lamenta aqueles que «fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos
outros» (Mt 23,5). A autenticidade da nossa vida de apóstolos de Cristo exige a
retidão de intenção. Temos de agir, sobretudo por amor a Deus, para a glória do
Pai. Assim como o podemos ler no Catecismo da Igreja, «Deus criou tudo para o
homem, mas o homem foi criado para servir e amar a Deus e para oferecer-lhe
toda a criação». Esta é a nossa grandeza: servir a Deus como filhos seus!
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* O evangelho de hoje traz uma
crítica de Jesus contra os escribas e fariseus do seu tempo. No começo da atividade missionária
de Jesus, os doutores de Jerusalém já tinham ido até a Galileia para observá-lo
(Mc 3,22; 7,1). Incomodados pela pregação de Jesus, tinham espalhado a calúnia
de que ele era um possesso (Mc 3,22). Ao longo dos três anos a popularidade de
Jesus cresceu. Cresceu também o conflito dele com as autoridades religiosas. A
raiz deste conflito estava na maneira de eles se colocarem frente a Deus. Os
fariseus buscavam sua segurança não tanto no amor de Deus para com eles, mas
mais na observância rigorosa da Lei. Confrontado com esta mentalidade, Jesus
acentua a prática do amor que relativiza a observância da lei e lhe dá o seu
verdadeiro sentido.
* Mateus 23,1-3: A raiz da crítica:
“Eles dizem, mas não fazem”.
Jesus reconhece a autoridade dos escribas e fariseus. Eles ocupam a cátedra de
Moisés e ensinam a lei de Deus, mas eles mesmos não observam o que ensinam. Daí
a advertência de Jesus ao povo: “Fazei e observai tudo quanto vos disserem. Mas
não imiteis suas ações, pois dizem, mas não Fazem!” É uma crítica arrasadora!
Em seguida, como num espelho, Jesus faz ver alguns aspectos da incoerência das
autoridades religiosas.
* Mateus 23,4-7: Olhar no espelho
para fazer uma revisão de vida.
Jesus chama a atenção dos discípulos para o comportamento incoerente de alguns
doutores da lei. Ao meditar estas incoerências, convém pensar não nos fariseus
e escribas daquele longínquo passado, mas sim em nós mesmos e nas nossas
incoerências: amarrar pesos pesados nos outros e nós mesmos não os carregamos;
fazer as coisas para sermos vistos e elogiados; gostar dos lugares de honra e
de sermos chamados de doutor. Os escribas gostavam de entrar nas casas das
viúvas e fazer longas preces em troca de dinheiro! (Mc 12,40)
* Mateus 23,8-10: Vocês todos são
irmãos. Jesus manda ter atitude contrária. Em vez de
usar a religião e a comunidade como meio de autopromoção para aparecer mais
importante diante dos outros, ele pede para não usar o título de Mestre, Pai ou
Guia, pois um só é o guia, o Cristo; só Deus no céu é Pai; e o próprio Jesus é
o mestre. Todos vocês são irmãos. Esta é a base da fraternidade que nasce da
certeza de que Deus é nosso Pai.
* Mateus 23,11-12: O resumo final: o
maior é o menor.
Esta frase final é o que caracteriza tanto o ensino como o comportamento de
Jesus: “O maior de vocês deve ser aquele que serve a vocês. Quem se eleva será
humilhado, e quem se humilha será elevado” (cf. Mc 10,43; Lc 14,11; 18,14).
Para um confronto pessoal
1) O que Jesus criticou nos doutores da Lei, e em que os
elogiou? O que ele critica em mim e o que elogiaria em mim?
2) Você já olhou no espelho?
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