Stos Francisco e Jacinta Marto |
Salmo Responsorial: 33
R. Deus salva os
justos de todos os sofrimentos.
Enaltecei
comigo o Senhor e exaltemos juntos o seu nome. Procurei o Senhor e Ele
atendeu-me, libertou-me de toda a ansiedade.
Voltai-vos
para Ele e ficareis radiantes, o vosso rosto não se cobrirá de vergonha. Este
pobre clamou e o Senhor o ouviu, salvou-o de todas as angústias.
Os olhos do
Senhor estão voltados para os justos e os ouvidos atentos aos seus rogos. A
face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal, para apagar da terra a sua
memória.
Os justos
clamaram e o Senhor os ouviu, livrou-os de todas as suas angústias. O Senhor
está perto dos que têm o coração atribulado e salva os de ânimo abatido.
Nem só de pão vive o
homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Evangelho
(Mt 6,7-15): «E, orando, não useis de
vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão
ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é
necessário, antes de vós lho pedirdes. Portanto, vós orareis assim: Pai nosso,
que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita
a tua vontade, assim na terra como no céu; O pão nosso de cada dia nos dá hoje;
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;
E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o
poder, e a glória, para sempre. Amém. Porque, se perdoardes aos homens as suas
ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não
perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as
vossas ofensas».
"E, orando, não useis de vãs repetições, porque vosso Pai sabe
o que vos é necessário"
Rev. D. Joaquim FAINÉ i Miralpech (Tarragona, Espanha)
Hoje, Jesus
– que é o Filho de Deus - me ensina a me comportar como um filho de Deus. O
primeiro ponto é a confiança quando falo com Ele. Mas o Senhor adverte: «Quando
orardes, não useis de muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que
serão ouvidos por força das muitas palavras» (Mt 6,7). Porque os filhos, quando
falam com os pais, não usam raciocínios complicados, nem muitas palavras, mas
com simplicidade pedem tudo aquilo que precisam. Sempre tenho a confiança de
ser ouvido porque Deus –que é Pai- me ama e escuta. De fato, orar não é
informar a Deus, mas pedir-lhe tudo o que preciso, já que «vosso Pai sabe o que
vos é necessário, antes de vós lho pedirdes» (Mt 6,8). Não seria um bom cristão
se não oro, como não pode ser bom filho quem não fala habitualmente com seus
pais.
O Pai Nosso
é a oração que Jesus mesmo nos ensinou, e é um resumo da vida cristã. Cada vez
que rezo ao Pai, nosso, deixo-me levar de sua mão e lhe peço aquilo que preciso
cada dia para ser melhor filho de Deus. Preciso, não somente o pão material,
mas, sobretudo, o Pão do Céu. «Peçamos que nunca nos falte o Pão da Eucaristia»
Também aprender a perdoar e a ser perdoados: «Para poder receber o perdão que
Deus nos oferece, dirijamo-nos ao Pai que nos ama», dizem as formulas
introdutórias ao Pai Nosso da Missa.
Durante a
Quaresma, a Igreja me pede para aprofundar na oração. «A oração é conversar com
Deus, é o bem maior, porque constitui (...) uma união como Ele» (São João
Crisóstomo). Senhor, preciso aprender a rezar e obter conseqüências concretas
na minha vida. Sobretudo, para viver a virtude da caridade: a oração me da
força para viver cada dia melhor. Por isso, peço diariamente que me ajude a
desculpar tanto as pequenas chatices dos outros, como perdoar as palavras e
atitudes ofensivas e, sobretudo, a não ter rancores, e assim poder dizer-lhe
sinceramente que perdôo de todo coração a quem me tem ofendido. Conseguirei,
porque em todo momento me ajudará a Mãe de Deus.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Há duas redações do Pai
Nosso: Lucas (Lc
11,1-4) e Mateus (Mt 6,7-13). Em
Lucas, o Pai Nosso é mais curto. Lucas escreve para comunidades que vieram do
paganismo. Ele busca ajudar pessoas que estão se iniciando no caminho da
oração. Em Mateus, o Pai Nosso está situado no Sermão da Montanha, naquela
parte onde Jesus orienta os discípulos na prática das três obras de piedade:
esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum (Mt 6,16-18). O Pai Nosso faz
parte de uma catequese para judeus convertidos. Eles já estavam habituados a
rezar, mas tinham certos vícios que Mateus tenta corrigir.
* Mateus 6,7-8: Os
vícios a serem corrigidos.
Jesus critica as pessoas para as quais a oração era uma repetição de fórmulas
mágicas, de palavras fortes, dirigidas a Deus para obrigá-lo a atender às
nossas necessidades. A acolhida da oração por parte de Deus não depende da
repetição de palavras, mas sim da bondade de Deus que é Amor e Misericórdia.
Ele quer o nosso bem e conhece as nossas necessidades antes mesmo das nossas
preces.
* Mateus 6,9a: As
primeiras palavras: “Pai Nosso” Abbá,
Pai, é o nome que Jesus usa para dirigir-se a Deus. Revela a nova relação com
Deus que deve caracterizar a vida das comunidades (Gl 4,6; Rm 8,15). Dizemos
“Pai nosso” e não “Pai meu”. O adjetivo “nosso”
acentua a consciência de pertencermos todos à grande família humana de todas as
raças e credos. Rezar ao Pai e entrar na intimidade com ele, é também
colocar-se em sintonia com os gritos de todos os irmãos e irmãs pelo pão de
cada dia. É buscar o Reino de Deus em primeiro lugar. A experiência de Deus
como nosso Pai é o fundamento da fraternidade universal.
* Mateus 6,9b-10: Três
pedidos pela causa de Deus: o Nome, o Reino, a Vontade. Na primeira parte do
Pai-nosso, pedimos para que seja restaurado o nosso relacionamento com
Deus.
Santificar o Nome: O nome JAVÉ significa Estou
com você! Deus conosco. Neste NOME Deus se deu a conhecer (Ex
3,11-15). O Nome de Deus é santificado quando é usado com fé e não com magia;
quando é usado conforme o seu verdadeiro objetivo, i.é, não para a opressão,
mas sim para a libertação do povo e para a construção do Reino.
A Vinda do Reino: O único Dono e Rei da vida humana é
Deus (Is 45,21; 46,9). A vinda do Reino é a realização de todas as esperanças e
promessas. É a vida plena, a superação das frustrações sofridas com os reis e
os governos humanos. Este Reino acontecerá, quando a vontade de Deus for
plenamente realizada.
Fazer a Vontade: A vontade de Deus se expressa na
sua Lei. Que a sua vontade se faça assim na terra como no céu. No
céu, o sol e as estrelas obedecem às leis de suas órbitas e criam a ordem do
universo (Is 48,12-13). A observância da lei Deus será fonte de ordem e de
bem-estar para a vida humana.
* Mateus 6,11-13: Quatro
pedidos pela causa dos irmãos: Pão, Perdão, Vitória, Liberdade. Na segunda parte do
Pai-nosso pedimos para que seja restaurado o relacionamento entre as pessoas.
Os quatro pedidos mostram como devem ser transformadas as estruturas da
comunidade e da sociedade para que todos os filhos e filhas de Deus vivam com
igual dignidade.
Pão de cada dia: No êxodo, cada dia, o povo recebia
o maná no deserto (Ex 16,35). A Providência Divina passava pela organização
fraterna, pela partilha. Jesus nos convida para realizar um novo êxodo, uma
nova maneira de convivência fraterna que garante o pão para todos (Mt 6,34-44;
Jo 6,48-51).
Perdão das dívidas: Cada 50 anos, o Ano Jubilar
obrigava todos a perdoar as dívidas. Era um novo começo (Lv 25,8-55). Jesus
anuncia um novo Ano Jubilar, "um ano da graça da parte do Senhor" (Lc
4,19). O Evangelho quer recomeçar tudo de novo!
Não cair na Tentação: No êxodo, o povo foi tentado e caiu
(Dt 9,6-12). Murmurou e quis voltar atrás (Ex 16,3; 17,3). No novo êxodo, a
tentação será superada pela força que o povo recebe de Deus (1Cor
10,12-13).
Libertação do Maligno: O Maligno é o Satanás,
que afasta de Deus e é motivo de escândalo. Ele chegou a entrar em Pedro (Mt
16,23) e tentou Jesus no deserto. Jesus o venceu (Mt 4,1-11). Ele nos diz:
"Coragem! Eu venci o mundo!" (Jo 16,33).
* Mateus 6,14-15: Quem
não perdoa não será perdoado.
Rezando o Pai-nosso, pronunciamos a sentença que nos condena ou absolve.
Rezamos: “Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos
nossos devedores” (Mt 6,12). Oferecemos a Deus a medida do perdão que queremos.
Se perdoamos muito, Ele perdoará muito. Se perdoamos pouco, ele perdoará pouco.
Se não perdoamos, ele também não poderá perdoar.
Para um
confronto pessoal
1. Jesus falou "perdoai as nossas dívidas".
Em alguns países se traduz "perdoai as nossas ofensas". O
que é mais fácil: perdoar ofensas ou perdoar dívidas?
2. As nações cristãs do hemisfério norte (Europa e USA)
rezam todos os dias: “Perdoai as nossas dívidas assim como também nós
perdoamos aos nossos devedores”. Mas elas não perdoam a dívida externa dos
países pobres do Terceiro Mundo. Como explicar esta terrível contradição, fonte
de empobrecimento de milhões de pessoas?
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