Textos: Is 42, 1-4.6-7; At 10, 34-38; Mc 1,
7-11
Evangelho (Mc 1,7-11): João proclamava: «Depois de mim vem aquele que é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de, abaixando-me, desatar a correia de suas sandálias. Eu vos batizei com água. Ele vos batizará com o Espírito Santo». Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi batizado por João, no rio Jordão. Logo que saiu da água, viu o céu rasgar-se e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. E do céu veio uma voz: «Tu és o meu Filho amado; em ti está meu pleno agrado».
«Tu és o meu Filho
amado; em ti está meu pleno agrado»
Mons. Salvador CRISTAU i Coll Bispo Auxiliar de Terrassa (Barcelona,
Espanha)
Hoje,
solenidade do Batismo do Senhor, termina o ciclo de das festas de Natal. Diz o
Evangelho que João tinha se apresentado no deserto e «predicava um batismo de
conversão para o perdão dos pecados» (Mc 1,4). As pessoas iam escutá-lo,
confessavam seus pecados e se batizavam por ele no rio Jordão. E entre aquelas
pessoas se apresentou também Jesus para ser batizado.
Nas
festas de Natal vimos como Jesus se manifestava aos pastores e aos magos que,
chegando desde Oriente, o adoraram e lhe ofereceram seus dons. De fato, a vida
de Jesus ao mundo é para manifestar o amor de Deus que nos salva.
E
lá, no Jordão, aconteceu uma nova manifestação da divindade de Jesus: o céu se
abriu e ele Espírito Santo, em forma de uma pomba descendia em sua direção e se
ouviu a voz do Pai: «Tu és o meu Filho amado; em ti me comprazo.» (Mc 1,11). É
o Pai do céu neste caso e o Espírito Santo quem o manifesta. É Deus mesmo que
nos revela quem é Jesus, seu Filho amado.
Mas
não era uma revelação só para João e os judeus. Era também para nós. O mesmo
Jesus, o Filho amado do Pai, manifestado aos judeus no Jordão, se manifesta
continuamente a nós a cada dia. Na Igreja, na oração, nos irmãos, no Batismo
que recebemos e que nos fez filhos do mesmo Pai.
Preguntamos,
pois: —Reconheço sua presença, seu amor em minha vida? —Vivo uma verdadeira
relação de amor filial com Deus? Disse o Papa Francisco: «O que Deus quer do
homem é uma relação “pai-filho”, acaricie e diga: ‘Eu estou contigo’».
Também
a nós o Pai do céu, no meio de nossas lutas e dificuldades, nos diz: «Tu és o
meu Filho amado; em ti está meu pleno agrado».
“Tu és o meu Filho
bem-amado; em ti encontro o meu agrado”
Pe. Thomaz Hughes, SVD
S. Pedro Tomás. Patriarca de Constantinopla Bispo de nossa Ordem |
Nesse
Domingo, que comemora o batismo de Jesus, mais uma vez encontramos a figura do
Precursor, João Batista, que foi uma das principais personagens das liturgias
do Advento. Mas, na leitura de hoje, a
ênfase mesmo está na aceitação não somente do batismo de João, mas de quem
viria depois dele: literalmente “atrás de mim”.
A expressão, que denota a dignidade, como em um cortejo, põe toda a
importância na pessoa que vem – pois tirar as sandálias era serviço de um escravo. Jesus é o mais importante, pois com a vinda
dele inaugura-se o tempo de salvação, esperado naquele tempo por muitas pessoas
e grupos (como os Essênios) somente para o fim dos tempos.
Nesse
texto de Marcos, o interesse volta-se menos para o batismo de Jesus como tal, e
mais para a revelação divina que se lhe seguiu.
Sendo batizado por João, Jesus coloca-se dentro da humanidade caída, e
publicamente assume o compromisso com a vontade do Pai. A frase “viu os céus rasgarem-se e o Espírito
como uma pomba descer sobre si” enfatiza que Deus intervém para realizar as
suas promessas (cf. Is 63,19) através do envio do Espírito Santo. Descendo sobre Jesus, o Espírito o designa
como sendo o Salvador prometido e esperado.
A voz do Pai confirma que Ele reconhece Jesus, desde o início do seu ministério
público como seu Filho (cf. Sl 2,7), seu bem-amado, objeto da sua predileção.
Um
dos sentidos mais importantes do nosso batismo também é o nosso compromisso
público com a vontade do Pai. Todos nós
podemos sentir a veracidade da mesma frase usada pelo Pai diante de Jesus –
cada um (a) de nós também é verdadeiramente filho (a) do Pai Celeste (cf. I Jo
3,1), a quem aprouve escolher-nos. Nada
pode nos separar desse amor divino – nem a nossa fraqueza, nem o pecado (cf. Rm
8,39). O que é importante é reconhecer que Deus nos amou primeiro,
incondicionalmente, e cabe a nós responder a este amor gratuito por uma vida
digna de filhos e filhas do Pai, no seguimento de Jesus (cf. I Jo 4,
10-11). Jesus não achou privilégio ser o
amado do Pai, mas assumiu as consequências – uma vida de fidelidade, que o
levaria até a Cruz e a Ressurreição! (cf. Fl. 2,6-11) Celebrando essa festa
litúrgica, renovemos o compromisso do nosso batismo, comprometendo-nos com o
seguimento do Mestre, no esforço de criação do mundo que Deus quer, um mundo
onde reinam o amor, a justiça e a verdadeira paz. O nosso batismo confirma que somos parceiros
de Deus no ato permanente de criação, fazendo crescer o Reino dele, que “já
está no meio de nós” (cf. Mc 1,14).
Cristo
purificou no seu Batismo as águas, santificou-as e as fecundou, para que nessas águas nascêssemos como filhos da Igreja, santos e regenerados, pois estávamos
mortos pelo pecado.
Pe Antonio Rivero, L.C.
Celebramos
uma nova manifestação de Jesus no rio Jordão. Cristo é o novo Noé que se
submerge nesta água, que lembra as águas do dilúvio, para eliminar nelas os
nossos pecados; e, como Noé depois do dilúvio, também Ele recebe a pomba divina
que anuncia a paz e a salvação para os homens. E com este dia fechamos o ciclo
do Natal e abrimos o Tempo Ordinário que precederá à Quaresma.
Em
primeiro lugar, neste dia do Batismo, Jesus viu que os céus “se abriam”. Porque
os céus à raiz do pecado original estavam fechados para nós. Hoje se abrem para
indicar que em Cristo o céu se reconciliou com a terra, que já não existe senão
um só rebanho formado pelos anjos e pelos homens, e um só pastor de todos, que
as clausuradas portas do Paraíso se abriram para os pecadores arrependidos. Do
Menino recém-nascido passamos ao Profeta e Mestre que Deus nos enviou e que vai
começar a sua missão. E com o nosso batismo nos incorporamos também nós na sua
missão salvífica.
Em
segundo lugar, por que Cristo quis ser batizado? Não para ser purificado dos
seus pecados, Ele, que era a pureza original. Se Cristo desceu ao Jordão foi
para purificar as águas, para comunicar-lhes a sua própria pureza, de tal
maneira que daqui a adiante essas águas fossem capazes de purificar os homens
mediante o Batismo. O calor do corpo vivo de Cristo posto em contato com as
águas fez que estas fossem aptas para limpar não somente o exterior dos
corpos-que é a sua virtualidade natural-, mas também o mais recôndito das
almas, o pecado. Ao penetrar, pois, Jesus no Jordão, as águas deste rio, e a de
todos os rios, todas as águas do mundo, fizeram-se aptas para a ordem
sacramental. Já não seriam somente “águas da terra”, serão também “ondas de
Cristo”. O Cristo que se submerge no Jordão é o Cordeiro que carrega os pecados
e que tira os pecados. Por isso, o Batismo do Jordão antecipa em figura à Cruz,
que está no telão de fundo daquele episódio. A partir de hoje começa para
Cristo a rude ascensão ao Calvário. E já pregado na cruz, do seu lado brotou
sangue e água. O Batismo é fruto da Páscoa.
Finalmente,
desde este dia Cristo fecundou as águas, isto é, a água não só ficaria limpa,
mas que ademais disso se converteria no seio materno da Igreja feita fecunda.
Esposo e Esposa são, no Jordão, “uma só carne”. Cristo, no seu Batismo,
purificou, pois, a Igreja, mas para unir-se com Ele em esponsais. É, nada mais
e nada menos, o que diz São Paulo na sua epístola aos efésios: “Maridos, amai
vossas esposas, como Cristo amou sua Igreja e se entregou por ela para
santificá-la. Ele a purificou com o batismo da água e a palavra, porque quis
para si uma Igreja resplandecente, sem mancha e sem ruga e sem nenhum defeito,
mas santa e imaculada” (Ef 5, 25). O Batismo no Jordão é assim o banho
espiritual graças ao qual a Esposa-Igreja recebeu a última preparação antes de
ser apresentada ao Esposo. Desposando-se o Senhor com a Igreja no Jordão,
deixou na água o germe da sua fecundidade para fazer da água o seio da
Igreja-Esposa. Ao longo dos séculos, das águas do Batismo -seio virginal da Mãe
Igreja- incessantemente nascerão novos filhos, filhos de Deus.
Para
refletir:
Medito com frequência no
dom do meu batismo? A que altura chegou a mim a água batismal: já chegou até os
meus joelhos, até o coração, a cabeça? A água já levou todos os meus pecados?
Já renunciei Satanás, as suas obras e as suas pompas? Vivo como membro
comprometido da Igreja, filho consciente de Deus, irmão de Cristo, templo
aberto do Espírito?
Para
rezar: Obrigado, Senhor, pelo dom do Batismo.
Senhor, que eu viva ao que me comprometi no dia do Batismo: a ser santo e ser
missionário. Convosco quero, Senhor, escutar o meu nome e um chamado “Tu és o
meu filho” para que nunca faltem em vossa causa boas testemunhas que propõem a
vossa palavra, que pronunciem o vosso nome, que deem testemunho do vosso Reino,
que ofereçam o que são e o que têm, e Deus seja conhecido, amado e bendito nas
quatro direções do mundo.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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