sábado, 20 de janeiro de 2018

III Domingo do Tempo Comum

Textos: Jn 3, 1-5.10; 1 Cor 7, 29-31; Mc 1, 14-20

Evangelho (Mc 1,14-20): Depois que João foi preso, Jesus veio para a Galileia, proclamando a Boa Nova de Deus: «Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova». Caminhando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e o irmão Então disse-lhes: «Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens». E eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram. Prosseguindo um pouco adiante, viu também Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão, João, consertando as redes no barco. Imediatamente, Jesus os chamou. E eles, deixando o pai Zebedeu no barco com os empregados, puseram-se a seguir Jesus.

«Convertei-vos e crede na Boa Nova»

+ Rev. D. Lluís ROQUÉ i Roqué (Manresa, Barcelona, Espanha)

Hoje, a Igreja convida-nos a nos converter e, com Jesus nos diz: «Convertei-vos e crede na Boa Nova» Por tanto, devemos fazer o que nos diz Jesus Cristo, corrigindo e melhorando o que seja necessário.

Toda ação humana conecta com o desígnio eterno de Deus sobre nós e com a vocação a escutar Jesus, segui-lo em tudo e para tudo e, proclamá-lo tal como o fizeram os primeiros discípulos, tal como o fizeram e procuramos fazê-lo milhões de pessoas.

Agora é a oportunidade de encontrar a Deus em Jesus Cristo; agora é o momento de nossa vida que empalma com a eternidade feliz ou desgraçada; agora é o tempo que Deus nos oferece para encontrar-nos com Ele, viver como seus filhos e fazer que os acontecimentos diários tenham a carga divina que Jesus Cristo —com sua vida no tempo — lhes imprimiu.

Não podemos perder a oportunidade presente! Esta vida mais ou menos comprida no tempo, mas sempre curta, pois «a figura deste mundo passa» (1Cor 7,31). Depois, uma eternidade com Deus e com seus fiéis na vida e felicidade plenas, ou longe de Deus —com os infiéis—na vida e infelicidade totais.

Assim, as horas, os dias, os meses e os anos, não são para mal gastá-los, nem para aposentar-se e passá-los sem pena nem glória com um simples “vamos indo”. São para viver —aqui e agora— o que Jesus proclamou no Evangelho salvador: viver em Deus, amando-o todo e a todos. E, assim os que amaram —Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe; os santos; os que foram fiéis até o fim da vida terrenal— puderam escutar: «‘Parabéns, servo bom e fiel! (...): Vem participar da alegria do teu senhor!’» (Mt 25,23).

Convertamo-nos! Vale a pena! Amaremos, e seremos felizes desde agora.

Cristo chama uns quantos para que o ajudem, no corpo e na alma, na obra da salvação, às vinte quatro horas do dia, os sete dias da semana e os doze meses do ano.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Sta Inês, virgem e mártir
No domingo passado o Senhor fazia uma pergunta aos que o seguiam: “Quem buscais?”. Hoje lhes fala com um imperativo categórico e uma promessa: “segui-me e eu farei de vós pescadores de homens”. Deus chamou também Jonas e lhe deu uma missão: “Vai a Nínive e anuncia a mensagem que eu te indicarei” (primeira leitura). Missão que urge, pois a vida é curta (segunda leitura).

Em primeiro lugar, quem é o que os chama? Jesus, o Filho do Deus Vivo, o Messias, o Senhor, o Mestre, o bom Pastor, o Pão da vida, a Luz do mundo, o Caminho e a Verdade e a Vida. Jesus, o filho de Maria, a de Nazaré que lhe deu carne e batimento humano. Jesus, o grande Pescador de homens, lançado neste mar da vida para salvar dos dentes dos tubarões o que pronunciar o seu nome e o aceitar como único Redentor, subindo na cabotagem da sua Igreja, cujos primeiros remadores são estes discípulos de Galileia. Sim, é Jesus de Nazaré quem os escolhe; esse Jesus pobre, austero, livre, confiante na Providência divina. Não lhes promete coisas nem dinheiro, pois o dinheiro em mãos dos consagrados pode ser perigoso, criar dependência humana, rebaixar a dependência divina, corromper a austeridade de vida. E se não, que fale a história de algumas ordens religiosas: a sua corrupção ou relaxamento sempre por causa da sua riqueza. Muito melhor livres, sozinhos, distintos e distantes. E se não, que fale Jesus por nós.

Em segundo lugar, e quem chama? Não filósofos, nem sábios, nem arquitetos, nem sumos sacerdotes ou escribas. Não. Chama pobres pescadores. Não eram mendigos, mas sim trabalhadores; iam à sinagoga nos sábados, mas não pisaram a escola nos dias da sua vida; não tinham gota de sangue azul nas suas artérias nem um centavo no bolso nem outro horizonte de vida que os montes, os ventos e as ondas do seu lago natal. Eram proletários, esses que parecem agradar a Deus e temos que tomar em consideração a quantidade desses que Ele elege! Dessa pedreira Cristo tirou uns apóstolos que deram a sua vida por Ele. Arquimedes disse três séculos antes de Jesus: “dá-me um ponto de apoio e eu moverei a terra”. E a alavanca não funcionou. Jesus disse: “dá-me doze simples pescadores e mudarei o mundo”. Foi êxito seguro. Pescadores com barcos e quilhas bem chacoalhadas, as suas redes remendadas, as suas cheias de calos, o seu coração no ar e dependendo da providência. Chamou esses com amor e livremente.  

Finalmente, por que e para que os chama? O porquê está bem claro: porque os amou antes da nossa criação, não pelos seus méritos, que não tinham; e sim muitos deméritos para que não os escolhesse. E para que, bem diz a famosa canção de Cesáreo Gabarain: “Lá na praia eu larguei o meu barco, junto a Ti buscarei outro mar”. Para isso, nada mais e nada menos para isso: lançar-se ao mar no mesmo barco de Jesus para pescar muitos peixes e assim não ser devorados pelos tubarões das ideologias da moda e das falácias do mundo, e atrai-los para o mar de Jesus; pois são peixes que o sangue redentor de Cristo ganhou e limpou e formou no esplêndido cardume. Um mar amplo e espaçoso onde terá abundantes peixes de todos os tamanhos e cores: peixes miúdos e grandes; peixes esquálidos e saudáveis; peixes que estão no barco da educação, dos hospitais, dos asilos de anciãos, e em todas as periferias existenciais. Mas também um mar que terá-como tudo na vida-as suas ondas fortes, os seus momentos de calma. Um mar, onde por momentos soprarão os ventos das monções e dos mormaços que parecem que vão nos asfixiar, mas também ventos alísios que nos adormecem na mediocridade; e os glaciares, os que buscarão nos congelar. Um mar cheio de desafios e de piratas e de sereias. Porém, um mar onde Jesus guia o barco e está no timão. O que temer, quem temer? Por isso, quem é escolhido por Cristo como pescador de homens deve rezar todos os dias a oração de santo Inácio de Loiola: “Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade, a minha memória, o meu entendimento; tudo o que sou e possuo. Vós me destes tudo, a Vós, Senhor, devolvo tudo. Tudo é vosso, disponde de mim como quiserdes. Dai-me o vosso amor e a vossa graça e isto me basta…”.   

Para refletir: se fui eleito pelo Senhor para ser pescador de homens, estou feliz e agradecido com Ele? Deixei Cristo no timão do meu barco? Lanço as redes com toda a minha arte e com a confiança posta no Senhor que vai dentro do meu barco? Prefiro ir a alto mar ou fico na margem do medo e da preguiça?

Para rezar: Senhor, obrigado por ter me escolhido. Limpai as minhas redes. Restaurai os meus remos. Tomai o timão do meu barco. Convosco, estou feliz. Se me derdes abundantes peixes, estou feliz. Se quiserdes que experimente a esterilidade, também estarei feliz. Com tal de ir contigo, o que mais me importa? Contente, Senhor, contente, como santo Alberto Hurtado.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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