Textos:
Is 40, 1-5.9-11; 2 Pe 3, 8-14; Mc 1, 1-8
Evangelho
(Mc 1,1-8): Início do Evangelho de Jesus
Cristo, Filho de Deus. Está escrito no profeta Isaías: «Eis que envio à tua
frente o meu mensageiro, e ele preparará teu caminho. Voz de quem clama no
deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para ele». Assim veio João, batizando no deserto e
pregando um batismo de conversão, para o perdão dos pecados. A Judéia inteira e
todos os habitantes de Jerusalém saíam ao seu encontro, e eram batizados no rio
Jordão, confessando os seus pecados. João
se vestia de pêlos de camelo, usava um cinto de couro à cintura e alimentava-se
de gafanhotos e mel silvestre. Ele proclamava: «Depois de mim vem aquele que é
mais forte do que eu. Eu nem sou digno de, abaixando-me, desatar a correia de
suas sandálias. Eu vos batizei com água. Ele vos batizará com o Espírito
Santo».
«Assim veio João,
batizando no deserto e pregando um batismo de conversão»
Fr. Faust BAILO (Toronto, Canadá)
Hoje,
quando se levanta o pano do drama divino, podemos ouvir logo a voz de alguém
que proclama: «Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para ele»
(Mc 1,3). Hoje, encontramo-nos perante um João Batista que prepara o cenário
para a chegada de Jesus.
Alguns
julgavam que João era o verdadeiro Messias. Pois falava como os antigos
profetas, dizendo que o homem deve sair do pecado para fugir do castigo e
voltar a Deus a fim de encontrar a sua misericórdia. Mas esta é uma mensagem
para todos os tempos e para todos os lugares, e João proclamava-a com urgência.
Assim, aconteceu que um caudal de gente, de Jerusalém e de toda a Judeia,
inundou o deserto de João para ouvir a sua pregação.
Como
é que João atrai tantos homens e mulheres? Certamente denunciava Herodes e os
líderes religiosos, um ato de valor que fascinava as pessoas do povo. Mas, ao
mesmo tempo, não se poupava em palavras fortes para todos eles: porque eles
também eram pecadores e deviam arrepender-se. E, ao confessarem os seus
pecados, batizava-os no rio Jordão. Por isso, João Batista os fascinava, porque
entendiam a mensagem do autêntico arrependimento que lhes queria transmitir. Um
arrependimento que era algo mais que uma confissão do pecado — em si, um grande
passo em frente e de fato muito bonito! Mas, também, um arrependimento baseado
na crença de que apenas Deus pode, ao mesmo tempo, perdoar e apagar, cancelar a
dívida e varrer os restos do meu espírito, retificar os meus caminhos morais,
tão desonestos.
«Não
desaproveiteis este tempo de misericórdia oferecido por Deus», diz São Gregório
Magno. —Não estraguemos este momento apto para impregnar-nos deste amor
purificador que se nos oferece, podemos agora dizer que o tempo de Advento
começa agora, entre nós, a abrir-se caminho.
Estamos
preparados, durante este advento, para direcionar os nossos caminhos a nosso
Senhor? Posso converter este tempo num tempo para uma conversão mais autêntica,
mais penetrante na minha vida? João pedia sinceridade – sinceridade comigo
próprio- ao mesmo tempo que abandono na misericórdia Divina. Ao fazê-lo,
ajudava o povo a viver para Deus, a compreender que viver é a forma de lutar
para abrir os caminhos da virtude e deixar que a graça de Deus vivifique o
espírito com a sua alegria.
“Arrependei-vos, fazei
penitencia e preparai os caminhos para o Senhor”.
Pe. Antonio Rivero, L.C
Sta Joana Francisca de Chantal, viúva |
João
Batista é exemplo do que ele prega a todos nós e a toda a Igreja:
“arrependei-vos, fazei penitencia e preparai os caminhos para o Senhor”.
No
domingo passado Deus nos pedia para estar alertas e vigiar. Hoje através do
profeta Isaias (1 leitura) e João Batista nos urge a preparar o caminho do
nosso coração para receber Cristo (evangelho). Isto supõe uma luta contra o
pecado e um imenso trabalho pela santidade para levar uma vida sem mancha nem
censura (2ª leitura). São João Batista, ao falar assim tão forte e convicto,
sacudiu as colunas da religião e os corações dos homens, e os nossos corações.
Então, os homens e mulheres abriram para ele as contas correntes das suas
vidas- e nós? Os sacerdotes de Jerusalém
lhe abriram um expediente- também nós, o rei Herodes lhe abriu as portas da
masmorra de Maqueronte e, a pedido de uma corista, cortou a cabeça de João para
não escutar esses gritos ensurdecedores, tomara que nós nunca! Caiu eliminado
como um profeta
Em
primeiro lugar, não podemos negar que este São João Batista, que em cada ano
vem ao nosso encontro no Advento, é um “sujeito esquisito” aos olhos deste mundo
cheio de prazeres, consumista, que se interessa só com esta vida e é
ambiciosamente competitivo. Vestia áspero como um camelo, comia gafanhotos na
grelha do sol e mel silvestre, bebia agua do rio, vivia solteiro conventual e
amanhecia do mesmo jeito que quando chegava o anoitecer: rosto por terra e em
oração. Ele era radical. E durante o dia, era gritar para preparar os caminhos
do Senhor. Sim, os caminhos da consciência, para livrá-la de tanta fuligem
acumulada pelo pecado. Sim, os caminhos da mente, para que se abra aos
critérios de Deus, e não ande por aí destilando ideias liberais e opostas à sua
Palavra salvadora no campo da moral familiar, sexual e doutrinal que raspa à
ambiguidade, quando não à heresia. Sim, os caminhos da afetividade, para que essa
força poderosa que temos ame Deus sobre todas as coisas e o próximo, por cima
do egoísmo, dos apegos e das túrbidas ovações pessoais. Sim, os caminhos da
vontade, para que sempre escolha na liberdade e no amor o que Deus pede para a
nossa felicidade temporal e para a nossa salvação eterna, embora exija
sacrifício, renúncia e meter freio no capricho e na inconstância. Obrigado,
João Batista, por nos lembrar disto neste tempo do Advento, embora a sua voz
nos incomode e atordoe!
Em
segundo lugar, embora este João Batista seja, num certo sentido, um “sujeito
esquisito”, aos olhos de Cristo, porém, é amigo do Esposo e um grande profeta
porque durante a sua curta vida só falou das três coisas que preocupam os
homens e as mulheres de todos os séculos, raças, culturas, religiões,
continentes: primeiro, que somos maus; segundo, que temos que ser bons; e
terceiro, que devemos nos reconciliar com Deus. Pouca coisa! Os leigos, os
padres, os bispos e o Papa, pregamos estas verdades? Três verdades: pecado,
arrependimento e reconciliação. João Batista atirava a flecha nessas três
dianas. O tiro certeiro da sua flecha chegou a todos?
Finalmente,
se hoje voltasse este João Batista com esses cabelos, essa palavra afiada e
essa vida, não seria anacrônico? Seria bem recebido, quando não lhe interessa o
dinheiro, nem o bem-estar nem a comodidade nem o prazer nem…? Não tenho a menor
dúvida de que, se hoje voltasse e fundasse cátedra de espartano nas margens de
qualquer rio de um lugar perdido por aí ou num arranha-céus americano… Seria um
eletroímã: todos iriam onde ele estivesse. Porque vendo bem as coisas, se os
homens de hoje buscam algo, é a autenticidade e ele foi bem autentico; bravura,
ele foi bravo; toque divino, ele era um tocado de Deus; visionário de
transcendências divinas, ele era um visionário. Ou talvez eu esteja errado.
Para
refletir:
Reconheço que sou
pecador? Estou arrependido dos meus pecados de pensamento, de palavra, de obra,
de omissão…da minha infância, adolescência, juventude, idade madura e
velhice…dos meus pecados ocultos e desconhecidos? Irei neste Advento ao sacramento
da reconciliação para encontrar-me com esse Padre cheio de misericórdia e
ternura para que me perdoe, me purifique e assim poder chegar menos
indignamente preparado para o santo Natal?
Para
rezar: Senhor, reconheço a vossa infinita
misericórdia. Senhor, reconheço os meus imensos pecados e vos peço que me
perdoeis através do vosso ministro sagrado, empapando-me com o sangue do vosso
Filho Jesus Cristo. Só assim, terei os meus caminhos preparados para quando
vierdes neste Natal e possa eu abrir-vos a minha porta e possais Vós cear
comigo e eu convosco.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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