Textos: Eclo 3, 3-7.14-17; Col 3, 12-21; Lc
2, 20-40
Evangelho
(Lc 2,22-40): E quando se completaram os
dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram o menino a Jerusalém para
apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: «Todo
primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor». Para tanto, deviam
oferecer em sacrifício um par de rolas ou dois pombinhos, como está escrito na
Lei do Senhor. Ora, em Jerusalém vivia um homem piedoso e justo, chamado Simeão,
que esperava a consolação de Israel. O Espírito do Senhor estava com ele. Pelo
próprio Espírito Santo, ele teve uma revelação divina de que não morreria sem
ver o Ungido do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo. Quando os pais
levaram o menino Jesus ao templo para cumprirem as disposições da Lei, Simeão
tomou-o nos braços e louvou a Deus, dizendo: «Agora, Senhor, segundo a tua
promessa, deixas teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua salvação,
que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória
de Israel, teu povo». O pai e a mãe ficavam admirados com aquilo que diziam do
menino. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe: «Este menino será causa de
queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição
— e a ti, uma espada traspassará tua alma! — e assim serão revelados os
pensamentos de muitos corações». Havia
também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela era
de idade avançada. Quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o
marido. Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não
saía do templo; dia e noite servia a Deus com jejuns e orações. Naquela hora,
Ana chegou e se pôs a louvar Deus e a falar do menino a todos os que esperavam
a libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo conforme a Lei do Senhor,
eles voltaram para Nazaré, sua cidade, na Galileia. O menino foi crescendo,
ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com ele.
«Levaram o menino a
Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor»
Rev. D. Joan Ant. MATEO i García (La Fuliola, Lleida,
Espanha)
Hoje,
celebramos a festa da Sagrada Família. O nosso olhar vira-se para o centro de
Belém —Jesus— para contemplar perto Dele a Maria e a José. O filho eterno do
Pai passa da família eterna, que é a Santíssima Trindade, à família terrena
formada por Maria e José. Como deve ser importante a família aos olhos de Deus
quando a primeira coisa que procura para o seu Filho é uma família!
João
Paulo II, na sua Carta apostólica O Rosário da Virgem Maria, voltou a destacar
a importância capital que tem a família como fundamento da Igreja e da
sociedade humana e pediu-nos que rezássemos pela família e que rezássemos em
família o Santo Rosário para revitalizarmos essa instituição. Se a família
estiver bem, a sociedade e a Igreja estarão bem.
O
Evangelho de hoje diz-nos que o Menino crescia e se fortalecia, enchendo-se de
sabedoria. Jesus encontrou o calor de uma família que se ia construindo através
das suas reciprocas relações de amor. Que bonito e proveitoso seria se nos
esforçássemos mais e mais por construir a nossa família: com espírito de
serviço e de oração, com amor mutuo, com uma grande capacidade de compreender e
de perdoar. Gostaríamos —como na casa de Nazaré — o céu e a terra! Construir a
família é hoje uma das tarefas mais urgentes. Os pais, como recordava o
Concilio Vaticano II, tem aí um papel insubstituível: «É dever dos pais criar
um ambiente de família animado pelo amor e pela piedade para com Deus e para
com os homens, e que favoreça uma educação integra a nível pessoal e social dos
seus filhos». Na família aprende-se o mais importante: a ser pessoas.
Por
fim, falar de família para os cristãos é falar da Igreja. O Evangelista S.
Lucas diz-nos que os pais de Jesus o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao
Senhor. Aquela oferenda era a figura da oferenda sacrificial de Jesus ao Pai,
fruto da qual nascemos cristãos. Considerar esta gozosa realidade nos abrirá a
uma maior fraternidade e nos levará a amar mais a Igreja.
A Sagrada Família de
Nazaré é modelo, alento e força para todas as nossas famílias.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Esta
festa é recente e foi estabelecida faz pouco mais de um século pelo papa Leão
XIII para dar às famílias cristas um modelo evangélico de vida, virtudes
domesticas e de união no amor, para que depois das provas desta vida possam
gozar no céu da eterna companhia de Deus e da Sagrada Família de Nazaré.
Em
primeiro lugar, todos nós sabemos dos grandes perigos que hoje sofrem algumas
das nossas famílias, que colocou em evidencia o sínodo extraordinário da
família em outubro de 2014: famílias fragmentadas, feridas, quebradas, em
necessidades de pobreza, de miséria e de angustia. Dificuldades internas e
externas. Preocupações de tipo laboral e econômico; visões distintas na
educação dos filhos, provenientes de diferentes modelos educativos dos pais; os
reduzidos tempos para o diálogo e o descanso. A tudo isto se junta fatores
disgregados como a separação e o divórcio, e o preocupante crescimento da
prática abortiva. O mesmo egoísmo pode levar à falsa visão de considerar os
filhos como objetos de propriedade dos pais, que podem ser fabricados segundo
os seus desejos. Violência, abusos, álcool, drogas, pornografia e outras formas
de dependência sexual. E também essas situações pastorais difíceis: as uniões
livres ou em segundas núpcias sem ter recebido o sacramento do matrimonio. O
que fazer diante destes desafios?
Em
segundo lugar, hoje temos que olhar o modelo da Sagrada Família para que nos
digam o segredo para formar uma família ideal e possamos lançar luz nestes
desafios. Quando Paulo VI esteve em Nazaré tirou umas anotações ou lições da
Sagrada Família de Nazaré, a modo de fotografia. “Primeiro, lição de silêncio.
Renasça em nós a valorização do silêncio, desta estupenda e indispensável
condição do espírito; em nós, atordoados por tantos ruídos, tantos estrépitos,
tantas vozes da nossa ruidosa e hipersensibilizada vida moderna. Silêncio de
Nazaré, ensinai-nos o recolhimento, a interioridade, a aptidão de prestar
atenção às boas inspirações e palavras dos verdadeiros mestres; ensinai-nos a
necessidade e o valor da preparação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e
interior, da oração que Deus só vê secretamente. Segundo, a lição da vida
doméstica. Que Nazaré nos ensine o que é a família; a sua comunhão de amor, a
sua simples e austera beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; ensine quão
doce insubstituível é a sua pedagogia; ensine quão fundamental e insuperável a
sua sociologia. E terceiro, lição de trabalho. Ó Nazaré, ó casa do “Filho do
Carpinteiro”, como queríamos compreender e celebrar aqui a lei severa, e
redentora da fatiga humana; recompor aqui a consciência da dignidade do
trabalho; recordar aqui como o trabalho não pode ser fim em si mesmo e como,
quanto mais livre e alto for, tanto serão, ademais do valor econômico, os
valores que tem como fim; saudar aqui os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes
o seu grande colega, o seu irmão divino, o Profeta de toda justiça para eles,
Jesus Cristo Nosso Senhor!”. (Homilia de Paulo VI, 5 de janeiro de 1964 em
Nazaré).
Finalmente,
devemos voltar uma e outra vez ao plano originário de Deus para a família. É
verdade que Deus começou o seu plano arrancando Abraão do seio da sua família,
mas ao mesmo tempo lhe fez a promessas de um descendente, de um herdeiro,
Cristo, ao redor do qual se formaria a família perfeita. E quando com braço
poderoso tirou os judeus do Egito fez isso para constitui-los em povo, em
família de Deus. Seguindo a mesma linha, Deus constituiu depois a Igreja- novo
Israel- ao modo de uma família, com um Pai comum. Somos todos da família de
Jesus. E nesta família perfeita está o pai, a mãe e os filhos. São Paulo na
segunda leitura de hoje nos dá a clave para edificar esta família de Jesus com
um único alicerce: o amor mútuo, feito humildade, afabilidade, paciência,
perdão, paz, gratidão, oração, respeito, obediência. O pai é a cabeça, a mãe é
o coração e os filhos são a coroa desses pais.
Para
refletir:
O que é que mais
impressiona da Sagrada Família de Nazaré? O que é que com mais urgência as
nossas famílias deveriam aprender da Sagrada Família de Jesus, José e Maria?
Como deveria se comportar a Igreja com essas famílias que estão passando por
graves dificuldades?
Para
rezar: Sagrada Família de Nazaré: ensinai-nos
o recolhimento, a interioridade; dai-nos a disposição para escutar as boas
inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensinai-nos a necessidade do
trabalho de reparação, do estudo, da vida interior pessoal, da oração, que só
Deus vê no segredo; ensinai-nos o que é a família, a sua comunhão de amor, a
sua beleza simples e austera, o seu caráter sagrado e inviolável. Amém.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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