Textos: Isaias 25, 6-10; Filipenses 4,
12-14.19-20; Mateus 22, 1-14
Sta Teresa de Jesus, Virgem de nossa Ordem Doutora da Igreja |
«Ide às encruzilhadas
dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes»
P. Júlio César RAMOS González SDB (Mendoza, Argentina)
Hoje, Jesus
nos mostra o rei (o Pai), convidando —por meio de seus “servos” (os profetas),
ao banquete da aliança de seu Filho com a humanidade (a salvação). O fez
primeiro com Israel, «mas estes não quiseram vir» (Mt 22,3). Diante da negação,
o Pai não deixa de insistir: «Já preparei o banquete, (...) e tudo está pronto.
Vinde para a festa!» (v.4). Mas esse desdém, de escárnio e morte de seus
servos, suscita o envio das tropas, a morte daqueles homicidas e a queima da “sua”
cidade (cf. Mt 22,6-7): Jerusalém.
Assim, por
outros “servos”, (apóstolos) — enviados a irem pelas «encruzilhadas dos
caminhos» (Mt 22,9). «Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações e
batizai-os...» dirá mais tarde o Senhor Jesus em Mt 28,19 é que fomos
convidados, o resto da humanidade, quer dizer, «todos os que encontraram, maus
e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados» (Mt 22,10): A Igreja.
Mesmo assim, a questão, não é somente estar na sala do casamento pelo convite,
mas tem a ver também, e muito, com a dignidade que se tem («traje de festa» cf.
v. 12). São Jerônimo comentou ao respeito: «Os trajes da festa são preceitos do
Senhor e as obras cumpridas segundo a Lei e o Evangelho que são as vestiduras
do homem novo». Ou seja, as obras da caridade devem ser acompanhadas pela fé.
Sabemos que a
Mãe Tereza, todas as noites, saía às ruas de Calcutá a recolher moribundos para
dar-lhes, com amor, uma boa morte: limpos, bem vestidos e, se era possível,
batizados. Certa vez comentou: «Não tenho medo de morrer, porque quando esteja
diante do Pai, haverá tantos pobres que lhe entreguei com os trajes de casamento
que saberão defender-me.» Bem-aventurada ela! Aprendamos, nós, a lição.
“Vinde todos à boda, mas
com o traje de gala, porque quero entrar em amizade, diálogo e intimidade
convosco! - Levamos a sério os convites de Deus?”
Pe. Antonio Rivero L. C.
Canonização dos Santos Protomártires do Brasil |
A parábola
deste domingo põe em cena um rei que festeja com grandioso convite as bodas do
seu filho (evangelho), símbolo da Encarnação do Verbo, o Filho eterno do Pai,
graças à qual a natureza divina se desposou com a natureza humana para entrar
em amizade, diálogo e intimidade conosco. Deus fez dois convites ao povo eleito
de Israel. Mas não aceitou, preocupado só com os assuntos materiais. Com pena e
humilhado, Deus chama outros, os pobres e marginalizados dos banquetes
oficiais, mas lhes pede o traje de gala. E pensar que Deus tinha preparado
pratos suculentos e vinhos excelentes (1a leitura). Pratos que depois devemos
compartilhar com os necessitados (2a leitura).
Em primeiro
lugar, Jesus ficava encantado quando comia com as pessoas. Por isso, ia aos
banquetes. Por isso não é estranho para nós que Ele compara o Reino a um Rei
que preparou um banquete ao que convida todos. Os insistentes convites do rei
no evangelho de hoje através dos seus emissários, que não são outros que os
profetas, encontram os seus destinatários indiferentes, desprezando a honra que
Ele lhes tinha feito, preocupados só pelos assuntos materiais: negócios e mais
negócios. Por terem sido cuidadosamente eleitos pelo rei como comensais da
festa de bodas, se percebe que eram de um certo grau, que aos olhos do rei
tinham um certo privilégio, o que também agrava notavelmente o seu
comportamento, que chega ao ultraje e à mesma morte dos porta-vozes reais que
levam os convites. Que ofensa e que humilhação infligidas ao rei! Desculpas sem
peso que podiam ser feitas noutro dia: “o meu campo me espera…o meu negócio”.
Até pegaram e mataram os que levavam os convites do Rei. Assim se explica o
motivo de porquê na parábola não se considera exagerada a reação do monarca, o
qual ordena que as suas tropas façam justiça aos assassinos e incendeiem a sua
cidade, quase como para apagar da face da terra toda a lembrança de tão
horrível episódio.
Em segundo
lugar, apliquemos a nós esta parábola a Deus. Como se pode considerar
diversamente o desprezo dos bens divinos por parte de alguns de nós, a rejeição
de um Deus que oferece a sua própria vida ao homem? Por que alguns não
participam da missa, por que não se confessam, por que não leem a Bíblia? Veem
à minha memória aquelas severas palavras de são Paulo: “Não façais ilusões, com
Deus não se brinca” (Gal 6, 7). Não se pode desdenhar impunemente os dons de
Deus, e ainda menos pretender que Deus renuncie o seu plano de salvação
universal, opondo-lhe um muro de incompreensão e superficialidade. Excluir-se
deste plano indica só o fracasso do homem e não de Deus. É isso o que quer
dizer a parábola quando mostra o rei que envia os seus servos às ruas para
juntar quantos encontrar, “bons e maus”, e assim encher a sala do banquete,
substituindo os “indignos”. Ninguém pode impedir a festa de Deus. O nosso
esquecimento ou a nossa indiferença não podem fazer que Deus não exista, nem
impedir que realize, inclusive sem nós, o seu plano de salvação.
Finalmente,
agora bem, nesse banquete devemos entrar com traje de gala, isto é, com a graça
santificante, que no Apocalipse se descreve como “vestido de linho das obras
justas dos santos” (19, 8). É preciso ter a túnica branca da pureza, a coroa de
palmeira ou a oliva da caridade, e as sandálias e os pés limpos após a fadiga e
a luta. Segundo o protocolo oriental, o rei não participava no banquete, porém
num certo momento entrava na sala para receber o obséquio e o agradecimento dos
convidados. No Oriente, desde os tempos remotos do rei Hamurabi (s. XVIII
a.C.), os reis acostumavam presentear aos seus hóspedes vestidos idôneos para a
solenidade das suas audiências ou para o privilégio do comparecimento diante
deles. O homem da parábola que não tinha vestido de festa foi porque não quis
prover-se do traje –que estava na entrada do palácio-, o que indica uma falta
de respeito não menos grave que a daqueles que rejeitaram o convite do Rei.
Também foi expulso à geena eterna, o inferno. Nenhuma interpretação poderá
negar que Cristo ameaçou com este castigo irreparável quem faz vãos os dons de
Deus, rejeitando a sua graça. Porém, não nos esqueçamos de que também esta
terrível parábola precede às três parábolas da misericórdia, já que Deus ameaça
com a intenção de perdoar e nos corrigir.
Para refletir: Levamos a sério os convites de Deus ou
fazemos ouvidos surdos e preferimos os nossos negócios? Temos sempre o traje de
gala da graça de Deus na nossa alma cada vez que nos relacionamos com Deus na
oração ou comungamos na Eucaristia? Somos agradecidos com Deus por tanto amor e
por nos convidar ao Banquete da missa cada domingo? Se participamos do banquete
do Rei, depois levamos algo e convidamos os nossos irmãos ou comemos tudo
sozinhos no cantinho de nosso egoísmo?
Para rezar: Obrigado, Senhor, por tantos banquetes
que a diário me servis. Perdoai-me que algumas vezes despreciei esses
banquetes, por preferir meus negócios. Ajudai-me a não sujar nunca meu vestido
de gala, ou seja, a graça santificante que tenho desde o batismo. Que saiba
compartilhar com meus irmãos esses presentes que vos me dais gratuitamente.
Qualquer sugestão ou
dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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