Textos: Isaias 5, 1-7; Filipenses 4, 6-9;
Mateus 21, 33-43
Evangelho (Mt
21,33-43): «Escutai esta outra parábola:
Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, cavou nela um
lagar para pisar as uvas e construiu uma torre de guarda. Ele a alugou a uns
agricultores e viajou para o estrangeiro. Quando chegou o tempo da colheita,
ele mandou os seus servos aos agricultores para receber seus frutos. Os
agricultores, porém, agarraram os servos, espancaram a um, mataram a outro, e a
outro apedrejaram. Ele ainda mandou outros servos, em maior número que os primeiros.
Mas eles os trataram do mesmo modo. Por fim, enviou-lhes o próprio filho,
pensando: ‘A meu filho respeitarão’. Os agricultores, porém, ao verem o filho,
disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e tomemos posse de sua
herança!’. Então o agarraram, lançaram-no fora da vinha e o mataram. Pois bem,
quando o dono da vinha voltar, que fará com esses agricultores?». Eles
responderam: «Dará triste fim a esses criminosos e arrendará a vinha a outros
agricultores, que lhe entregarão os frutos no tempo certo». Então, Jesus lhes
disse: «Nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram,
esta é que se tornou a pedra angular. Isto foi feito pelo Senhor, e é admirável
aos nossos olhos’? Por isso vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e
entregue a um povo que produza frutos».
«Por fim, enviou-lhes o
próprio filho, pensando: ‘A meu filho respeitarão’»
P. Jorge LORING SJ (Cádiz, Espanha)
Hoje
contemplamos o mistério da recusa de Deus em geral, e de Cristo em particular.
Surpreender-nos a reiterada resistência dos homens perante o amor de Deus.
Mas a
parábola de hoje refere-se mais especificamente à recusa dos judeus para com
Cristo: «Por fim, enviou-lhes o próprio filho, pensando: ‘A meu filho
respeitarão’. Os agricultores, porém, ao verem o filho, disseram entre si:
‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e tomemos posse de sua herança! ’. Então o
agarraram, lançaram-no fora da vinha e o mataram» (Mt 21,37-39). Não é fácil
entender isto: porque Cristo veio para redimir o mundo inteiro, e os judeus
esperam o seu “messias” particular que lhes dê, a eles, o domínio de todo o
mundo…
Quando estive
na Terra Santa deram-me um prospeto turístico de Israel sobre o local onde
estão os judeus mais famosos da história: desde Moisés, Gedeon e Josué até Bem
Gurión, que foi o realizador do Estado de Israel. Mas, pelo contrário, nesse
prospeto não está Jesus Cristo. E Jesus foi o judeu mais conhecido da história:
hoje em dia conhecem-no no mundo inteiro, e há mais de dois mil anos que
morreu…
As grandes
personagens, ao cabo do tempo, são admiradas, mas não são amadas. Hoje em dia
ninguém ama Cervantes ou Miguel Ângelo. Pelo contrário, Jesus é o mais amado de
toda a história. Homens e mulheres dão a vida pelo Seu amor. Uns de repente no
martírio, outros “gota a gota”, vivendo apenas para Ele. São milhares e
milhares no mundo inteiro.
E Jesus é
quem mais influenciou a história. Valores que hoje são aceites em todos os
lugares, têm origem cristã. Não apenas isto, mas podemos constatar que existe hoje
uma aproximação a Jesus Cristo, também por parte dos judeus (“nossos irmãos
mais velhos na fé”, como dissera João Paulo II). Peçamos a Deus,
particularmente pela conversão dos judeus, pois este povo, de grandes valores,
convertido ao catolicismo, pode trazer em grande benefício a toda a humanidade.
“Tudo depende se estou
ou não unido a Cristo…”
Pe. Antonio Rivero L.C.
A vinha é uma
imagem privilegiada para designar o povo da antiga aliança (Israel) e o povo da
Nova Aliança (Igreja); por isso é o símbolo eloquente da inteira história da
salvação. A primeira leitura, o salmo e o evangelho de hoje estão cheios de
alusões à vinha. A parábola de hoje é outra parábola muito intencionada, a dos
trabalhadores da vinha que não somente não entregam ao dono os benefícios que
lhe competem, mas que maltratam e batem nos seus enviados e matam o filho, para
ficar com a vinha e os seus frutos.
Em primeiro lugar,
existem duas maneiras de ler esta parábola da vinha: uma em clave histórica ou
narrativa, e uma em clave atual. Historicamente, a vinha é o povo hebraico.
Deus elegeu livremente este povo, libertou-o do Egito com mão forte e o
transplantou com carinho na terra prometida como se transplanta uma vinha. Aqui
o encheu de cuidados e de mimos, como faz o vinhateiro com a sua vinha, ou
melhor, como faz o esposo com a sua esposa. Cercou-a, defendeu-a dos seus
inimigos e das raposas. Mas o que aconteceu? A vinha, em lugar de uva, produziu
uvas selvagens. Em lugar de produzir obras de justiça e fidelidade, se rebelou
e pagou a Deus com traições, desobediências e infidelidade. Curioso: não se
rebelou a vinha, mas os vinhateiros. O que fará Deus? Isaias fala da destruição
da vinha (queda de Jerusalém e exílio). Jesus diz que essa vinha será dada a
outro destinatário, à Igreja ou o novo Povo de Deus. Deus é livre.
Em segundo
lugar, nós somos esse novo Povo de Deus a quem Jesus nos confiou esta vinha que
é sua, a Igreja. A situação mudou com Cristo. Agora Ele é a Vinha verdadeira e
nós, os sarmentos. Só nos pede permanecer Nele pela oração e pelos sacramentos
para dar muito fruto. Deus não repudiará mais a vinha que é a Igreja, porque
esta vinha é Cristo; a Igreja é o corpo de Cristo. Não haverá um terceiro
“Israel de Deus” depois do povo hebraico e do povo cristão. Mas se a vinha está
segura pelo amor do Pai, não acontece o mesmo com os sarmentos individuais. Se
não dão fruto, podem ser afastados e jogados fora. É o nosso risco, dos
cristãos de hoje, como indivíduos e como grupo.
Finalmente,
se aplicarmos a mensagem a cada um particular, as consequências são bem sérias.
Deus nos deu tudo. Plantou-nos na Igreja, enxertou-nos em Cristo, nos podou e
nos alimentou. Portanto, tem todo o direito de pedir os frutos. O que
encontrará? Só folhas? Ou pior, só galhos secos? A Eucaristia nos oferece a
possiblidade de reativar o nosso batismo em nós e também a circulação daquela
seiva que provem da Vinha. Se não dermos frutos, já sabemos o triste desenlace:
nos jogará fora. Por isso nos manda de vez em quando os seus emissários para
nos alertar: amigos, catequistas, sacerdotes, luzes, bons exemplos. Prestemos
atenção a todos esses emissários.
Para refletir: o que queremos ser: um sarmento unido
a Cristo, à sua Palavra, aos seus sacramentos, em estado de crescimento e de
conversão, ou um sarmento estéril, rico só nos ramos, isto é, um cristão de
palavras e não de fatos? O que damos: cachos suculentos ou abrolhos e espinhos?
Para rezar: Senhor, obrigado por ter me feito ramo
de vossa vinha. Senhor, quero que meu ramo esteja forte e bem alimentado com a
seiva dos vossos sacramentos. Senhor, que meu ramo dê frutos saborosos de
santidade e virtudes, para que quem se aproxime de mim receba o suco do meu
exemplo positivo ou de meu conselho acertado. Não permitas, Senhor, que meu
ramo venha destruído por algum parasito que queira se introduzir nas suas
“veias”.
Qualquer sugestão ou
dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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