Textos: Zac 9, 9-10; Rom 8, 9.11-13; Mt 11,
25-30
Evangelho (Mt
11,25-30): Naquela ocasião, Jesus
pronunciou estas palavras: «Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque
escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.
Sim, Pai, assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém
conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a
quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim, todos vós que estais cansados e
carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e
sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis
descanso para vós. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve».
«Vinde a mim, todos vós
que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso»
P. Antoni POU OSB Monge de Montserrat (Montserrat,
Barcelona, Espanha)
Hoje, Jesus
mostra-nos duas realidades que o definem: Ele é quem conhece o Pai em toda a
profundidade, e é «manso e humilde de coração» (Mt 11,29). Também aí podemos
descobrir duas atitudes necessárias para poder entender e viver o que Jesus nos
oferece: a simplicidade e o desejo de nos aproximarmos d’Ele.
Entrar no
mistério do Reino é difícil, muitas vezes, para os sábios e entendidos, porque
não estão abertos à novidade da revelação divina; Deus não deixa de se
manifestar, mas eles pensam que já sabem tudo e, portanto, Deus já não consegue
surpreendê-los. Pelo contrário, os simples, como as crianças nos seus melhores
momentos, são receptivos, são como uma esponja que absorve a água, têm capacidade
de surpresa e de admiração. Também há exceções, até há homens doutos em
ciências humanas que são humildes no que se refere ao conhecimento de Deus.
Jesus
encontra o seu repouso no Pai, e a sua paz pode ser refúgio para todos os que
foram maltratados pela vida: «Vinde a mim, todos vós que estais cansados e
carregados de fardos, e eu vos darei descanso» (Mt 11,28). Jesus é humilde e a
humildade é irmã da simplicidade. Quando aprendemos a ser felizes através da
simplicidade, então desfazem-se muitas complicações, desaparecem muitas
necessidades, e podemos enfim descansar. Jesus convida-nos a segui-Lo; não nos
engana: estar com Ele é levar o seu jugo, assumir as exigências do amor. O
sofrimento não nos será poupado, mas o seu fardo é leve, porque o nosso sofrimento
não será causado pelo nosso egoísmo, mas apenas sofreremos o que seja
necessário, por amor e com a ajuda do Espírito. Além disso, não esqueçamos que
«as tribulações que se sofrem por Deus são suavizadas pela esperança» (Sto. Efrém).
Todos, alguns mais
outros menos, experimentamos o cansaço nas nossas vidas, com as suas diversas
formas.
Pe. Antonio Rivero L.C.
Bta Joana Scopelli, Virgem de nossa Ordem |
Onde está a
fonte do nosso descanso e da nossa paz? Deus nos responde hoje com as leituras.
Caminho para o descanso interior da alma é recorrer a Cristo com humildade
(primeira leitura e evangelho). Caminho que nos destrói a paz é a desordem
egoísta (segunda leitura).
Em primeiro
lugar, vejamos os diferentes cansaços que sofremos todos. Está o cansaço
físico, que é próprio do nosso desgaste por causa do trabalho manual,
profissional e ministerial: o operário se cansa, a dona de casa se cansa fazendo
a faxina doméstica, o professor se cansa dando as suas aulas, o médico e o
enfermeiro no hospital se cansam, o empresário e o sacerdote, o comunicador e o
esportista a mesma coisa. Existe também o cansaço psicológico e afetivo,
provocado pelas pessoas que vivem ao nosso redor, talvez na nossa própria casa,
e que não estão de acordo conosco, que não compartilham a mesma fé e amor, que
são hostis e indiferentes conosco; este cansaço nos enfraquece e gasta as
nossas energias. Está também o cansaço espiritual, permitido por Deus para
provar a nossa fé, esperança e caridade; quantas vezes sentimos o cansaço na fé
e na esperança. Existe, finalmente, o cansaço moral de quem leva nas costas a
sua consciência pesada e não consegue esquecer as suas culpas e pecados.
Sta Paulina do Coração Agonizante de Jesus, Virgem. |
Em segundo
lugar, o que fazemos com os nossos cansaços? Deus nos dirá que recorramos ao
seu Filho Jesus que hoje lhe disse: “Vinde a mim todos os que estais cansados e
fatigados pela carga e eu lhes darei descanso”. Espera-o na Eucaristia para
fortalecer as suas forças espirituais. Espera na confissão para repor as suas
forças quebradas. Espera na leitura dos santos evangelhos para animá-lo e
consolá-lo. São Paulo lhe dirá hoje na segunda leitura: “Não vivais conforme a
desordem egoísta, porém conforme o Espirito”, isto é, vivamos uma vida honesta
e honrada seguindo os dez mandamentos. O profeta Zacarias também tem um
conselho para a nossa paz e descanso interior: “Vive na humildade”, pois não
existe vício que possa destruir mais a paz que a soberba. Se fôssemos um pouco
mais simples, não amantes de grandezas, se tivéssemos “olhos de criança” e um
coração mais humilde, então teríamos maior harmonia interior, uma paz mais
serena nas nossas relações com os demais, uma sabedoria mais profunda e uma fé mais
estimulante e ativa. Seriamos mais felizes e encontraríamos paz e descanso em
Jesus Cristo.
Finalmente,
Deus hoje também nos compromete a ajudar os nossos irmãos, a ser cireneus,
porque muitos deles sofrem cansaços mais duros do que os nossos. Dê tempo e
diálogo a esses que estão esquecidos e desamparados no cansaço da alma e do
coração. Aproxime-se deles para ajudá-los a levar esse fardo pesado, como faz
Cristo conosco. E, sobretudo, não ponhas nas costas dos outros os seus sacos de
desgostos e reclamações, as suas rebeldias e raivas. Pelo contrário, coloque as
suas costas para que os outros coloquem sobre elas as suas penas e as suas
dores.
Para refletir: Quais são os meus cansaços? O que faço
diante dos meus cansaços? Ajudo os meus irmãos a aliviar aos seus cansaços ou
os afundo mais ainda? Medite esta frase de são Gregório Magno sobre o evangelho
de hoje: “É um jugo áspero e uma dura escravidão estar submetido às coisas
temporais, ambicionar as coisas terrenais, reter as que morrem; querer estar sempre
naquilo que é instável, desejar o que é passageiro, e não querer passar com o
que passa. Porque uma vez que elas desaparecem, apesar dos nossos desejos todas
estas coisas que pela ansiedade de possui-las afligiam a nossa alma,
atormentam-nos depois pelo medo de perdê-las”.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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