Santo Inácio de Loyola, Presbítero Fundador da Companhia de Jesus |
«Nada lhes falava sem
usar de parábolas»
Rev. D. Josep Mª MANRESA Lamarca (Valldoreix, Barcelona,
Espanha)
Hoje, o
Evangelho apresenta-nos Jesus predicando aos seus discípulos. E o faz do jeito
que nele é habitual, através das parábolas, quer dizer, empregando imagens
simples e comuns para explicar os grandes mistérios escondidos do Reino. Assim
todo mundo podia entender, desde as pessoas com maior formação até as menos
formadas.
«O Reino dos
Céus é como um grão de mostarda...» (Mt 13,31). Os grãos de mostarda não se veem,
são muito pequenos, mas se temos cuidado deles e os regamos... acabam se
tornando em grandes árvores. «O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher
pegou e escondeu em três porções de farinha...» (Mt 13,33). O fermento não se
vê, mas se não estivesse aí, a massa não subiria. Assim também é a vida cristã,
a vida da graça: não se percebe no exterior, não faz barulho, mas... se você
deixa que se introduza no seu coração, a graça divina vai fazendo frutificar a
semente e transformando assim às pessoas pecadoras em santas.
Esta graça
divina dá-se nos pela fé, pela oração, pelos sacramentos, pela caridade. Mas a
vida da graça é, sobretudo, um dom que devemos esperar e desejar com humildade.
Um dom que sábios e eruditos deste mundo não sabem valorar, mas que Deus Nosso
Senhor quer fazer chegar aos humildes e simples.
Tomara que
quando nos procure, encontre-nos não no grupo dos orgulhosos, mas naquele dos
humildes, que se reconhecem fracos e pecadores, mas muito agradecidos e
confiando na bondade do Senhor. Assim, o grão de mostarda chegará a ser uma
grande árvore; assim o fermento da Palavra de Deus dará em nós frutos de vida
eterna. Porque, «quanto mais se abaixa o coração pela humildade, mais se
levanta até a perfeição» (São Agostinho).
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
Encerrando o MÊS CARMELITA |
* Mateus 13,31-32: A parábola da
semente de mostarda
Jesus diz:
"O Reino do Céu é como uma semente de mostarda“ e, em seguida, ele conta a
história: uma semente bem pequena é lançada no campo; mesmo sendo pequena, ela
cresce, fica maior que as outras plantas e chega a atrair os passarinhos para
fazer nela seus ninhos. Jesus não explica a história. Aqui vale o que ele disse
em outra ocasião: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça!” Ou seja: “É isso. Vocês
ouviram e agora tratem de entender!” Compete a nós descobrir o que esta
história nos revela sobre o Reino de Deus presente em nossas vidas. Assim, por
meio desta história da semente de mostarda Jesus provoca nossa fantasia, pois
cada um de nós entende algo de semente. Jesus espera que as pessoas, nós todos,
comecemos a partilhar o que cada um descobriu. Partilho aqui três pontos que
descobri sobre o Reino a partir desta parábola:
(1) Jesus diz: "O Reino do Céu é como uma semente de
mostarda“. O Reino não é algo abstrato, não é uma ideia. É uma presença no meio
de nós (Lc 17,21). Como é esta presença? Ela é como a semente de mostarda:
presença bem pequena, humilde, que quase não se vê. Trata-se do próprio Jesus,
um pobre camponês carpinteiro, andando pela Galileia, falando do Reino ao povo
das aldeias. O Reino de Deus não segue os critérios dos grandes do mundo. Tem
outro modo de pensar e de proceder.
(2) A parábola evoca uma profecia de Ezequiel, onde se diz
que Deus vai pegar um pequeno broto de cedro e plantá-lo nas alturas da
montanha de Israel. Este pequeno broto de cedro ”vai soltar ramos e produzir
frutos, e se transformará num cedro gigante. Os passarinhos farão nele seus
ninhos, e os pássaros se abrigarão à sombra de seus ramos E todas as árvores do
campo saberão que sou eu, Javé, que rebaixo a árvore alta e elevo a árvore
baixa, seco a árvore verde e faço brotar a árvore seca. Eu, Javé, falo e
faço". (Ez 17,22-23).
(3) A semente de mostarda, mesmo sendo pequena, cresce e
suscita esperança. Como a semente de mostarda, assim o Reino tem uma força
interior e cresce. Cresce como? Cresce através da pregação de Jesus e dos
discípulos e discípulas nos povoados da Galileia. Cresce, até hoje, através do
testemunho das comunidades e se torna uma boa notícia de Deus que irradia e
atrai o povo. A pessoa que chega perto da comunidade, se sente acolhida, em
casa, e faz nela seu ninho, a sua morada. No fim, a parábola deixa uma pergunta
no ar: quem são os passarinhos? A pergunta vai ter resposta mais adiante no
evangelho. O texto sugere que se trata dos pagãos que vão poder entrar no Reino
(Mt 15,21-28).
* Mateus 13,33: A parábola do fermento
A história da
segunda parábola é esta: uma mulher pega um pouco de fermento e o mistura com
três porções de farinha, até que tudo fique fermentado. Novamente, Jesus não
explica. Só diz: "O Reino do Céu é como o fermento...”. Como na primeira
parábola, fica por nossa conta de descobrir o significado para nós hoje.
Partilho alguns pontos que descobri e me fizeram pensar: (1) O que cresce não é
o fermento, mas sim a massa. (2) Trata-se de uma coisa bem caseira, do trabalho
da mulher em casa. (3) Fermento tem algo de podre que é misturado na massa pura
da farinha. (4) O objetivo é fazer levedar a massa toda e não apenas uma parte.
(5) Fermento não tem finalidade em si mesma, mas serve apenas para fazer crescer
a massa.
* Mateus 13,34-35: Por que Jesus fala
em parábolas
Aqui, no fim
do Sermão das Parábolas, Mateus traz um esclarecimento sobre o motivo que
levava Jesus a ensinar o povo em forma de parábolas. Ele diz que era para se
cumprir a profecia que dizia: "Abrirei a boca para usar parábolas; vou
proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo". Na realidade, o
texto citado não é de um profeta, mas de um salmo (Sl 78,2). É que para os
primeiros cristãos todo o Antigo Testamento era uma grande profecia a anunciar
veladamente a vinda do Messias e a realização das promessas de Deus. Em Marcos
4,34-34, o motivo que levava Jesus a ensinar o povo por meio de parábolas era
para adaptar a mensagem à capacidade do povo. Por serem exemplos tirados da
vida do povo, Jesus ajudava as pessoas a descobrir as coisas de Deus no
quotidiano. Tornava a vida transparente. Fazia perceber que o extraordinário de
Deus se esconde nas coisas ordinárias e comuns da vida de cada dia. O povo
entendia da vida. Nas parábolas recebia a chave para abri-la e encontrar dentro
dela os sinais de Deus. No fim do Sermão das Parábolas, em Mateus 13,52, como
ainda veremos, vai ser dado outro motivo que levava Jesus a ensinar por meio de
parábolas.
Para um confronto pessoal
1. Qual o ponto destas duas parábolas de que você mais
gostou ou que mais chamou a sua atenção? Por que?
2. Qual a semente que, sem você se dar conta, cresceu em
você e na sua comunidade?
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