sábado, 4 de fevereiro de 2017

V Domingo do Tempo Comum

Evangelho (Mt 5,13-16): «Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal perde seu sabor, com que se salgará? Não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e pisado pelas pessoas. Vós sois a luz do mundo. Uma cidade construída sobre a montanha não fica escondida. Não se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma caixa, mas sim no candelabro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus».

«Vós sois a luz do mundo»

Rev. D. Josep FONT i Gallart (Tremp, Lleida, Espanha)

Hoje, o Evangelho nos faz uma grande chamada a sermos testemunhos de Cristo. E nos convida a sê-lo de duas maneiras, aparentemente, contraditórias: como o sal e como a luz.

O sal não se vê, mas se nota; se sente no, paladar. Há muitas pessoas que “não se deixam ver”, porque são como “formiguinhas” que não param de trabalhar e de fazer o bem. Ao seu lado se pode sentir a paz, a serenidade, a alegria. Têm — como está de moda dizer hoje — “boas energias”.

A luz não se pode esconder. Há pessoas que “as vemos de longe”: Teresa de Calcutá, o Papa, o Sacerdote de algum lugar. Ocupam postos importantes por sua liderança natural ou por seu ministério concreto. Estação “acima do candeeiro”. Como diz o Evangelho de hoje, «Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha. Nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa» (cf. Mt 5,14.15).

Todos estão chamados a ser sal e luz. Jesus mesmo foi “sal” durante trinta anos de vida oculta em Nazaré. Dizem que São Luiz Gonzaga, enquanto brincava, ao perguntar-lhe que faria se soubesse que em poucos minutos morreria, respondeu: «Continuaria brincando». Continuaria fazendo a vida normal de cada dia, fazendo a vida agradável aos companheiros de jogo.

Às vezes estamos chamados a ser luz. E somos de una maneira clara quando professamos nossa fé em momentos difíceis. Os mártires são grandes iluminados. E hoje, de acordo com o ambiente, somente o fato de ir à missa já é motivo de burlas. Ir à missa já é ser “luz”. E a luz sempre se vê; mesmo que seja muito pequena. Uma luzinha pode mudar uma noite.

Peçamos uns pelos outros ao Senhor para que saibamos ser sempre sal. E saibamos ser luz quando seja necessário ser. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós (cf. Mt 5,16).

«Vós sois a luz do mundo»
Sérgio Paulo Pinto

Sta Agueda, Virgem e Mártir
Depois de subir à montanha com as multidões e os discípulos, Jesus apresenta-lhes o seu evangelho e as condições do Reino. Aos discípulos propõe-lhes uma identidade própria, como sal da terra e luz do mundo. Eles são chamados a serem o condimento que dá um sabor especial à terra; são chamados a serem a luz que dá o brilho que o mundo precisa. Demitidos deste testemunho, inertes, não teremos razão de ser, como discípulos. Pelo contrário, somos convidados a dar testemunho da nossa fé, do nosso seguimento a Cristo, em obras concretas, em boas obras, para que os homens, através delas, possam glorificar o Pai que está nos Céus.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra.

Jesus tinha acabado de subir à montanha com as multidões para lhes apresentar o seu evangelho, as condições do Reino; mas são os seus discípulos os principais ouvintes e interlocutores. E não lhes poderia ter dado maior importância que ao designá-los “sal da terra”. Na medida certa, o sal dá um sabor especial aos alimentos e ajuda-os a conservar por longo tempo. Assim, os discípulos são o condimento especial para dar sabor à terra, aos âmbitos da vida humana. Já paramos para pensar em tamanha dignidade e tão grande responsabilidade? Como ficar de braços cruzados, se o mundo espera o nosso sabor de discípulos de Jesus? Vivamos o evangelho do Reino e o nosso mundo recuperará o sabor de Jesus.
Seja onde for, hoje, de modo especial, sê esse sal pedido por Jesus, sê esse condimento especial, que dá sabor com o teu testemunho.

Mas se ele perder a força, com que há de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens.

O sabor de Cristo é o saber dar a vida. O discípulo que se desvirtua e perde o sabor, é o discípulo que se deixa vencer pelo egoísmo e se afasta do mestre e dos irmãos e, por isso, já não ama, não dá a vida, perdeu a razão de ser, como sal da terra, como discípulo da terra. Que pena, depois de tantas expectativas de Jesus em nós! Que pena, com esta terra desorientada, à espera do toque especial dos discípulos de Jesus. O sal, para dar sabor aos alimentos, dá-se, troca a sua “vida” pelo sabor que transmite aos alimentos; por isso, nada vale o discípulo que não dá este sabor de Cristo, que não se entrega e perdeu a sua identidade.
O sal troca a sua “vida” pelo sabor que transmite aos alimentos. Troca hoje o teu egoísmo pela alegria da entrega aos outros, como discípulo. Faz, diz, atua, como enviado, sem esperar nada em troca.

Vós sois a luz do mundo.

Jesus serve-se agora de uma segunda imagem para se referir aos seus discípulos: “Vós sois a luz do mundo”. A luz é o princípio da criação (Gn 1,3); Deus é luz (Sal 27,1; Jo 1,5); Jesus é a grande luz que brilhou para os que viviam nas trevas (Mt 4,16). Agora, também os discípulos de Jesus são luz, luz do mundo; é o próprio Jesus quem o atesta. Damo-nos conta da beleza da nossa vocação como discípulos, luz do mundo? Damo-nos conta da responsabilidade de sermos discípulos, sempre, a tempo inteiro? O verdadeiro discípulo é, por si só, a luz que o mundo espera.
Somos luz do mundo! Sê essa luz, no teu trabalho, em casa, na escola, que os que estão contigo esperam e os ajudem a sair de situações de desespero.

Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa.

Que adianta possuir a mais bela luz, se ela permanecer apagada ou escondida? Que adianta termos sido agraciados com a mais bela vocação, de discípulos de Jesus, se permanecemos inativos? A nossa identidade não se pode esconder, nem sobre o monte ou debaixo do alqueire, nem no anonimato, desinteresse, desmotivação ou falta de tempo. Como a lâmpada só mostra toda a sua utilidade quando é acesa, assim o discípulo de Jesus só tem sentido, só revela a sua verdadeira identidade se for luz do mundo: luz que dá testemunho da luz de Cristo e do seu Reino.
Não te demitas da tua responsabilidade de discípulo. Não escondas a tua identidade de enviado. Dá testemunho, com alegria, da tua fé, da tua luz.

Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus».

Não é difícil constatar que o nosso mundo parece andar sem sabor e com falta de brilho! Se ousássemos viver, seriamente, a nossa vida como discípulos de Jesus, interessados por conduzir a história segundo os desígnios de Deus, certamente o nosso agir estaria repleto de boas obras, e então, seguramente, os homens voltar-se-iam para Deus, glorificando-O, fascinados pelo nosso testemunho como discípulos. O mundo precisa, urgentemente, de discípulos ousados, apaixonados, dispostos a dar sabor dando a vida, dispostos a ser luz em boas obras; ao demitirmo-nos da nossa identidade, o mundo corre o risco de mergulhar nas trevas sem retorno… Que vou decidir?
A nossa fé é atuante nas nossas obras. A nossa vida cristã não pode ser estéril em obras. Que obras posso fazer hoje, e que levariam os outros a glorificar a Deus?

Eis o que diz o Senhor: «Reparte o teu pão com o faminto, dá pousada aos pobres e sem abrigo, leva roupa ao que não tem que vestir e não voltes as costas ao teu semelhante. Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tardarão a sarar. Preceder-te-á a tua justiça e seguir-te-á a glória do Senhor. Então, se chamares, o Senhor responderá, se O invocares, dir-te-á: “Aqui estou”. Se tirares do meio de ti a opressão, os gestos de ameaça e as palavras ofensivas, se deres do teu pão ao faminto e matares a fome ao indigente, a tua luz brilhará na escuridão e a tua noite será como o meio-dia».

A primeira leitura, do livro do profeta Isaías, apresenta-nos um caminho de boas obras a praticar. A luz dos discípulos de Jesus não é estática; pelo contrário, vai ao encontro das situações de trevas dos que habitam na grande casa do mundo, seja a fome, a nudez ou as necessidades extremas, para lhes dar o brilho de Cristo. De facto, a luz de Cristo, dos seus discípulos, não fica indiferente às necessidades dos irmãos. A identidade dos discípulos de Jesus é serem como Ele, atuarem como Ele, ao encontro dos últimos, dos rejeitados, dos pobres, dos pecadores. Se assim fizermos, as trevas da noite brevemente brilharão como a luz forte do meio-dia, e os homens saberão reconhecer as nossas boas obras e glorificarão o Pai que está nos Céus.
Nos nossos dias, há tantas necessidades extremas! Fome, nudez, falta de abrigo, abandono… Posso fazer tanto com o meu pouco. Não podemos esperar para amanhã.


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