Textos: Isaías 42, 1-4.6-7; Atos 10,34-38;
Mateus 3,13-17
Evangelho (Mt
3,13-17): Então, Jesus veio da Galileia
para o rio Jordão, até junto de João, para ser batizado por ele. Mas João
queria impedi-lo, dizendo: «Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?
». Jesus, porém, respondeu-lhe: «Por ora, deixa, é assim que devemos cumprir
toda a justiça! ». E João deixou. Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da
água, e o céu se abriu. E ele viu o Espírito de Deus descer, como uma pomba, e
vir sobre ele. E do céu veio uma voz que dizia: «Este é o meu Filho amado; nele
está meu pleno agrado».
«Jesus veio da Galileia
para o rio Jordão, até junto de João, para ser batizado por ele»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
Hoje
contemplamos o Messias —o Ungido— no Jordão «para ser batizado» (Mt 3,13) por
João. E vemos Jesus Cristo como assinalado pela presença na forma visível do
Espírito Santo e, na forma audível, do Pai, o qual declara de Jesus: «Este é o
meu Filho amado; nele está meu pleno agrado». (Mt 3,17). Temos aqui um motivo
maravilhoso e, pela sua vez, motivador para viver uma vida: ser sujeito e
objeto do agrado do Pai celestial. Agradar ao Pai!
De alguma
maneira já o pedimos na oração coletiva da missa de hoje: «Deus todo-poderoso e
eterno (...) concede aos teus filhos adotivos, nascidos da água e do Espírito
Santo, levar sempre uma vida que te seja grata». Deus, que é Pai infinitamente
bom, sempre nos “quer bem”. Mas, já se o permitimos? Somos dignos desta
benevolência divina? Correspondemos a esta benevolência?
Para ser
digno da benevolência e do agrado divino, Cristo tem outorgado às águas força
regeneradora e purificadora, de maneira que quando somos batizados começamos a
ser verdadeiramente filhos de Deus. «Talvez haverá alguém que pergunte: ‘Por
que quis batizar-se, se era santo?’ Escute-me! Cristo batiza-se não para que as
águas o santifiquem, mas para santificá-las Ele» (São Máximo de Turim).
Tudo isto
—desmerecidamente— nos situa como num plano de conaturalidade com a divindade.
Mas não nos basta a nós com esta primeira regeneração: precisamos reviver de
alguma maneira o Batismo por meio de uma espécie de continuo “segundo batismo”
que é a conversão. Paralelamente ao primeiro Mistério da Luz do Rosário —O
Batismo do Senhor no Jordão— nos convêm contemplar o exemplo de Maria no quarto
dos Mistérios de Gozo: a Purificação, Ela, Imaculada, virgem pura, não tem
inconveniente em submeter-se ao processo de purificação. Nós lhe imploramos a
simplicidade, a sinceridade e a humildade que nos permitirão viver de maneira
constante nossa purificação a modo de “segundo batismo”.
O Batismo do Senhor é um
dos mistérios de luz, como ensinou-nos São João Paulo II. Qual luz resplandece
desde o rio Jordão? Deixemo-nos envolver por essa luz.
Pe. Antonio Rivero, L.C
Santo André Corsini Bispo de nossa Ordem |
Em primeiro
lugar, desde o rio Jordão brota uma primeira luz que aclara a pergunta de por
que o Senhor quis eleger este momento para batizar-se, e não antes. Jesus quis
fazer coincidir o início de sua vida pública com o seu batismo. Se tivesse
deixado para outra ocasião, talvez tivesse passado despercebido aos olhos do
povo de Israel. Com o beneplácito do Pai e a força do Espírito Santo, ele
começa seu ministério público (evangelho) para fazer o bem, curar os oprimidos
pelo diabo (segunda leitura), abrir os olhos dos cegos, liberar os prisioneiros
e implantar a justiça (primeira leitura).
Em segundo
lugar, desde o rio Jordão brota uma segunda luz que aclara várias posições
errôneas com respeito ao batismo. Uma primeira objeção: quando se deve receber
o batismo. Alguns dizem que deveria ser quando adulto, porque assim o fez
Jesus. Com essa luz do Jordão podemos ver que Jesus não necessitava do batismo,
porque é Deus, e como homem não possuía pecados. Nós, porém, necessitamos
realmente da purificação, da iluminação, da regeneração e da justificação do
batismo. Necessitamos ser lavados o quanto antes possível. Uma segunda objeção:
o pequeno não tem consciência do que faz e os pais e os padrinhos estariam
obrigando seus filhos a receber algo que não conhecem e, por conseguinte, não
estão em condições de aceitar; que eles escolham quando crescer. Com a luz do
Jordão podemos aclarar essa objeção: o pequeno certamente não sabe o que faz,
mas a Igreja sim o sabe, que como boa mãe pede o melhor para ele a Deus Pai, isto
é, que o adote como filho seu e o converta em herdeiro do Reino celeste. Há
como uma impaciência da Igreja, que o quer o quanto antes filho de Deus, irmão
de Cristo, membro da Igreja. Ela, na pessoa dos pais e dos padrinhos, responde
por esse ato. Depois os educará na fé, dando-lhes as razões de sua esperança.
Então poderá fazer atos conscientes e meritórios, mas a criança já estará
revestida com a graça de Deus.
Finalmente,
resumindo os resplendores dessa luz que emana do Jordão, podemos dizer que Jesus
se batizou por nós. Submergiu-se naquelas águas para purificá-las, no contato
com sua carne santíssima, e assim conferiu-lhes o poder de purificar.
Submergiu-se também para fecundá-las, dando-lhes a capacidade de gerar filhos
para Deus. Daqui que os antigos chamassem de “mãe” a pila batismal, pois dá à
luz filhos para a eternidade. Submergiu-se, em terceiro lugar, para inaugurar
os sacramentos da Nova Aliança, especialmente o batismo, que é a porta para os
demais sacramentos.
Reflexão
O dia mais
importante e luminoso da minha vida foi o dia do batismo. Lembro-me em que dia
fui batizado? Com que me compromete a luz que recebi no dia do meu batismo?
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