sábado, 7 de janeiro de 2017

A Epifania do Senhor

Evangelho (Mt 2,1-12): Depois que Jesus nasceu na cidade de Belém da Judéia, na época do rei Herodes, alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém, perguntando: «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo». Ao saber disso, o rei Herodes ficou alarmado, assim como toda a cidade de Jerusalém. Ele reuniu todos os sumos sacerdotes e os escribas do povo, para perguntar-lhes onde o Cristo deveria nascer. Responderam: «Em Belém da Judéia, pois assim escreveu o profeta: «E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um príncipe que será o pastor do meu povo, Israel». Então Herodes chamou, em segredo, os magos e procurou saber deles a data exata em que a estrela tinha aparecido. Depois, enviou-os a Belém, dizendo: «Ide e procurai obter informações exatas sobre o menino. E, quando o encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-lo».  Depois que ouviram o rei, partiram. E a estrela que tinham visto no Oriente ia à frente deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino. Ao observarem a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande. Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele e o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, passando por outro caminho.

«Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele e o adoraram»

Rev. D. Joaquim VILLANUEVA i Poll (Barcelona, Espanha)

Hoje, o profeta Isaías anima-nos: «De pé! Deixa-te iluminar! Chegou a tua luz! A glória do SENHOR te ilumina» (Is 60,1). Essa luz que viu o profeta é a estrela que veem os Magos em Oriente, junto com outros homens. Os Magos descobrem seu significado. Os demais a contemplam como algo que admiram, mas, que não lhes afeta. E, assim, não reagem. Os Magos dão-se conta de que, com ela, Deus envia-lhes uma mensagem importante e que vale a pena deixar a comodidade do seguro e se arriscar a uma viagem incerta: a esperança de encontrar o Rei leva-os a seguir essa estrela, que haviam anunciado os profetas e esperado o povo de Israel durante séculos.

Chegam a Jerusalém, a capital dos judeus. Acham que aí saberão lhe dizer o lugar exato onde nasceu seu Rei. Efetivamente, lhe responderam: «Em Belém da Judéia, porque assim está escrito por meio do profeta» (Mt 2,5). A notícia da chegada dos Magos e sua pergunta propaga-se por toda Jerusalém em pouco tempo: Jerusalém era na época uma pequena cidade e, a presença dos Magos com seu séquito foi vista por todos os habitantes, pois «Ao saber disso, o rei Herodes sobressaltou-se e, com ele toda a cidade de Jerusalém» (Mt 2,3), diz o Evangelho.

Jesus Cristo cruza-se na vida de muitas pessoas, a quem não interessa. Um pequeno esforço teria mudado suas vidas, teriam encontrado o Rei do Gozo e da Paz. Isso requer a boa vontade de procurar, de nos movimentar, de perguntar sem nos desanimar, como os Magos, de sair de nossa poltronaria, de nossa rotina, de apreciar o imenso valor de encontrar a Cristo. Se não o encontramos, não encontramos nada na vida, pois só Ele é o Salvador: encontrar Jesus é encontrar o Caminho que nos leva a conhecer a Verdade que nos dá a Vida. E, sem Ele, nada de nada vale a pena.

«Viemos do Oriente adorar o Rei»

Pe. Tarcízio Morais, sdb

Epifania significa “manifestação”: não se trata de uma manifestação qualquer, de gente na rua, gritos e vozes de contrariedade, mas manifestação da luz do “sol de justiça que surge do alto”, de Cristo Senhor. Para alegria e plenitude de todos. O Natal de Jesus é o “descer à praça”, o descer até nós de Deus. A entrada no mundo de Deus para estar neste nosso mundo: manifestar-se diante de nós como luz nova e verdadeira que nos convida a um caminhar iluminado pela sua presença e o seu projeto para nós. E a exemplo dos Magos, caminharmos ao encontro de Deus, porque para sermos crentes autênticos, devemos procurar a luz, caminhar ao encontro de Jesus Cristo que nos salva. A esta manifestação somos convidados nesta Epifania.

Os Magos vieram do Oriente adorar o Menino Deus. Do Oriente (da distância) para a terra da promessa. Com um objetivo: demonstrar a origem divina de Jesus e o carácter salvífico da sua presença. “Onde está o Rei dos judeus?”, o Messias, o Prometido, o rei de Israel, o herdeiro do trono de David? Onde estiver é preciso ir adorá-Lo, porque é o nosso Deus entre nós.

O mistério de Jesus chega com os Magos ao coração de todos os homens. De longe, de muito longe, vieram adorá-Lo. Seguiram a sua luz e encontraram um menino envolto em panos. Esta luz revela o mistério de Deus aos gentios e a todos os que quiserem descobrir neste Menino a presença de Deus. E quem é este Menino Deus na tua vida? Como adoras a sua presença? É a esperança de um mundo melhor: que é que isto significa para ti?

Como os magos, procuremos abandonar os nossos hábitos, algumas das nossas crenças, abandonar-nos a nós próprios e curvar-nos para entrar no estábulo de Deus. E adorar este Menino que vem para nos salvar, mudando a nossa vida.

A notícia de Deus incomoda a quem vive centrado sobre si mesmo, sobre os poderes deste mundo, sobre a realidade sem passado nem futuro. A promessa antiga anunciava a presença do Messias na continuidade da descendência de David. É por isso que o evangelista insiste em nomear com exatidão o lugar onde Jesus nasce e em confirmar com referência ao Antigo Testamento (M 5,2; Nm 24,17) que a sua presença na nossa história dá cumprimento às palavras dos profetas. E isso faz temer os senhores do tempo…

Pastor de Israel, povo de Deus. Messias da Promessa tornada verdade no tempo. História renovada para que a nossa história e as nossas histórias ganhem uma nova identidade em Cristo. De facto, o tempo mudou com a presença de Jesus. Em Belém da Judeia e no nosso coração. Na cidade de David e na nossa cidade. Num mundo novo e nosso mundo, para salvação de todos. Insistir nesta presença de Deus obriga-nos também a nós a um sentido novo. Para onde caminha a Belém da tua vida onde Deus nasce para ti?

Herodes procura “informações precisas” que sejam capazes de identificar o espaço e o lugar de hospedaria do seu “concorrente”. Quer também ele ir adorá-Lo… ironia das ironias: a sua adoração significa perseguição e desejo de morte. De fim. A negação deste nascimento por parte das autoridades políticas e religiosas do povo judeu contrasta com o gozo infinito dos Magos vindos de longe. Os seus, de facto, não o reconheceram…

A celebração da Epifania mostra ao mundo a grandeza e a vinculação de Deus a todos e a cada um de nós. Se os seus não O reconheceram, nós podemos descobri-Lo em tantas e tantas situações de luz e luz nova que a sua presença nos faz desvelar. Vindos do Oriente os Magos anunciam a profundidade da sua fé que os faz partir de longe para chegar perto do Menino Deus. Que estás disposto/a a dar de ti para que este Menino Deus te seja tão próximo que nada nem ninguém d’Ele te fará afastar?

Adorar significa discernir a presença de Deus. Ele está presente na sua Palavra. Ele está presente nos acontecimentos humildes da nossa vida. Descubramos hoje como Deus está presente em nós.

Pôr-se a caminho é a atitude de quem espera e crê. Caminham à luz da estrela. Com grande alegria. Ao ver o Menino, prostrando-se, adoram-No. Seguindo os Magos, percorremos também nós o itinerário de quem procura sinceramente a Deus. Encontraremos também nós a Deus que nos precede e nos espera, como espera todas as gentes nos Magos, para que o adoremos. Com todas as gentes do mundo.

Na procura de Deus, é Ele quem nos espera. Seguindo a estrela, procurando recuperar a estrela de Deus sempre que desaparecia e vencer a desorientação que a sua ausência provocava, os Magos encontram o caminho para que encontrar a Deus vivo e presente no meio de nós. Agora é tempo de parar e adorar. Silêncio e contemplação. Encontremos, também nós, o Deus Menino. No silêncio do nosso tempo, sem ruídos. No tempo do nosso tempo.

Adorar significa desviarmo-nos de nós próprios para olhar para Deus. Procura oferecer o melhor de ti a Deus e aos outros, no serviço aos mais necessitados.

O termo “magos” provém do grego “magoi” que significa matemático, astrónomo, astrólogo e sábio. Os reis magos, conhecedores dos astros. Na visita dos magos a Jesus, os Padres da Igreja veem simbolizado a realeza (ouro), a divindade (incenso) e a paixão de Cristo (mirra). Para que toda a humanidade inteira tenha acesso ao mistério de Deus.

S. Pedro Tomás, Bispo de nossa Ordem.
Levam ao Menino dons precisos (ouro, incenso e mirra), mas a verdadeira preciosidade e o mais admirável tesouro encontraram-no diante dos seus olhos naquela pequena criança que vieram adorar. Quem é que não se reconhece nos desejos destes Magos? A sua história poderia ser a história de cada um de nós. Jesus cumulou-os dos seus dons: a sua vida em nós e a riqueza do seu amor. Que mais podemos desejar? Adoremos o Menino Deus que vem para nos salvar.

Terminada a manifestação e o encontro com o Deus Menino, regressam à sua terra “por outro caminho” porque em sonhos são avisados da intencionalidade de Herodes. Deus que se revela para se comunicar, torna-se agora motivo de comunicação a todas as gentes. Em Jerusalém os Magos encontram indiferença e os projetos de Herodes. Ontem como hoje, não é fácil o caminho da procura de Deus.

Apesar dos planos de Herodes, os Magos tornam-se anunciadores da luz verdadeira, do amor profundo e infinito de Deus. A luz de Deus que transforma a vida do crente porque o faz encontrar com a luz de Deus. É a essa luz que todos somos chamados: luz que ilumina os homens e as mulheres de hoje, homens e mulheres novos à luz de Deus e da sua verdade.

Se te sentes afastado dos caminhos de Deus, procura regressar a Deus e ao Senhor Jesus. Procura renovar em ti o que precisa de ser renovado. É tempo de Epifania, é tempo de Deus.

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