quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

8 de dezembro: A Imaculada Conceição da Virgem Maria

Textos: Gênesis 3, 9-15.20; Efésios 1, 3-6.11-12; Lucas 1, 26-38.

Evangelho (Lc 1,26-38): Quando Isabel estava no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria.  O anjo entrou onde ela estava e disse: «Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo». Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse: «Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim». Maria, então, perguntou ao anjo: «Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?». O anjo respondeu: «O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é impossível». Maria disse: «Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra». E o anjo retirou-se».

«Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo»

Rev. D. David COMPTE i Verdaguer (Manlleu, Barcelona, Espanha)

Hoje, o Evangelho toca um acorde de três notas. Três notas, nem sempre bem afinadas na nossa sociedade: a do fazer, a da amizade e a da coerência de vida. Hoje em dia, fazemos muitas coisas, mas, temos um projeto? Hoje, que navegamos na sociedade da comunicação, cabe nos nossos corações a solidão? Hoje, na era da informação, esta permite-nos formar a nossa personalidade?

Um projeto. Maria, uma mulher «prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi» (Lc 1,28). Maria tem um projeto. Evidentemente, de proporções humanas. Porém, Deus irrompe na sua vida para apresentar-lhe outro projeto... de proporções divinas. Também hoje, quer entrar em nossa vida e dar proporções divinas ao nosso dia-a-dia humano.

Uma presença. «Não tenhas medo, Maria!» (Lc 1,30). Não construamos de qualquer jeito! Não seja que a adição ao “fazer” esconda um vazio. O matrimônio, a vida de serviço, a profissão não têm de ser uma fuga para diante. «Cheia de graça! O Senhor está contigo» (Lc 1,28). Presença que acompanha e dá sentido. Confiança em Deus, que — por conseguinte— nos leva à confiança com os outros. Amizade com Deus que revigora a amizade com os outros.

Formar-nos. Hoje, recebemos tantos estímulos muitas vezes opostos, que é preciso dar forma e unidade à nossa vida. Maria, diz São Luís Maria Grignion, «é o molde vivo de Deus». Existem duas maneiras de fazer uma escultura, expõe Grignion: uma, a mais difícil, à base de batidas de cinzel. A outra, usando um molde. Esta é mais simples do que a primeira. Mas o sucesso depende de que a matéria seja maleável e o molde desenhe com perfeição a imagem. Maria é o molde perfeito. Procuramo-la, sendo matéria maleável?

«Alegra-te, cheia de graça!»

Comentário do Pe. Antonio Rivero, L.C.

A Imaculada Conceição é o primeiro dos privilégios concedidos à Maria, com vista à sua futura maternidade divina. Privilégio e dom que a torna digna de ser toda de Deus e somente de Deus, desde o primeiro momento da sua concepção, dado que, desde então, foi preservada imune de toda mancha do pecado original, com o qual todos nascemos, herança dos nossos primeiros pais, Adão e Eva. Grande mistério!

Em primeiro lugar, aprofundemos o mistério. A pobre razão humana dos teólogos, mesmo iluminada pela fé, levou muitos séculos para encontrar uma maneira de harmonizar o dogma da Imaculada Conceição, com a redenção universal de Cristo, que inclui todos os seres humanos, sem exceção, nem sequer a Mãe de Deus. Os cristãos, porém, que ignoram os tratados científicos, mas têm o sentido da fé que vem do mesmo Espírito Santo, já aceitavam alegremente, desde muitos séculos, a doutrina da Imaculada Conceição de Maria, e não davam ouvidos as objeções e as dificuldades que os estudiosos colocavam na mesma. Por outro lado, louvavam com alegria as razões de conveniência, embora não satisfizessem os teólogos, que preenchiam completamente o coração e a piedade dos fiéis. E repetiam, convencidos de que, se Deus pudesse fazer imaculada a Maria, e era conveniente que a fizesse, não há dúvida que assim o fez. Era impossível que a Rainha dos anjos, que iria esmagar a cabeça de Satanás (primeira leitura), estivesse sob seu controle, mesmo que fosse só por um momento. Também não era concebível que a mediadora necessária para a reconciliação do mundo com Deus, tivesse sido sua inimiga, nem sequer por um instante. Era impensável que Maria, por meio da qual a salvação veio a nós, dando-nos Cristo, tivesse sido concebida em pecado. Não podia ser possível que o sangue redentor de Cristo brotasse de uma fonte manchada por culpa.

Em segundo lugar, façamos um percorrido histórico pelo Oriente e Ocidente, sempre perguntando sobre este maravilhoso mistério. Esta festa foi celebrada pela primeira vez em algumas igrejas do Oriente, a partir do século VIII, na Irlanda desde o IX e na Inglaterra desde o século XI. Em seguida, ela se espalhou pela Espanha, França e Alemanha. Apesar de vários teólogos medievais questionarem ou terem negado o privilégio da Virgem, pelo que dissemos (Cristo redimiu todos), a Igreja proclamou oficialmente o dogma no século XIX, com o Papa Pio IX, esta doutrina que estava em sintonia com o senso sobrenatural do coração do cristão, continuou a se espalhar por todo o mundo. Assim, Maria não foi redimida se não pecou? A resposta dada pela Igreja e a teologia a este mistério é esta: Maria recebeu a graça preventiva que era para ser a Mãe do Redentor. A graça preventiva é mais sublime do que a graça redentora; esta supõe que existia uma mancha que Deus deveria ter limpado. Em Maria não aconteceu isto. Por isso, o anjo a chamou: “cheia de graça” (evangelho).

Finalmente, esta Solenidade nos compromete, se somos realmente filhos de Maria e criaturas remidas pelo sangue de Cristo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele pelo amor (segunda leitura). Em cada Eucaristia o Verbo Encarnado descerá junto a nós, de maneira análoga ao modo em que desceu ao puro ventre de Maria na Encarnação. Esperemos que o encontre limpo e puro.

Para refletir:  Luto por reconquistar a pureza perdida pelo pecado? Que meios estão ao meu alcance para limpar a minha alma das consequências do pecado?  Ao me olhar pode Deus se alegrar, como com Maria?

Qualquer sugestão ou dúvida entre em contato com o Padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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