sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Segunda-Feira da 32ª semana do Tempo Comum

Bto Francisco de Jesus, Maria e José,
 (Palau y Quer)
Presbítero de nossa Ordem
Evangelho (Lc 17,1-6): Naquele tempo, Jesus disse também a seus discípulos: É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm! Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar, do que levar para o mal a um só destes pequeninos. Tomai cuidado de vós mesmos. Se teu irmão pecar, repreende-o; se se arrepender, perdoa-lhe. Se pecar sete vezes no dia contra ti e sete vezes no dia vier procurar-te, dizendo: Estou arrependido, perdoar-lhe-ás. Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé! Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá.

A fé como “semente da vida interior”

REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI)

Hoje consideramos um dos textos mais enigmáticos do Novo Testamento. Na realidade, as "montanhas" e "árvores" que removem a fé são as que obstaculizam nossa vida. Estas são quase sempre, muito mais importantes que os que figuram nos mapas.

O ato de fé não é convencer-se de uma ideia ou atribuir um poder à fé, mas que consiste em confiar em que Deus está ai e posso pôr-me em suas mãos. Então desaparecerá a "montanha". O Senhor emprega também o símbolo do "grão de mostarda", que sendo o menor de todos os grãozinhos, acaba convertendo-se em uma árvore onde os pássaros fazem seus ninhos. Este grão de mostarda é um profundo símbolo da fé: alberga, por um lado, a insignificância (que me empobrece), mas também a potencialidade do crescimento. A fé é, sobretudo, uma semente de vida.

—Só serei um verdadeiro crente quando a fé seja uma semente viva que cresce em meu interior, e só então transformará realmente meu mundo trazendo algo novo.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Beata Josefa Naval Girbés
virgem leiga da OTC
* O evangelho de hoje traz três palavras distintas de Jesus: uma sobre como evitar o escândalo dos pequenos, outra sobre a importância do perdão e uma terceira sobre o tamanho da fé em Deus que devemos ter.

* Lucas 17,1-2: Primeira palavra: evitar o escândalo
“Jesus disse a seus discípulos: "É inevitável que aconteçam escândalos, mas, ai daquele que produz escândalos! Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos”. Escândalo é aquilo que faz a pessoa tropeçar e cair. No nível da fé significa aquilo que desvia a pessoa do bom caminho. Escandalizar os pequenos é ser motivo pelo qual os pequenos se desviem e percam a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte sentença: “Corda no pescoço amarrada numa pedra de moinho para ser jogado no fundo do mar!”Por que tanta severidade? É porque Jesus se identifica com os pequenos, os pobres. (Mt 25,40.45). São os seus preferidos, os primeiros destinatários da Boa Nova (cf. Lc 4,18). Quem toca neles, toca em Jesus! Ao longo dos séculos, muitas vezes, nós cristãos pelo nosso modo de viver a fé fomos motivo pelo qual os pequenos se afastaram da igreja e procuraram outras religiões. Já não conseguiam crer, como dizia o apóstolo na carta aos romanos, citando o profeta Isaías: "Por causa de vocês, o nome de Deus é blasfemado entre os pagãos." (Rm 2,24; Is 52,5; Ez 36,22). Até onde nós temos culpa? Será que merecemos a corda no pescoço?

* Lucas 17,3-4: Segunda palavra: Perdoar o irmão
“Prestem atenção! Se o seu irmão peca contra você, chame a atenção dele. Se ele se arrepender, perdoe. Se ele pecar contra você sete vezes num só dia, e sete vezes vier a você, dizendo: 'Estou arrependido', você deve perdoá-lo”.  Sete vezes por dia! Não é pouco! Jesus pede muito! No evangelho de Mateus, ele diz que devemos perdoar até setenta vezes sete! (Mt 18,22). O perdão e a reconciliação são um dos assuntos em que Jesus mais insiste. A graça de poder perdoar as pessoas e reconcilia-las entre si e com Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos apóstolos (Jo 20,23) e à comunidade (Mt 18,18). A parábola sobre a necessidade de perdoar o próximo não deixa dúvida: se não perdoarmos aos irmãos, não podemos receber o perdão de Deus (Mt 18,22-35; 6,12.15; Mc 11,26). Pois não há proporção entre o perdão que recebemos de Deus e o perdão que devemos oferecer ao próximo. O perdão com que Deus nos perdoa gratuitamente é como dez mil talentos comparados com cem denários (Mt 18,23-35). A Bíblia de Jerusalém fez o cálculo: dez mil talentos são 174 toneladas de ouro; cem denários não passam de 30 gramas de ouro.

* Lucas 17,5-6: Terceira palavra: Aumentar em nós a fé
“Os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!”O Senhor respondeu: "Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: 'Arranque-se daí, e plante-se no mar'. E ela obedeceria a vocês”. Neste contexto de Lucas, a pergunta dos apóstolos aparece como motivada pela ordem de Jesus de perdoar até sete vezes por dia ao irmão ou à irmã que pecar contra nós. Não é fácil perdoar. O coração fica magoado, e a razão arruma mil motivos para não perdoar. Só com muita fé em Deus é possível chegarmos ao ponto de ter um amor tão grande que ele nos torne capazes de perdoar até sete vezes por dia ao irmão que peca contra nós. Humanamente falando, aos olhos do mundo, perdoar assim é loucura e escândalo, mas para nós tal atitude é expressão da sabedoria divina que nos perdoa infinitamente mais. Dizia Paulo: “Nós anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. (1Cor 1,23).

Para um confronto pessoal
1) Na minha vida, alguma vez, já fui motivo de escândalo par o meu próximo? Ou alguma vez, os outros foram motivo de escândalo para mim?
2) Será que sou capaz de perdoar sete vezes por dia ao irmão ou à irmã que me ofende sete vezes por dia?

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