sexta-feira, 7 de outubro de 2016

XXVIII Domingo do Tempo Comum

Evangelho (Lc 17,11-19): Caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galileia. Estava para entrar num povoado, quando dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam a certa distância e gritaram: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!». Ao vê-los, Jesus disse: «Ide apresentar-vos aos sacerdotes». Enquanto estavam a caminho, aconteceu que ficaram curados.  Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradeceu. E este era um samaritano. Então Jesus lhe perguntou: «Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?». E disse-lhe: «Levanta-te e vai! Tua fé te salvou».

«Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha).

Hoje, podemos comprovar, mais uma vez! Como a nossa atitude de fé pode remover o coração de Jesus Cristo. O fato, é que alguns leprosos, superando a reprovação social que padeciam e com muita audácia, aproximam-se a Jesus e - poderíamos dizer entre aspas — o obrigam com sua confiada petição: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!» (Lc 17,13).

A resposta é imediata e fulminante: «Ide apresentar-vos aos sacerdotes» (Lc 17,14). Ele, que é o Senhor, demonstra o seu poder, já que «enquanto estavam a caminho, aconteceu que ficaram curados» (Lc 17,14).

Isso nos mostra que o tamanho dos milagres de Cristo é, justamente, o tamanho da nossa fé e confiança em Deus. E nós, o que podemos fazer —pobres criaturas— ante Deus? Devemos confiar Nele. Mas com fé operativa que nos leva a obedecer as indicações de Deus. Um mínimo de sentido comum é suficiente para compreender que «nada é difícil de crer tocando Àquele para quem nada é difícil de fazer» (Beato J. H. Newman). Se não vemos milagres é porque "obrigamos" pouco ao Senhor com nossa falta de confiança e obediência a sua vontade. Como disse São João Crisóstomo: «um pouco de fé pode fazer muito».

E, como coroação da confiança em Deus, chega o desbordamento da alegria e do agradecimento: por isso: «um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradeceu» (Lc 17, 15-16).

Mas… que pena! De dez homens que receberam esse milagre, apenas um voltou para agradecer-lhe. Que ingratos somos quando esquecemos que tudo vem de Deus e a Ele devemos-lhe tudo! Façamos o propósito de obrigar-lhe mostrando-nos confiados em Deus e agradecidos a Ele.

“Levante-se e vá, a sua fé o salvou”

Pe. Thomaz Hughes, SVD

Estamos ainda caminhando com Jesus na sua viagem a Jerusalém, ao encontro do seu destino na Cruz. Nesta parte do Evangelho (17, 11-19, 27), Jesus conclui o seu ensinamento sobre o que é necessário para segui-Lo. Aqui temos mais um exemplo de uma história própria a Lucas, o quarto milagre na sua narrativa da viagem. Como nos outros casos, (11, 14; 13, 10-17; 14, 1-6), o mais importante não é o milagre em si, mas o ensinamento que brota dele.

As informações geográficas de Lucas, que não era natural da Palestina, são muitas vezes imprecisas. Para ele dois fatos são importantes - a meta de Jesus é Jerusalém, onde se dará o seu encontro definitivo com a vontade do Pai, e o fato que ele se encontra com um samaritano, um dos excluídos oficialmente do povo de Deus.

Para entendermos o contexto da passagem e a situação de quem fosse considerado leproso (embora muitos na realidade não sofriam da hanseníase - simplesmente tinham alguma doença da pele!), podemos estudar trechos como Lv 13-14; Nm 5, 2-3; 2Rs 7, 3-9; 15, 5. Houve barreiras enormes que separavam essas pessoas sofridas da convivência normal da comunidade. Aqui os excluídos pelas barreiras religiosas e sociais vão se encontrar com quem rompe estas mesmas barreiras, em nome do Deus misericordioso.

O grito dos leprosos é significante: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós” (v. 13.). Mais uma vez encontramos a palavra “compaixão”. Em todos os Sinóticos, destaca-se a “compaixão” de Jesus. A sua atitude nunca é de ter “pena” de alguém, pois, quer queiramos quer não, quando a gente tem pena de alguém, está se colocando num outro nível do que a outra pessoa. Ter “compaixão” é sentir a “paixão” do outro “com” ele ou ela, ou seja, entrar no sofrimento, nos sentimentos do outro, e assim não tirar dele a sua dignidade.

Mas, foi somente o samaritano que “percebeu” a ação de Deus nele. Com certeza o termo “percebeu” não quer se referir somente à cura física - ele percebeu a presença da salvação de Deus. Então a sua volta a Jesus significa a sua conversão. A resposta dele é de “dar glória a Deus”.  Muitas vezes em Lucas assim é a resposta correta a uma manifestação da misericórdia de Deus (2, 20; 5, 25; 5, 26; 7, 16; 13, 13; 18, 43; 23, 47 etc.). Aqui temos uma conotação cristológica - o curado louva a Deus pelo que foi feito por Jesus, o agente da misericórdia de Deus.

O texto sublinha que aquele que voltou para gloriar a Deus, aquele que percebeu a presença da ação salvífica de Deus, era um samaritano: “Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” (v. 18). Mais uma vez o herói da história é tirado de dentro da categoria dos excluídos, tema caro ao coração de Lucas. É só pensar nos pastores, no “Bom Samaritano”, na “mulher pecadora”, nas mulheres no túmulo, e outros exemplos. A salvação de Deus é universal, e não limitada a uma etnia ou classe.

Lucas não se contenta em relatar somente a cura de uma doença - ele nos leva a uma compreensão da missão salvífica de Jesus. O relato conclui com a frase: “Levante-se e vá. Sua fé o salvou” (v. 19). Jesus é aquele que cura e restaura à convivência humana, símbolo da salvação integral que Deus oferece a todos que aceitam a sua mensagem! Sejamos como o leproso - percebamos a ação de Deus no meio de nós, e gloriemos em palavras e ações aquele que nos oferece a salvação de todos os males, gratuitamente!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO