segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Terça-feira da 28ª semana do Tempo Comum

S. João XXIII, Papa
Evangelho (Lc 11,37-41): Naquele tempo, enquanto Jesus estava falando, um fariseu o convidou para jantar em sua casa. Jesus foi e pôs-se à mesa. O fariseu ficou admirado ao ver que ele não tinha feito a lavação ritual antes da refeição. O Senhor disse-lhe: Vós, fariseus, limpais por fora o copo e a travessa, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades. Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior? Antes, dai em esmola o que está dentro, e tudo ficará puro para vós.

«Antes, dai em esmola o que está dentro, e tudo ficará puro para vós»

Rev. D. Pedro IGLESIAS Martínez (Rubí, Barcelona, Espanha)

Hoje, o evangelista situa a Jesus num banquete: Um fariseu rogou-lhe que fora a comer com ele (Lc 11,37). A boas horas teve tal ocorrência! Que cara deveu pôr o anfitrião quando o convidado saltou a norma ritual de se lavar (que não era um preceito da Lei, senão da tradição dos antigos rabinos) e, além disso, lhes censurou categoricamente a ele e ao seu grupo social. O fariseu não acertou no dia e, o comportamento de Jesus como diz hoje, não foi politicamente correto.

Os evangelhos mostram-nos que ao Senhor lhe importava pouco o que dirão e o politicamente correto; por isso, pese a quem pese, ambas as coisas não devem ser norma de atuação de quem se considere cristão. Jesus condena claramente a atuação própria da dupla moral, a hipocrisia que procura conveniência ou o engano: Vós, fariseus, limpais por fora o copo e a travessa, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades (Lc 11,39). Como sempre, a Palavra de Deus nos interpela sobre usos e costumes de nossa vida quotidiana, na que acabamos convertendo em valores ciladas que tentam dissimular os pecados de soberbia, egoísmo e orgulho, numa tentativa de globalizar a moral no politicamente correto, para não destoar e não ficar marginados, sem que importe o preço a pagar, nem como enegreçamos nossa alma, pois, afinal de contas, todo mundo o faz.

Dizia São Basílio que de nada deve fugir o homem prudente tanto como de viver segundo a opinião dos demais. Se somos testemunhas de Cristo, temos de saber que a verdade sempre é e será verdade, ainda que chovam chuços. Esta é nossa missão no meio dos homens com quem compartilhamos a vida, tentando nos manter limpos segundo o modelo de homem que Deus nos revela em Cristo. A limpeza do espírito passa acima das formas sociais e, se em algum momento surge-nos a dúvida, lembre-se que os limpos de coração verão a Deus. Que a cada um escolha o objetivo de sua mirada para toda a eternidade.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz uma acusação muito forte de Jesus contra os fariseus e os escribas. Eles queriam que Jesus lhes desse um sinal, pois não acreditavam nos sinais e milagres que ele estava realizando. Esta acusação de Jesus continua nos evangelhos dos próximos dias. Ao meditarmos estes evangelhos, devemos tomar muito cuidado para não generalizar a acusação de Jesus como se fosse dirigida contra todo o povo judeu. No passado, a ausência deste cuidado contribuiu, lamentavelmente, para aumentar em nós cristãos o anti-semitismo que tantos males trouxe à humanidade ao longo dos séculos. Em vez de levantarmos o dedo contra os fariseus do tempo de Jesus, é melhor olharmos no espelho dos textos para perceber neles o fariseu que vive escondido na nossa igreja e em cada um de nós, e que merece a mesma crítica da parte de Jesus.

* Lucas 11, 29-30: O sinal de Jonas
“Quando as multidões se reuniram, Jesus começou a dizer: "Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas”. O evangelho de Mateus informa que eram os escribas e os fariseus que pediram um sinal (Mt 12, 38). Queriam que Jesus realizasse para eles um sinal, um milagre, para que pudessem verificar se ele era mesmo o enviado de Deus conforme eles o imaginavam. Queriam que Jesus se submetesse aos critérios deles. Queriam enquadrá-lo dentro do esquema do messianismo deles. Não havia neles abertura para uma possível conversão. Mas Jesus não se submeteu ao pedido deles. O evangelho de Marcos diz que Jesus, diante do pedido dos fariseus, soltou um profundo suspiro (Mc 8,12), provavelmente de desgosto e de tristeza diante de tão grande cegueira. Pois não adianta mostrar uma pintura bonita a quem não quer abrir os olhos. O único sinal que lhe será dado é o sinal de Jonas. “De fato, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração”. Como será este sinal do Filho do Homem? O evangelho de Mateus responde: “Assim como Jonas passou três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem passará três dias e três noites no seio da terra” (Mt 12,40). O único sinal será a ressurreição de Jesus. Este é o sinal que, futuramente, vai ser dado aos escribas e fariseus. Jesus, por eles condenado à morte de cruz, será ressuscitado por Deus e continuará ressuscitando de muitas maneiras naqueles que nele acreditarem. O sinal que converte não são os milagres, mas sim o testemunho de vida!

* Lucas 11,31: Salomão e a rainha do Sul
A alusão à conversão do povo de Nínive associou e fez lembrar a conversão da Rainha de Sabá: “No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra esta geração, e a condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão". Esta evocação quase ocasional do episódio da Rainha de Sabá que reconheceu a sabedoria de Salomão, mostra como se usava a Bíblia naquele tempo. Era por associação. A regra principal da interpretação era esta: “A Bíblia se explica pela Bíblia”. Até hoje, esta é uma das normas mais importantes para a interpretação da Bíblia, sobretudo para a Leitura Orante da Palavra de Deus.

* Lucas 11,32: Aqui está quem é maior do que Jonas
Depois da digressão sobre Salomão e a Rainha de Sabá, Jesus volta a falar do sinal de Jonas: “No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração, e a condenarão. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar”. O povo de Nínive se converteu diante do testemunho da pregação de Jonas e vai denunciar a incredulidade dos escribas e dos fariseus. Pois “aqui está quem é maior do que Jonas”. Jesus é maior que Jonas, maior que Salomão. Para nós cristãos, ele é a chave principal para a escritura (2Cor 3,14-18).

Para um confronto pessoal
1) Jesus criticou os escribas e os fariseus que chegavam a negar a evidência, tornando-se incapazes de reconhecer o apelo de Deus nos acontecimentos. E nós cristãos hoje, e eu: merecemos a mesma crítica de Jesus?
2) Nínive se converteu diante da pregação de Jonas. Os escribas e fariseus não se converteram. Hoje, os apelos da realidade provocam mudança e conversão nos povos do mundo inteiro: ameaça ecológica,urbanização que desumaniza, consumismo que massifica e aliena, injustiças, violência, etc. Muitos de nós cristãos vivemos alheios a estes apelos de Deus que vem da realidade.


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