S. Pedro de Alcântara, Presbítero Padroeiro do Brasil. |
Evangelho
(Lc 12,39-48): Naquele tempo, o Senhor
disse aos seus discípulos: Sabei, porém, isto: se o senhor soubesse a que hora
viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria forçar a sua casa. Estai,
pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem. Disse-lhe
Pedro: Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos? O Senhor
replicou: Qual é o administrador sábio e fiel que o senhor estabelecerá sobre
os seus operários para lhes dar a seu tempo a sua medida de trigo? Feliz daquele
servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier! Em verdade vos digo:
confiar-lhe-á todos os seus bens. Mas, se o tal administrador imaginar consigo:
Meu senhor tardará a vir, e começar a espancar os servos e as servas, a comer,
a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo virá no dia em que não o
esperar e na hora em que ele não pensar, e o despedirá e o mandará ao destino
dos infiéis. O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada
preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que,
ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com
poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se
confiar a alguém, dele mais se há de exigir.
A sonolência dos
discípulos e o poder do mal
REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de
Bento XVI) (Città del Vaticano,
Vaticano)
Hoje, o
chamamento à vigilância aparece como uma urgência muito imediata. Já tinha sido
um tema central no anúncio em Jerusalém, mas, aponta antecipadamente à história
futura do cristianismo. A sonolência dos discípulos segue sendo ao longo dos
séculos uma ocasião favorável para o poder do mal.
Esta
sonolência é um embotamento da alma, que não se deixa inquietar por toda a
injustiça e o sofrimento que devastam a terra. É uma insensibilidade que
prefere ignorar tudo isso; se tranquiliza pensando que, no fundo, não é tão
grave e, assim pode permanecer na autocomplacência da própria existência
satisfeita. Mas, esta falta de sensibilidade das almas, tanto pelo que se
refere à cercania de Deus como ao poder ameaçador do mal, outorga um poder no
mundo ao maligno.
—Diante
nossos espíritos adormecidos, Tu, Senhor dizes de Ti mesmo: “Morro de
tristeza”. Eu te respondo: Quero velar contigo!
Reflexão
* O
evangelho de hoje traz novamente uma exortação à vigilância com outras duas
parábolas. Ontem, a parábola era de patrão e empregado (Lc 12,36-38). Hoje, a
primeira parábola é do dono de casa e do ladrão (Lc 12,39-40) e a outra fala do
proprietário e do administrador (Lc 12,41-47).
* Lucas 12,39-40: A parábola do dono
da casa e do ladrão
“Fiquem
certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não
deixaria que lhe arrombasse a casa. Vocês também estejam preparados! Porque o
Filho do Homem vai chegar na hora em que vocês menos esperarem”. Assim como o
dono da casa não sabe a que hora chega o ladrão, assim ninguém sabe a hora da chegada
do Filho do Homem. Jesus deixa bem claro: "Quanto a esse dia e essa hora,
ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc
13,32). Hoje, muita gente vive preocupada com o fim do mundo. Nas ruas das
cidades, se vê escrito nas paredes: Jesus voltará! Teve até gente que,
angustiada com a proximidade do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o
tempo passa e o fim não chega! Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é
usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a frequentar uma determinada
igreja! De tanto esperar e especular em torno da vinda de Jesus, muita gente já
nem percebe mais a presença dele no meio de nós, nas coisas mais comuns da
vida, nos fatos do dia-a-dia. Pois o que importa mesmo não é saber a hora do
fim deste mundo, mas sim ter um olhar capaz de perceber a vinda de Jesus já
presente no meio de nós na pessoa do pobre (cf. Mt 25,40) e em tantos outros
modos e acontecimentos da vida de cada dia.
* Lucas 12,41: A pergunta de Pedro
“Então
Pedro disse a Jesus: "Senhor, estás contando essa parábola só para nós, ou
para todos?”Não se vê bem o porquê desta pergunta de Pedro. Ela evoca outro
episódio, no qual Jesus respondeu a uma pergunta semelhante dizendo: “A vocês é
dado conhecer o mistério do Reino de Deus, mas aos outros tudo é dado a
conhecer em parábolas” (Mt 13,10-11; Lc 8,9-10).
* Lucas 12,42-48ª: A parábola do
proprietário e do administrador
Na resposta
à pergunta de Pedro Jesus formula outra pergunta em forma de parábola:
"Quem é o administrador fiel e prudente, que o senhor coloca à frente do
pessoal de sua casa, para dar a comida a todos na hora certa?” Logo em seguida,
o Jesus mesmo, na própria parábola, já dá a resposta: bom administrador é
aquele que cumpre sua missão de servidor, nunca usa os bens recebidos em
proveito próprio, e está sempre vigilante e atento. Talvez seja uma resposta
indireta à pergunta de Pedro, como se dissesse: “Pedro, a parábola é realmente
para você! É para você saber administrar bem a missão que Deus lhe deu como
coordenador das comunidades. Neste sentido, a resposta vale também para cada um
de nós. E aí toma muito sentido a advertência final: “A quem muito foi dado,
muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido”.
* A chegada do Filho do Homem e o
fim deste mundo
A mesma
problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Muita gente
das comunidades dizia que o fim deste mundo estava perto e que Jesus voltaria
logo. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de
Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1Tes 4,13-18; 2Tes 2,2). Por isso,
havia até pessoas que já não trabalhavam, porque achavam que a vinda fosse
coisa de poucos dias ou semanas. Trabalhar para que, se Jesus ia voltar logo? (cf.
2Ts 3,11). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos
que já não trabalhavam avisava: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de
comer!” Outros ficavam só olhando o céu, aguardando o retorno de Jesus sobre as
nuvens (cf. At 1,11). Outros reclamavam da demora (2Pd 3,4-9). Em geral, os
cristãos viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar
o Juízo Final para encerrar a história injusta deste mundo cá de baixo e
inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova
Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente
ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc
9,1). Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd
3,4). Até hoje, a vinda final de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta
demora? É que já não percebemos que Jesus já voltou, já está no nosso meio:
“Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo." (Mt
28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. A
plenitude ainda não chegou, mas uma amostra ou garantia do Reino já está no
meio de nós. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da
humanidade e da natureza (Rm 8,22-25). E enquanto esperamos e lutamos, dizemos
acertadamente: “Ele já está no meio de nós!”(Mt 25,40).
Para um confronto pessoal
1) A resposta de Jesus a Pedro serve também para nós,
para mim. Será que sou um bom administrador, uma boa administradora da missão
que recebi?
2) Como faço para estar vigilante sempre?
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