Na celebração da vigília de Pentecostes em
2004, em Roma, o Papa João Paulo II afirmou em seu discurso: “Desejo que a espiritualidade de Pentecostes
se difunda na Igreja como um renovado salto de oração, de santidade, de
comunhão e de anúncio” (29/05/2004).
Ora o elemento central de toda espiritualidade
de Pentecostes não é um devocional, um rito litúrgico ou uma novena de orações,
simplesmente, mas uma “experiência” do amor de Deus que nos leva a anunciar
Jesus com destemor e alegria.
É o
Espírito Santo quem nos permite falar em Nome de Deus, com a autoridade de
Deus.(At 1,8).
Não
se pode anunciar eficazmente Jesus senão com a força do Espírito Santo (1Pd
1,12).
Sem
o Espírito Santo, transmite-se uma “doutrina”.
Com Ele há, no entanto, uma transmissão de experiência, de uma
vida. Antes de entender e elaborar uma
teologia a respeito do Espírito Santo, os apóstolos tiveram uma experiência com
Ele.
A
“sua Palavra” não revela somente que se trata da palavra “que fala de Deus”,
mas também da palavra do “Deus que fala”, i.é., palavra que tem Deus por
sujeito.(Jr 23,29).
É
sabido que a Igreja, antes que uma teologia do Espírito Santo, teve uma
experiência do Espírito Santo.
A
Igreja existe antes de tudo pelo anúncio.
Um anúncio que, semelhante ao anúncio de Jesus, não comece pelos deveres
e pelos Mandamentos, mas pelo Dom de Deus, pela graça; não por aquilo que o
homem deve fazer, mas por aquilo que Deus fez por ele.
Não
basta renovar os conteúdos, as formas, os estilos e os meios de evangelização
ou envolver os leigos. Decisivo é se o
anúncio é feito no “poder do Espírito Santo” ou sem ele (1Cor 2, 4-5).
A
Igreja e o mundo passam por um período de caos e de crise que não é
necessariamente mau. A crise é um
desafio ao crescimento.
O
caos antecede a Criação - com a condição imprescindível de que o Espírito Santo
esteja pairando sobre ele.
O
que a Igreja precisa hoje não é de uma nova legislação, nova teologia, novas
estruturas nem nova liturgia. Precisa de
homens e mulheres cheios do Espírito Santo.
Todas as outras coisas, sem o Espírito Santo, são como cadáveres sem
alma.
O
Evangelho é o conteúdo do anúncio. O
Espírito Santo é o método, o princípio operativo – Ele é o “agente principal da
evangelização” (Paulo VI).
Mas
o Espírito Santo opera por meio dos homens (João, Jesus, os Apóstolos) e não
através de um plano, de um projeto ou de uma mensagem. Deus não nos salva por meio de um “plano de
salvação”, mas através da Pessoa de Jesus.
Ele
nos é dado para que possamos testemunhar Jesus:
Ø Tornando-nos santos – Jo 16,15.
Ø
Com coragem – At 4,8 – At 4,13 – At 4,19 – At
5,29.
Ø
Com unção – Mt 10, 19-20.
Ø Com esperança – At 5,42 “… cada dia…”
Ø Com alegria – At 5,41
Ø Com a força da oração – Rm 8,15-26 e 1Cor 12,3
O Espírito Santo não desce sobre edifícios, mas sobre homens. Ele unge homens, não planos ou projetos.
O
dom do Espírito Santo não resulta de nossos esforços. Não pode ser “merecido”. Nada podemos “fazer” para consegui-lo. Ele é pura dádiva de Deus.
Antes de partir em missão, os apóstolos “esperaram”. Nós não sabemos ou
não queremos esperar.
É
preciso resistir ao impulso de agir, do ímpeto de comunicar aos outros o que
nós mesmos não entendemos.
“Quando o Espírito Santo vier... sereis
minhas testemunhas”. – só depois do dom do Espírito Santo e não antes; ou
seremos testemunhas mentirosas ou pessoas inseguras e intrometidas, que sentem
uma compulsão para converter os outros, a fim de se sentirem menos inseguras.
Participamos
de diversos seminários e grupos, assistimos belas palestras cheias de belas
idéias; mas o poder para a prática de tudo isto?
Sabemos
que o Espírito Santo é o "doce hóspede da alma", que está em nós
quando vivemos em estado de graça. Da mesma maneira que tratamos ao Pai e a
Jesus Cristo, temos de nos acostumar a falar com o Espírito Santo, nosso
santificador. Ao Espírito Santo temos de pedir, de modo especial, seus sete
dons, tão necessários para viver de verdade como cristãos:
• O dom da SABEDORIA,
que nos faz saborear as coisas de Deus.
• O dom do ENTENDIMENTO,
que nos ajuda a entender melhor as verdades da nossa fé.
• O dom do CONSELHO,
que nos ajuda a saber o que Deus quer de nós e dos demais.
• O dom da FORTALEZA,
que nos dá forças e valor para fazer as coisas que Deus quer.
• O dom da CIÊNCIA,
que nos ensina quais são as coisas que nos ajudam a caminhar para Deus.
• O dom da PIEDADE,
com o qual amamos mais e melhor a Deus e ao próximo.
• O dom do TEMOR
DE DEUS, que nos ajuda a não ofender a Deus, quando fraqueje o nosso amor.
PARA ADQUIRIRMOS ESTA FORÇA, É PRECISO:
1
– UMA ATITUDE CONCRETA – crer que
Deus deseja dar o Espírito Santo.
“Recebemos
de Deus aquilo que esperamos. Se esperamos pouco com certeza receberemos
pouco. Se esperamos muito, também
receberemos muito”. S. João da Cruz.
Deus não nos abandona quando temos altas
expectativas em relação a Ele.
Lc 11,13 – Há coisas que só podemos pedir a
Deus com a condição “se for da vossa vontade”.
Essa
condição não existe para implorar o Dom do
Espírito, pois ele já é uma promessa explícita do Senhor.
2
– UMA PRÁTICA CONCRETA – o Pai quer nos dar
o Espírito Santo, mas quer que nós o peçamos.
O
Espírito Santo é dado como resposta à oração e não à meditação ou à ação.
A
principal tarefa do cristão é revelar Jesus.
Por essa razão ele necessita pedir ao Pai a sua PROMESSA (At 1,4) e seu
DOM (At 1,8).
O
mais característico da missão do evangelizador é a competência em revelar Jesus ao
mundo. Ele não transmite idéias, teologia, dogmas, etc. O mundo não anseia por
nada disto. Anseia por Deus.
A
Igreja não transmitia uma teologia sobre Jesus, mas o próprio Jesus, na força e
na experiência do poder do Espírito Santo.
O
homem faminto deseja comida de verdade e não figuras atraentes de comida.
Precisamos estar “impregnados”, “encharcados”, “batizados” do e no
Espírito Santo; precisamos passar pela experiência do Espírito Santo que nos é
dado pelo Pai aos que lhe obedecem, vigiam, rezam e esperam com paciência.
É
preciso estar dispostos a anunciar Jesus, seguros de que o Espírito Santo está
conosco desde que nós estejamos com ELE:
1 – Através da oração (Lc 11,13).
2 – Através da obediência (At 5,32)
– não é ouvido pelos homens senão aquele que ouve a Deus, i. é, que lhe
obedece.
3 – Através da caridade ativa – não
se pode “dar Jesus” senão como o Pai, “por amor” (Jo 3,16) e nuca através de
julgamentos ou censuras. É muito útil
perguntar-nos antes de anunciar a Palavra de Deus ou expor sua vontade: eu amo
estas pessoas como Deus as ama?
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