quinta-feira, 12 de maio de 2016

O ESPÍRITO SANTO, FORÇA PARA TESTEMUNHAR JESUS.

   Na celebração da vigília de Pentecostes em 2004, em Roma, o Papa João Paulo II afirmou em seu discurso: “Desejo que a espiritualidade de Pentecostes se difunda na Igreja como um renovado salto de oração, de santidade, de comunhão e de anúncio” (29/05/2004). 

Ora o elemento central de toda espiritualidade de Pentecostes não é um devocional, um rito litúrgico ou uma novena de orações, simplesmente, mas uma “experiência” do amor de Deus que nos leva a anunciar Jesus com destemor e alegria.

  É o Espírito Santo quem nos permite falar em Nome de Deus, com a autoridade de Deus.(At 1,8).

     Não se pode anunciar eficazmente Jesus senão com a força do Espírito Santo (1Pd 1,12).

     Sem o Espírito Santo, transmite-se uma “doutrina”.  Com Ele há, no entanto, uma transmissão de experiência, de uma vida.  Antes de entender e elaborar uma teologia a respeito do Espírito Santo, os apóstolos tiveram uma experiência com Ele.

     A “sua Palavra” não revela somente que se trata da palavra “que fala de Deus”, mas também da palavra do “Deus que fala”, i.é., palavra que tem Deus por sujeito.(Jr 23,29).

     É sabido que a Igreja, antes que uma teologia do Espírito Santo, teve uma experiência do Espírito Santo.

     A Igreja existe antes de tudo pelo anúncio.  Um anúncio que, semelhante ao anúncio de Jesus, não comece pelos deveres e pelos Mandamentos, mas pelo Dom de Deus, pela graça; não por aquilo que o homem deve fazer, mas por aquilo que Deus fez por ele.

     Não basta renovar os conteúdos, as formas, os estilos e os meios de evangelização ou envolver os leigos.  Decisivo é se o anúncio é feito no “poder do Espírito Santo” ou sem ele (1Cor 2, 4-5).

     A Igreja e o mundo passam por um período de caos e de crise que não é necessariamente mau.   A crise é um desafio ao crescimento.

     O caos antecede a Criação - com a condição imprescindível de que o Espírito Santo esteja pairando sobre ele.

    O que a Igreja precisa hoje não é de uma nova legislação, nova teologia, novas estruturas nem nova liturgia.  Precisa de homens e mulheres cheios do Espírito Santo.

     Todas as outras coisas, sem o Espírito Santo, são como cadáveres sem alma.

   O Evangelho é o conteúdo do anúncio.  O Espírito Santo é o método, o princípio operativo – Ele é o “agente principal da evangelização” (Paulo VI).

     Mas o Espírito Santo opera por meio dos homens (João, Jesus, os Apóstolos) e não através de um plano, de um projeto ou de uma mensagem.  Deus não nos salva por meio de um “plano de salvação”, mas através da Pessoa de Jesus.

     Ele nos é dado para que possamos testemunhar Jesus:
Ø  Tornando-nos santos – Jo 16,15.
Ø  Com coragem – At 4,8 – At 4,13 – At 4,19 – At 5,29.
Ø  Com unção – Mt 10, 19-20.
Ø  Com esperança – At 5,42  “… cada dia…”
Ø  Com alegria – At 5,41
Ø  Com a força da oração – Rm 8,15-26 e 1Cor 12,3

     O Espírito Santo não desce sobre edifícios, mas sobre homens.  Ele unge homens, não planos ou projetos.

     O dom do Espírito Santo não resulta de nossos esforços.  Não pode ser “merecido”.  Nada podemos “fazer” para consegui-lo.  Ele é pura dádiva de Deus.

     Antes de partir em missão, os apóstolos “esperaram”. Nós não sabemos ou não queremos esperar.

     É preciso resistir ao impulso de agir, do ímpeto de comunicar aos outros o que nós mesmos não entendemos.

     “Quando o Espírito Santo vier... sereis minhas testemunhas”. – só depois do dom do Espírito Santo e não antes; ou seremos testemunhas mentirosas ou pessoas inseguras e intrometidas, que sentem uma compulsão para converter os outros, a fim de se sentirem menos inseguras.

     Participamos de diversos seminários e grupos, assistimos belas palestras cheias de belas idéias; mas o poder para a prática de tudo isto?

     Sabemos que o Espírito Santo é o "doce hóspede da alma", que está em nós quando vivemos em estado de graça. Da mesma maneira que tratamos ao Pai e a Jesus Cristo, temos de nos acostumar a falar com o Espírito Santo, nosso santificador. Ao Espírito Santo temos de pedir, de modo especial, seus sete dons, tão necessários para viver de verdade como cristãos:
• O dom da SABEDORIA, que nos faz saborear as coisas de Deus.
• O dom do ENTENDIMENTO, que nos ajuda a entender melhor as verdades da nossa fé.
• O dom do CONSELHO, que nos ajuda a saber o que Deus quer de nós e dos demais.
• O dom da FORTALEZA, que nos dá forças e valor para fazer as coisas que Deus quer.
• O dom da CIÊNCIA, que nos ensina quais são as coisas que nos ajudam a caminhar para Deus.
• O dom da PIEDADE, com o qual amamos mais e melhor a Deus e ao próximo.
• O dom do TEMOR DE DEUS, que nos ajuda a não ofender a Deus, quando fraqueje o nosso amor.

PARA ADQUIRIRMOS ESTA FORÇA, É PRECISO:

     1UMA ATITUDE CONCRETA – crer que Deus deseja dar o Espírito Santo.

     “Recebemos de Deus aquilo que esperamos. Se esperamos pouco com certeza receberemos pouco.  Se esperamos muito, também receberemos muito”. S. João da Cruz.

     Deus não nos abandona quando temos altas expectativas em relação a Ele.

      Lc 11,13 – Há coisas que só podemos pedir a Deus com a condição “se for da vossa vontade”.  Essa
condição não existe para implorar o Dom do Espírito, pois ele já é uma promessa explícita do Senhor.
        
     2UMA PRÁTICA CONCRETA – o Pai quer nos dar o Espírito Santo, mas quer que nós o peçamos.

      O Espírito Santo é dado como resposta à oração e não à meditação ou à ação.

      A principal tarefa do cristão é revelar Jesus.  Por essa razão ele necessita pedir ao Pai a sua PROMESSA (At 1,4) e seu DOM (At 1,8).

      O mais característico da missão do evangelizador é a competência em revelar Jesus ao mundo. Ele não transmite idéias, teologia, dogmas, etc. O mundo não anseia por nada disto.  Anseia por Deus.

       A Igreja não transmitia uma teologia sobre Jesus, mas o próprio Jesus, na força e na experiência do poder do Espírito Santo.

       O homem faminto deseja comida de verdade e não figuras atraentes de comida.

       Precisamos estar “impregnados”, “encharcados”, “batizados” do e no Espírito Santo; precisamos passar pela experiência do Espírito Santo que nos é dado pelo Pai aos que lhe obedecem, vigiam, rezam e esperam com paciência.

      É preciso estar dispostos a anunciar Jesus, seguros de que o Espírito Santo está conosco desde que nós estejamos com ELE:

     1 – Através da oração (Lc 11,13).

    2 – Através da obediência (At 5,32) – não é ouvido pelos homens senão aquele que ouve a Deus, i. é, que lhe obedece.

    3 – Através da caridade ativa – não se pode “dar Jesus” senão como o Pai, “por amor” (Jo 3,16) e nuca através de julgamentos ou censuras.  É muito útil perguntar-nos antes de anunciar a Palavra de Deus ou expor sua vontade: eu amo estas pessoas como Deus as ama?

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