sábado, 23 de janeiro de 2016

III Domingo do Tempo Comum

Textos: Ne 8,2-4a. 5-6.8-10; 1 Co 12, 12-30; Lc 1, 1-4; 4, 14-21

Evangelho (Lc 1,1-4;4,14-21): Muitos tentaram escrever a história dos fatos ocorridos entre nós, assim como nos transmitiram aqueles que, desde o início, foram testemunhas oculares e, depois, se tornaram ministros da palavra. Diante disso, decidi também eu, caríssimo Teófilo, redigir para ti um relato ordenado, depois de ter investigado tudo cuidadosamente desde as origens, para que conheças a solidez dos ensinamentos que recebeste. Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e sua fama se espalhou por toda a região. Ele ensinava nas sinagogas deles, e todos o elogiavam. Foi então a Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, no dia de sábado, foi à sinagoga e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, encontrou o lugar onde está escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres: enviou-me para proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor». Depois, fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Os olhos de todos, na sinagoga, estavam fixos nele. Então, começou a dizer-lhes: «Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir».

«Para que conheças a solidez dos ensinamentos que recebeste»

Rev. D. Bernat GIMENO i Capín  (Barcelona, Espanha)

Hoje, começamos a ouvir a voz de Jesus através do evangelista que nos acompanhará durante todo o Tempo Comum próprio do Ano C: São Lucas. Que «conheças a solidez dos ensinamentos que recebeste» (Lc 1,4), escreve Lucas ao seu amigo Teófilo. Se é esta a finalidade do que escreve, devemos tomar consciência da importância que tem o fato de meditar todos os dias o Evangelho do Senhor – palavra viva e, portanto, sempre nova.

Como Palavra de Deus, Jesus nos é apresentado hoje como um Mestre, já que «ia ensinando nas sinagogas deles» (Lc 4,15). Começa como qualquer outro pregador: lendo um texto da Escritura, que se cumpre precisamente nesse momento… Está a cumprir-se a palavra do profeta Isaías; mais ainda: toda a palavra, todo o conteúdo das Escrituras, tudo o que os profetas tinham anunciado se concretiza e se cumpre em Jesus. Acreditar ou não em Jesus não é indiferente, porque é o próprio “Espírito do Senhor” que O ungiu e enviou.

A mensagem que Deus quer transmitir à humanidade através da Sua Palavra é uma boa nova para os abandonados, um anúncio de liberdade para os cativos e oprimidos, uma promessa de salvação. Uma mensagem que enche de esperança toda a humanidade. Nós, filhos de Deus em Cristo através do sacramento do batismo, também recebemos esta unção e participamos na Sua missão: levar esta mensagem de esperança a toda a humanidade.

Meditando o Evangelho que dá solidez à nossa fé, vemos que Jesus pregava de um modo diferente dos outros mestres. Pregava como quem tem autoridade (cf. Lc 4,32). E isto porque pregava principalmente com obras, com o exemplo, dando testemunho, entregando até a Sua própria vida. Assim temos de fazer nós, não podemos ficar só pelas palavras: temos de concretizar com obras o nosso amor a Deus e aos irmãos. Podem ajudar-nos as Obras de Misericórdia – sete espirituais e sete corporais – que nos propõe a Igreja, que, como uma mãe, orienta o nosso caminho.

Programa eleitoral de Cristo.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

São Francisco de Sales
Bispo e Doutor
Esta é a primeira vez que Jesus fala na sua terra e os seus paisanos o escutam sem nenhum problema. Abre a sua campanha eleitoral pelo Reino dos céus. O seu discurso programático está orientado à libertação integral do homem.

Em primeiro lugar, resumindo, o programa eleitoral de Jesus fica assim: evangelização, alívio dos enfermos, preferência pelos pobres, libertação dos explorados, expulsão dos demônios, tira da cadeia os presos, indulto e anistia para todos, perdão dos pecados. Portanto, liberdade, justiças e santidade; eis aqui o programa eleitoral de Cristo. Com esse programa Jesus se apresenta como o Messias profetizado por Isaias (61, 1-2): “Hoje mesmo se cumpriu esta passagem da Escritura”. Como reagiu o povo diante deste programa eleitoral? Jesus esteve três vezes na sua terra: na primeira vez o aplaudiram (Lc 4, 16-22; Mt 4, 15); na segunda vez lhe apitaram (Lc 4, 23-24); na terceira vez o expulsaram (Lc 4, 25-30). Na terceira vez foi a vencida: tiraram-no da sinagoga, empurram-no às periferias, até a orla de um precipício e por pouco dava o seu último adeus. Tudo porque emendou a página de Isaias, fê-la sua, mas suprime “a vingança do nosso Deus” (Is 61,2), pois esse Messias vem para proclamar “o ano da graça do Senhor”. Não estamos celebrando este ano o jubileu da misericórdia? Quem pensa que è esse filho do carpinteiro José?- diziam os seus concidadãos de Nazaré.

Em segundo lugar, a Igreja de Cristo continuará e deve continuar esse mesmo programa eleitoral, está claro, se não quiser desvirtuar a missão redentora de Cristo e aguá-la ou ideologizá-la. O documento de Aparecida diz o seguinte: “O rico magistério social da Igreja nos indica que não podemos conceber uma oferta de vida em Cristo sem um dinamismo de libertação integral, de humanização, de reconciliação e de inserção social” (n. 359). E no número 362: “Assumimos o compromisso de uma grande missão em todo o Continente, que nos exigirá aprofundar e enriquecer todas as razoe e motivações que permitam converter cada crente num discípulo missionário. Necessitamos desenvolver a dimensão missionária da vida em Cristo. A Igreja necessita uma forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade, na parada e na tibieza, à margem do sofrimento dos pobres do Continente. Necessitamos que cada comunidade cristã se converta num poderoso centro de irradiação da vida em Cristo. Esperamos um novo Pentecostes que nos livre da fatiga, da desilusão, de acomodar-nos ao ambiente; uma vinda do Espírito que renove a nossa alegria e a nossa esperança. Por isso, tornar-se-á imperioso fomentar cálidos espaços de oração comunitária que alimentem o fogo de um ardor desbordante e façam possível um testemunho atrativo de unidade “para que o mundo creia” (Jo 17,21). Isto não é política e nem tem cheiro de socialismo, mas de evangelho puro. Eis ai a Igreja na vanguarda: curando, cuidando, consolando, libertando a alma dos pecados, animando à conversão do coração, convidando à justiça, à solidariedade, ao perdão e à paz. Porém, os Organismos Internacionais e Nacionais escutam a voz da Igreja? Os sacerdotes e os bispos escutam o gemido de tantos pobres de corpo e de alma, ou estão nas trincheiras nas suas posições políticas e ideológicas, ou pior, nos seus escritórios paroquiais e episcopais, entre mil papéis? Muito cuidado!

Finalmente, agora compete também a nós, leigos, pois também nós somos Igreja. A melhor maneira de nos unir ao programa eleitoral de Cristo é continuar com alegria e consciência o conselho de São Paulo na segunda leitura de hoje: viver unidos na missão incumbida por Cristo, colaborando cada um nos diversos campos da vida eclesial. Quais? Na catequese, na caridade prestativa, nas missões, nos meios de comunicação social, etc. Objetivo? Levar o programa de Cristo por todos os cantos do mundo. Finalidade? Para que todos conheçam Cristo e se salvem. Modo? Com amor e no respeito, guiados pelo Espírito Santo e todos unidos no mesmo ideal, sem querer passar por cima de ninguém e nem pretensão de fazer panelinhas. Neemias, leigo, e Esdras, sacerdote (1 leitura) nos dão um bom exemplo de cooperação entre todos os estamentos de uma comunidade, no nosso caso para levar o programa eleitoral de Cristo. Que bom que nos últimos anos experimentamos uma crescente e muito proveitosa participação dos leigos nas tarefas comuns da Igreja e na obra da re-evangelização. Aqueles aos quais levemos esse programa de Cristo- pobres, cegos, oprimidos, tristes, ricos-, escutar-nos-ão? Rejeitar-nos-ão? Colaborarão conosco? Jogar-nos-ão pelo barranco da sua indiferença e desprezo? Não importa, pois Cristo também passou por tudo isso.

Para refletir: Conheço bem o programa eleitoral de Cristo? Já o assimilei na minha própria vida? Transmito-o por todos os cantos da minha geografia pessoal, familiar, no meu bairro, no campo? Como reagem aqueles aos quais falo do programa eleitoral de Cristo: com amor, com indiferença, com hostilidade?

Para rezar: Senhor, para mim è difícil entender o vosso programa eleitoral. Gostaria mais que fosse triunfalista, mais fácil. Não obstante, confio em Vós. Dai-me a graça de assimilar bem este vosso programa de liberação e salvação total, de corpo e alma. Colocai na minha boca as palavras justas e apropriadas para saber decifrar o vosso programa aos homens e mulheres deste tempo.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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