Textos: Is 62, 1-5; 1 Co 12, 4-11; Jo 2, 1-11
Evangelho
(Jo 2,1-12): No terceiro dia, houve um
casamento em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e seus
discípulos foram convidados para o casamento. Faltando o vinho, a mãe de Jesus
lhe disse: «Eles não têm vinho!» Jesus lhe respondeu: «Mulher, que é isso, para
mim e para ti? A minha hora ainda não chegou». Sua mãe disse aos que estavam
servindo: «Fazei tudo o que ele vos disser!». Estavam ali seis talhas de pedra,
de quase cem litros cada, destinadas às purificações rituais dos judeus. Jesus
disse aos que estavam servindo: «Enchei as talhas de água!». E eles as encheram
até à borda. Então disse: «Agora, tirai e levai ao encarregado da festa”. E
eles levaram. O encarregado da festa provou da água mudada em vinho, sem saber
de onde viesse, embora os serventes que tiraram a água o soubessem. Então
chamou o noivo e disse-lhe: «Todo o mundo serve primeiro o vinho bom e, quando
os convidados já beberam bastante, serve o menos bom. Tu guardaste o vinho bom
até agora». Este início dos sinais, Jesus o realizou em Caná da Galileia.
Manifestou sua glória, e os seus discípulos creram nele. Depois disso, Jesus
desceu para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos. Lá,
permaneceram apenas alguns dias.
«A mãe de Jesus estava
lá. Também Jesus e seus discípulos foram convidados para o casamento»
Rev. D. Enric PRAT i Jordana (Sort, Lleida, Espanha).
Hoje,
contemplamos os efeitos salutares da presença de Jesus e de Maria, Sua Mãe, no
centro dos acontecimentos humanos, como no episódio que nos ocupa: «Naquele
tempo, houve um casamento em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava lá.
Também Jesus e seus discípulos foram convidados para o casamento» (Jo 2,1-2).
Jesus
e Maria, com intensidade diferente, tornam Deus presente em qualquer lugar onde
estejam e, onde está Deus, aí há amor, graça e milagre. Deus é o bem, a verdade,
a beleza, a abundância. Quando o sol difunde os seus raios no horizonte, a
terra ilumina-se e recebe calor, e toda a vida trabalha para produzir os seus
frutos. Quando deixamos que Deus se aproxime, o bem, a paz e a felicidade
crescem manifestamente nos corações, até então talvez frios ou adormecidos.
A
mediação escolhida por Deus para se fazer presente no meio dos homens e se
comunicar profundamente com eles, é Jesus Cristo. A obra de Deus chega ao
coração do mundo através da humanidade de Jesus e, depois, através da presença
de Maria. Os noivos de Caná pouco sabiam sobre aqueles convidados para a sua
boda. O convite correspondia provavelmente a alguma relação de amizade ou
parentesco. Naquela altura, Jesus ainda não tinha feito nenhum milagre e desconhecia-se
a sua importância.
Aceitou
o convite porque é a favor das relações humanas importantes e sinceras e se
sentiu atraído pela honestidade e boa disposição daquela família. Por isso,
estava presente naquela celebração familiar. «Este início dos sinais, Jesus o
realizou em Caná da Galileia» Jo 2,11) e ali o Messias «abriu o coração dos
discípulos à fé graças à intervenção de Maria, a primeira crente» (S. João
Paulo II).
Aproximemo-nos
também da humanidade de Jesus, tratando de conhecer e amar, mais e de modo
progressivo, a Sua trajetória humana, escutando a Sua palavra, crescendo em fé
e confiança, até ver nele o rosto do Pai.
O vinho novo trazido por
Cristo ao nosso mundo e a cada lar, por mediação de Maria.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Sto Antônio, o Grande (Sto Antão) Abade |
A
uns meses da conclusão do Sínodo sobre a família, Deus nos surpreende neste
domingo com o evangelho das Bodas de Caná. Sabemos que é um dos “sinais” de São
João que nos revelam um profundo significado. Este evangelho traz muita
cristologia, mariologia e messianismo. Difícil e codificado. Tentemos
descodificar. Tanto Isaias na primeira leitura como São João no evangelho
insistem nesse sinal: Deus nos ama com um amor comparável ao do esposo para com
a esposa. Cristo aparece como o Noivo ou o Esposo, o Vinho novo que Deus
preparou para os últimos tempos. Chegou a hora do Esposo que cumpre as
promessas do Antigo Testamento.
Em
primeiro lugar, Jesus ocupa o centro do relato das bodas. O “vinho” que Jesus
traz è excepcional, abundante (mais de quinhentos litros) e superior à água
incolor, inodora e insípida das talhas de “pedra” do judaísmo; alusão à lei,
escrita em tábuas de pedra. Cristo não traz um sistema doutrinal, mas a
manifestação do seu mistério. Por isso escolhe umas bodas. A aliança messiânica
foi anunciada pelos profetas sob o simbolismo de umas bodas (cf. Os 2,16-25; Jr
2, 1s; 3, 1-6; Ez 54, 4-8). O vinho era uma característica predominante dos
tempos e bens messiânicos. Se a água dos judeus purificava os corpos; o vinho
de Cristo purificará as almas, porque o converterá depois no seu Sangue
bendito. O quarto evangelho dá inicio à atividade de Jesus com a alegria das
bodas messiânicas. O esposo é Jesus e a esposa, a pequena comunidade que se une
ao seu redor pela fé. A glória que os discípulos contemplam em Jesus é a sua
manifestação como o novo esposo messiânica. E a presença de Maria ai representa
o Antigo Testamento e a humanidade inteira. Constata a falta de algo que era
essencial nos tempos messiânicos: a abundância e a qualidade do vinho. Assim
afirma depois o organizador da festa. E Ela, com amor misericordioso e materno,
intercede por nós diante do seu Filho. E consegue o milagre, adiantando a Hora
do seu Filho e também a sua própria hora como mãe da humanidade inteira. Ao
chamá-la de “Mulher”, Jesus está afirmando que os laços da família de Deus são
mais fortes que os do sangue. Jesus atua porque pede a sua mãe, quanto mais
quando tiver chegado a sua Hora!
Em
segundo lugar, as bodas de Caná são a primeira boda cristã que nos consta,
lendo os evangelhos, onde Jesus em pessoa entrou e compartilhou o vinho da sua
benção, elevando essa união matrimonial ao sacramento, fonte de graça divina e
reflexo do amor que Ele tem pela sua Igreja. Sem Cristo no matrimonio, e na
vida, faltar-nos-á o vinho do amor, da alegria e do sentido pleno da
existência; e o nosso vinho humano se avinagrará com facilidade. Com Cristo,
teremos sempre o vinho de primeira qualidade que nunca azedará. Vinho que
alegrará um lar e a convivência matrimonial. Vinho que compartilharemos com os
filhos, parentes e amigos, com manifestações de interesse, de ternura,
generosidade, conselho. Vinho que com o passar dos anos- se continuar Jesus no
centro da família- terá um buquê especial que regozijará os olhos, o olfato e o
paladar, e nos ajudará a vencer as dificuldades normais da convivência. Basta
nos sentar e saborear uma taça desse vinho novo trazido por Cristo para que as
penas diminuam, o sorriso floresça nos lábios e os abraços se estreitem uma vez
mais. Por isso, o sinal milagroso de Caná exprime o “sim” de Cristo ao amor, à
festa, à alegria de todos os matrimônios e famílias.
Finalmente,
e quando faltar o vinho, o que fazer? Qual é o vinho que falta no nosso mundo?
O vinho da paz, o da ternura em tantas famílias; o vinho da fé, da esperança e
do amor em tantos corações; o vinho da verdade em tantas mentes...? Quando
faltam estes vinhos, a vida se “avinagra”. Surgem as brigas, as separações, os
divórcios, os interesses partidários, as trapaças econômicas, as frivolidades
vácuas, a mentira como ferramenta de comunicação, o relativismo moral, a
violência e o terror. O que fazer? Invocar a Maria; Ela é a onipotência
suplicante, como são Bernardo nos disse. Maria viu a carência na boda, fê-la
sua solidariamente, e colocou mãos a obra. Não ficou em relatar o que acontece
e se lamentar pelo que falta ou vai mal. Dar-se conta do “vinho” que falta,
arregaçar as mangas no que depende de nós, tendo na Palavra de Jesus a nossa
força e a nossa luz. Isto foi Caná. Esta foi Maria. O Evangelho termina dizendo
que “os discípulos creram Nele” (Jo 2,11). O final è que tendo vinho, teve
festa, e os discípulos vendo o sinal, o milagre, creram em Jesus. Necessitamos
milagres de “vinho”; o mundo necessita ver que os vinagres do absurdo se
transformam em vinho bom e generoso, o do amor e da esperança, o que germina em
fé. Sempre tem um brinde por ser feito. Que seja com o vinho como o de Maria em
Caná.
Para
refletir: como está a
talha do meu coração: vazia, meio cheia ou cheia até a borda? Tem vinho de
alegria e entusiasmo ou água incolor, inodora e insípida? Quais coisas
avinagram o meu vinho que Cristo me deu do meu casamento, no dia da minha
ordenação sacerdotal, no dia da minha consagração religiosa? Costumo invocar
Maria Santíssima para que interceda por mim diante do seu Filho Jesus?
Para
rezar: Maria, dizei
ao vosso Filho que está acabando o vinho da alegria, do amor, da fé e da
confiança em nós. Dizei ao vosso Filho que tem muitas famílias só com água ou
pior, com vinho avinagrado; que tenha piedade de nós. Obrigado, Maria, pela
vossa intercessão. Tirai-nos do apuro, como fizeste em Caná.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre
Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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