sábado, 21 de novembro de 2015

Solenidade de Cristo Rei

Textos: Dn 7, 13-14; Ap 1, 5-8; Jo 18, 33-37

Evangelho (Jo 18,33-37): Naquele tempo, Pilatos entrou, de volta, no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és o Rei dos Judeus?». Jesus respondeu: «Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isso de mim?». Pilatos respondeu:«Acaso sou eu judeu? Teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?». Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, o meu reino não é daqui». Pilatos disse: «Então, tu és rei?». Jesus respondeu: «Tu dizes que eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».

«Sou rei. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz»

Rev. D. Frederic RÀFOLS i Vidal (Barcelona, Espanha)

Hoje, Jesus Cristo nos é apresentado como Rei do Universo. Sempre me chamou a atenção o ênfase que a Bíblia dá ao nome de Rei quando o aplica ao Senhor. «O Senhor reina, vestido de majestade», cantamos no Salmo 92. «Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz.» (Jo 18,37), ouvimos pela própria boca de Jesus mesmo. «Bendito o rei que vem em nome do Senhor» (Lc 19,14), diziam as pessoas quando ele entrava em Jerusalém.

Certamente, a palavra Rei, aplicada a Deus e a Jesus Cristo, não tem as conotações da monarquia política tal como a conhecemos. Mas, sim que há alguma relação entre a linguagem popular e a linguagem bíblica com respeito à palavra rei. Por exemplo, quando uma mãe cuida ao seu bebê de poucos meses e lhe diz: - Tu és o rei da casa. Que está dizendo? Algo muito simples: que para ela este menino ocupa o primeiro lugar, que é tudo para ela. Quando os jovens dizem que fulano é o rei do Rock querem dizer que não há ninguém igual, o mesmo quando falam do rei do basquete. Entre no quarto de um adolescente e verá na parede quem são seus reis. Penso que essas expressões populares se parecem mais ao que queremos dizer quando clamamos a Deus como nosso Rei e nos ajudam a entender a afirmação de Jesus sobre sua realeza: «O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo» (Jo 18,36).

Para os cristãos nosso Rei é o Senhor, quer dizer, o centro onde se dirige o sentido mais profundo de nossa vida. Ao pedir no Pai Nosso que venha a nós seu reino, expressamos nosso desejo de que cresça o número de pessoas que encontrem em Deus a fonte da felicidade e se esforcem por seguir o caminho que Ele nos ensinou, o caminho das bem-aventuranças. Peçamos de todo coração, que «onde queira que esteja Jesus Cristo, ali estará nossa vida e nosso reino» (Santo Ambrosio).

A realeza e a verdade de Cristo Rei, frente a frente aos reis deste mundo.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Rezemos pelas Almas do Purgatório
Estamos terminando o ano litúrgico. No domingo que vem, com o Advento, iniciaremos de novo esse processo de celebração que faz com que participemos de um ano mais da graça da salvação aqui e agora para cada um de nós, se estamos preparados. A festa de Cristo Rei do Universo antes se celebrava no último domingo de outubro, desde o ano 1925 em que a instituiu o Papa Pio XI. Porém na reforma de Paulo VI, em 1969, transladou-se para o último domingo do ano cristão, para o domingo 34 do Tempo Comum. Cristo Rei do Universo se enfrenta hoje com as três grandes políticas da história universal: a política imperial de Roma, representada por Pilatos; a política teocrática de Israel, representada pelos sacerdotes e letrados; e a política soteriológica de Deus, representada em Cristo. Quem ganhará?    

Em primeiro lugar, Jesus e Poncio Pilatos, cara a cara. Pilatos, prefeito da Judeia do ano 26 ao 36, era um funcionário do Império; portanto, um homem do “ius romanum” – a lei é a lei-, antimonárquico de nascimento e imperialista de profissão, que odiava os judeus como Roma, como muitos, como ninguém. Pilatos e Jesus, a república e a monarquia, frente a frente: “Tu és o rei dos judeus?”. Rei como Numa Pompilio, sucessor de Rômulo, ou como Davi e Salomão dos livros sagrados? Cristo não esconde a verdade: “Sou rei... mas não como os reis daqui debaixo”. Pilatos ficou desconcertado: Então, rei de onde, de quem? Rei político, quimérico, democrático, militar...? Jesus diante de Pilatos e diante dos chefes políticos, é respeitoso com eles. Faz com que eles vejam qual é a verdade da sua missão, recebida lá de cima. Coloca-os no seu lugar: a César o que é de César. Tenta abrir para eles a verdade da sua mensagem. Inclusive os desculpa, como fez com Pilatos. Pilatos não quis aceitar a verdade, que era o mesmo Cristo que estava diante dele. Preferiu a “sua própria verdade”, cheia de histórias inventadas e tudo mais, lavando as próprias mãos. Já sabemos: por política, a razão da força vence a força da razão, a força bruta embrutece então a multidão e a multidão então aposta por um delinquente contra um inocente: “Este não; mas Barrabás!”. Jesus, rei dos homens e do universo, porque os criou e são seus, é a mais preclara vítima política da história universal.     

Em segundo lugar, Jesus e os sacerdotes e letrados, cara a cara. Estes queriam desfazer-se de Cristo. Estrago alguns parágrafos do meu livro sobre Jesus Cristo: “Alguns deles o consideraram um inimigo e um perigo, porque pensava ter autoridade para levar a lei à sua plenitude, porque rejeitava certas interpretações que dela faziam, porque desmascarava o legalismo e a hipocrisia nas suas relações com Deus e com os homens. Jesus os despiu e jogou na cara deles um pecado fundamental: a falta de verdade nas suas vidas, de desamor à verdade, e inclusive de ódio à verdade. Eles não aguentavam Jesus dizer: “Eu sou a Verdade”. A sua rejeição de Jesus Cristo não foi por motivos de honestidade. Rejeitaram-no por ser precisamente Ele, com o seu jeito de vida singular, com a sua doutrina específica e nova, com os seus ensinamentos particulares nunca ouvidas antes. Por isso Jesus lhes disse: “Eu vim em nome do meu Pai e vós não me recebeis”. A confiança de Cristo no seu Pai era como uma chamada de atenção a sua presunção. A verdade de Cristo fazia doer a sua dupla vida. O desprendimento de Cristo chocava com a avareza farisaica. A humildade de Jesus era uma lição difícil para a sua soberba e o seu orgulho. Muitas coisas de Cristo importunavam os fariseus: a sua segurança, a sua virilidade, o seu amor pelos pobres e pelos pecadores, a sua autoridade, o seu modo de arrastar os outros, a sua simplicidade, o seu porte distinto, o seu sorriso sereno, o brilho dos seus olhos... Muitas coisas eram para os fariseus motivo de moléstia”. Estes sacerdotes e letrados não aceitam nem sequer a verdade que era e é Jesus. Preferiram ficar “com a sua verdade”, costurada com remendos de lei e com linha da sua soberba e da sua vaidade.    

Finalmente, Cristo é e deve ser o Rei da minha vida e da minha família e quer nos salvar; a sua “política” é a salvação. Como é este Rei? Do meu livro sobre Jesus Cristo, compartilho com vocês este parágrafo: “Não é um rei temporal, político, social que subjuga, escraviza os seus súditos. É um Rei pobre materialmente, mas rico espiritualmente; é um Rei entregado à Causa encomendada pelo Pai; é um Rei humilde, mas consciente da sua Realeza. É um Rei que serve, sai do palácio para caminhar nos nossos caminhos empoeirados e para ver as necessidades de cada um dos seus súditos e desse modo oferecer soluções. O nosso Rei sofre as nossas misérias e dores e as compartilha conosco. É um Rei especial, porque tem como trono, a cruz; como cetro, a verdade; como lei, o amor e o perdão; como veste, a humildade e a pureza; como coroa, uma de espinhos lavrada com todos os nossos pecados. O seu Reinado são as nações, as famílias, cada coração, onde Ele quer reinar, se o permitimos. Não quer que ninguém fique fora do seu Império de amor e de paz. Este Rei pede súditos fiéis e felizes de pendurar bem alto a sua bandeira, de servi-lo, de transmitir a sua lei e a sua mensagem. Estes súditos fiéis não mudam este Rei Jesus nem pelo rei de comodidades, que seria o rei-prazer, nem pelo rei de ouros, pelo rei-dinheiro, nem pelo rei de bastões ou de espada, pelo rei-violência. Dizem “Viva Cristo Rei” com os lábios e com a vida. Não quer nem súditos infiéis nem covardes ou medíocres, porque vivem estes últimos no exercito de Cristo, mas no lutam, não trabalham, não se esforçam, por seguir a lei do mínimo esforço, da reclamação continua, da sabotagem e da mentira”.

Para refletir: Cristo é rei do meu coração, da minha mente, da minha vontade? Quantos reis eu sirvo: o dinheiro, o poder, o prazer?

Para rezar: Rezemos juntos com Santo Inácio de Loiola: “Toma, Senhor, e recebe toda a minha liberdade, a minha memória, o meu entendimento e toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo. Tu me deste tudo, a Ti, Senhor, devolvo. Tudo é teu. Dispõe de tudo segundo a tua vontade. Dá-me o teu amor e a tua graça, que esta me basta. Amém”.  

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO