Textos: Dn 7, 13-14; Ap 1, 5-8; Jo 18, 33-37
Evangelho
(Jo 18,33-37): Naquele tempo, Pilatos
entrou, de volta, no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és o Rei dos
Judeus?». Jesus respondeu: «Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te
disseram isso de mim?». Pilatos respondeu:«Acaso sou eu judeu? Teu povo e os
sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?». Jesus respondeu: «O meu
reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas
lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, o meu reino não é
daqui». Pilatos disse: «Então, tu és rei?». Jesus respondeu: «Tu dizes que eu
sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».
«Sou rei. Todo aquele
que é da verdade escuta a minha voz»
Rev. D. Frederic RÀFOLS i Vidal (Barcelona, Espanha)
Hoje,
Jesus Cristo nos é apresentado como Rei do Universo. Sempre me chamou a atenção
o ênfase que a Bíblia dá ao nome de Rei quando o aplica ao Senhor. «O Senhor
reina, vestido de majestade», cantamos no Salmo 92. «Perguntou-lhe então
Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É para dar
testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a
minha voz.» (Jo 18,37), ouvimos pela própria boca de Jesus mesmo. «Bendito o
rei que vem em nome do Senhor» (Lc 19,14), diziam as pessoas quando ele entrava
em Jerusalém.
Certamente,
a palavra Rei, aplicada a Deus e a Jesus Cristo, não tem as conotações da
monarquia política tal como a conhecemos. Mas, sim que há alguma relação entre
a linguagem popular e a linguagem bíblica com respeito à palavra rei. Por
exemplo, quando uma mãe cuida ao seu bebê de poucos meses e lhe diz: - Tu és o
rei da casa. Que está dizendo? Algo muito simples: que para ela este menino
ocupa o primeiro lugar, que é tudo para ela. Quando os jovens dizem que fulano
é o rei do Rock querem dizer que não há ninguém igual, o mesmo quando falam do
rei do basquete. Entre no quarto de um adolescente e verá na parede quem são
seus reis. Penso que essas expressões populares se parecem mais ao que queremos
dizer quando clamamos a Deus como nosso Rei e nos ajudam a entender a afirmação
de Jesus sobre sua realeza: «O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino
fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não
fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo» (Jo 18,36).
Para
os cristãos nosso Rei é o Senhor, quer dizer, o centro onde se dirige o sentido
mais profundo de nossa vida. Ao pedir no Pai Nosso que venha a nós seu reino,
expressamos nosso desejo de que cresça o número de pessoas que encontrem em
Deus a fonte da felicidade e se esforcem por seguir o caminho que Ele nos
ensinou, o caminho das bem-aventuranças. Peçamos de todo coração, que «onde
queira que esteja Jesus Cristo, ali estará nossa vida e nosso reino» (Santo
Ambrosio).
A realeza e a verdade de
Cristo Rei, frente a frente aos reis deste mundo.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Rezemos pelas Almas do Purgatório |
Estamos
terminando o ano litúrgico. No domingo que vem, com o Advento, iniciaremos de
novo esse processo de celebração que faz com que participemos de um ano mais da
graça da salvação aqui e agora para cada um de nós, se estamos preparados. A
festa de Cristo Rei do Universo antes se celebrava no último domingo de
outubro, desde o ano 1925 em que a instituiu o Papa Pio XI. Porém na reforma de
Paulo VI, em 1969, transladou-se para o último domingo do ano cristão, para o
domingo 34 do Tempo Comum. Cristo Rei do Universo se enfrenta hoje com as três
grandes políticas da história universal: a política imperial de Roma,
representada por Pilatos; a política teocrática de Israel, representada pelos
sacerdotes e letrados; e a política soteriológica de Deus, representada em
Cristo. Quem ganhará?
Em
primeiro lugar, Jesus e Poncio Pilatos, cara a cara. Pilatos, prefeito da
Judeia do ano 26 ao 36, era um funcionário do Império; portanto, um homem do
“ius romanum” – a lei é a lei-, antimonárquico de nascimento e imperialista de
profissão, que odiava os judeus como Roma, como muitos, como ninguém. Pilatos e
Jesus, a república e a monarquia, frente a frente: “Tu és o rei dos judeus?”.
Rei como Numa Pompilio, sucessor de Rômulo, ou como Davi e Salomão dos livros
sagrados? Cristo não esconde a verdade: “Sou rei... mas não como os reis daqui
debaixo”. Pilatos ficou desconcertado: Então, rei de onde, de quem? Rei
político, quimérico, democrático, militar...? Jesus diante de Pilatos e diante
dos chefes políticos, é respeitoso com eles. Faz com que eles vejam qual é a
verdade da sua missão, recebida lá de cima. Coloca-os no seu lugar: a César o
que é de César. Tenta abrir para eles a verdade da sua mensagem. Inclusive os
desculpa, como fez com Pilatos. Pilatos não quis aceitar a verdade, que era o
mesmo Cristo que estava diante dele. Preferiu a “sua própria verdade”, cheia de
histórias inventadas e tudo mais, lavando as próprias mãos. Já sabemos: por
política, a razão da força vence a força da razão, a força bruta embrutece
então a multidão e a multidão então aposta por um delinquente contra um
inocente: “Este não; mas Barrabás!”. Jesus, rei dos homens e do universo,
porque os criou e são seus, é a mais preclara vítima política da história
universal.
Em
segundo lugar, Jesus e os sacerdotes e letrados, cara a cara. Estes queriam
desfazer-se de Cristo. Estrago alguns parágrafos do meu livro sobre Jesus
Cristo: “Alguns deles o consideraram um inimigo e um perigo, porque pensava ter
autoridade para levar a lei à sua plenitude, porque rejeitava certas
interpretações que dela faziam, porque desmascarava o legalismo e a hipocrisia
nas suas relações com Deus e com os homens. Jesus os despiu e jogou na cara
deles um pecado fundamental: a falta de verdade nas suas vidas, de desamor à
verdade, e inclusive de ódio à verdade. Eles não aguentavam Jesus dizer: “Eu
sou a Verdade”. A sua rejeição de Jesus Cristo não foi por motivos de
honestidade. Rejeitaram-no por ser precisamente Ele, com o seu jeito de vida
singular, com a sua doutrina específica e nova, com os seus ensinamentos
particulares nunca ouvidas antes. Por isso Jesus lhes disse: “Eu vim em nome do
meu Pai e vós não me recebeis”. A confiança de Cristo no seu Pai era como uma
chamada de atenção a sua presunção. A verdade de Cristo fazia doer a sua dupla
vida. O desprendimento de Cristo chocava com a avareza farisaica. A humildade
de Jesus era uma lição difícil para a sua soberba e o seu orgulho. Muitas
coisas de Cristo importunavam os fariseus: a sua segurança, a sua virilidade, o
seu amor pelos pobres e pelos pecadores, a sua autoridade, o seu modo de
arrastar os outros, a sua simplicidade, o seu porte distinto, o seu sorriso
sereno, o brilho dos seus olhos... Muitas coisas eram para os fariseus motivo
de moléstia”. Estes sacerdotes e letrados não aceitam nem sequer a verdade que
era e é Jesus. Preferiram ficar “com a sua verdade”, costurada com remendos de
lei e com linha da sua soberba e da sua vaidade.
Finalmente,
Cristo é e deve ser o Rei da minha vida e da minha família e quer nos salvar; a
sua “política” é a salvação. Como é este Rei? Do meu livro sobre Jesus Cristo,
compartilho com vocês este parágrafo: “Não é um rei temporal, político, social
que subjuga, escraviza os seus súditos. É um Rei pobre materialmente, mas rico
espiritualmente; é um Rei entregado à Causa encomendada pelo Pai; é um Rei
humilde, mas consciente da sua Realeza. É um Rei que serve, sai do palácio para
caminhar nos nossos caminhos empoeirados e para ver as necessidades de cada um
dos seus súditos e desse modo oferecer soluções. O nosso Rei sofre as nossas
misérias e dores e as compartilha conosco. É um Rei especial, porque tem como
trono, a cruz; como cetro, a verdade; como lei, o amor e o perdão; como veste,
a humildade e a pureza; como coroa, uma de espinhos lavrada com todos os nossos
pecados. O seu Reinado são as nações, as famílias, cada coração, onde Ele quer
reinar, se o permitimos. Não quer que ninguém fique fora do seu Império de amor
e de paz. Este Rei pede súditos fiéis e felizes de pendurar bem alto a sua
bandeira, de servi-lo, de transmitir a sua lei e a sua mensagem. Estes súditos
fiéis não mudam este Rei Jesus nem pelo rei de comodidades, que seria o
rei-prazer, nem pelo rei de ouros, pelo rei-dinheiro, nem pelo rei de bastões
ou de espada, pelo rei-violência. Dizem “Viva Cristo Rei” com os lábios e com a
vida. Não quer nem súditos infiéis nem covardes ou medíocres, porque vivem
estes últimos no exercito de Cristo, mas no lutam, não trabalham, não se
esforçam, por seguir a lei do mínimo esforço, da reclamação continua, da
sabotagem e da mentira”.
Para
refletir: Cristo é
rei do meu coração, da minha mente, da minha vontade? Quantos reis eu sirvo: o
dinheiro, o poder, o prazer?
Para
rezar: Rezemos juntos
com Santo Inácio de Loiola: “Toma, Senhor, e recebe toda a minha liberdade, a
minha memória, o meu entendimento e toda a minha vontade, tudo o que tenho e
possuo. Tu me deste tudo, a Ti, Senhor, devolvo. Tudo é teu. Dispõe de tudo
segundo a tua vontade. Dá-me o teu amor e a tua graça, que esta me basta.
Amém”.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre
Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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