Textos: Is 53, 2a.3a.10-11; Heb 4, 14-16; Mc
10, 35-45
São Lucas, Evangelista |
Evangelho
(Mc 10,35-45): Tiago e João, filhos de
Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e lhe disseram: Mestre, queremos que faças por
nós o que te vamos pedir. Ele perguntou: Que quereis que eu vos faça?
Responderam: Permite que nos sentemos, na tua glória, um à tua direita e o
outro à tua esquerda! Jesus lhes disse: Não sabeis o que estais pedindo. Podeis
beber o cálice que eu vou beber? Ou ser batizados com o batismo com que eu vou
ser batizado? Responderam: Podemos. Jesus então lhes disse: Sim, do cálice que
eu vou beber, bebereis, com o batismo com que eu vou ser batizado, sereis
batizados. Mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não depende de
mim; é para aqueles para quem foi preparado.
Quando os outros dez ouviram isso, começaram a ficar zangados com Tiago
e João. Jesus então os chamou e disse: Sabeis que os que são considerados
chefes das nações as dominam, e os seus grandes fazem sentir seu poder. Entre
vós não deve ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos
serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós seja o escravo de todos. Pois o
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em
resgate por muitos.
«Quem quiser ser o maior
entre vós seja aquele que vos serve»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona,
Espanha)
Hoje,
novamente, Jesus altera nossos esquemas. Provocadas por Santiago e João, chegam
até nós palavras cheias de autenticidade: Porque o filho do homem não veio para
ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção. (Mc 10,45).
Como
gostamos de estar bem servidos! Pensemos, por exemplo, no agradável que nos
resulta a eficácia, pontualidade e pulcritude dos serviços públicos; ou nossas
queixas quando, depois de haver pago um serviço, não recebemos o que
esperávamos. Jesus Cristo nos ensina com seu exemplo. Ele não só é servidor da
vontade do Pai, que inclui nossa redenção e, que além disso paga! E, o preço de
nosso resgate é seu Sangue, na que recebemos a salvação de nossos pecados.
Grande paradoxo este, que nunca chegaremos a entender! Ele, o grande rei, o
filho de David, o que devia vir em nome do Senhor, mas aniquilou-se a si mesmo,
assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens (...). E, sendo
exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se
obediente até a morte, e uma morte de cruz. (Fil 2,7-8). Que expressivas são as
representações de Cristo vestido como um Rei cravado na cruz! Em Catalunha
temos muitas e recebem o nome de Santa Majestade. Na catequese contemplamos
como servir é reinar e, como o exercício de qualquer autoridade será sempre um
serviço.
Jesus
transtorna de tal maneira as categorias deste mundo que também esclarece o
sentido da atividade humana. Não é melhor a encomenda que mais brilha, e sim o
que realizamos mais identificados com Jesus Cristo-servo, com maior Amor a Deus
e aos irmãos. Se realmente acreditamos que: Ninguém tem maior amor do que
aquele que dá a sua vida por seus amigos (Jo 15,13), então também nos
esforçaremos em oferecer um serviço de qualidade humana e de competência
profissional com nosso trabalho, cheio de um profundo sentido cristão de
serviço. Como dizia a Madre Teresa de Calcutá: O fruto da fé é o amor, o fruto
do amor é o serviço, o fruto do serviço é a paz.
A verdadeira grandeza e
liderança estão em servir, não em dominar, a exemplo de Jesus que veio para
servir e não para ser servido.
Pe. Antonio Rivero L.C.
Peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora Divina Pastora |
No
domingo passado aprendemos onde está a autêntica sabedoria. Neste domingo,
Jesus nos ensina onde está a verdadeira grandeza e liderança do seguidor de
Cristo: em servir (evangelho), embora isto suponha provas e sofrimentos (1ª e 2ª
leituras).
Em
primeiro lugar, em geral como concebe o nosso mundo social e político o uso da
autoridade, dos ministérios, dos papéis e das funções? Ordinariamente escutamos
estas palavras: promoção e honra, ambição e prestígio, domínio e tirania.
Megalomania, arbitrariedade, tirania: eis aí a definição de muitos reinos e
impérios da história passada: Nero, Sérvio Suplicio Gaba, Vespasiano... Isto é,
“quantos súditos tenho para mandar, quantas bombas para disparar, quanto
dinheiro para gastar”. Ambição, megalomania, exploração (ditatorial,
republicana, democrática...): eis aí a definição de alguns Estados e nações na
história contemporânea. Isto é: “quantos tenho que pisar para subir, que
impostos impor para emagrecer os que têm e cevar os confrades do partido,
quantos azulejos tenho que quebrar e corromper de religião, moral, matrimônio,
família, filhos para me manter na poltrona”. E, desgraçadamente, não só no
campo social e político, mas também familiar ou comunitário, isto pode
acontecer. Está sempre aí a tentação de dominar e tiranizar os outros, se eles
se deixam.
Em
segundo lugar, como deve conceber o seguidor de Cristo a autoridade? Em clave
de serviço, nunca em clave de domínio. Agora entendemos porque Jesus deixou bem
claro aos apóstolos que queriam os melhores lugares- os bancos ministeriais e
os lugares de renome- que esse não era o caminho do seu autêntico seguidor.
Primeiro tem que passar pela cruz e pelo sofrimento. E sempre em atitude de
serviço humilde. A Igreja, toda inteira, como comunidade de Jesus, deve ser
servidora da Humanidade, e não a sua dona e senhora. Não apoiada no poder, mas
disposta ao amor de serviço, animada pelo exemplo de Jesus no lavatório da
Última Ceia, oficio de escravos. Lição difícil e dura para aprender. Mas Jesus
ajusta bem as contas com os seus seguidores agora. Do contrário, depois são
capazes de organizar a Igreja como um império, um reino, um Estado...civis.
Cristo quer uma Igreja, não que manda nos súditos, mas que serve os filhos de
Deus. Cristo quer uma Igreja que ofereça e facilite a salvação e não que a
controle e coloque taxas.
Canonização de Luís e Zélia Martin Pais de Santa Teresa do Menino Jesus |
Finalmente,
olhemos para Cristo, o nosso exemplo supremo. Não quis prerrogativas, nem
ambições. Rebaixou-se, fez-se nada, arregaçou as mangas e lavou os pés. Veio
para servir, e não para ser servido. Serviu o seu Pai celestial. Serviu Maria e
José, os seus pais aqui na terra. Serviu a humanidade, curando, consolando,
dando de comer, pregando a mensagem da salvação. Não quis nada em troca. Veio
para dar a vida em resgate por todos. Onde resgate equivale à libertação do
pecado e do cativeiro do demônio, mas também libertação das estruturas sociais,
políticas, econômicas, religiosas, sindicais...opressoras do homem. Cristo não
é um líder divino que se abre caminho vencendo inimigos e instaurando um Reino
de Deus político, não é um dominador, mas um servidor; não um vencedor, mas um
vencido e rendido por amor.
Para
refletir: Como me
comporto no pequeno ou no grande território da minha autoridade, familiar,
profissional, eclesial: sirvo como Jesus ou tiranizo e oprimo como os grandes
desta terra? Reflitamos nesta frase da Madre Teresa de Calcutá: “O fruto do
silencio é a oração. O fruto da oração é a fé. O fruto da fé é o amor. O fruto
do amor é o serviço. O fruto do serviço é a paz”. Reflitamos também neste texto
do Papa Francisco: “Um segundo elemento que gostaria de realçar no exercício da
autoridade é o serviço: nunca nos devemos esquecer que o poder verdadeiro, a
qualquer nível, é o serviço, que tem o seu ápice luminoso na Cruz. Bento XVI,
com grande sabedoria, recordou muitas vezes à Igreja que se para o homem, com
frequência, autoridade é sinónimo de posse, de domínio, de sucesso, para Deus
autoridade é sempre sinónimo de serviço, de humildade e de amor; significa
entrar na lógica de Jesus que se inclina para lavar os pés aos Apóstolos (cf. Ângelus,
29 de Janeiro de 2012), e diz aos seus discípulos: «Sabeis que os chefes das
nações as governam como seus senhores... Não seja assim entre vós — é este
precisamente o lema da vossa assembleia. Entre vós não será assim — quem quiser
fazer-se grande entre vós, seja vosso servo» (Mt 20, 25-27). Pensemos no dano
que causam ao Povo de Deus os homens e as mulheres de Igreja que são
carreiristas ou arrivistas, que «usam» o povo, a Igreja, os irmãos e as irmãs —
aqueles a quem deveriam servir — como trampolim para os interesses e as
ambições pessoais. Eles causam um dano grande à Igreja” (Discurso às religiosas
participantes na assembleia plenária da união internacional das superiores
gerais, 8 de maio de 2013).
Para
rezar: Senhor, livrai-me da ambição e da tirania no trato
com os meus irmãos. Colocai no meu coração a humildade para que possa servir
todos com desprendimento, alegria e generosidade, como Vós.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
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