sexta-feira, 25 de setembro de 2015

XXVI Domingo do Tempo Ordinário

Textos: Nm 11, 25-29; Sl 5, 1-6; Mc 9, 37-42

SÃO VICENTE, PRESBÍTERO
Evangelho (Mc 9,38-43.45.47-48): João disse a Jesus: Mestre, vimos alguém expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não andava conosco. Jesus, porém, disse: Não o proibais, pois ninguém que faz milagres em meu nome poderá logo depois falar mal de mim. Quem não é contra nós, está a nosso favor. Quem vos der um copo de água para beber porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa. E quem provocar a queda um só destes pequenos que creem em mim, melhor seria que lhe amarrassem uma grande pedra de moinho ao pescoço e o lançassem no mar. Se tua mão te leva à queda, corta-a! É melhor entrares na vida tendo só uma das mãos do que, tendo as duas, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. Se teu pé te leva à queda, corta-o! É melhor entrar na vida tendo só um dos pés do que, tendo os dois, ser lançado ao inferno. Se teu olho te leva à queda, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus tendo um olho só do que, tendo os dois, ir para o inferno, onde o verme deles não morre e o fogo nunca se apaga.

«Ninguém que faz milagres em meu nome poderá logo depois falar mal de mim»

Rev. D. Valentí ALONSO i Roig (Barcelona, Espanha)

Hoje, conforme ao modelo atual de quem faz televisão, contemplamos a Jesus colocando vermes e fogo ai aonde devemos evitar ir: o inferno, onde o verme deles não morre e o fogo nunca se apaga. (Mc 9,48). É uma descrição do estado que pode ficar uma pessoa quando não dirigiu a sua vida aonde queria. Poderíamos compará-lo ao momento em que, dirigindo nosso carro, tomamos a estrada errada, pensando que vamos bem e, vamos a parar em algum lugar desconhecido, sem saber onde estamos e onde não queríamos estar. Deve-se evitar ir, seja como for, mesmo que tenhamos que nos desprender de coisas aparentemente irrenunciáveis: sem mãos (cf. Mc 9,43), sem pés (cf. Mc 9,45), sem olhos (cf. Mc 9,47). É preciso querer entrar na vida ou no Reino de Deus, mesmo nem que seja sem algo de nos mesmos.

Possivelmente, este Evangelho nos leva a refletir para descobrir o quê temos, por muito nosso que seja, que não nos permite ir a Deus, e ainda mais, que nos distancia dele.

Jesus mesmo, nos orienta para saber qual é o pecado no que nos fazem cair nossas coisas (mãos, pés e olhos). Jesus fala dos que escandalizam aos pequenos que nele creem (cf. Mc 9,42). Escandalizar é distanciar alguém do Senhor. Por tanto, valoremos em cada pessoa a sua proximidade com Jesus, a fé que tem.

Jesus nos ensina que não faz falta ser dos Doze ou dos discípulos mais íntimos para estarmos com Ele: Quem não é contra nós, está a nosso favor, (Mc 9,40). Podemos entender que Jesus salva tudo. É uma lição do Evangelho de hoje: há muitas pessoas que estão mais perto do Reino de Deus do que pensamos, porque fazem milagres em nome de Jesus. Como confessou Santa Teresinha do Menino Jesus: O Senhor não me poderá premiar segundo minhas obras (...). Pois bem, eu confio que me premiará segundo as suas.

Cuidemos na nossa vida a intolerância, os ciúmes e a intransigência, pois não são evangélicos. Ninguém tem o monopólio do Espírito, pois Ele sopra onde quer quando quer.

Pe. Antonio Rivero, L.C

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
Não é próprio de o Cristianismo ser intolerante, cortante e radical. Basta ver Jesus manso e humilde de coração que teve paciência com os apóstolos, que pregava o Reino com respeito, exigia desde os valores da justiça, verdade e solidariedade, e valorizava as coisas positivas dos mestres da lei e fariseus.

Em primeiro lugar, Moises não sentiu ciúmes porque Eldad y Medad profetizavam. “Quem dera que todo o povo de Deus fosse profeta e descesse sobre todos o espírito do Senhor”. É um prelúdio do que nos dirá o Espírito Santo no Concilio Vaticano II: “O Povo santo de Deus participa também da unção profética de Cristo, difundindo o seu testemunho vivo, sobretudo, com a vida de fé e de caridade e oferecendo a Deus o sacrifício do louvor... Aliás, o mesmo Espírito Santo não só santifica e dirige o Povo de Deus mediante os sacramentos e os ministérios... mas também distribui graças especiais entre os fieis de qualquer condição, distribuindo a cada um de acordo os seus dons, com os que os faz aptos e preparados para exercer as diversas obras e deveres que forem uteis para a renovação e a maior edificação da Igreja” (Lumen Gentium, 12).

Em segundo lugar, agora é o apostolo João, quem se definia “o discípulo amado”, o que parece intolerante e proíbe expulsar demônios no nome de Jesus. Acha que só eles, os apóstolos, têm o monopólio e a exclusividade destes ministérios. Intolerante, cortante e radical, porque um homem da roça se torna exorcista e despacha os demônios. Já vimos na primeira leitura como Moises deteve esses intolerantes que lhe pediam que os proibissem profetizar. A intolerância é fechamento, ignorância e pecado. A tolerância é cortesia, inteligência e virtude. Agora entendemos melhor o Papa Francisco. A intolerância é um escândalo. E escandalizar, segundo a nossa moral e o evangelho, não é dar o que falar, mas incitar, colaborar... com o pecado. Neste caso a intolerância é virtude porque o seu objetivo é o mal. As palavras de Jesus hoje são uma exortação à tolerância e à magnanimidade. A exclusão sectária, o olhar narcisista, a pretensão monopolizadora, são atitudes estranhas ao espírito de Jesus. Eliminando todo o fechamento ortodoxo, o cristianismo tem que saber acolher, apoiar e estimular todos os homens que defendem uma causa nobre, embora não estejam inscritos na sua comunidade nem pertençam a sua confissão. Para estes, por mínima que for a sua ação humanitária, não se pode negar a recompensa divina. E quando menos a acolhida humana!

Finalmente, teríamos que nos perguntar se realmente somos tolerantes ou intolerantes. Tolerantes em que. Intolerantes em que e quando. Já sabemos o que chegará para nós. A intolerância dos intolerantes é tão grave, que Jesus hoje coloca uma pedra de moinho no pescoço deles e para o mar! Mutila-os-; olho, braço, perna- e a virar tostadas! Fecha para eles com sete chaves a porta do céu e para o olho da rua! Naturalmente, é um jeito de dizer, uma hipérbole, mas não um dizer por dizer. A intolerância religiosa é a vontade fracassada de subir na vida e tomar o primeiro lugar, isto é, com Deus de modo exclusivo e isso é um sacrilégio. A intolerância divide os homens, faz a existência deles amarga e isso é um pecado contra o amor e a sua unidade. A intolerância perturba os homens, os homens por isso se tornam inimigos de Deus. A intolerância é intolerável. Ponto final.

Para refletir: Com quem sou intolerante: com os outros, comigo? Para que ou com quem devo ser intolerante: com o meu irmão que pensa ou crê de forma distinta de mim, com o pecado e com o que me convida a ofender a Deus? Por que acho que tenho o monopólio da verdade e da salvação? Acho que a “minha” verdade é “a” verdade?

Para rezar: Senhor, peço-vos, que me liberteis do meu mau caráter, agressividade e intolerância. A instabilidade do meu caráter, o mal trato com os que se aproximam de mim ou se relacionam comigo, assim como com os meus familiares, amigos e vizinhos governa, tristemente a minha vida, e o dano que causo aos outros, ao próximo, aos que geralmente tratam comigo, é excessivamente doloroso, e o que me refiro a mim é também insuportável e me produz uma inevitável e grande culpa, até o ponto que me paraliso, e vejo passar os dias numa sequência interminável. Arrependo-me de ter incorrido nesta atitude e conduta, mas necessito do vosso celestial e poderoso auxílio para me libertar definitivamente da intolerância. Agradeço-vos, Senhor, porque Vós sempre escutais o que vos invoca. Amém.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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