sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Segunda-feira da 26ª semana do Tempo Comum

João Paulo I, Papa
Evangelho (Lc 9,46-50): Surgiu entre os discípulos uma discussão sobre qual deles seria o maior. Sabendo o que estavam pensando, Jesus pegou uma criança, colocou-a perto de si e disse-lhes: «Quem receber em meu nome esta criança, estará recebendo a mim mesmo. E quem me receber, estará recebendo Aquele que me enviou. Pois aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior». Tomando a palavra, João disse: «Mestre, vimos alguém expulsar demônios em teu nome, mas nós lhe proibimos, porque não anda conosco». Jesus respondeu: «Não o proibais, pois quem não é contra vós, está a vosso favor».

«Aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior»

Prof. Dr. Mons. Lluís CLAVELL (Roma, Itália)

Hoje, caminho de Jerusalém em direção à paixão, «surgiu entre os discípulos uma discussão sobre qual deles seria o maior» (Lc 9,46). Cada dia os meios de comunicação e também nossas conversas estão cheias de comentários sobre a importância das pessoas: dos outros e de nós mesmos. Esta lógica só humana produz, frequentemente, desejo de vitoria, de ser reconhecido, apreciado, correspondido, e a falta de paz, quando estes reconhecimentos não chegam.

A resposta de Jesus a estes pensamentos -até mesmo comentários- dos discípulos, lembra o estilo dos antigos profetas. Antes das palavras estão os gestos. Jesus «pegou uma criança, colocou-a perto de si» (Lc 9,47). Depois vem o ensinamento: «aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior» (Lc 9,48). -Jesus, por que custa tanto aceitar que isto não é uma utopia para as pessoas que não estão implicadas no tráfico de uma tarefa intensa, na qual não faltam os golpes de uns contra os outros, e que, com a tua graça, podemos vivê-lo todos? Se o fizéssemos, teríamos mais paz interior e trabalharíamos com mais serenidade e alegria.

Esta atitude é também a fonte da onde brota a alegria, ao ver que outros trabalham bem por Deus, com um estilo diferente do nosso, mas sempre assumindo o nome de Jesus. Os discípulos queriam impedi-lo. Em troca, o Mestre defende aquelas outras pessoas. Novamente, o fato de sentir-nos filhos pequenos de Deus facilita-nos a ter o coração aberto para todos e crescer na paz, na alegria e na gratidão. Estes ensinamentos valeram à Santa Teresa de Lisieux o titulo de Doutora da Igreja: em seu livro História de uma alma, ela admira o belo jardim de flores que é a Igreja, e está contenta de perceber-se uma pequena flor. Ao lado dos grandes santos -rosas e açucenas- estão as pequenas flores -como as margaridas ou as violetas- destinadas a dar prazer aos olhos de Deus, quando Ele dirige o seu olhar à terra.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
* Tornar-se como criança. Jesus pede que os discípulos se tornem como criança e aceitem o Reino como criança. Sem isso não é possível entrar no Reino (Lc 9,46-48). Ele coloca a criança como profes­sor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o contrário.

* O Reino de Deus estabeleceu, para a comunidade dos discípulos, escalas de valores diferentes daquelas calcadas em critérios mundanos. Apresentou uma verdadeira contraposição, desvalorizando o que o mundo valoriza e apresentando como valor fundamental o que não parece importante aos olhos das pessoas. Neste contexto, Jesus fez frente a uma mentalidade mesquinha que grassava entre os discípulos, preocupados em saber qual deles seria o maior. Evidentemente, segundo os padrões humanos.

* Para detectar quem, entre eles, estaria em condições de considerar-se o maior, Jesus propôs-lhes uma prova concreta: ser capaz de acolher uma criança em seu nome. Na cultura da época, este gesto supunha uma reviravolta na mentalidade em vigor. Acolher significava valorizar, dar atenção, colocar-se totalmente à disposição de alguém e mostrar-se gentil e atencioso. Mas tudo isto deveria ser feito às crianças, cuja desvalorização social era bem conhecida. Na perspectiva do mundo, acolher uma criança era pura perda de tempo. No horizonte do Reino, acolher uma criança em nome de Jesus transformava-se num gesto de grandeza. Acolhendo-a, acolhia-se o próprio Jesus.

* A grandeza, neste caso, consistia em amar a quem não era amado, valorizar quem não era valorizado, mostrar-se solidário com quem era vítima da marginalização.

Para um confronto pessoal
1. Jesus coloca a criança como profes­sor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o contrário.
2. O Reino de Deus estabeleceu, para a comunidade dos discípulos, escalas de valores diferentes daquelas calcadas em critérios mundanos. Como recebemos essa nova escala de valores?

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