Textos:
Josué 24, 1-2a.15-17.18b; Ef 5, 21-32; Jo 6, 60-69
Evangelho
(Jo 6,60-69): Muitos discípulos que o
ouviram disseram então: «Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?».
Percebendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso, Jesus
perguntou: «Isso vos escandaliza? Que será, então, quando virdes o Filho do
Homem subir para onde estava antes? O Espírito é que dá a vida. A carne para
nada serve. As palavras que vos falei são Espírito e são vida. Mas há alguns
entre vós que não creem». Jesus sabia desde o início quem eram os que
acreditavam e quem havia de entregá-lo. E acrescentou: «É por isso que eu vos
disse: Ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai? ». A
partir daquele momento, muitos discípulos o abandonaram e não mais andavam com
Ele. Jesus disse aos Doze: «Vós também quereis ir embora? ». Simão Pedro
respondeu: «A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos
firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus».
«A quem iremos, Senhor?
Tu tens palavras de vida eterna»
Rev. D. Miquel VENQUE i To (Barcelona, Espanha)
Hoje,
o Evangelho nos coloca em Cafarnaum, onde Jesus é seguido por muitos que haviam
visto seus milagres, em especial o da multiplicação espetacular dos pães. Em
termos humanos, Jesus ali corria o risco de sucumbir às glórias humanas;
inclusive, queriam coroá-lo rei. Este é um momento chave na catequese de Jesus.
É o momento em que Ele começa a expor claramente a dimensão sobrenatural de sua
mensagem. E como Jesus é tão bom catequista, sacerdote perfeito, o melhor bispo
e papa, deixa a multidão seguir, sente pena, mas Ele é fiel à sua mensagem, a
popularidade não o cega.
Santa Rosa de Lima, Virgem |
Um
grande sacerdote dizia que, ao longo da história da Igreja, muitas pessoas que
pareciam colunas imprescindíveis acabaram caindo: «Abandonaram e não mais
andavam com Ele» (Jo 6,66). Você e eu podemos cair, passar, criticar, seguir
nossos desejos? Com humildade e confiança, digamos a Jesus que queremos ser
fiéis a Ele hoje, amanhã e todos os dias; que nos permita ver o pouco sentido
evangélico que há em discutir os ensinamentos de Deus ou da Igreja pelo fato de
não os entendo? «A quem iremos, Senhor?» (Jo 6,68). Peçamos mais sentido
sobrenatural. Somente em Jesus e na sua Igreja encontramos a Palavra de vida
eterna: «Tu tens palavras de vida eterna» (Jo 6,68).
Como
Pedro, sabemos que Jesus nos fala uma linguagem que ultrapassa o sentido
humano, linguagem que há que sintonizar corretamente para alcançar seu pleno
sentido; caso contrário só ouvimos sons incoerentes e desagradáveis; precisamos
afinar a sintonia. Como Pedro, também em nossa vida cristã temos momentos nos
quais há que renovar e manifestar que estamos em Jesus e que queremos seguir
com Ele. Pedro amava a Jesus Cristo, por isso permaneceu com Ele; os outros o
queriam pelo pão, pelas guloseimas, por razões políticas e o deixam. O segredo
da fidelidade é amar, confiar. Peçamos à Virgo Fidelis que nos ajude hoje e
agora a ser fiéis à nossa Igreja.
A Eucaristia nos coloca
diante de um dilema: “Também vós quereis ir embora? ”: crer ou abandoná-lo.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Hoje
terminamos a leitura do capítulo seis de São João, sobreo discurso eucarístico.
E terminamos com as reações dos presentes diante das palavras de Jesus: “Quem
pode aguentar este discurso tão duro? ”. É o mesmo dilema que pôs Josué aos
seus ao entrar na terra prometida: “Preferem servir Javé ou os deuses falsos? ”
(1ª leitura).
Em
primeiro lugar, na primeira leitura está claro o dilema: eleger quem: Javé ou
os deuses estrangeiros? Os deuses “além do rio” exigem menos, são mais cômodos,
não proíbem isto ou aquilo; não impõem não roubar, não fornicar, não matar. O
que exige a Aliança de Javé é muito mais duro que a frouxa moral dos deuses dos
povos vizinhos. Josué, sucessor de Moisés, convoca todos em assembleia solene,
para renovar a Aliança do Sinai, um tanto esquecida já, e lhes coloca um claro
dilema: quem vocês querem servir, a Deus que os libertou do Egito ou aos deuses
que vão encontrando nos povos vizinhos e que são mais permissivos? Porque
continuam tendo a tentação terrível da idolatria. Nesse dia a resposta do povo
a Josué foi: elegemos a Deus! E assim o povo de Siquém, reunido em assembleia
com Josué, pôde entrar para possuir a terra prometida. Sabemos também que logo
na sua história, o povo de Israel faltou muitas vezes ao que tinha
prometido.
V Centenário do Nascimento (1515-2015) |
Em
segundo lugar, agora é Cristo quem pergunta aos que o seguiam: quereis ficar
comigo ou ir embora? De novo o dilema. O que Jesus pedia aos seus não era
fácil, porque supunha uma mudança de mentalidade e de vida. São livres. Jesus
vê que alguns vão indo embora, assustados com as suas palavras e faz essa
pergunta direta aos seus apóstolos. Em efeito, alguns vão embora e outros
permanecem. Pedro, que não entende muito do que Jesus disse- como tampouco
devia entender os demais- mas que tem uma fé e um amor enormes para com Cristo,
responde dizendo: “A quem iremos? ”. Optaram por Ele e ficam os doze que
formarão a Igreja, mas já não ficam como antes, sem compromisso; agora sabem
que o elegeram para toda a vida e para morte. Em Cafarnaum, foi a primeira
comunidade apostólica ainda fiel a que disse, por boca de Pedro: “Senhor, a
quem iremos? ”.
Finalmente,
compete a nós responder hoje a Cristo: quem vamos seguir: Ele e a sua doutrina
ou o mundo com as suas propostas fáceis, tentadoras e embriagadoras? De novo o
dilema. Também nós como o povo de Israel (1 leitura) e como os primeiros
discípulos de Jesus (evangelho) fomos eleitos. Eleitos como objetos do seu
amor, admitidos na família de Deus no batismo, admitidos a sua mesma mesa na
Eucaristia, admitidos à “feliz esperança” da vinda do seu Reino. Por parte
nossa também nós elegemos a Deus. A prova disto: o nosso batismo, reafirmado na
confirmação. A prova disto: recebemos a primeira comunhão. Prova disto:
casamo-nos em Cristo pela Igreja. Porém, o que acontece com a gente? Somos
instáveis. A nossa vida parece àquele pano de Penélope: é um contínuo fazer e
desfazer propósitos, um oscilar continuo entre os dois polos de atração que são
Deus e o mundo com os seus ídolos. Servimos a dois senhores. Mas Deus detesta
isto. Ou Ele ou o mundo. Deus é ciumento. E por isso, não estamos de acordo com
a doutrina do matrimônio indissolúvel. E por isso não aceitamos a doutrina
sobre a moral sexual e regulação da natalidade que a Igreja ensina e defende. E
por isso fugimos da cruz, quando a vemos aparecer na esquina. E por isso,
assentimos com o rabo do olho diante das ideologias que estão sendo servidas em
bandeja para nós, por exemplo, a ideologia do gênero. E não aceitamos aquilo de
oferecer o outro lado da face. E assim estamos: ajoelhando-nos diante de Deus e
diante de Baal. Quantos passam de uma oração a uma blasfêmia! Saem da Igreja e
vão aos lugares de perdição. Não, é preciso fazer uma opção: ou Cristo ou o
mundo. Ou o Evangelho de Cristo ou as máximas do mundo.
Para
refletir:
Quem estou alimentando e
seguindo na minha vida: o homem velho e passional, ou o homem novo, que vive
conforme o Espírito? Já optei por Cristo e pelo seu Evangelho ou prefiro
escutar e seguir as sereias deste mundo? Cada quanto renovo as minhas promessas
batismais?
Para
rezar: com Santo Tomás de Aquino quero rezar:
“Todo-poderoso
e eterno Deus, aproximo-me do sacramento do vosso Unigênito Filho, o meu Senhor
Jesus Cristo, como enfermo ao médico da vida, como manchado à fonte da
misericórdia, como cego à luz da eterna claridade, como pobre e mendigo ao
Senhor do céu e da terra. Rogo, pois, Senhor, a vossa infinita generosidade que
digneis curar a minha enfermidade, lavar as minhas manchas, iluminar a minha
cegueira, enriquecer a minha pobreza, vestir a minha desnudez, para que me
aproximar para receber o pão dos anjos, o Rei dos reis e Senhor dos que dominam,
com tanta reverência e humildade, com tanta contrição e devoção, com tanta
pureza e fé, com tal propósito e intenção como convêm à saúde da minha alma.
Concedei-me, peço-vos, receber não só o sacramento do corpo e do sangue do
Senhor, mas também a graça e virtude do sacramento. Benigníssimo Deus,
concedei-me receber o corpo que o vosso Filho Unigênito, o nosso Senhor Jesus
Cristo, tomou da Virgem Maria, de tal maneira que mereça ser incorporado ao seu
Corpo Místico e ser contado entre os seus membros”:
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre
Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
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