sábado, 1 de agosto de 2015

XVIII Domingo do Tempo Ordinário

Textos: Ex 16, 2-4.12-15; Ef 4, 17.20-24; Jo 6, 24-35

Nossa Senhora dos Anjos
Indulgência da Porciúncula
Evangelho (Jo 6,24-35): Naquele tempo, quando a multidão percebeu que Jesus não estava aí, nem os seus discípulos, entraram nos barcos e foram procurar Jesus em Cafarnaum. Encontrando-o do outro lado do mar, perguntaram-lhe: «Rabi, quando chegaste aqui?». Jesus respondeu: «Em verdade, em verdade, vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes saciados. Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará. Pois a este, Deus Pai o assinalou com seu selo». Perguntaram então: «Que devemos fazer para praticar as obras de Deus?». Jesus respondeu: «A obra de Deus é que acrediteis naquele que Ele enviou». Eles perguntaram: «Que sinais realizas para que possamos ver e acreditar em ti? Que obras fazes? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: ‘Deu-lhes a comer o pão do céu’». Jesus respondeu: «Em verdade, em verdade, vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu.É meu Pai quem vos dá o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo». Eles então pediram: «Senhor, dá-nos sempre desse pão!». Jesus lhes disse: «Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede».

«Senhor, dá-nos sempre desse pão (...) Eu sou o pão da vida»

Rev. D. Joaquim FONT i Gassol (Igualada, Barcelona, Espanha)

Hoje vemos diferentes atitudes nas pessoas que buscam a Jesus: uns comeram o pão material, outros pedem um sinal mesmo quando o Senhor acaba de fazer um prodígio, outros se apressam para encontrá-lo e fazem de boa fé —poderíamos dizer— uma comunhão espiritual: «Senhor, dá-nos sempre desse pão» (Jo 6,34).

Jesus deveria estar muito contente com o esforço por buscá-Lo e segui-Lo. Ensinava a todos e os interpelava de vários modos. A uns dizia: «Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida eterna» (Jo 6,27). Aqueles que perguntaram: «Que devemos fazer para praticar as obras de Deus?» (Jo 6,28), receberão um conselho prático, naquela sinagoga de Cafarnaum, onde o Senhor promete a Sagrada Comunhão: «Crede».

Você e eu, que tentamos nos meter nas páginas deste Evangelho, vemos refletida nossa atitude? A nós que queremos reviver esta cena, que expressões nos tocam mais? Estamos prontos para o esforço de buscar a Jesus depois de tantas graças, doutrina, exemplos e lições que temos recebido? Sabemos fazer uma boa comunhão espiritual: ‘Senhor dá-nos sempre deste pão que acalma toda a nossa fome’?

O melhor atalho para encontrar a Jesus é Maria. Ela é a Mãe de Família que reparte o pão para os filhos no calor do lar paterno. É a Mãe da Igreja que quer alimentar os seus filhos para que cresçam, tenham forças, sejam felizes, levem a cabo o seu trabalho santamente e sejam comunicativos. Santo Ambrósio, em seu tratado sobre os mistérios, escreve: «E o sacramento que realizamos é o corpo nascido da Virgem Maria. Acaso aqui, a nível da natureza, podemos pedir o corpo de Cristo, se o mesmo Jesus nasceu de Maria por cima das leis naturais?».

A Igreja, mãe e mestra, nos ensina que a Sagrada Eucaristia é «o sacramento da piedade, sinal da unidade, vínculo da caridade, convite Pascal, no qual se recebe a Cristo, e a alma se enche de graça e nos é dada a prenda da glória futura» (Concílio Vaticano II).

Do pão material é preciso passar ao pão espiritual.

Pe. Antonio Rivero, L.C

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
O ser humano não é só corpo. Também tem alma, e afeto e sentimentos e espírito. Querer saciar o corpo é viver só num nível biológico e como os pagãos (2ª leitura). Querer alimentar só a alma é coisa de anjos. Atender corpo e alma é humano e divino ao mesmo tempo.

Em primeiro lugar, o maná do deserto (1ª leitura), que Moisés conseguiu para o seu povo durante o deserto, é uma prefiguração do Pão celestial que Cristo nos dará na Eucaristia. Moisés quis que o seu povo superasse o cansaço, o desanimo e a rebelião. O maná do Antigo Testamento não dava a vida; todos os que dele se alimentavam, cedo ou tarde sucumbiam. O Pão verdadeiro que é Cristo, ao contrário, dá a vida que não morre, pois o homem também tem outras fomes profundas: fome de amor, de felicidade, de verdade, de segurança, de sentido da vida. O pão corporal era o pão de morte, porque só se ordenava a restaurar as forças, sem evitar com isso a morte ulterior. O Pão espiritual, pelo contrario, vivifica, porque destrói a morte. Por isso, Cristo é o Pão verdadeiro, do qual o maná era somente a figura. E Deus se preocupa de dar o seu “pão” aos cansados. E esse Pão é o seu Filho em dois pratos gratuitos em cada missa: o pão da Palavra e o pão da Eucaristia. É um grande pesar que alguns fiquem felizes com a “panela de carne” do Egito. A coisa má não é ter fome, mas não ter fome das coisas que valem a pena, não saber que nos faz falta o autêntico pão. A coisa má e ficar satisfeito com a “panela de carne” que oferece o mundo, com valores que não são últimos.  

Em segundo lugar, todos sabemos como é o processo do pão. Grão que se enterra na terra e passa o seu inverno. Depois floresce em espiga. A espiga é cortada e levada ao molinho e se tritura. Assim também aconteceu com Cristo que é o Pão vivo, feito Palavra e Eucaristia. Também Ele se enterrou durante 30 anos em Nazaré. Brotou a espiga da sua maturidade. E antes de se fazer comível e digerível como alimento de imortalidade, passou pela Paixão, onde se deixou triturar pelos golpes, pelas chicotadas, pelo ódio, pela lança, para fazer-se Pão da nossa Eucaristia. Como o trigo, Cristo deve ser moído antes de se tornar Pão de vida eterna. A Igreja chama isto a Eucaristia como sacrifício. É verdade que Cristo já ofereceu o sacrifício na cruz uma vez por todas naquela primeira Sexta-feira Santa. A Eucaristia prolonga este aspecto sacrificial: é o sacrifício de Cristo, renovado, perpetuado, atualizado sobre os nossos altares. Ao celebrar esse sacrifício na missa fazemos memória da sua morte, dessa morte que foi uma e não muitas. A Eucaristia é, pois, o sacramento do sacrifício da Cruz, onde nos dá a comer o Pão que é a sua Palavra e o seu Corpo.     

Finalmente, assim como o pão material nos faz crescer no corpo, assim também o Pão da Eucaristia, que é Cristo mesmo, faz-nos crescer em virtudes. Crescemos para cima, para uma visão sobrenatural, superando a visão rasteira e humana. Crescemos para os lados, estendendo as nossas mãos para ajudar os demais, superando o nosso egoísmo e o nosso fechamento. Crescemos para dentro, para poder ter em nós os mesmo afetos e sentimentos de Cristo Jesus. Não somos nós que assimilamos Cristo, mas é Cristo quem nos assimila, dir-nos-á Santo Agostinho. E nos faz crescer, até alcançar a sua estatura, como diz São Paulo na carta aos Efésios. Não só nos faz crescer, mas que também nos une ao seu próprio sacrifício. Na Eucaristia nós também comemos e participamos da sua paixão, morte, ressurreição e ascensão. O seu sacrifício passa também pelas nossas mãos e pela nossa vida; completando em nós “o que falta à Paixão de Cristo”.  

Para refletir: Desejo esse Pão que é Cristo, ou me conformo com outros pães que o mundo me oferece? Contento-me com assistir passivamente a missa ou também me imolo interiormente com Cristo para a vida do mundo? Sou pão terno que me ofereço aos meus irmãos mediante a entrega generosa, a disponibilidade sem medida, a escuta atenta? O que procuro em Deus: só as soluções a problemas materiais e humanos? Ou também busco soluções para os meus problemas espirituais? 

Para rezar: Dai-me sempre deste Pão de vida eterna, Senhor. Que eu não pense mais nas cebolas do Egito sedutor.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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