Textos: 1 Re 19, 4-8; Ef 4, 30 – 5, 2; Jo 6,
41-51
Sta Teresa Benedita da Cruz Virgem de nossa Ordem e Mártir |
Evangelho
(Jo 6,41-51): Então, os judeus começaram
a murmurar contra Jesus, porque ele dissera: «Eu sou o pão que desceu do céu».
Diziam: «Este não é Jesus, o filho de José? Não conhecemos nós o seu pai e sua
mãe? Como pode, então, dizer que desceu do céu?» Jesus respondeu: «Não
murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o
atrair. E eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos Profetas: ‘Todos
serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o ensinamento do Pai e
o aprendeu vem a mim. Ninguém jamais viu o Pai, a não ser aquele que vem de
junto de Deus: este viu o Pai. Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê, tem
a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto
e, no entanto, morreram. Aqui está o pão que desce do céu, para que não morra
quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão
viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue pela vida do
mundo».
«Ninguém pode vir a mim,
se o Pai que me enviou não o atrair»
Fray Lluc TORCAL Monge del Monastério de Sta. Mª de
Poblet (Santa Maria de Poblet,
Tarragona, Espanha).
Hoje,
o Evangelho apresenta o desconcerto que a presença de Jesus causou em seus
compatriotas: «Este não é Jesus, o filho de José? Não conhecemos nós o seu pai
e a sua mãe? Como pode, então, dizer que desceu do céu?» (Jo 6, 42). A vida de
Jesus entre os seus foi tão normal que, ao começar a Proclamação do Reino,
aqueles que O conheciam se escandalizaram do que então lhes dizia.
De
que Pai lhes falava Jesus que ninguém havia visto? Que pão descido do céu era
esse que aqueles que o comessem viveriam para sempre? Ele negava que fosse o
maná do deserto porque, os que o comeram, morreram. «E o pão que eu darei é a
minha carne, entregue pela vida do mundo» (Jo 6, 51). Sua carne poderia ser um
alimento para nós? O desconcerto que Jesus provocava entre os judeus pode
também se dar entre nós se nós não nos respondermos a uma pergunta central para
nossa vida cristã: Quem é Jesus?
Muitos
homens e mulheres, antes que nós, se fizeram esta pergunta, a responderam de
uma forma pessoal, foram a Jesus, O seguiram e agora desfrutam de uma vida sem
fim e plena de amor. E aos que vão a Jesus, Ele os ressuscitará no último dia
(cf. Jo 6, 44). João Cassiano exortava seus monges dizendo-lhes: «Aproximai-vos
a Deus, e Deus se aproximará de vós’, porque ‘ninguém pode ir a Jesus se o Pai
que O enviou não o atrai’ (...). No Evangelho escutamos ao Senhor que nos
convida a ir até Ele: ‘Vinde a Mim todos os que estais cansados e esgotados, e
eu os farei repousar». Acolhamos a Palavra do Evangelho que nos aproxima a
Jesus cada dia; acolhamos o convite do próprio Evangelho de entrar em comunhão
com Ele comendo sua carne, porque «este é o verdadeiro alimento, a carne de
Cristo, o qual, sendo a Palavra, fez-se carne para nós» (Orígenes).
Sem fé é impossível
entender, valorizar e se aproximar do banquete onde se serve para nós este Pão
de vida eterna, que é Jesus.
Pe. Antonio Rivero, L.C
Continua
a catequese de Jesus sobre o Pão da Vida na sinagoga de Cafarnaum. Hoje Cristo
nos pede fé para crer que Ele é o verdadeiro Pão da Vida que Deus envia à
humanidade para saciar a sua fome. O que crer Nele terá a vida eterna.
Em
primeiro lugar, a fé pode passar por momentos duros psicológicos, como
aconteceu com o profeta Elias na primeira leitura de hoje. Elias, fugindo das
ameaças de morte da rainha Jezabel, é vencido pelo medo e pela depressão,
apesar de ter feito gala de coragem e de confiança na cena anterior. Esta
imagem do profeta, tocando os limites da existência, resulta entranhável e
comovedora. Não menos comovedores são os cuidados de Deus para como profeta,
brindando-lhe comida e alento através de um anjo numa dupla cena que lembra a
da torrente Querit. Já no deserto, a fuga de Elias se converte numa
peregrinação ao Horeb, à montanha de Deus: “Fortalecido por esse alimento,
caminhou quarenta dias e quarenta noites até a montanha de Deus, o Horeb”.
Elias parece desbandar-se do caminho do povo em busca das origens da fé. Para
nos aproximar e gostar do Pão da Eucaristia temos que vencer todos os
obstáculos desde a fé e da confiança em Deus. Deus deu a Elias pão para comer,
o que o encheu de energia. Assim também nós na Eucaristia.
Em
segundo lugar, o Evangelho me convida a purificar a fé de outros obstáculos
mentais. O povo, que seguiu Jesus até agora mais por interesse próprio do que
por fé, começa a criticá-lo. Não estão preparados para crer e seguir as suas
palavras, quando repreende neles a sua prudência humana e as suas ideias
preconcebidas. Não é estranho à nossa experiência: tendemos também a eleger o
que mais gostaríamos ou não gostaríamos crer. Jesus deixa bem claro que a fé é
um presente de Deus: “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o
atrair”. Temos que sentir a atração por
Jesus! Caso contrário, qualquer espertão por ai, ou um carrossel psicodélico ou
feira de praça atrairá mais a nossa atenção do que este Pão de vida
eterna.
Finalmente,
e com a fé robustecida e purificada, então estamos preparados para comer deste
Pão e a nossa alma terá vida; cresceremos na fé, esperança, amor a Deus; amor,
justiça e solidariedade com os demais. Se comermos o Corpo de Cristo, não
morreremos para sempre; viveremos para sempre depois da morte, pois a
Eucaristia é penhor da glória futura. Na semana passada contemplamos a
Eucaristia como sacrifício; sacrifício incruento de Cristo, atualizado na santa
missa. Hoje damos um passo mais: a Eucaristia também é penhor da glória final.
Quem a receber como corresponde, viverá para sempre. Não quer dizer,
logicamente, que a recepção da Eucaristia vai nos libertar da morte corporal.
Nós comungamos com frequência, e apesar de tudo um dia vamos morrer. Aqui se trata
da morte espiritual, da morte eterna. O Pão que desce do céu nos liberta dessa
morte e nos dá vida que não perece. Todo alimento nutre segundo as suas
propriedades. O alimento da terra alimenta para o tempo. O alimento celestial,
que é Cristo, Pão descido do céu, alimenta para a vida eterna. O nosso Horeb é
o céu. Até ali, até esse limiar, acompanhar-nos-á o pão descido do céu.
Para
refletir: Quais são
as minhas motivações para receber a Santa Comunhão? Desfruto do banquete da
Eucaristia? Como está minha fé neste sacramento da Eucaristia?
Para
rezar: Obrigado,
Senhor, pela vossa Eucaristia que não só nos acompanha na nossa peregrinação ao
céu, mas que, em certo modo, já desde agora semeia algo de “céu” no nosso
interior. Senhor, dai-me consciência de que na Sagrada Comunhão vos recebo
ressuscitado e glorioso; e me aplicas o fruto da vossa Paixão; e me comunicais
o germe da vossa ressurreição. Quanta alegria me dá o que diz São Gregório de
Nisa: “ao receber-vos, converteis-me em princípio de ressurreição, freando em
Vós a decomposição da minha natureza”. Vós sois, Senhor, o remédio de
imortalidade, como santo Inácio de Antioquia dizia. E eu creio nisso.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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