quinta-feira, 27 de agosto de 2015

29 de agosto: Martírio de São João Batista

Evangelho (Mc 6,17-29): Naquele tempo, Herodes tinha mandado prender João e acorrentá-lo na prisão, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado. Pois João vivia dizendo a Herodes: «Não te é permitido ter a mulher do teu irmão». Por isso, Herodíades lhe tinha ódio e queria matá-lo (…). Finalmente, chegou o dia oportuno, Herodes (…) mandou um carrasco cortar e trazer a cabeça de João. O carrasco foi e, lá na prisão, cortou-lhe a cabeça (…).

O martírio de são João Batista (que é um mártir?)

REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI)

Hoje, no martírio de são João Batista, nós contemplamos Jesus Cristo como modelo de "mártir". O Batista deu a vida por defender coerentemente a verdade sobre o matrimônio. Isso é justamente o “martírio”: Obedecer ao “Senhor dos senhores”, com todas suas consequências, sem ceder a subterfúgios.

Desde suas origens o cristianismo entendeu o martírio como “liturgia” (“identificar-se com Cristo...”) e como "acontecimento sacrificial” (“... com Cristo sofrente com amor”). No martírio o cristianismo é levado totalmente dentro da obediência de Cristo, dentro da liturgia da cruz e, assim, dentro do verdadeiro culto (rendendo totalmente o coração ao Pai). São Inácio de Antioquia, por exemplo, dizia ser como o “trigo de Cristo”, que devia ser triturado para se converter em “pão de Cristo”.

Jesus, concede-me o dom da disponibilidade para sofrer contigo. Porque “cristão” e “mártir” são equivalentes: Nas tribulações da vida ordinária eu posso me transformar em “pão” que comunica o mistério de Cristo, sendo "oferenda” para Deus e para os homens.

Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
* O evangelho de hoje descreve como João Batista foi vítima da corrupção e da prepotência do Governo de Herodes. Foi morto sem processo, durante um banquete de Herodes com os grandes do reino. O texto traz muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos poderosos da época. Desde o começo do evangelho de Marcos ficou um suspense. Ele tinha dito: “Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galileia e começou a anunciar a Boa Nova de Deus!” (Mc 1,14). No evangelho de hoje, como que de repente, ficamos sabendo que Herodes já tinha matado João Batista. Assim, na cabeça do leitor e da leitora, vem logo a pergunta: ”E o que será que ele vai fazer com Jesus? Vai dar a ele o mesmo destino?” (...)

* Marcos 6,17-20. A causa do assassinato de João.
Galileia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galileia! Herodes Antipas era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo! Mas quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era o Império Romano. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império. A preocupação dele era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante popular. Herodes gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). A denúncia de João contra ele (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso.

* Marcos 6,21-29: A trama do assassinato.
Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que se costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galileia”. É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso foi eliminado sob pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirarmos as conclusões.

Para um confronto pessoal
1. Você conhece casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo?
2. Herodes, o poderoso que pensava ser o dono da vida e da morte do povo, era um grande supersticioso com medo diante de João Batista. Era um covarde diante dos grandes. Um bajulador corrupto diante da moça. Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis da sociedade e da Igreja.

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