Evangelho
(Mc 6,17-29): Naquele tempo, Herodes
tinha mandado prender João e acorrentá-lo na prisão, por causa de Herodíades,
mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado. Pois João vivia
dizendo a Herodes: «Não te é permitido ter a mulher do teu irmão». Por isso,
Herodíades lhe tinha ódio e queria matá-lo (…). Finalmente, chegou o dia
oportuno, Herodes (…) mandou um carrasco cortar e trazer a cabeça de João. O
carrasco foi e, lá na prisão, cortou-lhe a cabeça (…).
O martírio de são João
Batista (que é um mártir?)
REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de
Bento XVI)
Hoje,
no martírio de são João Batista, nós contemplamos Jesus Cristo como modelo de
"mártir". O Batista deu a vida por defender coerentemente a verdade
sobre o matrimônio. Isso é justamente o “martírio”: Obedecer ao “Senhor dos
senhores”, com todas suas consequências, sem ceder a subterfúgios.
Desde
suas origens o cristianismo entendeu o martírio como “liturgia”
(“identificar-se com Cristo...”) e como "acontecimento sacrificial” (“... com
Cristo sofrente com amor”). No martírio o cristianismo é levado totalmente
dentro da obediência de Cristo, dentro da liturgia da cruz e, assim, dentro do
verdadeiro culto (rendendo totalmente o coração ao Pai). São Inácio de
Antioquia, por exemplo, dizia ser como o “trigo de Cristo”, que devia ser
triturado para se converter em “pão de Cristo”.
Jesus,
concede-me o dom da disponibilidade para sofrer contigo. Porque “cristão” e
“mártir” são equivalentes: Nas tribulações da vida ordinária eu posso me
transformar em “pão” que comunica o mistério de Cristo, sendo "oferenda”
para Deus e para os homens.
Reflexão de Frei Carlos Mesters,
O.Carm
V Centenário do Nascimento (1515-2015) |
*
O evangelho de hoje descreve como João Batista foi vítima da corrupção e da
prepotência do Governo de Herodes. Foi morto sem processo, durante um banquete
de Herodes com os grandes do reino. O texto traz muitas informações sobre o
tempo em que Jesus vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos
poderosos da época. Desde o começo do evangelho de Marcos ficou um suspense.
Ele tinha dito: “Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galileia e
começou a anunciar a Boa Nova de Deus!” (Mc 1,14). No evangelho de hoje, como
que de repente, ficamos sabendo que Herodes já tinha matado João Batista.
Assim, na cabeça do leitor e da leitora, vem logo a pergunta: ”E o que será que
ele vai fazer com Jesus? Vai dar a ele o mesmo destino?” (...)
* Marcos 6,17-20. A
causa do assassinato de João.
Galileia,
terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o
Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos!
Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galileia!
Herodes Antipas era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia
o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle
por parte do povo! Mas quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de
Cristo, era o Império Romano. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar
a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro
ao Império. A preocupação dele era a sua própria promoção e segurança. Por
isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Flávio José, um escritor daquela
época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes
tinha de um levante popular. Herodes gostava de ser chamado de benfeitor do
povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). A denúncia de João contra
ele (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso.
* Marcos 6,21-29: A
trama do assassinato.
Aniversário
e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que se costuravam
as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais
e das pessoas importantes da Galileia”. É nesse ambiente que se trama o
assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse
sistema corrupto. Por isso foi eliminado sob pretexto de um problema de
vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder
acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do
vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso
como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos
súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na
sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de
tirarmos as conclusões.
Para um confronto
pessoal
1. Você conhece casos de pessoas que
morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E na nossa
comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo?
2. Herodes, o poderoso que pensava ser o dono da vida e da morte do povo, era um grande supersticioso com medo diante de João Batista. Era um covarde diante dos grandes. Um bajulador corrupto diante da moça. Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis da sociedade e da Igreja.
2. Herodes, o poderoso que pensava ser o dono da vida e da morte do povo, era um grande supersticioso com medo diante de João Batista. Era um covarde diante dos grandes. Um bajulador corrupto diante da moça. Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis da sociedade e da Igreja.
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