Textos: Jó
38, 1.8-11; 2 Cor 5, 14-17; Mc 4, 35-41
Evangelho
(Mc 4,35-41): Naquele dia, ao cair da
tarde, Jesus disse aos discípulos: «Passemos para a outra margem! » Eles
despediram as multidões e levaram Jesus, do jeito como estava, consigo no
barco; e outros barcos o acompanhavam. Veio,
então, uma ventania tão forte que as ondas se jogavam dentro do barco; e este
se enchia de água. Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um
travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram-lhe: «Mestre, não te importa
que estejamos perecendo? » Ele se levantou e repreendeu o vento e o mar:
«Silêncio! Cala-te! » O vento parou, e fez-se uma grande calmaria. Jesus
disse-lhes então: «Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé? » Eles
sentiram grande temor e comentavam uns com os outros: «Quem é este, a quem
obedecem até o vento e o mar? ».
Comentário: Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat
del Vallès, Barcelona, Espanha)
«Mestre, não te importa
que estejamos perecendo?»
Ante
a lembrança dos horrores dos campos de concentração da II Guerra Mundial, o
Papa Bento se pergunta: «Onde estava Deus nesses dias? Por que permaneceu
calado? Como pôde tolerar este excesso de destruição? ». Uma pergunta que
Israel, ainda no Antigo Testamento, se fazia: «Por que dormes? (...). Por que
escondes teu rosto e esqueces nossa desgraça» (Sal 44,24-25).
Deus
não responderá a estas perguntas: podemos pedir tudo a Ele, menos o porquê das
coisas; não temos o direito de pedir-Lhe contas. Na realidade, Deus está e está
falando; somos nós quem não estamos [na sua presença] e, portanto, não ouvimos
a sua voz. «Nos ―diz Bento XVI― não podemos escrutar o segredo de Deus e da história.
Neste caso, não defenderíamos ao homem, mas contribuiríamos somente à sua
destruição».
Efetivamente,
o problema não é que Deus não exista ou que não esteja, porém que os homens
vivamos como se Deus não existisse. Aqui está a resposta de Deus: «Por que
estais com tanto medo? Como não tens fé? » (Mc 4,40). Isso disse Jesus aos
Apóstolos, e o mesmo lhe disse a Santa Faustina Kowalska: «Minha filha, não
tenhas medo de nada, Eu sempre estou contigo, ainda que te pareça que não
esteja»
Não
lhe perguntemos, melhor rezemos e respeitemos a sua vontade e.., então haverá
menos dramas... e, assombrados, exclamaremos: «Quem é este que até o vento e o
mar lhe obedecem» (Mc 4,41). ― Jesus, em vos confio!
Na vida atravessamos por
tempestades.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Em
primeiro lugar, Jó na primeira leitura experimentou a tormenta na sua vida. Deus
o provou. Provas: A imensa perda de Jó sobre as coisas terrenas, a prova física
no seu corpo, o seu matrimônio foi se desmoronando, perdeu a sua boa reputação.
Como reagiu Jó diante destas provas? Aferrou-se ao seu Senhor, apesar de que o
Senhor primeiro não respondeu a sua oração e aparentemente não fez chegar para
ele nenhuma ajuda. Disse: “O que? Receberemos de Deus o bem, e não receberemos
também o mal? ” (2,10). A nave da vida de Jó estava ancorada no seu Deus.
Nenhuma tormenta podia afastá-lo Dele. O Senhor era o primeiro na sua vida. O
escuro propósito que Satanás tinha para Jó, no final das contas levou à
glorificação do Senhor, pois Jó continuou aferrado ao seu Deus! Triunfalmente
exclamou ainda mais nesses momentos: “Eu sei que o meu Redentor vive”. Quando
já não sobrou nada mais na vida de Jó, permaneceram ainda o Senhor e ele, o
próprio Jó. Que íntima chegou a ser a sua comunhão com o seu Senhor através
desta prova e desta tormenta!
Em
segundo lugar, os apóstolos também experimentaram a tormenta na barca, levando
Jesus nela. As últimas parábolas que Marcos narrou mostravam a força do
crescimento irresistível do Reino. Agora a cena muda radicalmente: descreve uma
situação comprometida dos discípulos. Tudo produz certo arrepio: torna-se escuro;
levanta-se de repente um forte temporal e as ondas irrompem contra o frágil
barco que pouco a pouco vai se enchendo de água. O grupo -a comunidade- corre o
perigo, vive numa situação limite; em qualquer momento podem afundar. Enquanto
isso Jesus “dorme” no lugar do timoneiro desde onde se marca o rumo da nave.
Jesus não se sente ameaçado, não perdeu a paz. Os discípulos, ao contrário,
meio histéricos gritam e vão de em lado para outro, tentando salvar a própria
pele... E Jesus “dorme”! Como pode Jesus despreocupar-se desse jeito? Nem lhe
importa os seus seguidores? Esta atitude de Jesus recorda aquele semeador da
parábola que dorme enquanto a semente faz o seu trabalho. Mas os discípulos não
pensam naquela parábola, de tão assustados, amedrontados e alarmados como
estão. E acordam Jesus recriminando-o, porque Ele está abandonando-os justo
naquele momento de extremo risco. “Não te importa que pereçamos? ”. Os discípulos- e também nós- ainda tem o
coração endurecido, para eles é custoso abrir-se com fé à pessoa de Jesus.
Custa entender que Jesus não dorme, mas que sabe viver sempre, na tempestade e
na bonança, na certeza de estar sempre nas boas mãos de Deus que é todo Amor.
Aprender a fazer esta experiência, não só ficam reduzidas as dificuldades, mas
que se aprende a ser discípulo.
São Luís Gonzaga, SJ (vera efigie - as 3 pinturas acima) |
Para
refletir:
Dedique um bom tempo para
guardar silêncio no seu interior, buscar a calma no meio de tantas
preocupações, temores, incertezas. Quais tormentas estás atravessando neste
momento? Como Jesus, coloque-se nas mãos do bom Deus que é todo Amor. Faça um
ato de fé em Jesus que ocupa o lugar do Deus que é todo Amor na sua comunidade
ou na sua família. Ele está presente, não nos abandonou, o que podemos temer?
Peça saber viver na confiança. Peça a força interior para aguentar os golpes da
vida, os vazios, a falta de sentido, o medo de seguir Jesus. Tudo o que
dificulta verdadeiramente a fé. Adira-se à pessoa de Jesus, que nos livra das
paralisias e nos faz agir para poder seguir liberando muitos outros de qualquer
tipo de paralisias e desconfiança.
Para
rezar: Senhor, aumentai a minha fé e a minha
confiança em Vós, que levais o barco da minha vida. Permiti–me gritar a Vós na
oração quando Vós estejais dormindo e venha a tempestade da prova, da dor, do
mal, do silêncio de Deus, da crise de fé, do medo.
Qualquer sugestão ou dúvida
podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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